Rosane Svartman inova com flashbacks e segue lançando talentos em "Vai na Fé"

 O fim de "Malhação" deixou um vácuo na Globo. O seriado adolescente que estreou em 1995 e saiu do ar em 2020 era o principal produto da emissora para lançar novos talentos. Muitos atores, hoje consagrados, vieram de lá. Cauã Reymond, Marjorie Estiano, Letícia Colin, Sophie Charlotte, Priscila Fantin e Ícaro Silva são apenas alguns. Deixando de lado as séries do Globoplay e focando apenas na televisão aberta, as revelações, agora, só têm as novelas como porta de entrada na emissora. E "Vai na Fé" já começou com muitas boas apostas graças a Rosane Svartman.

A autora da nova novela das sete escreveu duas temporadas de "Malhação" que fizeram sucesso: a "Intensa", em 2012, escrita com Glória Barreto, e a "Sonhos", escrita com Paulo Halm, em 2014. E lançou vários talentos: Agatha Moreira, Alice Wegmann, Felipe Simas, Jeniffer Nascimento, Rafael Vitti, Isabella Santoni, Anaju Dorigon, entre tantos mais. A autora sempre deu ótimas oportunidades para pessoas que ainda estão no início da carreira. No seriado adolescente era mais fácil porque as histórias eram dominadas por personagens jovens, mas nunca deixou de apostar em novos nomes em seus folhetins. 

Em "Totalmente Demais" e "Bom Sucesso", ambas escritas com o igualmente talentoso Paulo Halm, a escritora escalou, juntamente com seu parceiro, vários intérpretes de talento para bons papéis, tanto que cresceram ao longo das tramas.

Felipe Silcler (Cascudo), Gabriel Reif (Jamaica) e Lellê (Jeniffer) foram ótimos lançamentos em "Totalmente Demais", enquanto Bruna Inocêncio (Alice), Lucas Leto (Waguinho), Diego Montez (William), Valentina Vieira (Sofia) e Giovanna Coimbra (Gabi) se mostraram gratas surpresas em "Bom Sucesso". 

"Vai na Fé" é a primeira novela que Rosane escreve sem a sua dupla de tantos sucessos, mas a autora vem repetindo todos os acertos vistos em suas obras anteriores, onde um deles é o elenco jovem. A história ainda está no início, mas já são muitos nomes que merecem elogios e vem se destacando na trama das sete. Aliás, os principais só aparecem em flashback. A autora vem inovando porque o recurso costuma ser utilizado por novelistas para disfarçar a barriga (período de enrolação em que nada de relevante acontece) de suas histórias e normalmente são de cenas que já foram exibidas nas tramas. Rosane vem exibindo apenas conteúdos inéditos que correspondem ao passado dos mocinhos. 

A origem da história de amor de Ben (Samuel de Assis) e Sol (Sheron Menezzes) vem envolvendo por conta da boa construção da escritora e pelo carisma dos atores. Isacque Lopes e Jê Soares estão excelentes em cena e a química transborda na tela. Dá gosto de ver os dois juntos. Que gratas revelações. Eles são os grandes responsáveis pelo interesse do público em cima do reencontro dos protagonistas mais velhos e como tudo será desenvolvido ao longo dos meses. Mas não são apenas os dois que merecem menção. Matheus Polis vem provocando repulsa por conta de seu bom desempenho como Theo (Emílio Dantas) na juventude. Os momentos em que o rapaz tenta abusar de Sol são revoltantes. Hanna Romanazi está ótima como Lumiar (Carolina Dieckmann) mais jovem, embora não seja o seu primeiro trabalho na televisão. A atriz já se destacou em "A Favorita", "Malhação", "Liberdade, Liberdade" e "A Divisão", mas merece mais oportunidades. 

Outros nomes que também despertam atenção, ainda que tenham aparecido em poucas cenas de flashback, são Dhara Lopes como Bruna (Carla Cristina Cardoso); Anderson Oli como Vitinho (Luis Lobianco); e Nicollas Paixão como Orfeu (Jonathan Haagensen) mais jovem. Já na fase atual da novela o maior destaque tem sido de Clara Moneke. Kate é a personagem mais popular da trama e o carisma da atriz impressiona, assim como sua desenvoltura cênica. Está tão à vontade que rouba a cena sempre que aparece. A dupla que vem fazendo com Carla Cristina Cardoso é impagável, assim como a dobradinha antagônica com Jenifer (Bella Campos). Não há dúvidas que crescerá cada vez mais no enredo. Vale destacar ainda a estreia de Azzy como atriz. A cantora está muito bem na pele da provocativa Ivy, dançarina de Lui Lorenzo (José Loreto). O mesmo vale para Henrique Barreira, o conquistador Fred. E o que dizer de Manu Estêvão? Duda é a filha caçula de Sol e provoca muitos sentimentos no telespectador, da raiva, pela falta de educação com a mãe, ao medo, pelo risco de ser assediada na rua enquanto foge de casa. A menina é mais uma revelação do folhetim. 

"Vai na Fé" tem conquistado cada vez mais o público e basta assistir para entender os motivos. Um deles é a precisão na escalação do elenco, onde a similaridade dos atores dos flashbacks com os colegas mais velhos impressiona. Realmente parece que aqueles personagens envelheceram com o passar dos anos. E Rosane Svartman segue lançando talentos para voos maiores no futuro.