Na terra, quando plantada, a semente se desenvolve, germina e cresce. É nessa força da vida, transformada em esperança, e no desejo de justiça, que move "Terra e Paixão", a nova trama de Walcyr Carrasco, com direção artística de Luiz Henrique Rios, que estreou nesta segunda-feira, dia 8. A produção traz um folhetim clássico, com histórias de amor, de superação, dramas familiares, disputas e segredos inconfessáveis. De acordo com a sinopse, uma jornada de esperança e luta, com personagens e histórias profundas, tão enraizados quanto as belas e grandiosas plantações do Mato Grosso do Sul. O início da história deixa claro que se trata de um dramalhão promissor.
A nova trama das nove se inicia com Aline (Barbara Reis) precisando fugir imediatamente de suas terras com o filho no colo após o marido Samuel (Ítalo Martins) perceber uma ameaça de invasão na propriedade. No meio das grandiosas plantações do Mato Grosso do Sul, ela corre com o pequeno João (Matheus Assis) nos braços e recebe a ajuda de Caio (Cauã Reymond), justamente o filho do homem que ordenou o atentado, o poderoso fazendeiro Antônio La Selva (Tony Ramos).
Cândida (Susana Vieira), a dona do bar da cidade e amiga de Caio, é quem abriga Aline e João, colocando a própria vida em risco ao precisar despistar os capangas que procuram pelos dois, após Samuel ser assassinado. Usando o humor para livrar a pele de seus protegidos, Cândida confere momentos divertidos à sequência de tensão.
Enquanto isso, na fazenda La Selva acontece o elegante noivado de Daniel (Johnny Massaro) e Graça (Agatha Moreira). Irene (Gloria Pires) não perde a chance de criticar Caio por chegar atrasado e estar mal vestido em uma data tão importante para o irmão. Antônio, ansioso pelo resultado da invasão às terras de Aline, não gosta nada de saber que a professora conseguiu sobreviver e desconfia de que Caio pode ter ajudado. Irene, alheia ao que o marido aprontou, tenta convencê-lo de que Daniel deve ser o filho sucessor nos negócios. Antônio, então, orienta Daniel a negociar a compra das terras de Aline. O jovem fica desconfortável com a situação e se preocupa ao pensar que o pai pode estar envolvido na morte de Samuel em uma tentativa de tomar a propriedade.
De volta em suas terras, com a casa completamente incendiada, Aline não se deixa esmorecer. Ela decide morar no paiol com o filho, a contragosto de sua mãe, Jussara (Tatiana Tiburcio), afinal, ela acredita que a filha não deve enfrentar um homem tão poderoso quanto Antônio La Selva. Mas a apoia e decide ficar com ela. Quem também se coloca à disposição para ajudar é Jonatas (Paulo Lessa), primo de Samuel, e admirador secreto de Aline. Com o apoio da família, muita garra e determinação, ela garante para si mesma que vai defender as terras e o legado deixado pelo marido. A professora decide se tornar produtora rural, sem nunca ter plantado uma semente. Demonstrando firmeza e emoção após perder seu companheiro de forma cruel, ela revela a si própria seu propósito em cuidar das terras que herdou. E vai enfrentar quem for preciso. Em um breve monólogo, muito inspirado no clássico "E o Vento Levou", filme de 1939, e em outra novela de Walcyr, "Chocolate com Pimenta", atualmente reprisada, Aline se emociona e amassa um pouco da terra vermelha em sua mão, enquanto faz um juramento prometendo justiça. Um encerramento de capítulo que honrou a essência do autor.
A estreia não foi corrida e apresentou a história de forma didática, uma das maiores características de Carrasco. O foco em cima da mocinha expôs o seu protagonismo e Barbara Reis em nada lembra a cruel Debora, de "Todas as Flores". É muito benéfico vê-la na pele de duas personagens tão distintas: uma heroína na tevê aberta e uma vilã no streaming. Tem tudo para fazer jus ao primeiro papel de peso em sua carreira e no horário nobre da Globo. Voltando ao bom ritmo da trama, foi um alívio o autor não ter atropelado acontecimentos e desperdiçado catarses apenas para imprimir uma falsa agilidade, algo que parece ter virado uma espécie de padrão para tantos escritores. Walcyr nunca se envergonhou do dramalhão de um bom folhetim e sabe construir bem um enredo até provocar aquelas viradas que empolgam o público. Além do destaque em cima da saga de Aline, houve a preocupação em expor as ambições dos vilões, o casal lindamente interpretado por Tony Ramos e Gloria Pires, que repetem a bem-sucedida parceria pela quinta vez. Foi tudo muito coeso e de fácil entendimento.
Já o segundo, terceiro e quarto capítulos introduziram uma parte dos personagens secundários, como as irmãs Lucinda (Débora Falabella) e Anely (Tatá Werneck), o agressivo Andrade (Ângelo Antônio) e a patricinha Graça (Agatha Moreira). A semelhança física de Débora e Tatá impressiona. Realmente parecem irmãs. E Tatá não está com um perfil apenas cômico em mãos. Anely protagoniza situações hilárias enquanto se apresenta no 'Onlyfans', mas vive uma rotina abusiva em sua casa através do casamento da irmã, ainda mais agora que teve sua profissão 'clandestina' descoberta pelo vilão. E Susana Vieira está incrível na pele de Cândida, a cafetina que sabe de todos os segredos das pessoas que a cercam. Aliás, o núcleo do bordel é um dos que mais prometem. Vale destacar ainda Debora Ozório que tem tudo para se destacar na pele de Petra, a filha mais instável emocionalmente de Irene.
A abertura é repleta de lindas imagens e ao som da clássica "Sinônimos", nas vozes de Chitãozinho, Xororó e Ana Castela, em uma adaptação bonita da canção tão conhecida na voz de Zé Ramalho. A música combina perfeitamente com a trama e a inserção das fotos dos protagonistas deu um clima mexicano que o próprio sobrenome da família central tem: La Selva.
"Terra e Paixão" será uma novela muito longa, com 221 capítulos. Fica no ar até o início de 2024. Walcyr Carrasco tem experiência de sobra na condução de histórias extensas ----- "O Cravo e a Rosa", de 2001, e "Amor à Vida", de 2013, tiveram os mesmos 221 capítulos, enquanto "Chocolate com Pimenta", de 2003, contou com 209 capítulos e "Alma Gêmea", de 2005, teve 227 capítulos. O autor sabe como desenvolver um enredo recheado de clichês e conquistar o público. A cúpula da Globo tem consciência disso e não por acaso colocou em suas costas a missão que muitos não aceitariam. Sua nova história tem todos os elementos clássicos para reconquistar a audiência que "Travessia" diluiu ao longo dos meses.
18 comentários:
Como todo bom roteirista que se preza, independentemente da quantidade de capítulos de suas obras, Walcyr Carrasco não tem pressa de preparar o terreno e semear as tramas, entre elas as responsáveis pelas maiores catarses do enredo. Por isso colhe excelentes frutos a cada trabalho realizado.
Guilherme
Olá, tudo bem? Discordo. Terra e Paixão estreou sem empolgar. Roteiro batido. Vilão chato e enfadonho. Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br
Olá, Sérgio!
Tudo bem?
Como sempre uma ótima análise. Parabéns!
Beijos e bom domingo.
Concordo com o texto, acho que a novela teve um início promissor. E eu estou torcendo por ela.
Beijo
Gracias por la recomendacion. Te mando un beso.
221 capítulos é realmente uma longa novela, mas o importante é ser interessante e ir cativando as pessoas.
Como sempre uma excelente análise.
Abraços
exato. tudo a seu tempo. até foi rápida a morte do marido, mas tudo corre passo a passo agora. sim, bem didático. e com a cena clássica de vento levou. estou gostando muito tb. beijos, pedrita
Confesso que não consegui parar para olhar o começo da novela. Geralmente a desse horário fica mais difícil pra mim, porque durmo cedo. As vezes assisto as anteriores, que passam as 7h/8h
www.vivendosentimentos.com.br
Lembrando da maior trama dele: Caras & Bocas com 232 capítulos. Ele é um mestre em tramas envolventes!
Exatamente isso, Guilherme.
Ok, Fabio.
É sim, Teresa.
Obrigado, Céu.
Eu tb, Marly.
Bj, JP.
É verdade, Pedrita.
Tudo bem, Monique.
Bem lembrado, anonimo.
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