sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Simone Spoladore é um dos destaques de "Éramos Seis"

Há papéis que naturalmente favorecem o ator. Uma heroína destemida, um vilão ou vilã com frases de efeito e uma certa caricatura, enfim, não falta exemplo. Porém, também existe aquele personagem que tem tudo para destruir um ator: a mocinha idiota, o vilão insosso, o coadjuvante apagado, entre outros. Por isso é preciso enaltecer o brilhante trabalho de Simone Spoladore em "Éramos Seis", remake produzido pela Globo na faixa das 18h, na pele de um perfil que é uma armadilha para qualquer intérprete.


Clotilde reúne todas as características que costumam irritar o público e causar uma grande rejeição: é passiva, chorona, submissa, deslocada, religiosa, triste, conformada e sem qualquer leveza. Não é exagero constatar que provoca até uma certa depressão em quem assiste. Ou seja, na pele de uma atriz inexperiente ou fraca seria um verdadeiro fiasco. Seria impossível comover ou despertar qualquer empatia no telespectador. Mas a escalação da autora Angela Chaves e do diretor Carlos Araújo se mostrou certeira.

É impressionante como Simone está irretocável no papel. A expressão de tristeza profunda da atriz é precisa e desperta pena. O olhar cabisbaixo, os ombros curvados, a fala suave, quase se desculpando por existir, são outros elementos que viraram a marca da irmã de Lola (Gloria Pires). A personagem sempre se viu deslocada no mundo.
Quando vivia com a família, em Itapetininga, sofria com as provocações de Olga (Maria Eduarda de Carvalho), que vivia atrás de um marido e ria da timidez da irmã, muitas vezes através de piadas sobre ''ficar para titia", expressão comum nos anos 20/30, época da novela.

Tudo piorou no instante que Clotilde se apaixonou por Almeida (Ricardo Pereira). A esperança de um amor verdadeiro logo acabou diante da descoberta do estado civil do homem: desquitado. A situação era um escândalo naquele tempo e a personagem, religiosa ao extremo, não teve coragem de bancar esse sentimento diante dos olhos da preconceituosa sociedade. Almeida se declarou, prometeu um lar e uma vida ao seu lado, mas de nada adiantou. Doze anos se passaram e a irmã de Lola ficou todo esse tempo amargurada e se odiando por sua covardia. Quis o destino que Clotilde voltasse para São Paulo para ajudar a matriarca da família Lemos e se deparasse com um passado não esquecido. Embora tenha alimentado uma pequena expectativa do reencontro, logo ocorreu a frustração assim que descobriu a nova esposa de Almeida. Afinal, ele não ficou esperando a amada por tanto tempo.

Toda essa avalanche de sofrimento e decepções são vivenciados com uma entrega de Simone que conquistou o público. Dá vontade de consolar a personagem, abraçá-la, protegê-la. Mérito da composição tão visceral da atriz. A dor de Clotilde é sentida com facilidade e em todos os momentos. Mesmo quando sorri em situações onde a alegria está nos outros e não nela. Aliás, quem nunca fingiu um sorriso em reuniões familiares ou entre amigos sem estar realmente alegre? E a química entre Simone e Ricardo Pereira se mostra perfeita. O ator até declarou em uma entrevista que ambos criaram uma espécie de "bolha" durante as cenas através dos olhares profundos, como se só existissem os dois no mundo. Funciona e transparece na tela. As cenas mais recentes destacaram ainda mais a entrega da atriz, vide o emocionante momento do parto da personagem, sozinha em uma estação ferroviária. Uma mãe solteira que teve seu filho na mais dolorosa solidão.

Simone Spoladore foi revelada na televisão em "Os Maias," de 2001, na Globo. Um ano depois brilhou em "Esperança" (2002), "América" (2005) e no remake de "O Profeta" (2006). Em 2009 foi contratada pela Record, onde atuou em "Bela, a feia" (2009), "Vidas em Jogo" (2011), "Balacobaco" (2012), e "Pecado Mortal" (2013). Também deu um show na série "Magnífica 70", da HBO, entre 2015 e 2018. Agora, de volta à emissora que a lançou, comprova seu talento no ótimo remake baseado na obra de Maria José Dupré e na novela exibida pelo SBT em 1994. Clotilde ganhou uma intérprete que sabe defendê-la com maestria.

11 comentários:

Anônimo disse...

Que nunca mais saia da Globo!!!

FABIOTV disse...

Olá, tudo bem? Tenho muitas ressalvas com esse remake, mas, de fato, as histórias paralelas sobressaem. O núcleo de Itapetininga, liderado por Olga (Maria Eduarda de Carvalho) e Zeca (Eduardo Sterblitch), é o ponto forte. E Simone Spoladore encarna a dramaticidade de Clotilde que é a personagem mais bem trabalhada nesta adaptação. Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br

Nina disse...

Simone está maravilhosa e seu texto descreve com perfeição o talento dela.

Anônimo disse...

EU AMO ESSA ATRIZ!!!!!!!!!

Anônimo disse...

O retorno de Simone Spoladore à Rede Globo não poderia ser mais do que necessário, ainda mais na pele de uma personagem que honra o seu talento, a Clotilde de "Éramos Seis".

Guilherme

chica disse...

Apesar de não assistir, sei do bom trabalho dela! Lindo fds! abração, tudo de bom,chica

Unknown disse...

Tomara que continue na globo, bem que podia fazer a próxima novela do João Emanuel Carneiro.

Regin@ disse...

Voltou com tudo! Clotilde se tornou minha personagem favorita da novela, por causa da atuação impecável de Simone Spoladore. Magnífica!

Lulu on the sky disse...

Ela é muito boa atriz.
Big beijos
www.luluonthesky.com

Anônimo disse...

Ela é muito boa mesmo. Não sei se você viu Bela, a feia, mas ela interpretou uma perua cômica e vilã. Foi ótima também. E agora faz algo completamente diferente comprovando sua versatilidade. Eu não pude te fazer uma pergunta no texto sobre o Big brother, então vou aproveitar para fazer agora. Você já fez um texto sobre Vivian Amorim e eu queria saber o que você acha dela está no Multishow ao invés da Rede BBB? Ana Clara permaneceu lá e Vivian que foi para o outro. Você achou isso bom? Adorei o seu texto.
(Matheus).

Anônimo disse...

Ela está perfeita. A novela também está muito boa. Sérgio, vc já assistiu uma novela chamada 'Era Uma Vez' de Walther Negrão que eu acho que também passou no horário das 6 horas? Eu lembro que assisti essa novela quando ainda era uma criança. Gostei muito do texto. Parabéns.