segunda-feira, 27 de junho de 2022

Irritante flerte entre Zé Lucas e Juma nada acrescenta ao roteiro de "Pantanal"

 O remake de "Pantanal" vem apresentando poucas diferenças da versão original, exibida em 1990 na Rede Manchete. Na verdade são raras as alterações no texto e nas situações apresentadas. Isso porque Bruno Luperi não esconde a admiração e o respeito que tem pela obra do avô, Benedito Ruy Barbosa. O autor admite que se preocupou em 'não estragar nada'. É compreensível a sua atitude e o sucesso da trama na Globo vem provando que não está errado. No entanto, alguns conflitos mereciam alteração. Como é o caso do flerte entre Zé Lucas e Juma. 


Irandhir Santos e Alanis Guillen estão irretocáveis na novela desde o início. No caso de Irandhir ainda houve um bônus de seu brilhante desempenho na primeira fase como Joventino. É importante lembrar que o José Lucas de Nada só entrou na novela em 1990 porque o público se indignou com a saída de Paulo Gorgulho. O intérprete viveu Zé Leôncio na primeira fase e foi substituído por Cláudio Marzo na segunda. Os telespectadores escreviam muitas cartas reclamando da sua ausência. Benedito, então, criou um novo filho para o protagonista. 

Só que como foi um personagem criado sem muito planejamento, em determinado momento da trama o autor ficou sem saber o que fazer com ele. E o interesse cada vez maior em Juma serviu como conflito para Zé. Há até uma cena em que o filho de Leôncio tenta agarrá-la à força, algo que seria inadmissível atualmente para um personagem que não é um vilão.

Mas o 'clima' entre eles não dura muito e logo cede espaço para novos arcos. A situação não foi relevante para os desdobramentos da história e nem gerou novas viradas. Apenas expôs uma tentativa do autor de disfarçar a 'barriga' (período em que nada de relevante acontece) da novela, que foi bem evidente, até porque teve 216 capítulos e nos anos 90 era normal todo folhetim ter um ritmo mais arrastado. Ou seja, havia necessidade de manter o 'conflito' no remake? 

Luperi acha que sim, mas o resultado no ar vem expondo o contrário. É sempre um prazer ver Irandhir e Alanis em cena, mas a situação incomoda quem assiste. Não houve um bom desenvolvimento para o súbito amor que Zé passou a sentir por Juma e muito menos o 'tesão' que Juma está sentindo por ele. Na verdade, o caso de Juma fica subentendido como uma atração que a personagem não consegue identificar. Mas na versão original a 'menina-onça' é bem mais firme contra as investidas do irmão de seu 'namorado'. Aliás, o fato de Zé ser irmão de Jove expõe uma falha de caráter que só enfraquece o papel. Claro que não há a necessidade de um tipo maniqueísta, é sempre bom quando uma pessoa tem suas contradições, mas em que a situação acrescenta para o perfil de Lucas? Nada. 

E a rapidez da abertura que Juma deu para Zé também soou forçada. Joventino (Jesuíta Barbosa) demorou um longo tempo para conseguir uma mísera brecha para uma aproximação. Já seu irmão conseguiu sem dificuldade. E vale ressaltar que a personagem não se abre nem com pessoas como Filó (Dira Paes), Zé Leôncio (Marcos Palmeira) e Irma (Camila Morgado). É claramente um arco criado apenas para preencher o tempo dos capítulos e que não movimenta a trama. É o típico contexto que não afetaria a narrativa se não existisse. Por isso é tão questionável o autor evitar ao máximo qualquer alteração na trama original, onde prefere até repetir o que não funcionou ao invés de criar um novo conflito. Caso a Madeleine (Karine Teles) estivesse viva, por exemplo, diferente da novela de 32 anos atrás, era o momento exato para desenvolver o 'plot' do seu retorno ou sua adaptação no pantanal tendo o suporte do Velho do Rio (Osmar Prado). Despertaria muito mais atenção do que o 'romance' que nunca acontecerá.

"Pantanal" segue com a qualidade de sempre, mas é difícil não criticar o flerte sem sentido entre Zé Lucas e Juma. Um conflito que não deveria ter sido criado em 1990 e muito menos repetido em 2022. 

18 comentários:

Anônimo disse...

Não só em "Pantanal", mas também em "Além Da Ilusão" e "Cara E Coragem" têm sido exibidas sequências que despertam "reiva" em quem acompanha os folhetins.

Guilherme

Anônimo disse...

PERFEITA COLOCAÇÃO.

Sérgio Santos disse...

Boa percepção, Guilherme... Concordo.

Sérgio Santos disse...

Obrigado, anonimo.

MARILENE disse...

Você fez ótima observação, Sérgio! Concordo, totalmente. Abraço.

Teresa Isabel Silva disse...

Não acompanho a novela, mas é sempre bom saber!

Bjxxx
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Lulu on the sky disse...

Certas situações são extremamente forçadas e penso que é uma forma de "esticar a trama" senão a novela acaba logo.
Nem estou vendo esse remake porque eu assisti a versão original e lembro da trama toda, apesar do elenco atual ser extremamente talentoso.
big beijos
www.luluonthesky.com

Anonimo disse...

Eu do pouco que tenho visto de pantanal deu para ver que bruno luperi pouco ou quase nada mexeu no texto do avo so algumas pequenas alteracoes e nada mais de resto tudo igual bem preguicoso esse bruno luperi hein .
Que facil escrever uma novela fazendo copy past nossa assim ate eu seria autora .

sss disse...

Surreal o autor não mudar nadaaaa. Vejo alguns acertos, como a troca de atores mais novos pelos seus respectivos na versão mais velha na passagem de tempo. Mas o autor tem pecado muito em não mudar certos contextos, que na época eram válidos e agora não são.

Anônimo disse...

Certeiro Sérgio!

Anônimo disse...

Acredito que o único defeito desse remake é o fato do Bruno Luperi não querer mudar praticamente nada. Não há necessidade de repetir os erros e inclusive a morte de Madeleine que foi um desperdício. Mudando um pouco o de assunto estou ansioso por um texto seu sobre Cara e Coragem. Apesar de já está explícito que você está detestando essa novela. E não é para menos, é um verdadeiro porre. A única história relevante é a da Clarice e mesmo assim é pura enrolação. Os personagens também são sem carisma. Você nem tweeta sobre essa novela, mas chegou a falar que acha tão chata o quanto Pega Pega e que só basta assistir o final dos capítulos para ficar por dentro de que está tudo do mesmo jeito. Concordo plenamente com você. Inclusive, os conflitos bobos de Pega Pega se repetem aqui. As tramas paralelas são uma bobagem só. Saudade imensa de Quanto mais vida melhor. A novela está enrolando no primeiro mês, imagina no restante do tempo. São quase 200 capítulos. Enfim, adorei esse texto e aguardo um texto sobre Cara e Coragem. Parabéns.

Sérgio Santos disse...

Obrigado, Marilene.

Sérgio Santos disse...

Bjs, Teresa.

Sérgio Santos disse...

Entendo, Lulu...

Sérgio Santos disse...

Concordo, anonimo.

Sérgio Santos disse...

Sim, ele não muda nada, sss.

Sérgio Santos disse...

Valeeu, anonimo.

Sérgio Santos disse...

Virá, anonimo. Aguarde!