sexta-feira, 5 de agosto de 2022

Jô Soares era um gênio

 O Brasil amanheceu mais triste nesta sexta-feira, dia 05. A notícia do falecimento de Jô Soares, aos 84 anos, deixou uma legião de fãs e admiradores de luto. Ele estava internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, desde o dia 28 de julho e a causa da morte não foi divulgada. O anúncio foi feito por Flávia Pedra, ex-mulher e grande amiga de Jô. 


José Eugênio Soares nasceu no Rio de Janeiro em 16 de janeiro de 1938, filho único do empresário Orlando Heitor Soares e da dona de casa Mercedes Leal Soares. Aos 12 anos de idade, foi estudar na Suíça, onde ficou até os 17. Lá passou a se interessar por teatro e shows. Foram mais de 300 personagens, sendo o Capitão Gay um dos mais lembrados. Um dos maiores humoristas do país, Jô era o melhor em tudo o que se propunha a fazer. Era um respeitado dramaturgo, escritor, diretor teatral, artista plástico, ator e músico. 

A estreia na televisão foi em 1956 no elenco da "Praça da Alegria", na época da TV Record, onde ficou por dez anos. Em 1967, roteirizava a inesquecível "Família Trapo" ao lado de Carlos Alberto de Nóbrega. Também atuava como o mordomo Gordon. Foi seu último trabalho da Record.

Em 1971, fez uma participação em "Faça Humor, Não Faça Guerra", famoso humorístico da TV Globo. Em 1973, roteirizava ao lado do parceiro de toda a vida Max Nunes e Haroldo Barbosa o humorístico "Satiricom". Em 1976, mais um programa de humor que contou com o roteiro de Jô: "Planeta dos Homens". Em 1981, ganhou seu primeiro programa solo na Globo: "Viva o Gordo". Foi um baita sucesso. 

Em 1988, Jô saiu da Globo brigado com Boni e foi para o SBT, onde estreou o "Veja o Gordo", o mesmo programa que tinha na líder, mas com um nome diferente. Mas não durou muito. Isso porque no mesmo ano o humorista iniciou uma nova fase em sua carreira e mal sabia que seria um divisor de águas. Ganhou o "Jô Soares Onze e Meia", o primeiro talk-show brasileiro que inspirou diversas 'cópias' ao longo dos anos. O programa virou um marco na história da televisão nacional e o entrevistador mostrou que sabia extrair o melhor de seus convidados. A atração ainda virou piada porque sempre começava nas madrugadas e nunca no horário do título. Ali também foi marcado o começo de sua maravilhosa parceria com o quarteto do Jô, que virou quinteto e depois sexteto. A banda virou uma das maiores identidades do programa, assim como o humor debochado do saxofonista Derico e da risada frouxa do baixista Bira. E sem esquecer o garçom Alex. O formato ficou na emissora de Silvio Santos entre 1988 e 1999. 

O ano 2000 marcou a volta de Jô Soares à Globo, onde ganhou o "Programa do Jô", que era idêntico ao formato apresentado por ele no SBT. Comandou e dominou as madrugadas da líder até 2016 e foram muitas entrevistas memoráveis. Uma das mais lembradas foi a de Hebe Camargo, Lolita Rodrigues e Nair Bello. A conversa com as três amigas durou o programa inteiro e entrou para a história da televisão. Até hoje viraliza nas redes sociais. Mas Jô não entrevistava apenas famosos. Havia sempre um bloco ou dois para conversa com anônimos ou pessoas pouco conhecidas. Foi com o espaço que vários nomes de talento ganharam projeção nacional. O apresentador deu oportunidade para muita gente. E sempre com conversas bem-humoradas. Jô sabia se comportar de acordo com a personalidade de seu convidado. Quando percebia que a pessoa rendia boas tiradas e uma gostosa conversa, aumentava o tempo da entrevista. 

Muito ligado em política e protagonista de críticas ácidas em vários governos, Jô estreou, em 2005, o "Meninas do Jô", uma edição especial semanal com apenas jornalistas mulheres para discutir os assuntos que ferviam na política. Exibido toda quarta-feira, o programa tinha um excelente debate com nomes como Lúcia Hippolito, Natuza Nery, a saudosa Cristiana Lôbo, Zileide Silva, Sônia Racy, Lillian Witte Fibe, Flávia Oliveira, Andreia Sadi, Ana Maria Tahan, Mariliz Pereira Jorge, Cristina Serra, Mara Luquet e Maria Lydia. Era um bate-papo de alto nível e ótimo humor. A atração, aliás, inspirou vários formatos parecidos na GloboNews. 

Em 31 de outubro de 2014, Jô perdeu seu único filho, Rafael Soares, aos 50 anos. Mesmo com a dor da perda, voltou a trabalhar no dia seguinte e fez questão de homenagear o herdeiro que era autista. O "Programa do Jô" saiu do ar em 2016 e o último entrevistado de Jô foi seu grande amigo Ziraldo. Na última semana de programa, o apresentador também teve uma entrevista emocionante com Roberto Carlos. Foi a despedida de Jô da televisão. Foram mais de 20 mil entrevistas. Vale lembrar ainda que Jô teve várias participações no cinema como ator. "O Homem de Sputnik" (1959); "Pluf, o Fantasminha" (1965); "O Pai do Povo" (1976) e "O Xangô de Baker Street (2001) ---- originado do livro homônimo de sucesso escrito por Jô ---- foram alguns filmes que contaram com seu talento. O último longa que teve a presença de Jô foi "Giovanni Improtta, estrelado pelo saudoso José Wilker, em 2013.

A partida de Jô Soares é um baque para a cultura brasileira. Artista múltiplo, Jô era único. Um gênio. Nunca teve um substituto à altura. E jamais terá. 

19 comentários:

Chaconerrilla disse...

Que notícia triste! Que dia triste! Que descanse em paz!

Anônimo disse...

Que choque a perda dele. E achei um absurdo a familia nao divulgar a causa do falecimento.

Anônimo disse...

Um profissional completo e de identidade e personalidade próprias, Jô Soares fará bastante falta. Que descanse em paz.

Guilherme

chica disse...

Um gênio mesmo!Grande perda!!! Ficará para sempre lembrado!abração,chica

FABIOTV disse...

Olá, tudo bem? Eu conhecia pessoalmente Jô Soares. Ele era primo do meu antigo chefe. E tb já o vi aqui pelo bairro de Higienópolis. Tratou-me sempre com extrema educação e elegância. Descanse em paz. Abs, fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br

Ane disse...

Ah eu gostava muito do Jô!
Ria muito nos programas dele.
Uma grande perda pra todos nós!

Ane 💙
De Outro Mundo

Maria Rodrigues disse...

Lamento imenso a sua partida, que descanse em paz.
Adorava ver os seus programas.
Um grande abraço

Lulu on the sky disse...

Fiquei muito triste com a morte dele Sérgio e agora fiquei sabendo de outra morte: Olivia Newton John, a Sandy do filme Grease.
big beijos
www.luluonthesky.com

Fá menor disse...

Uma figura carismática!

R.I.P.

Sérgio Santos disse...

Muito triste, chaaconrrilla.

Sérgio Santos disse...

Um choque, anonimo.

Sérgio Santos disse...

Fará, Guilherme.

Sérgio Santos disse...

Sim, Chica.

Sérgio Santos disse...

Que privilégio, Fabio.

Sérgio Santos disse...

Eu tb, Ane.

Sérgio Santos disse...

Bjs, Maria.

Sérgio Santos disse...

Muito triste, Lulu.

Sérgio Santos disse...

Muito, Fá.

Anônimo disse...

Jô foi um ícone, uma cara super inteligente,falava vários idiomas.
Acompanhava desde Viva o Gordo,e ria demais com ele.. Depois no SBT entrevistando fez história e o formato foi pra Globo seguindo sucesso,perdi muitas madrugadas assistindo as entrevistas.
Agora te corrigindo,Cópias? Sim tiveram várias mesmo no Brasil, porém o próprio formato era uma cópia de programas de entrevistas americanos.
Ele era gênio, mas tinha suas falhas também. As vezes constrangia ou ridicularizava o entrevistado se discordasse do que ele pensava, principalmente em assuntos religiosos .
Mas todos erramos e ele vai ficar na história da TV como gênio, acertou muitíssimo mais do que errou com certeza.
Descanse em paz Jô.