Tudo sobre a primeira coletiva online de "Amor Perfeito", a próxima novela das seis

 A Globo promoveu nesta terça-feira, dia 7, a primeira coletiva online de "Amor Perfeito", a próxima novela das seis, escrita por Duca Rachid, Júlio Fisher e Elisio Lopes Jr., dirigida por André Câmara. Participaram os três autores, o diretor e os atores: Camila Queiroz, Diogo Almeida, Babu Santana, Bernardo Berro, Ana Cecília Costa, Lucy Ramos, Bruno Montaleone, Iza Moreira, Chico Pelúcio e Carmo Dalla Vechia. Fui um dos convidados e conto sobre o bate-papo. 

Júlio Fisher comentou sobre o ponto de partida para a criação do enredo: "A primeira ideia da novela foi o livro "Marcelino Pão e Vinho", porém, só o livro, assim como o filme, não tem estrutura de folhetim. Então a partir desta semente criamos um folhetim. Fizemos a mãe do Marcelino e tudo o que cerca essa mãe. No livro, ele sabe que a mãe dele morreu. E nós decidimos não fazer por aí. Deixamos a mãe viva. É como se a gente encontrasse um fóssil de dinossauro e fosse reconstruindo. A irmandade e o Grande Hotel funcionam como os grandes polos. O hotel carrega o glamour da década de 40 e vai ser o foco de disputa entre a Marê (Camila Queiroz) e a Gilda (Mariana Ximenes). O hotel atrai a elite da época que vai para se aproveitar da natureza com suas águas termais. O ano de 1942, que ambienta a novela, é muito feliz porque o Brasil ainda não entrou ativamente na Segunda Guerra. A gente vai tentar transmitir a pulsação dessa época.", adiantou o autor.

 Duca Rachid complementou o colega: "A ideia inicial foi puramente afetiva porque 'Marcelino Pão e Vinho' foi o primeiro filme que vi e com a minha avó, que era analfabeta. Isso me marcou muito. Enxerguei um potencial dramatúrgico também. Eu li o livro acho que com sete ou oito anos. Todas as minhas histórias passam por escolhas afetivas. E é um projeto antigo que eu e o Júlio fizemos quando ainda estávamos escrevendo 'O Sítio do Pica-Pau Amarelo', em 2003.

A gente vai ver muita coisa do livro, mas muita história que tivemos que construir. O Hotel funciona como a arena da disputa e a Irmandade como a arena do amor. A gente tentou retratar um Brasil mais real e descobrimos uma elite negra que sempre existiu no Brasil e foi apagada por uma narrativa hegemônica do sul e sudeste. A gente vai falar de racismo, mas os personagens não estão lá só para serem afetados pelo racismo. Tentamos recuperar esse valor negro que sempre existiu no Brasil." 

O autor Elisio Lopes fez questão de enfatizar: "Nossa cidade do interior de Minas, fronteira com a Bahia, serve como caracterização que dialogo com o livro, mas que traz para gente uma diversidade que estava ali, mas não estava sendo retratada. Até porque é muito difícil achar registros, até pela questão econômica porque até para tirar uma foto precisava de muito dinheiro. E o grande objetivo da novela é falar do amor, do amor diverso, do amor entre mãe e filho, e o que consiste a diversidade de raças. E também falamos da terceira idade através dos padres porque são todos idosos e eles se dedicam ao menino. A gente queria essa coisa geracional da criança com os idosos como se fosse um novo arranjo familiar.", observou o escritor.

André Câmara falou de sua estreia como diretor artístico: "O desafio de fazer uma novela é muito grande. Fazer 'Amor Perfeito' está significando um grande presente. Tem algo peculiar. Já li várias sinopses de novela, mas essa tem uma singularidade. Os personagens são apresentados como pretos e brancos. Nunca vi isso em sinopses e os pretos eram sempre colocados em condições desiguais dos brancos. Pensando em como jogar luz nesse povo que sempre viveu nas sombras, principalmente nas décadas de 30 e 40, usamos nosso desejo estético baseado na série 'Bridgerton'. Colocá-los elegantes e sem mexer no cabelo. Só que a série ignorava a questão do racismo e da escravização e nós não podemos fazer isso. Mas ao mesmo tempo não colocamos os personagens sofrendo racismo e abaixando a cabeça. Eles respondem na hora. Aí pegamos referência em Tarcila do Amaral, por exemplo. O desafio é grande, mas só está começando. Estamos gravando os primeiros 15 capítulos e temos mais 150 pela frente!", se animou o diretor. 

Babu Santana expôs seu ânimo com o novo papel: "O Severo vai ser um disciplinador. Ele tende a ser um pouco mais cômico e até comentei que a minha dificuldade em me tornar mais duro porque é um ambiente muito doce. É um personagem diferente de tudo o que eu já fiz. Voltei a frequentar algumas missas. E já somos uma família. Tony Tornado foi um presente que a novela me traz porque sempre foi uma referência para mim. É uma família. E o Severo, por mais que seja disciplinador, é um cara do bem. Tem uma bondade muito grande, mas a sua vida foi dura e acredita na disciplina. É um dos personagens mais complexos que recebi na minha carreira em se tratando de novela.", contou o ator. 

Bernardo Berro analisou seu personagem: "Padre Donato é um personagem encantador de poder abraçar. Enxergo ele como uma mãe postiça do Marcelino. É um trabalho muito prazeroso vivenciar essa troca todo dia com os atores. É uma experiência muito legal construir com eles. Donato é muito emotivo e baba pelo menino. Mesmo sabendo da vocação, sente o laço familiar de uma forma diferente. A gente começa a ver como ele chegou nesse lugar que está hoje. E na irmandade ele é um filho cuidando de pais e quando chega o menino vira o pai cuidando do filho. É uma casa que representa muitos amores diferentes. É um cuidando do outro e ajudando o outro. Tá sendo uma experiência incrível trabalhar com Levi (Asaf, intérprete de Marcelino) que é um menino doce. Já trabalhei com muita criança em teatro musical e ele tem 9 anos. Com essa idade muita criança já perde a essência de ser criança, mas ele não perdeu. E espero que não deixemos perder!", se emocionou o intérprete.  

Chico Pelúcio também analisou o seu papel: "Padre Diógenes tem como característica principal uma certa ranzinzice. Cria uma relação com os padres em que ele critica e reclama das coisas que fazem, mas traz dentro de si um desejo, uma vontade muito grande de viajar na ficção. Ele ouve novelas no rádio e se empolga, tem um amor pelo cinema. Está dentro de uma irmandade que alimenta duas situações fundamentais: desmistificar esse formato de família que sempre foi muito opressor e agora temos várias formas de família. O menino tem uma família, um amor paterno não biológico. E a outra característica é a convivência pelas diferenças. Somos de diferentes ordens religiosas, mas que convivem ali por objetivos comuns que é tornar aquela cidadezinha mais fraterna e amorosa. Eles vão contra as injustiças e as mazelas que acontecem na cidade.", contou o ator. 

Camila Queiroz estava animada para viver sua nova mocinha: "Para Marê é uma gravidez inesperada. Ainda mais falando em anos 30. Imagina só engravidar de um homem que não é o seu marido. E todo o processo de descobrir a gravidez na cadeia, a prisão injusta, perdeu o seu pai, enfim, vou acabar dando muito spoiler. O filho é roubado dela logo no parto. É uma busca. Tem o laço deles que nunca é rompido e nove anos depois vai atrás desse filho quando sai da cadeia. O que ela sente por ele é muito forte. Tem aquela coisa de descobrimento, um amor inexplicável e a maior coisa que existe dentro dela. Gravei uma única cena com o Levi até agora. Foi algo mais lúdico e ele estava querendo brincar. Me imaginei como seria eu criança com 9 anos na Rede Globo. Esse encontro vai ser o mais aguardado por todos e vai se dar de maneira diferente do que todos estão esperando. É uma novela que vai emocionar em todos os núcleos.", afirmou a atriz. 

Ana Cecília Costa é uma figura frequente nas tramas de Duca e adiantou um pouco sobre sua personagem: "Veronica não tem uma referência de mãe. A família dela é o filho fruto da relação com o Alsemo, vivido pelo Paulto Betti, que é o prefeito. E é uma mulher fogosa. Ela ama muito o marido e os dois têm uma química sexual muito forte. É uma mulher quente, uma mulher meio estilo Jorge Amado. Em novela, a gente constrói a personagem com a caracterização e gravando. Agradeço demais a possibilidade de estar interpretando ela. É uma personagem que representa muito o amor e a coragem dela é admirável por estar vivendo a sexualidade dela. E a sua relação com o filho muda quando ele descobre que ela tem um amante." 

Lucy Ramos falou sobre os conflitos de sua personagem: "Um dos maiores sonhos da Livia é construir uma familia gigante. E o marido topou essa ideia porque também tinha esse desejo. Mas depois de várias tentativas e exames, eles não conseguiram engravidar. E o marido determinado dia apareceu com um bebê. Aí a alegria surgiu naquela família. A adoção resolveu aquela questão. A realização dela em ser mãe, independente de ser adotado ou não. Mas o marido dela é muito bravo, truculento. E quando ela se depara com a situação de poder perder o bebê dela...", deixou no ar a atriz.

Bruno Montaleone falou rapidamente sobre o desafio de estar em um folhetim das 18h: "Interpretar personagem de época exige que a gente conheça os costumes. E a Globo faz uma preparação para gente muito legal. É muito importante que a gente tenha cuidado de contar essa história de forma muito real. Tinha muito medo de fazer uma novela das seis, mas a gente recebe muita ajuda. Quero aproveitar para falar que estou muito feliz e a nossa novela está muito bonita!", contou o ator que interpreta Ivan, filho do prefeito e da primeira-dama (Zezé Polessa). 

Diogo Almeida falou de seu mocinho: "Tenho recebido muitas mensagens carinhosas. Me sinto acolhido e abraçado. Sou da área da saúde também. Sou psicólogo, além de ator. E tenho relação próxima com médicos e médicas. Já até pensei em cursar medicina. Venho fazendo pesquisas sobre médicos das décadas de 30 e 40. Até fiz plantão com alguns amigos para vivenciar um pouco. Orlando é um médico que fez residência em ortopedia. Todos que estão envolvidos nesse trabalho me ajudam muito na construção desse personagem. E não conhecia a Camila Queiroz. Venho sendo testado para o personagem desde agosto de 2022. E agora falo que sou o protagonista da novela das seis e sempre sonhei em estar nesse lugar. Acreditei muito que estaria. Quando estava fazendo os testes falei para a Camila que imaginava como seria a Marê porque eu contracenava com um papelão. E fiquei feliz em saber que era a Camila. Ela é muito generosa. Respeitamos o espaço de cada um. Uma amizade que estamos construindo. Ainda não gravamos com o Levi que é uma fofura. Mas queremos muito levar o Levi com a gente nessa viagem. Eu acredito que a novela já é um sucesso!", se empolgou o ator em sua estreia na televisão. 

Carmo Dalla Vechia fez um rápido comentário sobre a repetição da parceria com a autora e de deu papel na nova trama: "A Duca eu posso falar porque fiz todas as novelas dela. São histórias de uma profundidade grande. O meu personagem ser homossexual na década de 40 é de muita importância. Um assunto é vem à tona de forma muito bonita na novela. Porque o preconceito que ele vai sofrer segue atual.", resumiu o ator que vive o advogado Érico.

Iza Moreira finalizou a coletiva comentando sobre o amor platônico de sua personagem: "Estou muito feliz em representar Tânia Batista. É uma menina. Trabalha como camareira no Grande Hotel e é muito doce. Ela vai viver o amor por um noviço e eu acredido em amores impossíveis. O que me faz acreditar neles é acreditar que ainda existem possibilidades. O amor deles é o genuíno do primeiro amor. E eu, Iza, acredito na verdade do amor que ele sente por ela. Com o Paulo (Mendes, intérprete do noviço Luís) conseguimos encontrar o tom da inocência.", contou a atriz. 

"Amor Perfeito" estreia no dia 20 de março, substituindo "Mar do Sertão".