sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Subaproveitados em "A Força do Querer", Juliana Paiva e Edson Celulari brilham em "O Tempo Não Para"

"A Força do Querer" foi a melhor novela de Glória Perez. E fez um merecido sucesso. A autora criou uma trama bem construída e repleta de bons personagens, além de atrativas viradas. No entanto, o folhetim também teve defeitos. E um deles foi o subaproveitamento de alguns atores, entre eles Juliana Paiva e Edson Celulari. Ela até protagonizou algumas boas cenas com a grande Lilia Cabral, mas nunca teve um conflito para chamar de seu. Já ele esteve avulso a trama toda e sua presença no enredo não fez diferença. Agora, todavia, os dois protagonizam "O Tempo Não Para".


Mário Teixeira foi muito feliz na escolha de Juliana para viver a mocinha Marocas e Edson para interpretar o patriarca da família Sabino Machado, congelada por 132 anos em um iceberg que foi parar no litoral de São Paulo. A ideia criativa do autor vem sendo, pelo menos até o momento, muito bem desdobrada e todos os personagens que viviam em 1886 vêm se destacando em cenas que mesclam humor e drama com habilidade em pleno 2018. Os atores são alguns dos principais trunfos da produção.

Juliana empresta seu evidente carisma ao papel e a protagonista conquista o telespectador com grande facilidade. Aliás, já caiu nas graças do público logo na estreia da novela. Ativa, com um vocabulário riquíssimo e um quê de ingenuidade, a mocinha é defendida por uma atriz que domina a cena e profere longos textos sem parecer decoradinho, o que era um risco em virtude da quantidade de palavras pouco usuais que Maria Marcolina usa no mundo contemporâneo.

quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Susana e Petúlia formam uma dupla perfeita em "Orgulho e Paixão"

A atual novela das seis da Globo, agora perto de seu fim, faz por merecer a sucessão de elogios. A trama de Marcos Berstein, dirigida por Fred Mayrink e baseada em vários clássicos da escritora Jane Austen, não perde o bom ritmo em momento algum e está sempre apresentando bons desdobramentos ao longo das semanas. Os perfis carismáticos e o elenco bem escalado são outros pontos positivos já citados do enredo. Entre os ótimos atores que se destacam, é preciso mencionar uma dupla perfeita: Alessandra Negrini e Grace Gianoukas.


Susana e Petúlia são aquelas vilãs que provocam mais risos do que ódio no público. Interesseiras e debochadas, as duas estão constantemente armando mil planos que raramente dão certo. Para piorar, quando funcionam, não costumam durar muito, ainda que ambas não sejam descobertas. No começo, a patroa descontava na empregada todas as humilhações que era obrigada a ouvir de Julieta (Gabriela Duarte), representando uma espécie de "cadeia alimentar" de poder. Mas a serviçal nunca liga para as patadas e ainda se aproveita dos presentinhos que ganha assim que obedece alguma ordem.

É verdade que Susana parecia ter bem mais importância no enredo nas primeiras chamadas de "Orgulho e Paixão". Teoricamente, seria a grande vilã do folhetim, representando a pedra no sapato do romance dos mocinhos Darcy (Thiago Lacerda) e Elisabeta (Nathalia Dill). E no início da trama isso realmente ocorreu.

terça-feira, 28 de agosto de 2018

Com Maura e Ionan em "Segundo Sol", autor copia o que há de pior nas suas novelas passadas

Enquanto "Orgulho e Paixão" explora a homossexualidade de uma forma delicada e bem construída, "Segundo Sol" desce a ladeira através de um triângulo amoroso desenvolvido de forma totalmente equivocada por João Emanuel Carneiro. A atual novela do horário nobre da Globo vem se perdendo ao longo dos capítulos e agora o alvo da vez foi um dos núcleos secundários que aparentemente mais prometia no enredo, dirigido por Dennis Carvalho e Maria de Médici.


A condição sexual de Maura (Nanda Costa) sempre foi muito clara no folhetim e a retração da personagem era uma das suas principais características. Isso porque tinha medo de assumir o seu relacionamento com Selma (Carol Fazu). As duas tinham um caso e Selma traía o marido (que depois faleceu em um acidente) com a policial. Ou seja, o início dessa relação já não foi bem colocado pelo escritor ---- nem sequer foi exposto como se conheceram. Ainda assim, os perfis cresciam juntos e o momento em que o ''namoro" foi descoberto por Nice (Kelzy Ecard) resultou em uma ótima sequência dramática.

"Estou cansada de fingir ser normal", disse Maura em um diálogo emocionante com sua mãe. Vale lembrar ainda uma cena em que a policial falou com todas as letras para seu colega de farda --- e então melhor amigo --- Ionan (Armando Babaioff) que gostava era de mulher. Ou seja, nunca foi bissexual, ao contrário de Selma.

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

"Orgulho e Paixão" trata homossexualidade de forma delicada e bem construída

Não é fácil abordar relações homossexuais em novelas, mesmo em pleno 2018. O beijo de Félix (Mateus Solano) e Niko (Thiago Fragoso), no sucesso "Amor à Vida", em 2013, entrou para a história da teledramaturgia e serviu como incentivo para maiores ousadias em futuras novelas. Walcyr soube criar um casal que caiu no gosto popular, despertando uma imensa torcida. Infelizmente, errou feio com Samuel (Eriberto Leão) e Cido (Rafael Zulu) em "O Outro Lado do Paraíso". Mas esse passo do autor virou um marco. Tanto que o casal "Feliko" pode ter influenciado indiretamente o delicado relacionamento visto em "Orgulho e Paixão".


Além das inúmeras qualidades já listadas da atual trama das seis, Marcos Berstein conseguiu construir uma linda relação que cativou o telespectador aos poucos. Luccino (Juliano Laham) era um perfil de pouca importância no enredo e o Capitão Otávio (Pedro Henrique Muller) mal tinha falas, era apenas a dupla de Randolfo (Miguel Rômulo). Porém, o autor soube aproveitar o contexto envolvendo Mariana (Chandelly Braz) para destacar o italianinho. Isso porque o rapaz se viu confuso quando se interessou pela melhor amiga vestida de "Mário".

O tempo serviu para mostrar ao público a angústia de um homem de 1910 ao se constatar homossexual. Retraído e tímido, Luccino tentou negar a si mesmo sua condição, mas não conseguiu seguir com o autoengano assim que se aproximou do capitão. Otávio, por sinal, ia se casar com Lídia (Bruna Griphao) e ficou aliviado quando a filha de Ofélia (Vera Holtz) fugiu da igreja atrás de Uirapuru (Bruno Gissoni), o pai de seu filho.

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

SBT aposta no público adolescente com "Z4", mas não abandona o infantil

O SBT se firmou na produção de novelas infantis e o imenso sucesso de "As Aventuras de Poliana", em segundo lugar isolado desde a estreia, é a prova disso. Mas o canal de Silvio Santos resolveu apostar no público adolescente com "Z4", nova série que estreou no dia 25 de julho, ocupando a faixa que antecede o "Programa do Ratinho". E ficou evidente a preocupação em não afastar as crianças deste novo projeto, procurando apenas agregar uma outra faixa etária.


Produzida em parceria com a Disney Channel, a produtora Formata e a Sony Music, a trama conta a história de um grupo de jovens que sonha com o estrelato. O produtor musical Zé Toledo (Werner Schunemann) há anos não emplaca uma banda de sucesso  e, a cada dia que passa, é mais ignorado na indústria fonográfica. Disposto a provar que ainda consegue emplacar um novo fenômeno, Zé decide montar uma boyband.

Para atingir seu objetivo, convoca Luca (Pedro Rezende), youtuber popular com milhões de seguidores; Enzo (Apollo Costa), jovem de família rica criado para apreciar música clássica; Paulo (Gabriel Santana), um dançarino que enfrenta dificuldades na vida; e Rafael (Matheus Lustosa), garoto tímido que compõe canções de amor. Para executar sua missão, o  produtor conta com a ajuda da filha Pâmela (Manu Gavassi), que trabalha como professora de dança.

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Casamento de Ernesto e Ema emociona em "Orgulho e Paixão"

A atual novela das seis da Globo tem marcado ponto no blog praticamente toda semana. Isso porque Marcos Berstein vem presenteando o público com vários momentos bem construídos e interpretados. "Orgulho e Paixão" segue repleta de acontecimentos, prendendo o telespectador diante da tela. Não por acaso a audiência está tão satisfatória. Após as cenas tocantes de Mariana (Chandelly Braz) sofrendo nas mãos de Xavier (Ricardo Tozzi) e da constatação de Luccino (Juliano Laham) a respeito da sua homossexualidade, a trama emocionou com o casamento de Ema (Agatha Moreira) e Ernesto (Rodrigo Simas), exibido nesta segunda-feira (20/08).


O italiano sem papas na língua já estava planejando a surpresa para sua Baronesinha e as trapalhadas dos demais personagens para esconder o segredo rendiam momentos hilários. O casório surpresa para a casamenteira do Vale do Café não poderia ter sido mais apropriado. Depois de tanto empenho para juntar vários pares, chegou a vez dos amigos prepararem o momento mais sonhado pela menina. Até mesmo a prova do vestido de noiva resultou em algo delicado em virtude do deslumbramento de Ema com a beleza da roupa, para a alegria de Ludmila (Laila Zaid) e Elisabeta (Nathalia Dill).

A cena do casamento foi uma das mais lindas da novela e arrepiou quem assistiu. O instante em que a porta da igreja se abriu e a melhor amiga da mocinha viu seu pai a esperando para levá-la até Ernesto foi de uma sensibilidade ímpar. Destaque para a direção de Fred Mayrink. A troca de olhares dos atores complementou toda a delicadeza da sequência, expondo a sintonia entre Agatha Moreira e Rodrigo Simas, presente desde o início da história.

terça-feira, 21 de agosto de 2018

Em constante mudança, "Vídeo Show" perde o rumo

O "Vídeo Show" já sofreu tantas modificações que já ficou até difícil enumerá-las. Afinal, está há 35 anos no ar. E nos últimos anos houve até uma certa estabilidade na atração. Após vários tropeços, o formato tinha se encontrado com a dupla Mônica Iozzi e Otaviano Costa em 2015. Porém, o período turbulento voltou com a saída dela (a atitude mais equivocada da apresentadora, vale ressaltar). Ao menos, a produção conseguiu um equilíbrio com o tempo fixando Otaviano ao lado de Joaquim Lopes e depois Sophia Abrahão. Parecia tudo certo. Todavia, um novo maremoto surgiu: Otaviano deixou a apresentação.


Foram cinco anos no comando do programa vespertino da Globo. O apresentador mostrou um projeto para a emissora e o mesmo acabou aprovado, ou seja, ele ganhou uma atração para chamar de sua com previsão de estreia para janeiro de 2019. Nada impediria, portanto, sua permanência ao menos até dezembro. Mas ele deixou a apresentação assim que o "Vídeo Show" voltou do período de recesso da Copa do Mundo, em julho. E a mudança foi drástica.

Saiu Otaviano e três ex-BBBs foram escolhidas para a composição do time. Sophia ganhou a companhia de Vivian Amorim, Fernanda Keulla e Ana Clara. Já a repórter Marcela Valente (a mais antiga na função) agora passou a dividir as reportagens com o ator Felipe Tito, além de Vivian e Fernanda que também fazem algumas matérias.

sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Texto repleto de boas tiradas e trama divertida marcam início de "O Tempo Não Para"

A novela das sete ainda não tem nem um mês no ar, mas já é possível afirmar com certa tranquilidade que a história de Mário Teixeira reúne as maiores qualidades de uma ótima novela das sete. Há carisma de sobra em vários personagens e a ideia de inserir uma família de 1886 em 2018 tem sido desenvolvida de maneira genial, resultando em cenas impagáveis. O contexto absurdo não implicou em algo ridículo, o que era um risco bem viável.


Muito pelo contrário, a trama tem um charme que faz o telespectador mergulhar naquela história com facilidade. E Mário foi feliz em descongelar os personagens aos poucos, aproveitando bem o choque cultural de cada um. A primeira foi Marocas (Juliana Paiva), que logo encantou o íntegro Samucas (Nicolas Prattes) e vem protagonizando momentos hilários ao lado do rapaz. A mocinha é uma das melhores personagens da novela e Juliana está irretocável, ainda mais com a quantidade de texto que precisa decorar. Impossível não se apaixonar por Maria Marcolina.

Já o segundo a despertar 132 anos depois foi Dom Sabino (Edson Celulari em grande momento, após ter sido desvalorizado em "A Força do Querer"). O patriarca da família Sabino Machado fez uma bonita amizade com Eliseu (Milton Gonçalves), um humilde catador de rua, e a dupla ainda tem muito para render, principalmente em cima da abolição da escravidão e dos resquícios de um passado não tão distante.

quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Mesmo ambientada em 1910, "Orgulho e Paixão" consegue abordar temas atuais com habilidade

O popular "merchandising social" pode ser um problema para qualquer trama. O risco de soar gratuito é considerável e o caso da equivocada "Malhação - Vidas Brasileiras" é um bom exemplo. Abordar questões atuais em uma novela de época, então, é ainda mais complicado. Mas, Marcos Berstein vem conseguindo explorar várias situações com maestria em "Orgulho e Paixão".


Elogiar a ótima novela das seis da Globo virou uma constante e o capítulo desta terça (14/08) conseguiu surpreender o público com duas abordagens importantes. A primeira foi a violência contra a mulher, sofrida por Mariana (Chandelly Braz), que se viu sequestrada pelo asqueroso Xavier (Ricardo Tozzi). Após ter se livrado do disfarce de Mário e mostrado para todos os corredores que eles perderam a corrida de moto para uma mulher, a filha de Ofélia (Vera Holtz) quebrou um paradigma em 1910 e provocou a ira do inimigo de Brandão (Malvino Salvador).

Para se vingar, o personagem seguiu ordens de Lady Margareth (Natália do Vale) e prendeu a moça em um cativeiro para cortar os seus cabelos. A cena foi forte e Chandelly protagonizou a sua melhor sequência na trama, emocionando do início ao fim. A atriz expôs o desespero e a dor daquela corajosa mulher que se viu impotente diante da covardia de um homem.

terça-feira, 14 de agosto de 2018

Romance de Aurélio e Julieta encanta em "Orgulho e Paixão"

Marcos Berstein vem conseguindo apresentar para o público capítulos construídos com habilidade no atual folhetim das 18h, ainda que não tenham muitos acontecimentos relevantes em alguns, o que é natural em qualquer novela. "Orgulho e Paixão" é agradável de ser acompanhada até em cenas exclusivamente românticas, mesmo que não afetem o andamento da história. E como há uma sucessão de bons casais, os muitos momentos açucarados recheiam a produção. No último sábado (11/08), por exemplo, chegou a vez de Aurélio (Marcelo Faria) e Julieta (Gabriela Duarte).


A esperada primeira relação do par teve o texto delicado do autor, a química incontestável dos atores e a libertação da angústia da personagem mais complexa da novela. A Rainha do Café nunca se recuperou dos estupros constantes do finado marido e carregava uma energia pesada, representada por uma postura arrogante e intimidadora. Nem mesmo o filho Camilo (Maurício Destri) conseguia quebrar esse ar gélido da mãe, que sempre tocou seus negócios com extremo rigor. Aurélio veio para trazê-la para o caminho da serenidade.

O casal é um dos muitos trunfos da gostosa trama das seis e Berstein sempre fez questão de valorizar os atores, que viraram o destaque do núcleo. Todavia, é preciso mencionar que o início da relação poderia ter sido desenvolvido de forma mais crível pelo escritor.

sexta-feira, 10 de agosto de 2018

"Malhação - Vidas Brasileiras" aborda temas importantes de forma rasa e gratuita

A missão de um autor não é fácil. Criar bons personagens, dramas atraentes e histórias convincentes é um desafio para qualquer escritor. E inserir esse conjunto em uma produção televisiva consegue ser ainda mais complicado. Porém, apesar das inúmeras dificuldades, é praticamente impossível falhar em absolutamente tudo. Por pior que seja uma novela ou série, há ao menos um núcleo ou uns poucos personagens que se salvam. E é exatamente por isso que o caso de "Malhação - Vidas Brasileiras" se mostra tão atípico: a atual temporada falha em todos os aspectos.


Patrícia Moretzohn tem pecado desde o início de seu enredo e uma dos muitos equívocos é a abordagem de temas importantes. O chamado "merchandising social" na teledramaturgia é uma constante sempre bem-vinda, desde que agregue ao roteiro, engrandeça os personagens e consiga mesclar ficção com realidade com competência. Mas nada disso tem sido observado na história da autora, que enfia os pés pelas mãos em todos os momentos que pretende explorar dramas como alcoolismo, gordofobia, bulimia, entre outros.

A ideia de se inspirar no formato canadense "30 Vies" foi um dos maiores erros da atual temporada. É impossível desenvolver um drama de um personagem em menos de dez capítulos sem parecer raso ou gratuito. Com o objetivo de elaborar um 'rodízio' de protagonismo, a história explora um conflito por vez colocando um adolescente ou adulto como perfil central. E o desenvolvimento de todas as situações até então se mostrou catastrófico.

quinta-feira, 9 de agosto de 2018

"Canta Comigo" foi uma boa aquisição da Record

Com o claro intuito de fazer uma frente ao já longevo "The Voice Brasil", na Globo, a Record comprou os direitos de "All Together Now", formato britânico pouco conhecido no Brasil que envolve uma ambiciosa estrutura. O programa estreou na penúltima quarta-feira de julho (18/07), às 23h, e provocou a melhor das impressões.


Apresentado por Gugu Liberato, o reality musical sai da mesmice ao ter 100 jurados no time e todos posicionados em um enorme painel. O candidato ou candidata precisa se apresentar diante deles e conseguir levantar o maior número de julgadores. Quanto mais pessoas, mais pontos o cantor (a) faz. Dez competidores se apresentam em cada um dos seis primeiros programas. Quem consegue a maior pontuação do dia já se classifica para a semifinal. E o participante que atinge a difícil missão dos cem pontos, ou seja, cem jurados levantados, vai direto para a final.

O esquema da soma de pontos, aliás, é bem parecido com o do extinto "SuperStar", exibido na Globo entre 2014 e 2016, que era baseado no formato israelense "Rising Star". A diferença é que agora não é um telão eletrônico que sobe quando se atinge determinada pontuação com a votação popular.

terça-feira, 7 de agosto de 2018

"Orgulho e Paixão" se beneficia com ótimo trio de vilãs

Os textos enaltecendo "Orgulho e Paixão" neste blog viraram uma constante e a novela merece. Marcos Berstein segue com um desenvolvimento sem tropeços e a quantidade de ótimos casais impressiona, assim como os conflitos que permeiam a trama. Além de todos os pontos positivos já mencionados, é preciso ainda mencionar agora o ótimo trio de vilãs que surgiu mais recentemente formado por Margareth (Natália do Vale), Susana (Alessandra Negrini) e Josephine (Christine Fernandes).


Muito interessante observar as movimentações do roteiro com três víboras agindo em diferentes núcleos, apresentando características de ótimas vilãs e sendo interpretadas por grandes atrizes. Susana foi a primeira malvada do folhetim e sua parceria com Petúlia (Grace Gianoukas genial) sempre foi um dos trunfos do folhetim. Porém, a sua vilania é cômica. É até difícil ter raiva da interesseira e a inimiga da mocinha Elisabeta (Nathalia Dill) raramente triunfa em algum plano por muito tempo.

Alessandra Negrini é uma 'expert' em viver malvadas e novamente está se saindo muito bem na função. O autor, muito espertamente, inseriu Lady Margareth na história recentemente com o claro objetivo de provocar mais reviravoltas e ainda evitar que Susana fosse ofuscada. Isso porque a personagem começava a ficar mais apagada em virtude da felicidade de Elisabeta e Darcy (Thiago Lacerda) e do rompimento com Julieta (Gabriela Duarte), em processo de humanização ao lado de Aurélio (Marcelo Faria).

sexta-feira, 3 de agosto de 2018

"Segundo Sol" apresenta núcleos secundários mais atrativos que o principal

João Emanuel Carneiro ainda não tem um elevado número de novelas em seu currículo, mas várias características suas já ficaram evidentes em muitos trabalhos. Uma delas é a força do núcleo principal e a limitação dos núcleos paralelos. "Da Cor do Pecado", "Cobras & Lagartos", "A Favorita", "A Regra do Jogo" e até mesmo a aclamada "Avenida Brasil" apresentaram tramas centrais muito bem estruturadas e atrativas, enquanto pecaram nas secundárias. Porém, ironicamente, o escritor quebrou o que parecia ser uma regra em "Segundo Sol".


O núcleo central envolvendo a trama de Beto Falcão (Emílio Dantas) e Luzia (Giovanna Antonelli) se mostra frágil, principalmente em torno da falsa morte do cantor e do conformismo da DJ. Os mocinhos acabam se comportando como dois covardes e as situações protagonizadas por eles não movem o enredo. Como até agora são passivos, viram peças pouco fundamentais na história. Claro que mais para frente é bem provável que tudo isso mude, mas o folhetim já passou do capítulo 70 e o que tem sido visto são conflitos muito mais convidativos nos núcleos paralelos, enquanto os mocinhos ficam se escondendo.

A família do corrupto Severo (Odilon Wagner), por exemplo, é a protagonista dos maiores barracos do roteiro e de muitas viradas de "Segundo Sol". O descontrole emocional de Edgar (Caco Ciocler), a submissão de Zefa (Cláudia Di Moura), a fragilidade de Karen (Maria Luisa Mendonça) e a crueldade de Rochelle (Giovanna Lancellotti) são bons ingredientes da problemática estrutura familiar, piorada ainda mais com a volta de um Roberval (Fabrício Boliveira) endinheirado procurando vingança.

quarta-feira, 1 de agosto de 2018

"O Tempo Não Para" tem estreia movimentada e divertida

O que você faria se acordasse no futuro, mais especificamente 132 anos depois? Como lidaria com os novos costumes, as modernidades e a rotina de um período totalmente desconhecido? Essa é a premissa de "O Tempo Não Para", nova novela das sete da Globo, que estreou nesta terça-feira (31/07), substituindo "Deus Salve o Rei". Sai de cena um folhetim medieval e entra uma novela que mistura 1886 com 2018, sem explorar reencarnações, por exemplo. Ou seja, a fantasia cedeu lugar ao surreal. Não há dúvidas a respeito da ousadia da proposta da obra de Mário Teixeira, dirigida por Leonardo Nogueira.


O núcleo central é da tradicional família Sabino Machado, congelada em 1886 e descongelada em  2018. Uma ideia que pode resultar em uma trama genial ou em um enredo bizarro. A coragem  do autor, no entanto, é válida. Dom Sabino (Edson Celulari), Dona Agustina (Rosi Campos) e a filha Marocas (Juliana Paiva) são donos de extensas terras para a exploração de ouro, minérios e investimento em telefonia. A história começa justamente há 132 anos, mostrando a rotina desses personagens. O primeiro capítulo é voltado exclusivamente para isso. A saga se inicia como um folhetim de época e depois vira uma novela contemporânea.

A estreia foi movimentada, sem ser corrida. Após se chocar ao ver a filha beijando o provocador Bento (Bruno Montaleone), Dom Sabino tenta matar o rapaz, que acaba fingindo sua própria morte. O "velório" do malandro vira uma grande pastelão e todos descobrem que ele não morreu.