Optaram pelo desenvolvimento do enredo, expondo com muito mais detalhes os inúmeros problemas da saúde pública do Brasil e conseguindo explorar os dramas dos protagonistas, que foram exibidos superficialmente no filme. O sucesso foi tanto que a segunda temporada logo recebeu sinal verde para ser produzida e o resultado pôde ser acompanhado ao longo das últimas 11 semanas. A trama, de Jorge Furtado, dirigida por Andrucha Waddington e com redação final de Lucas Paraizo, ficou ainda melhor e mais impactante, repleta de tensão, emoção e sensibilidade.
Foram 11 episódios irretocáveis. Houve uma preocupação em seguir desenvolvendo a relação dos protagonistas ---- que se casaram em uma cerimônia que não durou nem dois minutos porque logo foram chamados para um atendimento ----, emocionar com novos casos médicos importantes e expor um novo drama do sistema precário de saúde: a corrupção. Fernanda Torres e Humberto Carrão entraram para o elenco e seus personagens foram o retrato da podridão do país.
Renata era uma gestora fria que desviava dinheiro para comissão do próprio salário e dos demais médicos, mas também conseguia melhorias para o hospital graças ao seu esquema. Já Henrique era o típico funcionário público que odeia seu trabalho e trata os pacientes com descaso (além de pertencer ao esquema da chefe).
A escalação de Fernanda para um papel dramático foi certeira. A atriz precisava mesmo mostrar outra faceta, após tantos tipos cômicos seguidos na televisão. E mostrou. O nono episódio foi praticamente protagonizado por Renata, que matou Samuel (Stepan Nercessian) trocando medicamentos enquanto o ex-gestor do hospital estava internado. E o médico só ficou naquela situação porque a canalha não injetou insulina enquanto Samuel sofria de um pico de glicemia. Isso porque os dois protagonizavam uma discussão feia, resultado da descoberta do melhor amigo de Evandro a respeito do esquema de corrupção. Aliás, é uma pena que Stepan tenha deixado a série. Seu personagem era ótimo. O ator tinha recebido uma proposta da Band para apresentar um programa de humor e quis sair da Globo ---- mas, a concorrente não teve dinheiro para a produção e cancelou o projeto.
E a equipe da série é tão competente que conseguiu criar uma nova virada com essa (não prevista) baixa no elenco. A morte de Samuel caiu nas costas de Carolina, que era a responsável pela medicação do paciente e nem imaginou que Renata havia trocado propositalmente. Evandro não se conformou com a tragédia e nem acreditou na inocência da esposa. A crise do relacionamento, que já havia iniciado com o falecimento do pai abusador da médica ---- em um dos mas impactantes episódios ----, só piorou. Claro, em meio a tantas cenas fortes, Marjorie e Júlio brilharam ainda mais e mostraram novamente como essa série é bem protagonizada. Não dá para imaginar a história sem eles.
Vale aplaudir também o trabalho impressionante na sequência da queda do ônibus do viaduto, após o disparo de um assaltante no motorista. Os efeitos especiais e a direção precisa fizeram toda a diferença. O mesmo vale para a cena do resgate de um paciente com obesidade mórbida de um apartamento por meio de um guindaste. Ficou visível que os investimentos na série aumentaram em virtude do sucesso. Sorte do público. E os dramas paralelos também se mostraram emocionantes, sempre concluídos com uma sensibilidade ímpar. Os avisos ao final de cada episódio seguiram como ótimos alertas, mesclando ficção e realidade com inteligência.
O elenco é outro trunfo da produção, incluindo as várias participações especiais luxuosas. Além dos já mencionados Júlio Andrade, Marjorie Estiano e Fernanda Torres, Pablo Sanábio (Dr. Charles), Bruno Garcia (Dr. Décio), Josie Antello (Rosa), Heloísa Jorge (Enfª. Jaqueline), Tatsu Carvalho (Rafael) e Orã Figueiredo (Dr. Amir) sempre estão bem em cena. Já Susana Faini, Luis Melo, Lea Garcia, Nica Bonfim, Carlos Vereza, Marcelo Serrado, Analu Prestes, Jackson Antunes, Roberta Santiago e Thelmo Fernandes foram alguns dos muitos nomes que enriqueceram a trama em alguns importantes momentos.
O último episódio fechou esse segundo ano brilhantemente, com quase uma hora e vinte de duração. Renata conseguiu incriminar Evandro e ocasionou sua prisão juntamente com Henrique. Mas Carolina não perdeu a confiança e procurou provas contra a gestora, até achar gravações na secretária eletrônica de Samuel. Pouco antes de ser presa, Renata levou um tiro de um paciente que teve sua perna amputada por falta de material hospitalar no Macedão. Uma cena surpreendente e impactante. Por ironia do destino, Evandro e Carolina salvam a vida da algoz em uma cirurgia de alto risco. A corrupta vai para a cadeia, mas faz questão de assumir o assassinato e entrega todo o esquema. Em virtude da corrupção, o hospital acaba fechando e a última sequência mesclou a dura realidade do país através de um belo discurso de Evandro --- em uma Reunião de Dependentes Químicos --- com um fio de esperança.
"Sob Pressão" segue com uma qualidade inquestionável e pena que já tenha chegado ao fim. As 11 semanas passaram muito rápido. Mas, a terceira temporada já está sendo gravada e com a maravilhosa Drica Moraes no elenco fixo na pele da Dra. Vera. Promete. A produção foi a melhor série de 2017 e é a melhor de 2018. Será que manterá o posto em 2019? Tem tudo para isso.
20 comentários:
TO ARREPIADA ATÉ AGORA!!!!!!!!!
Melhor série já produzia no Brasil.
Teu texto resume o meu pensamento, agora é esperar ansiosamente pela próxima temporada.
Teu texto resume o meu pensamento, agora é esperar ansiosamente pela próxima temporada.
Assino embaixo de cada palavra sua. Devorei todos os episódios e ainda tenho fome de mais. Ainda lembro do seu texto sobre a coletiva de imprensa dizendo que a série prometia ser tão boa quanto a primeira. E foi.
É inegável a qualidade dos atores e até mesmo do roteiro e texto. Agora, apesar da proposta ser de mostrar a realidade, não reflete isto.
Há um exagero envolto na profissão médica, esquecendo-se das massas profissionais que estão bem mais próximas dos pacientes e em maior quantidade em hospitais.
Mais uma vez a mídia agindo no intuito de vangloriar e endeusar os profissionais da elite social. Enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, técnicos de enfermagem, assistente social, fonoaudiólogo dentre outros, todos esquecidos.
É um reflexo da visão da sociedade. Na série os médicos fazem tudo, inclusive funções de outros profissionais, um exemplo: Médicos não executam as rotinas de preparo e administração de medicação, isto, normalmente é função da equipe de enfermagem... Partes importantes do roteiro da série passam por aí, e não tem nenhum profissional de enfermagem entre os personagens.
Na verdade existe. A personagens Jaqueline (Heloísa Jorge) e Keiko (Julia Shimura) são enfermeiras, e fiquei sabendo que na próxima temporada haverá mais uma enfermeira na série.
A 3a temporada, certamente, será a última. A direção(NADA INTELIGENTE) dessa emissora decidiu que em 2019 será o ponto certo na finalização da macrossérie antes de um desgaste.
Mesmo sendo bem evidente que tem muito mais a explorar... a trama é um dos mais melhores investimento na dramaturgia de qualidade verdadeira, segundo a imprensa, público e críticos!!!
A segunda temporada realmente foi tão boa quanto a primeira Sérgio e achei ótimo ver a Fernanda Torres brilhando em um papel que não tinha um resquício sequer de humor. Ansiosa para a próxima temporada rs
Zamenzito, não pude acompanhar, mas fiquei muito curiosa para assistir depois de tantos elogios. Como foi o desempenho do Humberto na série? Fiquei ainda mais interessada depois que soube que ele faria um personagem
O que falar de Sob Pressão depois do desfecho brilhante de ontem? Maior série do século na Globo e está no top 3 da história junto com Malu Mulher e Carga Pesada. Brilhante a abordagem dos temas, as verdades jogadas na cara em relação à corrupção que assola esse país, não só na saúde, mas em todos as áreas desse país. Uma aula de roteiro, direção e elenco.
Que série, Fernanda!
Concordo, anonimo.
Obrigado, Unknown.
Eu tb, Andressa.
Discordo, Daylights.
Exato, anonimo.
Eu ja nao acho, Izabel.
Idem, anonimo.
Ele foi bem, Chaconerrilla, mas só teve um destaque no final.
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