Mário Teixeira foi chamado às pressas pela Globo para apresentar uma nova sinopse para a faixa das seis. Isso porque "O País de Alice", novela que Lícia Manzo preparava para o horário e já em processo de escalação, foi cancelada de última hora pela cúpula da emissora por considerar o enredo elitista. E após o fiasco do remake de "Elas por Elas", o objetivo era reerguer a audiência com uma história de apelo popular. O autor, então, decidiu produzir uma espécie de continuação de "Mar do Sertão". E nasceu "No Rancho Fundo", que estreou segunda-feira passada, dia 15.
A novela sofreu uma avalanche de críticas nas redes sociais assim que seu material começou a ser divulgado e grande parte da indignação veio de nordestinos, que não aguentam mais se verem representados como miseráveis. As fotos da família central do enredo apresentavam os personagens sujos, com roupa maltrapilha e pele queimada do sol através de uma maquiagem bem evidente. A produção da trama sentiu o peso dos apontamentos do público e mudaram um pouco o figurino dos personagens, segundo matérias de vários sites de notícias.
E dá para entender a revolta de parte das pessoas, afinal, esse tipo de abordagem é algo comum em se tratando de nordeste na ficção. São sempre cenários áridos, com pessoas de pouca condição financeira e uma aparência de seca por todo lado. Por mais que a desigualdade social no Brasil seja uma constante e ainda tenha muita gente passando sérias dificuldades (não é uma situação inverossímil), já passou um pouco da hora de mudar esse tipo de abordagem na teledramaturgia.