"BBB 20": babaquice é entretenimento?

A vigésima edição do "Big Brother Brasil" parece realmente ter caído nas graças do público. Embora a audiência não esteja extraordinária, há uma elevação visível em relação ao ano anterior (a pior da história do reality) e a repercussão é alta, tanto nas redes sociais quanto no boca a boca. Porém, algo tem chamado a atenção em alguns debates sobre a atração: a defesa da permanência de pessoas deprimentes em prol do entretenimento.

Logo na primeira semana ficou visível que o elenco masculino tinha sido muito mal escalado em se tratando de integridade ou inteligência. Quase todos os homens se mostraram machistas, ignorantes, sexistas e alguns praticaram assédio (Pétrix, Pyong e Felipe). Claro que a consequência foi uma maior quantidade de embates com as mulheres e uma natural movimentação do jogo através de ótimos conflitos e rivalidades declaradas. Por isso mesmo, uma parcela do público era contra a eliminação precoce dessas pessoas.

Porém, algumas atitudes de vários participantes vão além do mero jogo. São comentários asquerosos e atitudes repugnantes que jamais seriam toleradas na 'vida real'. Hadson foi um  dos mentores do plano de seduzirem as mulheres compromissadas da casa para a imagem delas ser destruída perante o público.
A estratégia foi a responsável pela maior virada do jogo até então. Marcela e Gizelly revelaram para todas as mulheres e houve uma revolução na casa, que teve uma nova narrativa com a entrada de Ivy e Daniel revelando informações externas dando razão ao time feminino.

Hadson era o líder do trio que se opunha ao grupo maior. Por isso muitos telespectadores garantiram que a sua eliminação mataria o programa e exigiram sua permanência. Não adiantou, a maioria votante optou pela saída do participante. E o jogo não morreu. Pelo contrário, Lucas assumiu o posto de mais odiável do reality e, além de ter continuado proferindo comentários deploráveis sobre as mulheres, não deu nenhuma estaleca (dinheiro usado no formato para adquirir comida ou presentes) no dia das compras, o que prejudicou todo o grupo que estava na xepa. Thelma ainda o humilhou durante uma discussão, onde a maior defesa dele era "ser um homem de berço". Obviamente, houve outra tentativa de parte do público pela não eliminação do rapaz e a justificativa era a mesma: a disputa ficaria morna sem ele.

E mais uma vez a competição não ficou modorrenta. Querendo ou não, a seleção da atual temporada foi muito boa e todos têm potencial para brigas, enfrentamentos e boas jogadas. Há rivalidades explícitas até entre os grupos opositores formados. Dificilmente a atual edição perderá o fôlego. Mas agora o novo 'defendido' é Felipe. Ainda que tenha proferido vários comentários machistas e preconceituosos, humilhado Victor Hugo de todas as formas ---- a mais grave foi na última segunda-feira (17/02) durante o jogo da discórdia quando jogou a plaquinha com o nome do rival em um vaso de planta na frente de todos ----, e tenha protagonizado uma polêmica conversa sobre zoofilia no início da atração, o participante virou o queridinho de parte da bolha das redes sociais. Sem ele o divertimento acaba, garantem.

O fato é que sem Prior o jogo sofrerá uma nova virada. O conjunto terá um inevitável rearranjo que já vem se desenhando e promete bons enfrentamentos. Rafa já não tolera mais Mari e Flay, sabendo que a recíproca é verdadeira. A blogueira ainda tem uma rivalidade com Bianca vista desde a primeira semana. Os recém-chegados Daniel e Ivy mostram que não vão seguir Pyong e essa manobra começa a afetar um pouco Marcela. Gi e Thelma seguem juntas com o hipnólogo, mas é difícil saber como o laço com Marcela afetará a questão. Babu se perdeu por completo e transformou a casa toda em inimiga, com exceção de Felipe e Thelma. Victor surpreendeu e mostrou atitude, após semanas completamente excluído. E o triângulo ensaiado para as câmeras formado por Guilherme, Gabi e Bianca é outro vulcão prestes a entrar em erupção. Ele claramente é apaixonado pela influencer e usa a cantora sertaneja, que percebe e permite ser usada para bancar a vítima, com o intuito do público comprar o casalzinho da Disney. Gui só não percebe que essa estratégia não tem como durar muito sem ele virar o vilão da vez.

O "BBB 20" está muito bom e vem prendendo quem assiste. Por isso mesmo a defesa da permanência de participantes que já protagonizaram todos os conflitos que poderiam e nada mais acrescentam se mostra controversa. Também já fui adepto dessa tese há alguns anos sobre a dinâmica do "Big Brother Brasil". Mas desde que vários perfis lamentáveis começaram a ganhar o reality me vi obrigado a mudar de opinião. A edição fracassada do passado é a maior prova do alto risco. Afinal, babaquice é entretenimento?