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quarta-feira, 29 de abril de 2020

Vitória de Thelma consagra o sucesso do "BBB 20" e enterra de vez o "BBB 19"

A vigésima edição do "Big Brother Brasil" chegou ao fim na segunda-feira (27/04) com média de 25 pontos (cinco a mais que a edição passada) e com 34 pontos de audiência no último programa, índice que não era alcançado em uma final desde 2010. Um fenômeno de engajamento, repercussão e popularidade. Uma temporada histórica que nunca será esquecida. Mas além de todas as qualidades já mencionadas, é preciso analisar a importância da vitória de Thelma Regina, principalmente em um  comparativo com o "BBB 19".


A temporada exibida em 2019 foi a pior de todos os tempos. Tanto no quesito audiência quanto no andamento do jogo. E para piorar, a vencedora foi Paula, uma mulher arrogante, debochada (no pior sentido da palavra) e preconceituosa. A participante passou o programa inteiro proferindo comentários com teor racista e de intolerância religiosa. Era repugnante ouvir e o Ministério Público abriu um inquérito para investigá-la. O colega de confinamento, Rodrigo França, chegou a processá-la fora da casa. O processo, no entanto, foi arquivado.

O discurso de Tiago Leifert para coroar a vitória de Paula foi outro momento que beirou o absurdo. "Vence o BBB 19 a pessoa que teve a audácia de ser imperfeita", declarou para uma plateia atônita e que não comemorou. É verdade que, com exceção de Elana e Danrley, todos os adversários da vencedora se acovardaram e não quiseram jogar. Muito menos enfrentar firmemente os vários preconceitos da adversária.

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

"Malhação - Toda Forma de Amar" apresenta uma boa abordagem do racismo

O racismo é um tema comum na ficção. Várias novelas e séries já exploraram a questão, que infelizmente segue em alta no Brasil (e no mundo). A lei que torna o ato um crime no país, inclusive, completou 30 anos em janeiro deste ano. Ainda assim há vários casos o tempo todo. Por isso é tão válido seguir abordando o assunto na teledramaturgia. E o preconceito racial vem sendo bem apresentado em "Malhação - Toda Forma de Amar" através de Jaqueline, interpretado com talento por Gabz.


A personagem é uma das principais da temporada de Emanuel Jacobina e sempre foi uma menina cheia de atitude, que não tolera injustiças ou covardias. É a maior parceira da mãe, a batalhadora Vânia (Olívia Araújo), e seu maior drama no início da história foi a tentativa de aproximação com o pai, César (Tato Gabus Mendes), que até então a ignorava. Após muitos embates e encontros fracassados, a relação de pai e filha acabou se construindo aos poucos. A menina ainda descobriu que tinha uma irmã surda, Milena (Giovanna Rispoli), e logo virou uma grande amiga. 

No entanto, seu relacionamento com Karina (Christine Fernandes), esposa de César, sempre foi péssima. A madrasta claramente racista nunca tolerou a aproximação de Jaqueline e fez de tudo para separá-la de Milena.

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

"Malhação - Viva a Diferença" trata temas importantes com propriedade e competência

Além do ótimo elenco, personagens ricos e boa condução do enredo, Cao Hamburger vem acertando em outro ponto com a sua deliciosa "Malhação - Viva a Diferença": a abordagem cuidadosa de vários temas importantes. Racismo, gravidez na adolescência, autismo, uso de drogas, alcoolismo, abuso sexual, direitos humanos, assexualidade, problemas de uma escola pública, automutilação, enfim, não faltam situações exploradas ao longo da temporada, sempre tendo perfis complexos como protagonistas dos mesmos.


Não é fácil inserir tantas temáticas em um enredo ficcional sem parecer gratuito ou forçado, mas o autor vem conseguindo com louvor. Todos os dramas estão inseridos no contexto, complementando os conflitos da trama e deixando os personagens ainda mais cativantes, despertando atenção de quem assiste. A primeira situação abordada foi a gravidez na adolescência, através de Keyla (Gabriela Medvedoski), que pariu em pleno metrô de São Paulo, implicando na aproximação das cinco protagonistas.

Os problemas da menina em criar um filho sem pai e em época escolar foram o foco do começo da temporada, servindo para reforçar cada vez mais o elo do quinteto central, uma vez que todas ajudavam nos cuidados com o pequeno Tonico. Aos poucos, essa dificuldade de Keyla foi cedendo espaço para outras, que eram inseridas com o intuito de destacar outros personagens.

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Ao explorar declarações racistas de William Waack no "Domingo Espetacular", Record expõe seu telhado de vidro

Neste domingo (12/11), o "Domingo Espetacular" colocou como a matéria da semana as declarações de cunho racista de William Waack, provocando seu afastamento na Globo. Foram onze minutos de reportagem sobre toda a polêmica que ocorreu em torno do jornalista de sua concorrente. Nada de anormal nisso, afinal, foi um assunto de imensa repercussão e toda a imprensa noticiou o caso (provocando atenção até de veículos internacionais). O problema dessa reportagem específica é o telhado de vidro da Record.


A emissora dos bispos exibiu uma longa reportagem, sem apresentar nada de novo, reexibindo o trecho da declaração deprimente do jornalista e expondo as reações negativas de alguns atores da Globo, como Bruno Gagliasso, Cris Vianna e Lázaro Ramos, além de ferrenhas críticas de militantes negros. O programa ainda entrevistou Diego Pereira, operador de TV que presenciou o comentário de Waack e o divulgou um ano depois, quando foi demitido da emissora. Ainda exibiu declarações de Robson Cordeiro, amigo do rapaz que o ajudou a divulgar o vídeo.

Mas, ironicamente, quem estava apresentando a revista eletrônica dominical da Record e ainda anunciou a matéria foi Paulo Henrique Amorim. Para quem não lembra, o jornalista foi condenado por injúria racial em 2015,  quando perdeu definitivamente o processo movido por Heraldo Pereira, comentarista político do "Jornal da Globo" (e cotado para substituir Waack na bancada).

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Novos conflitos enriquecem trajetória de Ellen e destacam Heslaine Vieira em "Malhação - Viva a Diferença"

A atual temporada de "Malhação" tem merecido elogios diários e não é exagero. Cao Hamburger está exibindo uma trama repleta de bons personagens, tratando a adolescência com total veracidade. "Viva a Diferença" não podia ser um subtítulo melhor. O enredo prioriza o cotidiano, valorizando a vivência de cada perfil, revezando o destaque de cada um, focando mais nas cinco protagonistas, obviamente. E, agora, o autor iniciou uma nova saga para Ellen, vivida pela ótima Heslaine Vieira.


A menina do subúrbio foi a mais resistente em iniciar uma amizade com Lica (Manoela Aliperti), Tina (Ana Hikari), Keyla (Gabriela Medvedovski) e Benê (Daphne Bozaski), alegando a diferença social que as separavam. Mas, com o tempo, acabou se apegando demais a essas novas amigas, formando um quinteto inseparável. Ela, Benê e Keyla estudavam no Colégio Cora Coralina, instituição pública, enquanto Tina e Lica frequentam o Colégio Grupo, uma escola particular. Porém, o verbo ficou no passado para Ellen porque a garota conseguiu uma bolsa de estudos no colégio das amigas mais ricas.

E iniciou-se uma nova fase para a personagem a partir desse ponto. Bóris (Mouhamed Harfouch) foi quem conseguiu essa bolsa, após ter enfrentado Malu (Daniela Galli) e Edgar (Marcello Antony). A bolsa só veio, por sinal, depois de uma difícil prova aplicada, em uma tentativa do pai de Lica de barrar a entrada da menina humilde. Mas, ela passou com louvor e agora é uma aluna do Grupo.

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Vídeo de William Waack e falas de Nádia em "O Outro Lado do Paraíso" provam que realidade e ficção se misturam

Nesta quarta-feira (08/11), foi divulgado um vídeo com William Waack proferindo comentários de cunho racista, enquanto cobria as eleições americanas em 2016. O áudio, embora de má qualidade, deixa bem claro o teor deprimente e preconceituoso do jornalista, após se irritar com uma buzina de carro. A repercussão, como não poderia deixar de ser, foi péssima e a Globo fez questão de afastar o profissional do "Jornal da Globo" por tempo indeterminado, enviando uma nota de esclarecimento. A coincidência dessa lamentável situação é a abordagem do racismo em "O Outro Lado do Paraíso", nova novela das nove.


Walcyr Carrasco vem explorando esse tema de uma forma bastante direta e forte, o que acaba gerando um certo incômodo em parte dos telespectadores. Alguns dizem (ou diziam) que o contexto era exagerado demais e as frases absurdas ditas por Nádia (Eliane Giardini) sobre os negros soavam irreais nos tempos de hoje. Porém, não há nada de forçado ou absurdo no núcleo da trama e a fala do jornalista da Globo apenas comprova isso, deixando evidente o paralelo entre ficção e realidade. No caso, infelizmente, o contexto real se coloca bastante similar (para não dizer idêntico) ao da história teoricamente fictícia.

O comentário de Waack para o colega Paulo Sotero, em Washignton, é curto, mas revoltante: "Tá buzinando por quê, seu merda do cacete? Não vou nem falar, porque eu sei quem é... é preto. É coisa de preto!" Após essa colocação deprimente, o jornalista ri. Apesar de ter dito isso em 2016 e o vídeo só ter vazado agora, Walcyr parece ter 'adivinhado' essa postura quando criou a Nádia.

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Em apenas um capítulo, "Malhação - Viva a Diferença" explora o racismo com bastante habilidade

A atual temporada de "Malhação" tem se superado a cada momento. Após a sequência da festa da Lica (Manoela Aliperti), retratando a adolescência com total realismo através de uma confraternização repleta de álcool, drogas e irresponsabilidade, a trama de Cao Hamburger --- dirigida por Paulo Silvestrini --- apresentou em um único capítulo uma sucessão de situações racistas. E o autor conduziu tudo habilmente, provocando uma imediata reflexão.


Durante a festa da filha de Edgar (Marcello Antony), Fio (Lucas Penteado) viu um sujeito furtando um objeto do apartamento de Lica e foi atrás para impedir. Porém, acabou pego por dois seguranças do condomínio. A continuação do momento foi ao ar através de flashback, logo depois do rapaz ter voltado para casa chorando, no dia seguinte, sendo consolado por Ellen (Heslaine Vieira) e sua mãe. Os homens humilharam o menino simplesmente porque ele é negro e pobre. Também não acreditaram que era um convidado da festa. Fio acabou conseguindo escapar em um instante de distração. Mas, já na rua, acabou parado pela polícia, que desconfiou do fato dele estar correndo. Até ser finalmente liberado.

O contexto não foi gratuito, pois estava diretamente ligado aos outros acontecimentos da festa, e expôs uma situação ainda muito comum. Vale destacar o diálogo de Fio com Ellen e familiares: "Você só passou por isso porque é preto, Fio!" "É, mas não tem como mudar a etnia, nem a cor da pele!" "Não, mas tem como lutar para acabar com isso!"

terça-feira, 26 de julho de 2016

"Liberdade Liberdade" mostrou que o Brasil não mudou tanto assim em pouco mais de 200 anos

A atual novela das onze, dirigida por Vinícius Coimbra, está em plena reta final e a produção se mostrou um bom folhetim, embora não tenha repercutido e nem envolvido tanto quanto prometia. A curta duração das cenas também deixou muito a desejar e o desenvolvimento de algumas tramas ficou devendo. Porém, um dos trunfos da história escrita por Mário Teixeira (com argumento de Márcia Prates) foi a exposição nua e crua de um Brasil que infelizmente não mudou tanto assim ao longo de pouco mais de 200 anos.


As situações apresentadas como pano de fundo de alguns personagens e núcleos, ainda que muitas vezes não conseguindo ser aprofundadas como mereciam, servem para observar que ainda há inúmeros 'resquícios' da época de 1808, incluindo alguns comportamentos e hábitos que não mudaram quase nada. Desigualdade, racismo, homofobia, exploração dos governantes, suborno, corrupção, estupro, abuso de poder, justiça que não tem nada de justa, enfim, não falta exemplo na história do início do século XIX que segue sendo observado nos dias atuais.

Logo no início de "Liberdade, Liberdade", Joaquina (Andreia Horta) ficou horrorizada ao conhecer a chamada 'parte suja' de Vila Rica. A área era imunda, repleta de escravos famintos em condições sub-humanas. Rubião (Mateus Solano), intendente da Coroa Portuguesa, com o intuito de impressionar a sua 'amada', fez questão de distribuir comida e prometeu melhorar o local.

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Racismo e a pouca diferença entre ficção e realidade

Em julho deste ano, Maria Júlia Coutinho, que se destacou em 2015 na previsão do tempo do "Hora Um", sendo promovida para o "Jornal Nacional", foi vítima de ataques racistas na internet. Já em novembro, a vítima da vez foi a atriz Taís Araújo. E, poucos dias depois, as atrizes Cris Vianna e Sheron Menezzes foram os novos alvos dos criminosos. Milhares de negros sofrem preconceito todos os dias no país e há séculos, ou seja, nada disso é novidade. Tanto que a teledramaturgia aborda esse assunto constantemente e várias novelas já levantaram a questão, que infelizmente está longe de acabar.


E os casos recentes que aconteceram com as quatro figuras conhecidas mencionadas apenas comprovam que há pouca diferença entre ficção e realidade. Ainda que alguns considerem o tom do racismo explorado em algumas obras 'exagerado' ou 'forçado', a verdade é que o assunto é apenas exposto da forma como ele infelizmente é. E foram muitos folhetins que exploraram a questão racial, tanto que nem tem como citar todos. O preconceito é exibido em função da ficção (retratando também a sociedade, obviamente) desde o surgimento da telenovela e da dramaturgia no geral.

Atualmente, por exemplo, "Além do Tempo" vem abordando o preconceito de uma forma explícita e competente. Na primeira fase da obra de Elizabeth Jhin, ambientada no século XIX, Raul (Val Perré) era um ex-escravo que vivia sendo ofendido por Bento (Luiz Carlos Vasconcelos) e Pedro (Emílio Dantas). Na época, claro, o racismo era vomitado com 'orgulho' e nem era considerado crime.