quarta-feira, 13 de julho de 2022

"Filhas de Eva" é uma série agradável e despretensiosa

 A Globo estreou "Filhas de Eva" na Globoplay em março de 2021. Agora, mais de um ano depois, a série, criada e escrita por Adriana Falcão, Jô Abdu, Martha Mendonça e Nelito Fernandes, com direção artística de Leonardo Nogueira, estreou na televisão aberta nesta terça, dia 12. Com dois episódios semanais, exibidos às terças e quintas, a trama pode ser apreciada por um público mais amplo.


Três mulheres fortes e independentes. Recordações de uma vida inteira. Momentos inesquecíveis que parecem ter acontecido há muito tempo e uma pergunta em comum: até onde elas irão para encontrar a felicidade? Esse é o questionamento que dá início à série. Consequências e impactos de decisões importantes são o pano de fundo deste drama leve, com pinceladas de humor cotidiano e que levanta reflexões comuns a todos. A história fala sobre família, amizade e liberdade, suscitando questões que levam a pensar sobre as mudanças, os obstáculos e a coragem necessários para dar um novo rumo à vida, seja em qual fase for. 

A trama se desencadeia a partir das histórias de Stella (Renata Sorrah), Lívia (Giovanna Antonelli) e Cléo (Vanessa Giácomo). As três atrizes dividiram a cena em "A Regra do Jogo", problemática novela de João Emanuel Carneiro, exibida em 2015. O trio honra o protagonismo da série e as personagens têm camadas que proporcionam um tom mais naturalista na interpretação. Vanessa está mais acostumada a tipos assim na televisão, mas Giovanna e Renata costumam ganhar dos autores perfis mais exagerados e com tintas mais fortes. Antonelli, por exemplo, foi vista recentemente na pele da caricata Paula Terrare, em "Quanto Mais Vida, Melhor!", novela das sete de Mauro Wilson, onde deu um show e divertiu o público. A intérprete está totalmente diferente como Lívia. 

É na celebração de Bodas de Ouro que Stella, sua filha Lívia e a responsável pelo bolo da festa, Cléo, se cruzam pela primeira vez. Durante o evento, enquanto assiste aos belos trechos de sua própria vida no telão, Stella tenta entender como aquela jovem cheia de sonhos se tornou a mulher que é hoje, aos 70 anos. O questionamento traz consigo uma certeza: o divórcio. E o pedido de separação é feito para o marido Ademar (Cacá Amaral) em alto e bom som, no meio da festa, para o espanto geral. Logo no primeiro episódio. É com essa atitude que Stella inicia sua busca pela felicidade. 

Enquanto Lívia tenta entender a decisão intempestiva da mãe, Cléo chega com o doce confeitado no pior momento do evento. Desesperada para receber o pagamento, ela espera até que os ânimos da família se acalmem diante da notícia do divórcio. Perdida no grande salão da festa, Cléo chama atenção de Kleber (Dan Stulbach), que se aproxima sem se identificar como alguém da família. Eles conversam, Cléo o reconhece de uma entrevista em um programa de TV e, sem saber que se trata do marido de Lívia, se encanta por ele, que corresponde. Logo depois os dois iniciam um 'romance'. A série usa o recurso da volta no tempo e graças a isso é mostrado ao público que Lívia deixou de ir ao "Encontro com Fátima Bernardes" para ceder seu lugar ao esposo, que não escondeu a inveja quando soube que a companheira tinha sido chamada para um debate sobre relacionamentos. Ali já ficou claro o quanto aquele casamento é problemático, embora pareça 'perfeito'. 

Aliás, Lívia é uma psicóloga pragmática e com algumas manias, como exigir que qualquer pessoa tire o calçado assim que entra em sua casa ---- ninguém poderia imaginar que isso viraria rotina na vida de grande parte da população com a pandemia do novo coronavírus ---- e manter uma dieta equilibrada. Sua relação com a filha não é das mais fáceis, o que também acaba exposto com mais clareza durante a traumática festa de bodas dos pais. Dora (Debora Ozório), totalmente bêbada, pega o microfone durante o escândalo e parabeniza a avó pela decisão, o que deixa Lívia indignada. A neta adolescente e feminista sente orgulho de Stella e enxerga sua coragem para recomeçar uma nova vida. Por sinal, é graças ao divórcio que Stella descobre uma sucessão de canalhices de seu ex-marido. Um novo homem se revela a ela. 

Em meio ao caos, na intenção de receber o pagamento pelo bolo, Cléo vai atrás de Lívia. Só que quem fez o bolo foi uma senhora que faleceu e já tinha recebido pelo serviço. Cléo não imaginou seu azar quando decidiu finalizar o bolo com a ajuda de sua mãe para pagar seu aluguel atrasado com o pagamento que viria com o 'bico'. Mas a inusitada situação acabou implicando em uma amizade com Lívia. E a partir dali, novos encontros fazem com que as vidas dessas três mulheres se conectem. E na tentativa de criar novos caminhos, elas se ajudam e constroem, voluntariamente ou não, uma nova versão de si mesmas. Nas diferenças entre as personagens, se encontram impasses, dúvidas, obstáculos e decisões inerentes à vida de qualquer pessoa. 

A história se desenvolve de forma competente e desperta o interesse do telespectador em seguir acompanhando a vida daquelas mulheres. A série tem uma narrativa muito semelhante aos folhetins de Lícia Manzo. São figuras reais vivenciando problemas comuns a qualquer um. Não há uma sucessão de acontecimentos e nem viradas de impacto. A trama não gerou repercussão na época que foi lançada na Globoplay, mas tem qualidades. É uma trama despretensiosa e bem feita. Um dos criadores da série, Nelito Fernandes, conta que há referências de obras conhecidas do público, como as séries internacionais "Big Little Lies", "This is Us" e "Parenthood", além do filme "Colcha de Retalhos". 

"Filhas de Eva" é uma série agradável e que conta com um ótimo elenco. Talvez não seja uma produção inesquecível, mas cumpre a sua função e entretém quem se dispõe a assisti-la. 

12 comentários:

Anônimo disse...

Essa série repercutiu muito pouco mesmo porque não tinha ideia que ja tinha estreado na globoplay ano passado. Nunca tinha ouvido falar. Mas gostei do que vi.

MARILENE disse...

Grandes atrizes e trama que desperta interesse. Abraço.

Anônimo disse...

Parece ser uma produção agradável mesmo. Estou na vontade de ver mais. Sérgio, você já assistiu Parenthood, uma das séries que o autor se inspirou? Eu já vi e achei legal também. Parabéns pelo texto!

Anônimo disse...

Concordo, Sérgio. "Filhas De Eva" encanta por apresentar perfis repletos de camadas e de fácil identificação, tal qual os que comumente observamos nas obras de Lícia Manzo. Sem dúvidas é entretenimento de qualidade.

Guilherme

Outsiders disse...

Quem foi Eva?

Segundo os escritos da Bíblia, foi a primeira mulher do Planeta Terra, nascida da costela de Adão, o primeiro homem. Enganada e seduzida pela serpente, come o fruto proibido e, como castigo para ambos, Deus enviou o caos à terra.

Esta é uma breve síntese já foi esmiuçada diversas vezes acerca da etimologia da humanidade.

Sob o comando de Leonardo Nogueira, a série busca explicitar complexidades atuais na questão da mulher, do feminino, do seu protagonismo e a retomada do poder de suas próprias vidas. Eva, a original, dizem, foi a grande causadora do caos em que estamos inseridos, por se deixar seduzir pela cobra.

Aqui, essa sedução é pela liberdade.

Maria Rodrigues disse...

Parece ser bem interessante.
Como sempre uma excelente análise.
Abraços

Sérgio Santos disse...

É mt gostosinha, anonimo.

Sérgio Santos disse...

Bjs, Marilene.

Sérgio Santos disse...

Nao vi, anonimo. Obrigado!!!!

Sérgio Santos disse...

É isso, Guilherme.

Sérgio Santos disse...

Obrigado pelo comentário, outsiders.

Ross J disse...

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