quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

Morte de Carlão emociona e impacta na primeira virada de "Vai na Fé"

 A nova novela das sete está há pouco menos de um mês no ar e Rosane Svartman já está mostrando a que veio. "Vai na Fé" vem conquistando o público a cada semana e os índices de audiência da faixa, tão prejudicados com a trama anterior, estão aumentando, assim como a repercussão, que é bastante positiva nas redes sociais. Nesta semana, ocorreu a primeira virada do enredo com a trágica morte de Carlão (Che Moais) em um acidente de trânsito. 


O falecimento do marido de Sol (Sheron Menezzes) provoca um caos na vida da protagonista, que precisa enfrentar a dor do luto, o sofrimento das filhas e da mãe, além de sua própria dor e as dificuldades financeiras que vão piorar ainda mais. Até porque a mocinha já estava lidando com sérios problemas quando recebeu a proposta de Lui Lorenzo (José Loreto) para ser a dançarina e backing vocal de seu show. Após um rápido momento de reflexão, acabou aceitando a oferta de emprego e enfrentou pela primeira vez a sua família conservadora e evangélica. A crise no casamento se instaurou, os embates com a mãe, Marlene (Elisa Lucinda), se intensificaram e a rebeldia da filha caçula veio com força. 

Todos os conflitos dominaram a atenção nas primeiras semanas de folhetim e Rosane conseguiu envolver o telespectador através de dramas verossímeis e personagens bem construídos. Tanto que, inicialmente, era fácil demais sentir ranço de Carlão, um marido controlador e machista que nunca aceitou a esposa dançando funk. Mas a autora sempre insere boas camadas em suas criações e não foi diferente agora com sua nova novela.

Aos poucos, foi ficando perceptível que aquele homem, aparentemente ranzinza e infeliz, na verdade tinha um bom coração. E ainda teve um papel fundamental quando Sol mais precisou de apoio. A origem de Jenifer (Bella Campos) ainda é um enigma a ser solucionado, mas não é filha do boxeador. Ele sempre soube, assim como tinha conhecimentto do abuso que sua esposa sofreu de Theo (Emílio Dantas) no passado. E, mesmo conservador como era, ficou ao seu lado, formando uma família. 

Carlão ainda protagonizou um dos momentos mais delicados da trama até agora. A cena em que o personagem foi até a escola da filha para saber o motivo da menina ter ficado emburrada na sala de aula teve sutileza e emoção. Nem precisou do texto contando o 'problema' de Duda (Manu Estêvão). A reação daquele pai, colocando o casaco para a filha amarrar na cintura e se cobrir, deixou clara a primeira menstruação. Uma sequência que teve como objetivo expor o lado leve daquele sujeito tão sisudo. Ou seja, a autora despertou uma avalanche de sentimentos no público para que a sua morte provocasse todo o impacto necessário na história. E provocou. 

A sequência do acidente foi muito bem escrita e realizada. Ainda marcou o encontro, mesmo que trágico, de Ben (Samuel de Assis) e Carlão. Triste com o desentendimento que teve com Lumiar (Carolina Dieckmann), Ben pegou a estrada de moto rumo à sua casa no Rio de Janeiro. Foi nesse momento que o seu destino se cruzou com o de Carlão. O marido de Sol foi avisado que precisava retornar ao galpão da empresa. Os dois seguem caminhos opostos da estrada. Em um trecho, um caminhão com faroís apagados, que levava uma carga fria, fruto das tramoias de Theo, forçou a ultrapassagem da moto de Ben. Carlão, que vinha no sentido contrário, se distraiu com uma mensagem de Duda e acabou se deparando com o caminhão cruzando a pista e sendo separado de sua carreta, que caiu bem em frente ao veículo, que se chocou violentamente. Logo depois, Ben bateu com sua moto em outro carro e ainda foi atingido por outro em um engavetamento. Um instante de tirar o fôlego do telespectador. Ao contrário de várias cenas recentes de acidentes nas tramas da Globo, onde a computação gráfica deixou o resultado tosco e artificial, as imagens ficaram muito realistas. Isso porque houve um trabalho de computação, mas complementado por batidas reais feitas pela equipe de direção de Paulo Silvestrini e Cristiano Marques. 

Vale destacar também o momento de pura sensibilidade segundos antes do acidente através da mensagem de celular que Duda mandou para o pai, agradecendo o cachorrinho que Carlão lhe deu de presente. A música "Deus cuida de mim", cantada por Kleber Lucas e Caetano Veloso, embalou os últimos momentos do personagem e imprimiu uma delicadeza que representou uma espécie de presságio. E o que comentar sobre a reação de Ben diante de um pedido agonizante de Carlão para que ajudasse sua família? Impossível não ter chorado junto. Samuel de Assis brilhante. Já o momento mais dilacerante foi quando Sol recebeu a notícia do falecimento de seu marido e precisou reconhecer o corpo. O grito da personagem quando viu Jenifer ("A gente perdeu seu pai, minha filha"), a abraçando logo em seguida, representou muitas famílias destruídas por tragédias do tipo. Que show de emocão de Sheron Menezzes e Bella Campos. Ainda é necessário elogiar Manu Estêvão e Elisa Lucinda.  Che Moais foi a grata revelação da trama e fará falta.

Vale lembrar que Rosane é expert em criar mortes impactantes e emblemáticas que promovem viradas em suas histórias. Marcela (Dani Winits), em "Malhação Intensa" (2012); Alan (Diego Amaral), em "Malhação Sonhos" (2014); Sofia (Priscila Steimann), em "Totalmente Demais" (2016); e Elias (Marcelo Faria), em "Bom Sucesso" (2019) foram alguns exemplos. 

"Vai na Fé", escrita também com a colaboração de Mário Viana, Renata Corrêa, Sabrina Rosa, Fabrício Santiago, Pedro Alvarenga e Renata Sofia, tem se mostrado um novelão e faz por merecer os constantes elogios que tem recebido da críticia e do público nas redes sociais. A Globo estava precisando de um folhetim bom de verdade no ar. 

23 comentários:

Anônimo disse...

Autores competentes, como Rosane Svartman, conseguem despertar vários sentimentos nos telespectadores ao evidenciar as mais variadas camadas dos personagens, e criar viradas que mantêm o interesse em acompanhar um produto dramatúrgico em sua totalidade. Há cerca de quase nove meses precisávamos desses momentos.

Guilherme

Anônimo disse...

Que texto lindo. Penso que o Carlão também era mais sisudo por ter ficado desempregado na pandemia e não poder sustentar sua família, como é dito em algum capítulo da novela. Ainda tem o fato que, apesar de ranzinza, era um pai presente e que amava a família dele.

chica disse...

Como não assisto, deixo apenas um abração desejando ótimo carnaval! chica

Marly disse...

Que bom que os autores estão reagindo à mesmice e à concorrência imposta pelos serviços de streamings e tals.
Ganha a obra, ganham os atores e ganha o espectador!

Beijo e bom fim de semana

Maria Rodrigues disse...

Como sempre uma excelente resenha.
Abraços e bom fim de semana

Adriana Helena disse...

Maravilhosa descrição da novela Sérgio, eu estou adorando também!
Chorei junto, as cenas foram fortes e muito impactantes!!
Faz tempo que uma novela não provocava essa avalanche de emoções!!
Que tesouro!!
Aproveito para desejar um ótimo descanso no carnaval amigo!!
Beijos com carinho!!

Chaconerrilla disse...

AI, Zamenzito! Não me conformo com a partida de Carlão! A relação dele com Duda ra a coisa mais preciosa da novela. A caçula, muitas vezes, fazia o papel de colocá-lo pra cima, de trazê-lo de volta ao mundo da esperança. A cena que ela pergunta o que ele faria em uma luta quando estivesse perdendo é tão linda! Meu coração ficou despedaço pela perda do boxeador. Ele não era perfeito, mas, como você disse, tinha um bom coração. Fará muita falta. Espero que a autora traga muitos flashbacks para gente ver pai e filha; pai e família juntos.

FABIOTV disse...

Olá, tudo bem? Não era dos personagens mais queridos da novela... Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br

Anônimo disse...

Sérgio sei que está muito cedo.Com quem vc acha que a Sol vai ficar? Normalmente os finais da Rosane é bem simples e os mocinhos ficam juntos. No caso os mocinhos dessa novela é Sol e Ben!!

Anônimo disse...

Vai Vazer post da Força de um Desejo

Anônimo disse...

*fazer

Camila Nere disse...

Estou gostando muito da novela. A Sol é uma boa protagonista. Desde o início eu gostei do Carlão , mesmo não concordando com alguns posicionamentos dele, porém era evidente que ele era uma boa pessoa, e nem sempre concordamos com as visões de mundo de uma boa pessoa e o personagem se mostrou ter algo importante, que era empatia é só ver como ele acolheu a Sol . Carlão era um personagem complexo e foi muito interessante a condução dele na novela até a sua morte. Gostei que com a morte dele ficou bastante evidente que a Sol realmente amava o marido coisa que muita gente duvidava , vejo que público muitas vezes é apegado a uma visão de relação e não enxergam outros tipos de relações. Sol e Carlão mesmo com todas as dificuldades eles viveram algo bonito isso independente das outras religiões que eles tiveram na vida .


Sérgio Santos disse...

É exatamente isso, Guilherme.

Sérgio Santos disse...

Mt obrigado, anonimo.

Sérgio Santos disse...

Bjs, Chica.

Sérgio Santos disse...

Com certeza, Marly1

Sérgio Santos disse...

Bjs, Maria.

Sérgio Santos disse...

Concordo plenamente, Dri!!

Sérgio Santos disse...

Tomara, Chaconerrilla1

Sérgio Santos disse...

Abçs, Fabio.

Sérgio Santos disse...

Vc mesmo respondeu, anonimo. rs

Sérgio Santos disse...

Vou sim, anonimo.

Sérgio Santos disse...

Excelente comentário, Camila. Concordo, eles eram felizes apesar de tudo.