"APCA" premia ótimas produções e faz jus ao talento de Marjorie Estiano e Fábio Assunção

O Troféu APCA de 2018 cometeu várias injustiças, isso é fato. A Associação Paulista de Críticos de Artes ignorou a elogiada "Orgulho e Paixão", a melhor novela do ano, e não selecionou ninguém do elenco para o prêmio de Melhor Ator ou Melhor Atriz ---- Gabriela Duarte tinha que estar. Também ignorou a produção na categoria de Melhor Dramaturgia. Lamentável. No entanto, a premiação honrou o trabalho de grandes intérpretes e premiou ótimas produções.

Marjorie Estiano foi a vencedora da categoria de Melhor Atriz e sua entrega visceral em "Sob Pressão" merece todo o reconhecimento. A complexa Carolina é uma personagem fascinante e vem sendo defendida com uma dedicação impressionante. A médica da melhor série da Globo protagoniza uma sucessão de cenas intensas e pesadas. Troféu merecido para Marjorie, que concorreu com as igualmente talentosas Alice Wegmann ("Onde Nascem os Fortes"), Letícia Colin, Adriana Esteves (ambas por "Segundo Sol") e Patrícia Pillar ("Onde Nascem os Fortes").

Fábio Assunção venceu como Melhor Ator e a escolha foi muito justa. Seu trabalho em "Onde Nascem os Fortes" foi espetacular. O intérprete viveu um de seus melhores momentos na carreira na pele do implacável e monstruoso Ramiro, todo poderoso do Sertão. Dava até medo do olhar diabólico do vilão que matava qualquer um que atrapalhasse seu caminho.
O ator concorreu com os também geniais Edson Celulari ("O Tempo Não Para"), Antônio Calloni ("Assédio"), Júlio Andrade ("Sob Pressão") e Jesuíta Barbosa (parceiro de Fábio em "Onde Nascem os Fortes").

Aliás, a trama das 23h faturou o prêmio de Melhor Dramaturgia e fez por merecer. A densa história escrita por George Moura e Sérgio Goldenberg se mostrou muito bem construída. A entrega do elenco recheado de grandes atores foi um dos pontos altos, sendo necessário citar Alexandre Nero, Jesuíta Barbosa, Fábio Assunção, Débora Bloch, Patrícia Pillar, Alice Wegmann, Gabriel Leone, Enrique Diaz, entre tantos outros. A direção primorosa de José Luiz Villamarim também merece aplausos. O único defeito da supersérie foi a barriga (período repleto de cenas irrelevantes e repetitivas) que prejudicou o desenvolvimento. O enredo se arrastou por um tempo. "Assédio" (Globo Play), "O Tempo Não Para" (Globo), "O Negócio" (HBO Latin América/Mixer) e "Sob Pressão" (Globo) foram as concorrentes.

Amora Mautner venceu como Melhor Direção. E o seu trabalho em "Assédio" está realmente de encher os olhos. A diretora imprime toda a tensão daquele pesado enredo em torno de um médico abusador, ao mesmo tempo que evita cenas mais explícitas. Justo troféu. Concorreu com José Eduardo Belmonte ("Carcereiros"), Jayme Monjardim ("Tempo de Amar"), José Luiz Villamarim ("Onde Nascem os Fortes") e José Padilha ("O Mecanismo"). Já Marcelo Adnet triunfou na categoria Humor em virtude de suas imitações de todos os políticos. Disputou com "Choque de Cultura" (Omelete/Globo), "Tá no Ar" (Globo), Tatá Werneck (Multishow) e Fábio Porchat (Record).

"Amor e Sexo" (Globo) venceu como Melhor Programa e essa premiação honra a qualidade da atração comandada por Fernanda Lima em um ano onde o ódio tomou conta de várias pessoas, inclusive algumas ditas celebridades que xingaram a apresentadora só porque não admitem um formato que fala sobre minorias. A vitória é importante em vários aspectos. O programa concorreu com "Conversa com Bial" (Globo), "Fábrica de Casamentos" (SBT), "Lady Night" (Multishow) e "Grag Me As a Queen" (E! Entertainment). A última categoria foi Esporte, vencida por Fernanda Gentil (Globo). Concorreu com Luis Roberto (Globo), Mulheres na Copa (Fox Sports), Seleção Sportv na Copa com André Rizek e Marcelo Barreto (Sportv) e Sportcenter com Paulo Soares e Anttero Greco (ESPN).

Todos irão receber o Troféu APCA na cerimônia da 62ª edição, no primeiro semestre de 2019. Apesar das injustiças envolvendo "Orgulho e Paixão", é prazeroso ver nomes que realmente brilharam em produções de 2018 premiados, como Marjorie Estiano e Fábio Assunção. Dos males o menor.