terça-feira, 31 de janeiro de 2023

"Onde Está Meu Coração" é uma série forte e necessária

As gravações de "Onde Está Meu Coração" duraram quase quatro meses e chegaram ao fim em julho de 2019. Desde então, houve uma grande expectativa para a estreia da série. Porém, sempre era adiada para um momento propício. Acabou ficando para 2020, mas veio a pandemia do novo coronavírus e novamente a exibição ficou para depois, mesmo sendo um produto exclusivo para a plataforma de streaming. A produção foi disponibilizada na íntegra na Globoplay em maio de 2021 e teve seu primeiro episódio exibido no dia 3 de maio do mesmo ano, na Globo, após a reprise de "Império". Dois anos depois, entrou para a grade da emissora nesta terça, dia 31, após o "BBB 23". 


A dependência química é uma questão urgente que afeta muitas famílias no Brasil e no mundo, nos dias atuais. A droga não diferencia cor, religião e muito menos classe social. São vidas viradas do avesso e adoecidas, tanto do dependente quanto dos que se relacionam com ele. Tratamento médico especializado e afeto são essenciais na busca da cura. Este é o mote da série escrita por George Moura e Sérgio Goldenberg, autores que já escreveram juntos as primorosas ""O Canto da Sereia" (2013); "Amores Roubados" (2014); o remake de "O Rebu" (2014) e "Onde Nascem os Fortes" (2018).

Dirigida por Luísa Lima (em sua estreia como diretora artística), a série apresenta os conflitos que uma família enfrenta por causa da dependência de drogas da filha primogênita. Na história (ambientada em São Paulo), Amanda (Letícia Colin), uma jovem médica bem-sucedida e idealista, vinda de uma família de classe alta, que se deixa levar pelo prazer fugaz das drogas sem conseguir mais dar conta da sua vida profissional e afetiva.

Ao lado dela, seus pais, a executiva Sofia (Mariana Lima) e o médico David (Fábio Assunção), junto com seu marido, o arquiteto Miguel (Daniel de Oliveira), e sua irmã Julia (Manu Morelli) também acabam envolvidos quando a situação de Amanda perde o controle. Quando se revela a fragilidade da estrutura familiar, até então inquestionável, todos precisam enfrentar seus dramas pessoais. 

As obras de George Moura e Sergio Goldenberg têm em comum um olhar especial para a exaltação do papel determinante da mulher na sociedade, com fortes e complexas heroínas. Basta lembrar de Sereia (Isis Valverde em "O Canto da Sereia"); Antônia (Isis Valverde em "Amores Roubados"); Duda (Sophie Charlotte em "O Rebu") e Maria (Alice Wegmann em "Onde Nascem os Fortes"). Agora é a vez de Amanda, interpretada por uma entregue Letícia Colin. São muitas cenas pesadas defendidas com brilhantismo pela atriz. A personagem vai definhando ao longo dos episódios e impressiona o trabalho corporal da intérprete. 

Letícia Colin é o grande destaque e honra o protagonismo. Seu desempenho é irretocável e rendeu uma indicação ao Emmy Internacional de Melhor Atriz. Mas todo o elenco merece elogios. Mariana Lima emociona na pele de Sofia, uma mãe que se desespera com o estado da filha, enquanto Fábio Assunção tem uma forte interpretação como o aparente pragmático David. São muitas cenas de impacto e que provocam incômodo pelo elevado grau de realismo. Uma trama que utiliza a ficção para alertar sobre o perigo do vício e como pode afetar qualquer família, independente da classe social. 

Com supervisão artística de José Luiz Villamarim ---- diretor que já trabalhou com George e Sergio em todas as produções mencionadas e agora ocupa o posto de Chefe do Setor de Teledramaturgia da Globo ----, "Onde Está Meu Coração" é uma série forte e necessária. É uma boa mistura de entretenimento e informação sobre o destrutivo mundo das drogas. Vale a pena conferir. 

13 comentários:

Adriana Helena disse...

Muito interessante Sérgio!!
Fico maravilhada com as qualidade das séries produzidas pela Rede Globo que primam pela excelente direção e atuação belíssima dos atores!
Essa parece não ser diferente, de tema latente e importante e vou conferir, sem dúvida nenhuma!!
Um grande abraço e excelente semana!

Ane disse...

Um tema realmente necessário.
Quantos padecem no mundo das
drogas sejam elas lícitas ou não?

Ane/De Outro Mundo :)
*********************

Marly disse...

Li algumas coisinhas sobre esta série e elas já tinham me despertado a curiosidade. Agora já vi que tenho que a assistir.

Beijão

Margarida Pires disse...

Olá Sérgio sempre a adocicar novas vidas com novidades!
Desperta a nossa curiosidade!
Um beijinho!
😽💖😽Megy Maia

Jovem Jornalista disse...

Deve ser muito forte essa série. Mas é importante!

Boa semana!

O JOVEM JORNALISTA está no ar com muitos posts e novidades! Não deixe de conferir!

Jovem Jornalista
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Até mais, Emerson Garcia

Fá menor disse...

De facto é um tema que tem que ser abordado. O flagelo da adicção das drogas mata muitos e enriquece gente sem escrúpulos.

Sérgio Santos disse...

É incrível, Dri!

Sérgio Santos disse...

É isso, Ane.

Sérgio Santos disse...

Vejaa, Marly!

Sérgio Santos disse...

Bjs, Maargarida.

Sérgio Santos disse...

É forte, Emerson.

Sérgio Santos disse...

Sim, Fá.

Outsiders disse...

Muito foda aquele fragmento: escutando O Vento do Los Hermanos, de carro e fumando... cocaína ou heroína?

Primeiramente trilha sonora deliciosa e tocante; Letícia Colin impecável; Fabio assunção neste contexto da série, bravo man !!! Tem alguns personagens com desenvolvimentos rasos? tem. Me importei? SIM.


Onde Está Meu Coração tinha tudo para marcar: um elenco estelar que, em boa parte, entregou uma excelente atuação mesmo, uma fotografia que não deixa nada a desejar a séries aclamadas internacionalmente, e, sobretudo, uma história central que poderia arrebatar a sua audiência.

Os problemas na condução do plot principal pra mim foram vários. Havia muitas formas de se contar o drama de alguém como Amanda que cai pro mundo das drogas; havia muitas formas de se tratar sobre a dependência química, mas parece que diante de tantas possibilidades, o roteiro pretendeu ser ousado sem saber como se sustentar. Antes tivesse preferido o feijão com arroz do que a feijoada indigesta. Já dizia o outro... better play safe than sorry.

Definitivamente uma série irreal (e de certo modo até irresponsável) sobre drogas. E não porque simplesmente retratou o drama da dependência química numa família de classe média alta, mas porque se acovardou quando poderia ter dado espaço em seu roteiro para críticas de fato pertinentes sobre o assunto a partir dessa perspectiva privilegiada da pessoa que está viciada e daqueles que lhe são próximos. Antes a série tivesse preferido flertar menos com tantas complexidades e se atentasse melhor à sua protagonista. Talvez o feijão com arroz aí teria sido mais gostoso.

Uma pena.