Entrada de Ângela Vieira e Marisa Orth enriquece "Bom Sucesso"

O elenco de "Bom Sucesso" é muito bem escalado. Rosane Svartman e Paulo Halm, juntamente com o diretor Luiz Henrique Rios, fizeram uma seleção diversa e repleta de talentos. Não é por acaso que tantos nomes se destacam na atual novela das sete da Globo. E todo folhetim que se preza também conta com participações ao longo dos meses. Algumas funcionam tão bem que acabam permanecendo na história até o final. No caso da atual produção, a entrada de Ângela Vieira e Marisa Orth se mostrou uma grata surpresa.

O público matou um pouco da saudade de Ângela na recém-terminada reprise de "Por Amor", no "Vale a Pena Ver de Novo", onde viveu com brilhantismo a íntegra Virgínia, irmã de Helena (Regina Duarte). E a última novela da atriz foi "Pega Pega", em 2017, na pele de Lígia, um papel que não honrou seu talento. Aliás, há anos a intérprete não ganhava uma personagem realmente relevante na televisão. A cruel Janete, em "Terra Nostra", de 1999, foi a última que valorizou, de fato, Ângela. É por isso que tem valido tão a pena vê-la no atual sucesso das 19h.

Vera parece escrita especialmente para a atriz. A personagem chegou com o claro objetivo de mexer com a vida amorosa de Alberto (Antônio Fagundes), que vem passando seus últimos meses de vida alimentando uma paixão platônica por Paloma (Grazi Massafera). Mas o papel não foi criado apenas com essa função.
A bem-resolvida mulher é mãe da preconceituosa Eugênia (Helena Fernandes) e sua entrada valorizou mais o núcleo, vide o nascimento da relação de cumplicidade com Vicente (Gabriel Contente), um neto que viu na avó a sua confidente e vice-versa. Vera também começou a trabalhar na Editora Prado Monteiro e teve até uma certa importância no desmascaramento de Diogo (Armando Babaioff).

A atriz está totalmente à vontade e suas cenas com Antônio Fagundes são deliciosas. A química entre os veteranos funcionou e a sintonia entre Ângela e Gabriel Contente, durante os momentos divertidos entre avó e neto, também merece menção. Helena Fernandes, Eduardo Galvão (Machado), Valentina Vieira (Sofia) e Fabíula Nascimento são outros colegas que proporcionam uma boa parceria. E até a sutil rivalidade nascida entre Vera e Paloma destaca a competência da intérprete ao lado da ótima Grazi Massafera. E a personagem tem uma ironia fina que provoca risos involuntários no telespectador, combinando bem com o clima da novela.

Já a entrada de Marisa Orth representa o humor mais escrachado e a picareta Isadora não poderia ter uma intérprete melhor. Contratada por Diogo e Gisele (Sheron Menezzes) para enganar Nana, a atriz decadente tem a missão de fingir ser uma terapeuta de casais para o vilão reatar com sua agora ex-esposa. Porém, a 171 ama o mundo das artes cênicas e não se conforma com o fiasco de sua carreira. Então, tenta entender as motivações e a "essência" da  personagem criada pelos seus contratantes com o intuito de dar alguma dignidade ao atual momento de sua vida. A situação, obviamente, resulta em momentos impagáveis e as discussões entre Isadora e Diogo vêm proporcionando alívios cômicos geniais. O mais irônico é ver a Dra. Marcela dando bons conselhos para Nana, que vão contra os interesses de Diogo. Marisa estava afastada da televisão desde "Tempo de Amar", em 2017, onde brilhou como Celeste, seu primeiro papel completamente dramático em um folhetim.

"Bom Sucesso" segue ótima e a entrada de Ângela Vieira e Marisa Orth só melhorou o que já estava bom. Resta torcer para os autores deixarem as personagens até o final da trama e possibilidades de conflitos não faltam. Vide o relacionamento de Vera com quase todos os personagens centrais e a possível rivalidade entre Isadora e Silvana Nolasco (Ingrid Guimarães), que ficou subentendida durante uma falsa consulta com Nana.