segunda-feira, 1 de abril de 2019

Ousada e emocionante, "Espelho da Vida" consagrou o estilo de Elizabeth Jhin

Elizabeth Jhin deixou a melhor das impressões com sua última novela. Após duas tramas baseadas no espiritismo e em reencarnações ---- a ótima "Escrito nas Estrelas" (2010) e a fraca "Amor Eterno Amor" (2012) ----, "Além do Tempo" (2015) arrebatou o público com uma corajosa história de época que apresentou uma passagem de tempo de cerca de 150 anos, com todos os personagens reencarnados nos dias atuais e se 'reencontrando' séculos depois, reescrevendo seus destinos. Portanto, o desafio da autora era complicado em seu próximo trabalho: como surpreender o telespectador depois de um enredo tão ousado? Mas a sensível escritora conseguiu. "Espelho da Vida", que chegou ao fim nesta segunda (01/04), foi um novelão inovador da melhor qualidade.


A trama, muito bem dirigida por Pedro Vasconcelos (que estreou com o pé direito na direção geral sem a parceria com Rogério Gomes), teve uma premissa comum em algumas séries ou filmes estrangeiros, mas não em folhetins: uma viagem no tempo. A mocinha Cris Valência (Vitória Strada) teve como missão voltar ao passado para descobrir quem matou Júlia Castelo, sua vida anterior, e inocentar Danilo Breton (Rafael Cardoso), acusado e condenado pelo assassinato da mulher que tanto amava. A trágica história de um amor infinito que nunca tinha um final feliz precisava ser alterada. Não no passado e, sim, no presente. Mas, obviamente, no início ninguém sabia ainda quem havia cometido o crime e nem se o rapaz era mesmo inocente. Essa curiosidade mexeu com a protagonista e o público.

A forma como o enredo foi sendo desencadeado primou pela preciosa amarração de conflitos e personagens. Aos poucos, tudo foi se encaixando perfeitamente. A grande habilidade da autora de apresentar cada peça do quebra-cabeça impressionou, tanto pelo impacto das cenas quanto pela estruturação do roteiro. Ficou evidente que Jhin já tinha plena consciência da história que iria contar e que não promoveu qualquer tipo de mudança na novela, mesmo diante dos baixos índices de audiência.
Quem acompanhou desde o início, sem abandonar a trama, foi muito bem recompensado com um folhetim redondo e sem furos, mesmo diante de uma proposta tão fantasiosa em torno de uma viagem interdimensional através de um portal em um espelho, presente em uma mansão aterrorizante. Aliás, o título "Espelho da Vida" não poderia ter sido melhor.


O passado de 1930 e o presente de 2018/2019 foram sendo contados concomitantemente, ou seja, o telespectador praticamente acompanhou duas novelas em uma. A autora pegou a premissa de "Além do Tempo" e subverteu. Ao invés de criar uma passagem de tempo de mais de 150 anos, resolveu apresentar os dois enredos em conjunto e ainda criou uma brecha para uma terceira vida. Isso porque o pesadelo de Cris, exibido logo no primeiro capítulo, nunca representou o final trágico de Júlia Castelo. O assassinato era de Beatriz, um antepassado de Júlia, que também viveu um amor proibido com a outra vida de Danilo Breton e acabou morta com um tiro no peito por um enigmático homem montado em um cavalo. Os trajes, inclusive, já entregavam se tratar de uma época por volta de 1800. E a revelação dessa terceira encarnação se deu graças ao processo de regressão de Daniel, personagem que entrou apenas perto da reta final da história.


A coragem de Elizabeth, inclusive, merece uma menção especial. Nunca na história da teledramaturgia o mocinho foi inserido tão tardiamente. A segurança no potencial do seu enredo era tamanha que a autora não se preocupou em antecipar essa esperada chegada por questões de audiência. Porque o mote de Daniel foi justamente o oposto dos demais personagens. Vicente (Reginaldo Faria) disse que todos os responsáveis pelo impedimento do amor de Júlia e Danilo voltaram para consertar seus erros. Tanto que o maior responsável pela tragédia do romance foi Gustavo Bruno (João Vicente de Castro) e Alain acabou sendo o elo de ligação dos mocinhos. Ele, indiretamente, levou Cris até Rosa Branca quando Vicente estava em seus últimos dias de vida e acabou trazendo Daniel, logo depois que conheceu o novo amigo que salvou Priscila (Clara Galinari) de um grave acidente. Portanto, Daniel sempre foi o fechamento do ciclo. Se ele chegasse antes, por exemplo, Cris logo se apaixonaria e não se interessaria mais em viajar ao passado. O mistério em torno do assassino de Júlia seria mantido e a chance da tragédia se repetir novamente era grande.


A construção do folhetim ficou perfeita. A curiosidade de quem assistia era a respeito da identidade dos personagens no passado. Tanto que cada novo aparecimento resultava em um gancho ótimo. Já no caso de Danilo, o mistério era sobre quem ele era no presente. Muito inteligente, por sinal, induzir o público a achar que ele era o filho falecido de Margot (Irene Ravache) para só depois revelar que era na verdade o neto. A maior ousadia, inclusive, foi a expectativa tão alta do público para o grande encontro dos mocinhos ocorrer justamente a poucos dias do fim. Esse tipo de encontro e de clichê sempre acontece no primeiro capítulo ou, no máximo, no segundo. Jhin, provavelmente, quis provocar o telespectador porque a cena mais impactante de "Além do Tempo" foi o encontro de olhares entre Livia (Alinne Moraes) e Felipe (Rafael Cardoso), logo após a trágica morte de ambos no final da primeira fase. Mais até do que o último capítulo da novela. E a espera valeu muito a pena. O encontro dos mocinhos no espelho foi impactante, emocionante e arrepiante. Marcou o penúltimo capítulo.


A fase de 1930 sempre se mostrou mais atrativa em virtude dos vários enigmas que precisavam ser desvendados, além da densidade dos personagens, todos carregados no drama. A saga de Cris, com o corpo de Júlia, foi deliciosamente fascinante. Tanto nas descobertas que fazia sobre cada um, associando imediatamente a fatos e pessoas no presente, quanto na construção delicada de seu amor com Danilo ---- a utilização do tema composto por Nino Rota para "Romeu & Julieta", filme de Franco Zeffirelli, inspirado do clássico de William Shakespeare, foi genial (afinal, o romance "Junilo" era uma referência clara). O público pôde acompanhar grandes embates entre Eugênio (Felipe Camargo) e Hildergad (Irene Ravache); o sofrimento de Piedade (Júlia Lemmertz), a docilidade da empregada Bendita (Luciana Malcher); a crueldade de Gustavo Bruno; a surpreendente personalidade de Otávio (Patrick Sampaio); a inveja de Dora (Alinne Moraes); a perseverança de Augusto (Reginaldo Faria), as injustiças com Danilo; além das ótimas presenças de Graça (Patricya Travassos), Teresa (Clara Galinari), Henrique (Otávio Martins), Maristela (Letícia Persiles), Mimi (Luciana Paes), Madre Joana (Ana Lucia Torre), Padre Luis (Ângelo Antônio), Lucas (Nikolas Antunes), Albertina (Suzana Faini), Gertrude (Vera Fisher) e, mais perto do final, Brigite (Kéfera).


Aos poucos, tudo o que acontecia no presente era explicado pelas ações do passado. Até com personagens aparentemente menos importantes. Impressionante como todos os laços estavam bem amarrados. E a ligação de 1930 com 2018/2019 foi feita através de dois personagens-chave brilhantemente interpretados. Guardiã e André apareciam pouco no início, mas foram ganhando cada vez mais destaque ao longo dos capítulos. Ela, um espírito castigado pelo que fez séculos atrás, tomava conta da mansão abandonada de Júlia Castelo, enquanto ele ia atraindo as almas reencarnadas para atingir sua missão de unir os pais novamente. A autora se mostrou sensível demais ao colocar um senhor de quase 90 anos como "filho" de dois jovens com cerca de 30 anos. Por muito tempo, inclusive, o personagem aparentava ser um espírito. André era o único que sabia de toda a história trágica e sempre deu pistas para os demais investigarem esse mistério. Suzana Faini e Emiliano Queiroz brilharam do início ao fim. E que prazer ver dois veteranos tão bem valorizados.


Aliás, o elenco deu um show. Vitória Strada estreou muito bem na cansativa "Tempo de Amar" (2017/2018) e emendou sua segunda mocinha na televisão em menos de um ano. Escalação acertada. Emocionou com sua destemida Cris Valência e a personagem ficará marcada para sempre em sua carreira, assim como Júlia Castelo, claro. Irene Ravache mais uma vez ganhou da autora grandes papéis, após a bem-sucedida parceria de "Eterna Magia" (2007) e "Além do Tempo": a enérgica Hildegard e a doce Margot foram defendidas com maestria. Felipe Camargo viveu o seu melhor momento na TV na pele do asqueroso Coronel Eugênio e do fracassado Américo. Júlia Lemmertz emocionou com sua subserviente Piedade e convenceu como a centrada Ana. Alinne Moraes é uma atriz que nunca decepciona e quantas cenas grandiosas ganhou como Dora e Isabel, duas vilãs repletas de complexidade. Patricya Travassos voltou à Globo com o pé direito, após quase 14 anos atuando em outras emissoras. As sensitivas Grace e Graça foram muito bem interpretadas e foi bom vê-la longe dos tipos cômicos que a marcaram. Rafael Cardoso se entregou como Danilo e encantou como o gentil Daniel. João Vicente de Castro começou bem inseguro como Alain, mas melhorou com o tempo e seu desempenho como Gustavo Bruno foi ótimo. O que dizer de Ana Lucia Torre como a futriqueira Gentil e a severa Madre Joana? Perfeita. Reginaldo Faria estava fazendo falta em um folhetim inteiro e foi muito bom vê-lo como Augusto e o espírito Vicente. Letícia Persiles não foi valorizada na excelente "Orgulho e Paixão" (2018), mas ganhou Maristela e Letícia de Jhin e brilhou. Vera Fisher também merece menção, embora tenha aparecido menos. A veterana convenceu como Gertrude e Carmo ---- Jhin ainda lhe reservou cenas bem delicadas.


Já as gratas surpresas do elenco foram muitas. A youtuber Kéfera Buchmann estreou na televisão muito bem e se destacou com a arrogante Mariane. Sua parceria com Thati Lopes (Josi), outra que se destacou, divertiu. Débora Ozório e Catarina de Carvalho foram ótimas revelações da trama e a amizade de Paty e Michele proporcionou momentos leves na história. Luciana Malcher deu um show na pele da carismática Bendita e suas cenas com Vitória Strada eram maravilhosas ---- pena que a exuberante Débora tenha aparecido menos. Nikolas Antunes não pode ser considerado uma revelação, afinal, já esteve no elenco de várias novelas e séries. Porém, sempre em papéis bem pequenos. O íntegro Marcelo e o tímido Lucas destacaram o talento do ator. Patrick Sampaio também merece menção. Que grande desempenho como o espírito obsessor Felipe e na pele do advogado Otávio. Dandara Albuquerque defendeu com competência a ardilosa Sheila e cresceu ao longo da história com méritos. Robson Nunes brilhou como o simpático Bola e é mais um nome conhecido por pequenas participações em novelas e seriados, além de ter interpretado o saudoso Tim Maia jovem no cinema. Luciana Paes teve boas cenas como Lenita e depois Mimi. Andrea Bacelar (Dalva/Firmina), Rosana Dias (Valdete), Ana Rios (Marina), Andrea Dantas (Abigail) e Maria Mônica Passos (Zezé) foram outras intérpretes que conseguiram bons momentos no folhetim.


A escalação das crianças também foi um acerto. Clara Galinari é a maior revelação infantil dos últimos anos e sua atuação como Priscila e Teresa comoveu. Maria Luiza Galhano emprestou toda sua fofura para a doce Florzinha e protagonizou muitas cenas tocantes. Otávio Martins chegou depois, mas não teve menos importância por causa desse detalhe. O ator esteve ótimo na pele do retraído Henrique e do travesso Jadson. Haroun Abud mal falou, mas o menino transmitiu tudo o que o sofrido André sentia pelo olhar triste. Seus momentos delicados com os espíritos de Júlia e Danilo eram de cortar o coração de qualquer um.


Todavia, Espelho da Vida" também teve seus equívocos. Jhin abusou da lentidão nos dois primeiros meses. O ritmo arrastado acabou afastando parte do público e ainda culminou em um período catastrófico para a audiência da televisão: eleições. Muitas vezes a novela começava muito cedo e durava menos de 20 minutos. E era possível selecionar apenas um acontecimento relevante por semana ---- Alain dando piti para qualquer assunto relacionado a espiritualidade e Cris e Margot elucubrando o passado, por exemplo, eram cenas que se repetiam bastante. O passado demorou a ganhar destaque no enredo e tinha todos os conflitos necessários para aparecer desde o início. O núcleo do cinema ficou deslocado na trama e as brigas entre os atores da produção chegaram a render alguns bons momentos, mas cansaram ----- principalmente as discussões de Solange (Luciana Vendramini) e Emiliano (Evandro Mesquita). Esse núcleo só ficou atrativo com a entrada de Gigi (Carla Diaz ótima) na reta final. Outra situação que nunca funcionou foi o relacionamento do prefeito Tavares (Marcelo Laham) com a primeira-dama Neusa (Flavia Garrafa). A função era a comicidade, mas o exagero prejudicou ----- tanto que nos últimos meses os dois só apareceram para fazer merchandising. E atores como Cosme dos Santos (Gerson), Anna Rita Cerqueira (Gabi) e José Santa Cruz (Padre Leo) apareceram menos do que deveriam. Ao menos esses erros ficaram menores diante do capricho e do número muito maior de êxitos da produção.


A trilha sonora é mais um ponto que precisa ser elogiado. Além da seleção nacional e internacional de várias músicas de qualidade, todas complementavam os personagens com uma precisão que impressionava. Bastava procurar as letras para a associação perfeita. "Minha Vida" (Rita Lee), "Always" (Gavin James), "Save Me Now" (Andru Donalds), "Outro Lugar" (Milton Nascimento), "Oração" (A Banda Mais Bonita da Cidade), "O Sol" (Vitor Kley), "Today" (Eric Silver), "Lovin` You" (Minie Riperton), "On Top Of The World" (Tim McMorris), "João de Barro" (Leandro Léo), "Clearly" (Grace VanderWaal), "O Velho e a Flor" (Vinícius e Toquinho), "Espirais" (Marjorie Estiano) --- que infelizmente não tocou, pois era a representação da relação de Daniel e Cris ----, entre outras. Um presente para os ouvidos.


A reta final foi digna de um dramalhão caprichado. A autora guardou os mais aguardados acontecimentos para a última semana e a espera valeu a pena. A chegada de Daniel a Rosa Branca foi idêntica ao momento protagonizado por Cris no primeiro capítulo. As mesmas angulações de câmera, o mesmo texto, a mesma música "Always", os mesmos olhares, enfim. De arrepiar. A cena de Margot descobrindo que Daniel era seu neto transbordou emoção com o show cênico de Irene Ravache e Rafael Cardoso. Aquele abraço de avó e neto ao som de "Oração" comoveu o público. O grito de desespero de Teresa para salvar a mãe de ser morta por Eugênio foi outra sequência primorosa e destacou o talento de Patricya Travassos, Felipe Camargo e Clara Galinari.


O esperado assassinato de Júlia Castelo foi exibido no antepenúltimo capítulo e Jhin não poupou acontecimentos emblemáticos. A cena do pai matando a própria filha por acidente e do corpo de Cris saindo do de Júlia foi um primor. Atuações espetaculares e direção preciosa de Pedro Vasconcelos. O desespero do coronel, o estado de choque de Danilo, a angústia de Cris, a frieza de Dora, o choro desolador de Piedade, enfim. Vitória Strada, Felipe Camargo, Alinne Moraes, Júlia Lemmertz e Rafael Cardoso geniais. A cena mais forte da novela e uma das melhores do ano. Mas a autora ainda reservou o emocionante encontro de Daniel e Cris pelo novo portal para o penúltimo capítulo e iniciou um novo ciclo de cenas tocantes. A primeira troca de olhares das almas gêmeas arrebatou e o momento ainda teve o realismo fantástico com a mocinha sendo retirada do espelho pelo amado. Lindo!


O reencontro de André com a reencarnação de seus pais foi outro instante que comoveu o telespectador. O simpático senhorzinho finalmente cumpriu sua missão de unir seus progenitores e ganhou o merecido carinho de Cris e Daniel na mansão em ruínas. Porém, logo depois André adoeceu e não resistiu. A despedida foi belíssima ao som de "O Velho e a Flor". Emiliano Queiroz deu um banho de sensibilidade, enquanto Vitória Strada e Rafael Cardoso emocionaram. Suzana Faini e Reginaldo Faria também merecem menção, pois Vicente e Albertina foram buscar o companheiro para outro plano e assim iniciar o tão esperado processo de sua reencarnação. O acerto de contas entre Cris e Alain agradou. O arrogante cineasta finalmente respeitou a ex e se chocou com as informações a respeito do passado --- não pensou duas vezes em alterar o roteiro de seu equivocado filme. Foi a melhor cena de João Vicente de Castro com Vitória Strada na trama. A participação de Othon Bastos como Mestre promoveu uma ligação com "Além do Tempo" e "Escrito nas Estrelas", outras novelas da autora onde ele viveu o mesmo perfil. Bola ter sido mostrado como o anjo da guarda de Gustavo Bruno em 1930 foi uma grande sacada.


O último capítulo foi brilhante. Simplesmente genial colocar Isabel para trocar a bala de festim do filme pela de ouro de verdade com o intuito de matar Cris. Porém, o ciclo macabro se quebrou de vez. A cena de Américo se jogando pra salvar a filha, graças a Felipe, arrepiou. Ele ainda abençoou Danilo e Cris. Isso depois da revelação que sua vida de 1800 também matou, no caso, Beatriz. Felipe Camargo e Vitória Strada emocionaram. Outra grande sequência foi Alain vendo a vida passada graças a Vicente e fazendo as pazes com Margot. Vale elogiar ainda o surto de Isabel, incendiando a mansão assombrada de fantasmas do passado e sendo salva por Alain. Tudo se queimou. Os karmas se foram. Acabou. E a cena da morte da Margot foi de uma sensibilidade ímpar. Ao som de "Oração", a personagem finalmente conheceu seu filho Pedro (Erom Cordeiro) e foi com ele e Vicente para outro plano. O choro desolador de Dalva destacou o talento de Andrea Bacellar. O momento em que Grace e Priscila visitaram Isabel na prisão psiquiátrica também foi um dos acertos do final.


E a última cena foi linda. O filme "Amor Infinito" finalmente ficou pronto e Alain o exibiu para todos em um grande cinema. O texto de Vicente foi para tocar a alma de qualquer um:  "Ame como se fosse morrer. Demonstre seu amor hoje, como se estivesse numa despedida. Não adie o amor, o olhar bom, o abraço, a boa palavra, o beijo. Um  dia sem amor é um dia perdido. Somos espíritos imortais, mas a experiência na Terra tem prazo de validade. Não desperdice o tempo como se fosse infinito".


A obra foi a melhor estruturada de Elizabeth Jhin. A autora nunca perdeu o rumo de sua bem entrelaçada história e sempre soube o que estava fazendo. A novela parece até que foi entregue toda pronta para a Globo. E essa coragem da responsável pela linda história de um amor infinito acabou recompensada: embora a audiência tenha sido abaixo do esperado (média geral de 18 pontos), a produção foi a mais vista da Globo Play --- superando até o "BBB19", que promove várias interações na internet ---, teve uma gigantesca repercussão nas redes sociais e caiu na boca do povo. Foi o único folhetim que despertou burburinho e comentários, enquanto os demais eram ignorados. No Google Trends, o folhetim teve três vezes mais procuras que "O Sétimo Guardião", produto de horário nobre. E até mesmo a questão do Ibope merece comemoração. Após um início catastrófico nos números (chegou até a marcar 13 pontos), a história deu a volta por cima ao longo dos meses e nas últimas semanas ultrapassou os 20 pontos com frequência, chegando a picos de 25. Passou muito longe do fracasso. Reconhecimento tardio, mas merecido. A trama, inclusive, expõe a capacidade da escritora ir para o horário nobre. Uma outra história sobre reencarnações às 21h, fazendo jus ao seu estilo, poderia ser contada até em quatro vidas, com várias viradas. Com capítulos mais longos (55 minutos ao invés dos 35 da faixa das seis), haveria tempo de sobra para uma boa abordagem. A curiosidade dos telespectadores a respeito da vida de Cris e Daniel por volta de 1800 (quando a mocinha se chamava Beatriz) é a maior prova disso.


"Espelho da Vida" chega ao seu fim com um saldo muito positivo. Elogiada pela crítica e aclamada pelos fãs, a novela ficará guardada na memória de todos que acompanharam esse enredo que mesclou ousadia, espiritualidade, amor e sensibilidade na mesma medida. É uma história que marca quem assiste. A saga de Cris Valência e Júlia Castelo honrou todas as expectativas. Elizabeth Jhin conseguiu juntar com habilidade todos os clichês de uma boa dramaturgia com a fantasia de uma viagem no tempo. A saudade desse lindo folhetim, assim como o amor dos mocinhos, também será infinita.



33 comentários:

Lois Racca disse...

Que texto perfeito. Foi uma novela que amei desde o primeiro minuyo. Tinha dúvidas da protagonista, mas Vitória Strada me surpreendeu. Elenco maravilhoso, Alinne, Irene, Rafael Cardoso, Emiliano, na verdade todos contribuiram para este sucesso. Vou sentir um mega vazio. Obrigada por nos acompanhar durante toda novela, com seus posts incríveis Sérgio e que nos identificávamos sempre. Um grande abraço e que Jhin volte logo e que esta novela não seja esquecida nas premiações.

Unknown disse...

Texto maravilhoso que condiz com o primor que foi essa novela, ficamos na saudade e na esperança de ver a Jhin no horário nobre.

Lois Racca disse...

Que texto perfeito. Foi uma novela que amei desde o primeiro minuto. Tinha dúvidas da protagonista, mas Vitória Strada me surpreendeu. Elenco maravilhoso, Alinne, Irene, Rafael Cardoso, Emiliano, na verdade todos contribuiram para este sucesso. Vou sentir um mega vazio. Obrigada por nos acompanhar durante toda novela, com seus posts incríveis Sérgio e que nos identificávamos sempre. Um grande abraço e que Jhin volte logo e que esta novela não seja esquecida nas premiações.

Antônio disse...

Lindo texto. Uma novela Maravilha. Já com saudades!!!!

Chaconerrilla disse...

Que texto maravilhoso, Zamenzito! É tanto coisa que gostaria de comentar que não sei por onde começar. Na verdade, prefiro dizer que "Espelho da vida" entra minha lista de novelas preferidas junto com "Além do Tempo"... Poderia passar um tempão escrevendo sobre o primor que foi essa obra de arte, mas estou com um vazio no peito que não me permite pôr em palavras tudo o que senti ao acompanhar essa grande obra. Que venham mais amores infinitos e tão bem construídos como quase todos os casais que pudemos acompanhar ao longo desses seis meses... Como você mesmo disse, todo mundo teve seu amor infinito S2

Anônimo disse...

Meu novelão, vai fazer muita falta uma novela com uma super qualidade como Espelho da Vida, personagens bem construídos e escritos, bons atores e atuações, vou sentir falta de fazer teorias, pensar no que irá acontecer, eu adorava o clima de misterio da trama justamente por envolver o telespectador, e a novela em nenhum momento nos fez de trouxa ou subestimou nossa inteligência, muito pelo contrário, tivemos ótimos plots, plots twist, e eu amo que a novela nunca teve um texto raso, amo que Jhin sempre ficou fiel ao que ela propos, em nenhum momento ela apelou por audiência ou tantou chocar as pessoas apenas para chamar atenção, ela foi super fiel a historia que apresentou, um capricho só, vai fazer falta e deixar saudades...

Posso pagar com a língua mas acho que vai demorar para eu me envolver com uma outra novela como foi com Espelho da Vida, historia e personagens super cativantes, vou sentir falta dos seus textos elogiando a trama Sérgio, foi ótimo acompanhar Espelho da Vida contigo :D

Espero que o Emmy reconheça essa jóia de novela, ficarei feliz apenas com uma indicação, espero que a Globo não ignore Espelho da Vida, e torcendo para que a próxima Novela da Jhin seja no horário das 9, com Rafael e Alinne de mocinhos e Vitória de vilã haha

Nich

Cintia disse...

Eu gostei da novela mais teve alguns furos como cortaram cenas importantes como a Conversa do Alain e Daniel,outras que foram faladas e não foi pro ar. Você não percebeu também Sérgio

Filha do Rei disse...

Sérgio, fazia um bom tempo que não assistia um final tão bem escrito, dirigido e atuações maravilhosas.Só aplausos!!

Mayara disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Mayara Bernardeli disse...

Palmas lentas pra você. Que texto brilhante. Passou todo meu sentimento em relação à novela. Obrigada!
Uma única coisa que me tirou do sério é que no começinho da novela, ela começava cada dia num horário, fez com eu perdesse alguns minutos dela. Mas eu corria pro Globo Play pra ver. Acho que isso aconteceu com muita gente por causa do trabalho. Aliás eu vi essa última semana TODOS os capítulos de novo, várias vezes de tão lindo e emocionante que foram.
Se eu pudesse pedir uma coisa seria ter mais DanCris. Gostei do final do Américo, gostei da parte da Margot, gostei do final da Isabel, gostei da redenção do Alain, MAS... queria mais Dancris. Ela grávida, depois num futuro com o menino André (ou outro nome), Alain conversando com Daniel sobre a Cris. E nem imaginava que iria dar certo o filme, tava todo cagado!(troca de atrizes, diretor enfim), E a Maristela com o Jadson, mano, cadê?! É pq eles tiveram um final na década de 30?
E o que falar De Danilo/Daniel Júlia/Cris que casal maravilhoso, Jhin deu aula como fazer para torcer pelos mocinhos
Agora não sei quem sofreu mais na novela se foi o Danilo ou a Priscila, coitada dessa menina!
Não me envolvia com uma novela desde Avenida Brasil e Além do Tempo. Com uma diferença que Espelho Da Vida foi MUITO AMARRADA, tudo fazia sentido. Nossa que novela!!!

Marcos Vinícius disse...

Sérgio confesso que o começo muito lento me afastou da novela, embora achasse que tinha seus atrativos, não me prendia. Mas depois que deslanchou, aí a coisa ficou realmente boa.
Vitória Strada tava ótima, assim como todo o elenco. Alinne Moraes maravilhosa como a ardilosa Isabel, como foi bom vê-la na pele dessa vilã!!! E eu jurava que ela iria se redimir como a Melissa em Além do Tempo, que iria ficar farta de sentir todo aquele ódio que muitas vezes nem ela mesma conseguia explicar, e que era em razão do karma. Mas acabou que não né haha
E eu concordo total com sua teoria de que essa novela já estava toda escrita antes de ir pro ar, porque todas as pontas da história se amarravam perfeitamente!!! Pra mim a Jhin começou a escrever Espelho da Vida assim que escreveu " Fim " em Além do Tempo. Ela em horário nobre acho que daria muito certo mesmo.
Ahh e eu também queria muito um spinoff da vida da Beatriz com o soldado, porque só aquela cena da morte dela me impacta de um jeito que só deus!!!!
Abraços ^^

Pedrita disse...

exatamente, ousada, não sei pq levei tanto tempo pra descobrir o seu blog. sempre gostei dos seus comentários no twitter. na verdade as tramas da elizabeth jhin são espiritualistas. ela não segue os preceitos espíritas. e vive condenada pro eles q afirmam q não é assim. como se alguém soubesse de fato como é. eu acho incrível como a autora vai nos levando aos momentos catárticos. eu tb falei de espelho da vida no meu blog e mencionei o seu http://mataharie007.blogspot.com/

Anônimo disse...

Essa novela foi impecável, Zamenza. Vitória Strada, Alinne Moraes, Rafael Cardoso, Irene Ravache, Emiliano Queiroz, entre outros, deram show de atuação, mostrando todo o talento deles. Essa novela fará falta, e, apesar da nostalgia, parece que ela foi muito bem substituída pela atual.
Desde o começo sempre torci por Junilo, até gostava do Alain como personagem, mas peguei ranço por causa das @ que sempre viviam perturbando e humilhando as pessoas que torciam por Danilo. Aquela demônia que usa um perfil da Nathalia Dill, mesmo com o tombo, continua debochando e rindo da sua cara e de todas as Junilos. Em vez de pedir desculpas e admitir que errou, ela continua agindo como a dona da razão. Ela e seu bando só sabem debochar e humilhar as pessoas. Fiquei feliz que o final não foi como elas esperavam. Parece que elas não estão assistindo a novela atual porque o Rodrigo Simas está no elenco, kkkkkk, melhor para nós que poderemos assistir e saborear essa novela em paz. E parece que ela está dando chiliques também por que a Nathalia está na novela do Walcyr e vai contracenar com o ex, o Guizé, que elas odeiam muito, kkkkk.

Anônimo disse...

Vc já descreveu 'Escrito nas estrelas' como irregular, boa e agora se referiu como ótima. Afinal de contas, o que vc achou dessa novela? Rsrs... O texto ficou ótimo e a ousadia de apresentar o mocinho no final foi uma sacada de gênio! A autora conseguiu surpreender quando já não parecia mais possível. Estou ansioso para o texto final do 'Big Brother' apesar dessa edição ter sido péssima. E é assustador como que esses participantes conseguiram enganar a produção da forma que enganaram. Eles passaram por testes até de psicólogos e foram aprovados. Eles atuaram bem na frente das pessoas que os testaram. É inacreditável uma edição pior que a 17 ter surgido tão rápido. Outra coincidência é que essas duas edições ruins elegem uma cretina como vencedora. Eles devem tomar um cuidado dobrado no ano que vem. Não dá para dormir no ponto.

Anônimo disse...

qual o perfil dessa fã da nathalia? digo, o @? KKKK smp vejo os comentários das pessoas falando dela mas nunca vi o perfil. ela parece bem surtada msm.

izabel disse...

Com final repleto de emoção, Espelho da Vida supera problemas iniciais e termina aclamada

“Espelho da Vida” pode muito bem ser considerada um exemplo de superação novelística. A novela das seis de Elizabeth Jhin que terminou sua trajetória de forma bem diferente da que começou: aclamada pelo público e entregando capítulos repletos de pura adrenalina e emoção, comovendo o público e provocando grandes disputas de torcidas em meio aos protagonistas — algo que parecia impensável em sua problemática primeira metade, onde sofreu com a lentidão e os baixos números de ibope. E o último capítulo reforçou muito bem esta ideia de volta por cima.

A movimentação em torno dos personagens principais demonstra que o núcleo principal, de longe, foi o maior atrativo de Espelho da Vida. A autora soube ousar na condução do seu enredo, trazendo um formato de narrativa pouco usual aos tempos atuais, através da simultaneidade dos dois tempos, ao invés de uma simples passagem de tempo — como já havia feito na elogiada Além do Tempo (2015–16). Lamenta-se apenas que esta narrativa tenha demorado a pegar, pois, em seus primeiros meses, a novela perdeu muito tempo com núcleos que não funcionaram a contento, como o do cinema e o das personagens adolescentes.

Ainda assim, o saldo foi bastante positivo e a novela se tornou praticamente imperdível quando engrenou, experimentando um merecido crescimento na audiência e reafirmando a competência e versatilidade de seu elenco. Vitória Strada; Alinne Moraes; João Vicente Castro; Irene Ravache; Rafael Cardoso; Patricya Travassos; Júlia Lemmertz; Felipe Camargo e todo o elenco estiveram ótimos mais uma vez.


Mesmo com os problemas de condução da sua primeira metade, Espelho da Vida soube se superar e termina sua trajetória em alta, aclamada pelo seu público fiel e com suas qualidades se sobressaindo aos defeitos que apresentou.

Curiosamente, as novelas "O Tempo Não Para" e "O Sétimo Guardião" não tiveram a mesma adaptatividade e reestruturação ainda que bem estruturadas.

Embora alguns tenham Elizabeth Jhin apenas como autora de novelas espíritas, nenhuma de suas obras é igual à outra. Ao lado do talentoso elenco e da equipe de direção liderada por Pedro Vasconcelos, a autora promoveu uma merecida guinada em seu enredo e, com isso, a trama sai de cena com o devido reconhecimento. Diante de uma trama tão linda e um final conclusivo repleto de emoção, será muito difícil esquecer tamanho encantamento como Glória Peres fez "A Força do Querer".

Parabéns a Jhin e a todos pelo brilhante trabalho! Você mostrou como fazer uma novela com dramaturgia de Qualidade Verdadeira - ao contrário de Walcyr Carrasco, em sua novela "O Outro Lado do Paraíso".

Sérgio Santos disse...

Honrado, Louis.

Sérgio Santos disse...

Torço por isso, unknown.

Sérgio Santos disse...

Idem, Antonio.

Sérgio Santos disse...

Saudade, chaconerrila!

Sérgio Santos disse...

Tb vou sentir mta falta, Nich!!!

Sérgio Santos disse...

Sim, Cintia, deveriam ter passado.

Sérgio Santos disse...

Sem duvida, Cleu!

Sérgio Santos disse...

Mt obrigado, Mayara. E eu concordo com as criticas ao final. Tb senti falta desses pontos.

Sérgio Santos disse...

Perfeito, Marcos!!!!

Sérgio Santos disse...

Pedrita, agora pode ficar de vez. hahahah

Sérgio Santos disse...

Essas aí só passaram vergonha, anonimo, e seguirão passando!

Sérgio Santos disse...

Foi ótima até a metade, anonimo, depois ficou com uma barriga insuportável. Ou seja, foi irregular. Saldo final: boa.

Sérgio Santos disse...

É uma imbecil, anonimo. Até as fãs da Dill a odeiam.

Sérgio Santos disse...

Abçs, Izabel.

Anônimo disse...

Daylight...

Espelho Da Vida é uma obra primorosa de Elizabeth Jhin, rica em detalhes e camadas sobre como agimos durante nosso tempo neste planeta.

Contada de uma forma não linear, nos mostra primeiro as consequências do todo (o tempo presente), para depois nos mostrar as causas (o passado). O avesso da vida, como também poderia se chamar. Com uma fotografia impecável, montagem e edição de cenas permitindo sempre boas analogias, com elenco e direção dedicados, discutiu com muito empenho sua mensagem principal: a de que precisamos aprender a viver em conjunto, pois tanto no contexto de espécie humana, como no espiritual, não vivemos nem podemos viver sozinhos.

Nós, juntamente a nossas almas afins, constituímos uma teia de conexões, como exemplifica a Teoria dos Seis Graus*, a de que todos nós estamos ligados, pois toda causa gera uma consequência. É preciso desapegar-se do que já aconteceu, para progredirmos. Portanto: Lembre-se. Liberte-se. Siga em frente. Como diz a Oração de São Francisco:

“Compreender que ser compreendido
Amar que ser amado, pois é dando que se recebe
É perdoando que se é perdoado
E é morrendo que se vive para a vida eterna.”

Gam zu le tová!

*A teoria dos seis graus de separação originou-se a partir de um estudo científico desenvolvido pelo psicólogo Stanley Milgram, que criou a teoria de que, no mundo, são necessários no máximo seis laços de amizade para que duas pessoas quaisquer estejam ligadas.

Unknown disse...

Sérgio, qual vc achou melhor: Espelho da Vida ou Além do Tempo ?

Anônimo disse...

Amo essa novela, ela me ipnotisou...quando acabou, senti até tristeza, pois é uma obra de arte, os atores, o conteúdo todo, vale a pena vê sempre!