Escrita por Duca Rachid e Thelma Guedes, a trama tem como tema a questão dos refugiados e o "amor impossível" da cristã Laila (Julia Dalavia) e do muçulmano Jamil (Renato Góes) serve como fio condutor para as abordagens em cima dos imigrantes que tentam fugir da guerra para recomeçar a vida em outros países. O enredo é bastante pesado e provoca até um certo estranhamento estar no horário das seis. O primeiro capítulo, inclusive, reforçou essa impressão em virtude das fortes sequências exibidas logo no início.
A trama começa com a família de Laila comemorando o aniversário do caçula, o pequeno Khaled (Rodrigo Vidal), na fictícia Fardús, cidade do interior da Síria. Em poucos minutos a alegria se transforma em desgraça quando guerrilheiros invadem o local e mandam todos fugirem. Os personagens olham para o céu e veem vários aviões sobrevoando o local.
Segundos depois, há um intenso bombardeio e a cidade é completamente destruída. A cena impressionou pelo realismo dos efeitos, tanto na hora da explosão quanto no momento do resgate dos sobreviventes, entre eles a mocinha e seus pais Elias (Marco Ricca) e Missade (Ana Cecília Costa). O menino, porém, fica muito ferido.
Todos, então, partem em busca de abrigo e acabam em um campo de refugiados no Líbano, após longos dias de travessia. A cena que exibiu essa fuga, inclusive, foi muito boa. É nesse local que Aziz Abdallah (Herson Capri) vê Laila e fica impressionado com a beleza da menina. O poderoso sheik faz uma proposta para ao pai da moça para comprá-la, que recusa e o manda embora. No mesmo momento, Laila molha sem querer Jamil, fiel capanga do vilão e há um encantamento mútuo. O clássico amor à primeira vista. Muito interessante o paralelo do gancho da estreia: o vilão e o mocinho se interessando pela mesma mulher quase no mesmo minuto. Deu-se, então, a construção do enredo principal. Foi um começo bem redondo, sem falhas. Isso porque a vilã, Dalila (Alice Wegmann), filha de Aziz, também foi apresentada momentos antes através de uma maldade gratuita com o motorista que não retribuiu seu cortejo.
Houve também um breve foco no núcleo de São Paulo ---- local para onde a mocinha está indo com seus pais ---- através de um protesto feminista protagonizado por Cibele (Guilhermina Libanio). A ativista é neta de Rânia (Eliane Giardini) e Miguel (Paulo Betti), sobrinha de Camila (Anaju Dorigon) e filha de Zuleika (Emanuelle Araújo). A família promete protagonizar momentos cômicos e dramáticos no enredo. Afinal, Rânia é prima de Missade e irá recebê-los em breve. Os personagens parecem promissores, principalmente a vilãzinha vivida por Anaju e a matriarca interpretada pela sempre competente Eliane.
Outros tipos que prometem grandes atuações são os vilões de Herson Capri e Alice Wegmann, além da sofrida Soraia ---- uma das esposas de Aziz e mãe de Dalila ----, vivida por Letícia Sabatella. Julia Dalavia e Renato Góes têm uma incontestável química, já observada na primeira fase de "Velho Chico" (2016), onde viveram Teresa e Santo. O casal tem tudo para emplacar e a primeira troca de olhares evidenciou isso.
E a qualidade das imagens foi impressionante. Ficou perceptível a preocupação em apresentar uma fotografia caprichada na novela e a direção de Gustavo Fernández é outro aparente acerto. A abertura, ao som de "Diáspora", dos Tribalistas, combinou muito com a trama, vide belas imagens de famílias de refugiados olhando fixamente para a câmera e alguns personagens da própria história.
O segundo capítulo manteve o bom ritmo do primeiro e foi comovente ver o sofrimento de Laila ao ter que aceitar o casamento com o sheik para salvar a vida de seu irmão. Julia tem uma grande facilidade para cenas dramáticas e o choro da personagem comoveu. A sua cena com Letícia Sabatella, inclusive, foi ótima e resultou em uma boa virada. A esposa do vilão contou para a menina que o Khaled não resistiu no hospital e que ela poderia fugir do casamento. Laila não pensou duas vezes e escapou, provocando a fúria do poderoso milionário.
"Órfãos da Terra" tem potencial e todos os elementos para ser um novelão. Duca Rachid e Thelma Guedes ainda trazem a importante e atual temática dos refugiados para o universo da teledramaturgia. Mas, obviamente, ainda é cedo para maiores análises. Resta aguardar o desenvolvimento desse aparentemente promissor enredo.
16 comentários:
acho fundamental falarmos de imigrantes até pq quase todos nós somos no brasil e muitos resolveram implicar com imigrantes dependendo de quando e onde chegam. as novelas dessas autoras sempre são fortes assim. lembro de joia rara, a cena do alpinismo no tibete, foi bem assustador. eu amo essas autoras. deviam estar às 21h. não foi justo o preconceito q sofreram. beijos, pedrita
Lindas imagens, mas sinceramente a história é pesada demais. Hoje uma criança amputou a perna e morreu. Ontem todo mundo ferido por um bombardeio... Já quero Espelho da Vida 2.
Acho que essa história corre o risco de ficar repetitiva com o vilão sequestrando a mocinha várias vezes...
Achei a história pesada demais pro horário das seis, mas também achei caprichada como está no seu texto. E a Eliane Giardini tá fazendo uma nova Nazira. Preferia na novela do Walcyr.
Parece uma grande produção mas vou esperar um pouco pra falar. Verão 90 também começou boa e olha como tá...
Essa novela só vai dar certo se trazerem a Cris e o Danilo de volta 😂 estou órfão de espelho da vida
Concordo é aquela novela que na primeira semana vc já sabe o final
Resolvi dar uma chance a novela depois de Espelho da Vida (ainda não supereio fim lol), eu adorei os 2 primeiros capítulos, foram fortes, densos e bem emocionantes.
Esperei até aqui para comentar pq tava com a impressão de que a trama dos refugiados iria ficar de pano de fundo para a trama do amor impossível dos moçinhos e bem, acho que é bem isso que já estamos vendo, queria tanto que a novela focasse no enredo da Síria e os refugiados, no trauma que isso trás para as pessoas, sei que isso é uma novela, não uma série, ou documentário mas espelho da vida foi uma novela com uma narrativa tão ousada, queria ver mais disso, eu me emocionei muito nos dois primeiros capítulos, foram bem escritos, mas depois disso, moçinhos logo se apaixonando num piscar de olhos, dizendo eu te amo, você é a mulher da minha vida, gravidez...
Eu irei continuar acompanhando pq não odiei a novela, mas eu realmente espero que as autoras fujam desses cliches batidos e foquem no que a trama tem de melhor, os refugiados.
Nich
É um tema importante msm, Pedrita.
É pesada msm, anonimo.
Aguardemos, Heitor.
É um enredo bem denso msm, Gabi. E to gostando da Eliane.
Nossa, é msm, Andressa...
Te entendo, unknown. kkkk
Isso, sim, Unknown. Mas quase toda novela éw assim.
Seus questionamentos são pertinentes mesmo, Nich. Concordo.
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