terça-feira, 8 de dezembro de 2020

Interpretada brilhantemente por Deborah Secco, Íris representa a voz do público em "Laços de Família"

 A reprise de "Laços de Família" vem fazendo sucesso no "Vale a Pena Ver de Novo". O clássico de Manoel Carlos completou 20 anos em 2020. A reexibição veio em boa hora. E uma das personagens mais marcantes da história foi a Íris, o primeiro papel de grande destaque de Deborah Secco na televisão. Na verdade, foi seu melhor momento da carreira. A menina era o perfil mais complexo do enredo, alternando traços claros de vilania com momentos de bastante sofrimento. 


Em uma olhar raso, Íris seria classificada como uma vilã. Mas não era. A personagem, inicialmente, tinha pouca relevância na novela, mas ao longo dos meses foi crescendo até tomar conta da trama e protagonizar cenas emblemáticas no núcleo principal. A virada da filha de Ingrid (Lília Cabral) acontece quando o pai, Laéssio (Fernando Torres), falece em um dos momentos mais dramáticos e sensíveis do folhetim.  Isso porque a garota é irmã de Helena (Vera Fisher), a protagonista, e sempre almejou sair do sul do país para conhecer o Rio de Janeiro e ainda ficar perto de seu amor platônico, o grosseiro Pedro (José Mayer).

O objetivo de Íris é alcançado quando Helena a convida para passar uns tempos em seu apartamento, no Leblon. E é a partir da mudança, antes temporária e depois definitiva, que ocorre o crescimento da personagem. Isso porque passa a representar a voz do público. A menina chega justo em um momento de grande conflito entre mãe e filha, que entram em guerra por Edu (Reynaldo Gianecchini). Enquanto Camila (Carolina Dieckmann) transborda grosseria com a mãe porque não sabe lidar com o amor que sente pelo padrasto, Helena sofre sem saber como se portar diante das constantes agressões da filha. Não demora para a irmã da protagonista perceber o que acontece diante de seus olhos. 

E Íris compra a briga da irmã sem pensar. Na verdade, une o útil ao agradável. Afinal, Íris nunca foi com a cara de Camila e vice-versa. A personagem também sempre invejou os privilégios de Camila. Mas o amor que sente por Helena é verdadeiro. Tanto que gostou da irmã assim que a conheceu e ambas se apoiaram muito após o falecimento de Laéssio. Mas, diante de Helena, Íris se porta como uma menina meiga e ingênua. Já com os demais não esconde seu jeito provocativo. Tanto que não perde a oportunidade de tirar a 'sobrinha' do sério com seu deboche. 

É justamente através da ironia que Íris vomita as verdades que o telespectador quer dizer a Camila. Helena engole a seco muitos dos ataques de Camila porque é sua filha. E a protagonista praticamente se anula pela felicidade da herdeira. Já Íris não se conforma e parte cada vez mais para o ataque. O apelido que deu para Camila até hoje é lembrado pelos fãs da trama: Judas. A cena em que escreve no espelho do banheiro (com um batom vermelho) o xingamento, para o choque de Camila, é uma das mais marcantes. E os embates são brilhantemente interpretados por Deborah Secco e Carolina Dieckmann. As duas crescem quando estão juntas. A grande ironia do núcleo é a aparente "vilã" ganhar torcida do público por defender a protagonista, quando na maioria dos folhetins a situação é oposta ----- a vilã é odiada e por prejudicar a protagonista. A filha acaba virando a "vilã", mesmo não sendo. 

Claro que Camila ter sido a única odiada nos anos 2000 expõe o machismo da época. Afinal, Edu é tão canalha quanto a filha de Helena. Ele a cortejou descaradamente e ela também não quis evitar em momento algum. Praticamente se enfiou na mansão de Alma (Marieta Severo) de forma bem descarada. Mas, há 20 anos, o telespectador só crucificava Camila. E Íris era essa voz. Caso a novela fosse produzida em 2020, provavelmente, a irmã de Helena atacaria Edu tanto quanto ataca Camila. O que seria bem mais justo. O fato é que a personagem seguiria sendo amada por grande parte da audiência. Mesmo com suas atitudes controversas. Vale lembrar que a forma como trata Ingrid, sua mãe, é cruel e seu comportamento diante da então esposa de Pedro, a amargurada Silvia (Eliete Cigarini), também provoca repulsa. Mas com Camila esse jeito combativo cai nas graças de quem assiste. E tem sido um prazer rever a trajetória de Íris em "Laços de Família". A melhor personagem de Deborah Secco, que brilhou absoluta. 

11 comentários:

John disse...

Gosto muito de ver como há esses choques de opiniões com a reexibição de novelas dos anos 2000. Coisas tido como normais naquela época hoje em dia seriam massacrados pelo público. Mas precisamos entender que naquele contexto era normal, mesmo sendo incorreto. Bom, hoje querem problematizar até o Chaves, fazer o que!!

Anônimo disse...

Que novelão!!!!!!!!

Anônimo disse...

Essa personagem provoca ódio e paixão. Assim que é personagem bom.

Heitor disse...

Representa mesmo porque ninguem nessa novela acha um absurdo a filha ficar com o ex da mãe só ela.

Anônimo disse...

Maneco e um nojento, fica tirando m*rda nas suas mulheres quando seus homens são culpáveis. Camila gana tudo o ódio e Edu nada, agora ele e visto como alguém que não quer se relacionar com a Camila de verdades, andava sobre ela, e sonhava com ela no hospital, ficava ciumento agora resulta que e ela a vadia ele não a quer.a narrativa do Edu apaixonado morre para manter pura a imagem do cafajeste, clássico do Maneco: Theo, Marcelo, Sergio, César e até Fred quem precisa ter uma esposa chata mais que nunca o traiu para shipearlo com a Capitu botando cara de sonso "nojo" agora o povo fala que ele não está interessado, apos de ser ele quem a chamou, me poupe. O autor só quere que Camila carreje sola essa cruz. Misoginia, Camila não e santa, menos a Íris mais e gostaria que o Edu tivesse mais ódio. E você Zamenza cara,calme-se ta caindo no jogo misógino de esse velho retrogrado do Manoel Carlos.

Anônimo disse...

Íris (Deborah Secco) é de fato uma das personagens mais marcantes de "Laços De Família" (2000) e esse jeito dúbio é justamente o que a torna tão cativante. Representa totalmente o público quando condena as atitudes de Camila (Carolina Dieckmann) ao roubar o namorado da mãe Helena (Vera Fischer), Edu (Reynaldo Gianecchini), que também tem atitudes reprováveis por corresponder aos sentimentos de Camila. Espero ler mais alguns textos aqui no blog realçando os motivos que tornaram inesquecíveis determinados personagens da novela.

Guilherme

Sérgio Santos disse...

Exato, John. É bom pra fazer o paralelo.

Sérgio Santos disse...

Isso, anonimo.

Sérgio Santos disse...

Verdade, Heitor.

Sérgio Santos disse...

Eu sei que o Maneco é machista, anonimo.

Sérgio Santos disse...

Pode deixar, Guilherme.