quinta-feira, 13 de outubro de 2022

Tudo sobre a segunda coletiva online de "Todas as Flores", a nova novela do Globoplay

 A Globo promoveu na primeira segunda-feira de outubro, dia 3, a segunda coletiva online de "Todas as Flores", novela de João Emanuel Carneiro, exclusiva do Globoplay. Participaram os atores do núcleo da empresa Rhodes: Fábio Assunção, Humberto Carrão, Yara Charry, Camila Alves, Thalita Carauta e Nicolas Prattes. Fui um dos convidados e conto sobre o bate-papo. 


Fábio Assunção analisou o comportamento de seu vilão: "O Humberto teve uma infância e adolescência na rua, na Gamboa. Através do convívio com Zoé (Regina Casé) acaba aprendendo a sobreviver a essa situação de abandono. E vai ascendendo financeiramente com golpes de uma maneira não muito correta. Apesar da paixão que tem pela vida, é contraditório, dúbio, vulnerável e tem fraqueza de caráter. Tem um casamento com a Guelmar, vivida pela Ana Beatriz Nogueira. Casa para ter uma melhor condição de vida. Ele tem um amor pelo filho, vivido pelo Humberto Carrão, mas tem o desejo de alcançar o poder dentro de uma empresa que é a Rhodes. Não é um personagem fácil de explicar. Ele vive em um mundo elitizado que não se identifica, mas é muito ressentido. Não é um cara de bem com a vida. É bastante bifurcado. Estou apaixonado pelo Carrão. A gente divide muitas afinidades em relação ao Brasil e ao trabalho. É uma sorte estar nesse trabalho com ele. A nossa afetividade é atropelada pela trama porque temos muitas cenas e nenhum são de papos sinceros entre pai e filho. É uma paternidade atravessada", observou o ator.

Humberto Carrão comentou sobre a trajetória de seu perfil: "Meu personagem é o Rafael. Sou filho dos personagens do Fábio Assunção e Ana Beatriz Nogueira. Gravo quase tudo na Rhodes, empresa criada pelo bisavô do meu personagem. É a razão da vida do trabalho da família. Há um peso em cima do Rafael pela mãe para herdar aquilo tudo, mas nunca foi o objetivo dele.

A parte que ele mais gosta da empresa é a parte da perfumaria, ele é um perfumista. Criou um projeto de inclusão e não porque é caridoso e, sim, porque é lei, de deficientes visuais na empresa. Acontece uma coisa no capítulo dez e ele precisa ver se quer ou não assumir a empresa. São cenas complicadas dele com o pai. Talvez a virada do personagem, de um mocinho romântico para um personagem policial, se dá em cima da empresa. Ele sofreu um acidente de carro na adolescência e causou um ferimento grave na córnea. Ficou um ano ou dois sem conseguir enxergar até fazer o transplante de córnea. Isso mudou bastante sua forma de ver as coisas. Eu e Sophie (Charlotte, que interpreta a deficiente visual Maíra, seu par romântico) vivemos enchendo o saco da Camila e tirando muitas dúvidas para saber se não estamos fazendo nada de errado. Meu personagem é um cara que entende que a gente vive em 2022 e não se trata de inserir os deficientes na sociedade porque eles já estão inseridos. Já tinha trabalhado com a Sophie em 'Ti Ti Ti' e 'Sangue Bom'. Em Sangue Bom a gente não tinha muito encontro porque ela era vilã de um lado e eu vilão do outro. As pessoas têm muito carinho por essa novela e às vezes me mandam vídeos da época. Sou doido pela Sophie, ela tem uma responsabilidade pelo ofício. É muito estudiosa. Tem escolhas como atriz muito bonitas. Admiro muito a força e a coragem da Sophie. Estou muito feliz", expôs o ator. 

Nicolas Prattes lembrou de uma conversa que teve com o autor sobre seu personagem: "Não me sinto muito parte do núcleo da Rhodes. Minha história é quase de uma novela independente. O João Emanuel Carneiro até me falou um dia que estava fazendo uma novela só para mim. O Diego no futuro vai se envolver no núcleo da Rhodes. Meu personagem tem origem humilde. A minha mãe é feita pela Kelzy Ecard. A gente mora em uma casa considerada irregular pela prefeitura e a gente vai morar na rua. Ele é o provedor da família. A mãe não pode trabalhar e os irmãos são pequenos. No dia que a família é despejada acontece uma proposta irrecusável para assumir um crime que não cometeu. O acordo acaba não sendo cumprido por quem prometeu e por causa disso haverá consequências. A família dele se desfaz. E Diego quer se vingar e reaver a família. Acaba fazendo coisas que ele acha que não era capaz de fazer", contou o intérprete. 

Thalita Carauta fez observações interessantes sobre seu papel: "Mauritânia é uma personagem que não é fixa. Começa de uma maneira e vai se transformando. Está em movimento. Entra por volta do quinto ou sexto capítulo. Tem muita baixa autoestima. Trabalha em filmes adultos do mercado erótico. Já tem seus 40 anos e o impacto da sociedade enxergando essa mulher com essa idade e estando nesse mercado é mostrado de forma bem cruel. Ela já não consegue mais os trabalhos que conseguia. Vive um relacionamento abusivo. Tem uma liberdade sexual e financeira, mas ao mesmo tempo em um momento da vida dela acabou empurrada para esse contexto. E ela gosta desse universo da sexualidade. Ainda se envolve com um cliente ou outro do filme. Mas são poucas as coisas que a abalam. Consegue ter uma energia solar que abre para novas experiências. Em determinado momento tem uma virada porque encontra uma pessoa que a enxerga como ela é. É autêntica e encontra um homem poderoso que gosta dela. Herda uma fortuna. Não sei se é spoiler ou não, mas como já foi divulgado não vejo problema falar. Vira uma mulher rica pela Rhodes. Acaba vivendo um conto de fadas tipo Cinderela. Há um embate dessa mulher que chega com originalidade e tenta se estabelecer em um lugar de elite", revelou a atriz. 

Camila Alves comentou sobre sua estreia em novelas: "Sou uma mulher cega. É tudo muito novo para mim. Nunca fiz uma novela. Faço a Gabriela, uma das participantes da oficina olfativa da Rhodes. Experimenta um amor livre. Ela é bissexual. No início da trama vai ter um envolvimento com o Márcio e depois com a Laura. Ela ainda dá uma jogada de charme para o personagem do Xande de Pilares. Ela é a personagem que tem um cão-guia. Eu tenho um cão na minha vida e quem faz o cão-guia da Gabriela é o Astor, meu cão-guia mesmo. É uma mulher que gosta de samba, alegre, descontraída. A principal participação dela na trama é trazer mais camadas na narrativa da deficiência. Temos um problema estrutural histórico sobre a representação da deficiência no audiovisual. No caso da Gabriela e outros personagens cegos na trama estamos tentando mudar um pouco essa narrativa dos deficientes visuais na trama. Não usamos mais, por exemplo, o termo portador de deficiência ou de necessidades especiais. Podem falar pessoa com deficiência sem medo de errar. E tem sido muito bonito ver o envolvimento do Humberto Carrão e da Sophie Charlotte com tudo isso por causa dos personagens", se animou a atriz. 

Yara Charry descreveu sua personagem: "Interpreto a Joy. Ela é filha dos personagens de Cássio Gabus Mendes e Naruna Costa. Em cada ambiente que ela está é muito diferente. Em casa parece não ter muito poder diante do pai controlador. Vira uma pessoa que parece não ter tanta força que no fundo ela tem. Sua relação com os pais é complicada. Na Rhodes é o ambiente de trabalho, onde é gerente, e lá se sente muito à vontade. Ama o que faz, é dedicada. Esse lado dela é o mais feliz, o lado não problemático. Tem essas duas versões. Aconteceu uma coisa na adolescência da Joy que a deixou mais reservada com momentos mais doloridos. Aos poucos vamos entendendo o motivo dessa dor. Ela tem um relacionamento amoroso com o Olavo que é complicado. Parece feliz, mas o casal tem uma relação que não é tão linda e brilhosa quanto deveria ser. Esse casal vai virar um trio e vamos entendendo a razão. É uma personagem desafiadora. Nunca fiz um papel que tenha uma briga interna. Precisei estudar bastante", detalhou a atriz. 

Pedi para Nicolas Prattes analisar a essência de seu personagem que mergulha em um caminho de vingança na trama: "No filme de 'Kill Bill - volume 1' tem uma frase que me marcou muito: 'A vingança é como se fosse uma floresta e quando você fica muito tempo nela voce esquece por onde andou'. O Diego uma hora vai perguntar perguntar por onde andou. Essa vingança nem está tão latente assim, a mãe dele foi muito honesta e digna. Faltava comida na geladeira, mas nunca amor. Diego ficou um pouco ingênuo e isso faz com que entre em muitas roubadas. Faz com que ele envelheça por dentro, inclusive na trajetória da vingança. A essência dele não vai mudar. Tem muitos embates internos, mas a essência dele não muda. Se o Diego tem um objetivo na fase inicial, é melhorar a vida da família dele sem fazer nada de ilícito. Dar mais dignidade para a família. Depois disso fica uma mensagem que acho muito bonito. Não abaixa a cabeça para ninguém. Foi assim que foi criado. Ele mostra que vale a pena você ser fiel à sua essência ", analisou o ator. 

A segunda coletiva online de "Todas as Flores" foi ótima e teve uma peculiaridade: todos que participaram precisaram falar sobre suas características físicas e como era o ambiente em que estavam por conta da presença de Camila Alves no bate-papo. Uma experiência de inclusão necessária. 

7 comentários:

Anônimo disse...

"Todas As Flores" ainda não estreou, mas o modo como vem sendo abordada a deficiência visual até então tem se mostrado louvável.

Guilherme

Anônimo disse...

Gostei dessa coletiva e qque curiosidade legal essa que voce trouxe.

Maria Rodrigues disse...

Parece ser uma novela bem interessante.
Bom fim de semana
Abraços

Sérgio Santos disse...

Isso é verdade, Guilherme.

Sérgio Santos disse...

Que bom que gostou, anonimo.

Sérgio Santos disse...

Parece, Maria.

Rafael disse...

Imagino sua reação quando o Humberto mencionou Sangue Bom hahaha. Saudades do novelão 💗