Daniel Ortiz foi pego de surpresa com o encerramento brusco de sua história, assim como o próprio público, e precisou pensar em um final de capítulo impactante para prender o telespectador até o retorno da normalidade ---- que ninguém sabe ainda quando será. E conseguiu ousar com um desdobramento digno de final de temporada de ótimas séries internacionais. O autor deixou o besteirol, que norteia o enredo, um pouco de lado e destacou mais todo o contexto envolvendo a até então grande vilã Dominique (Guilhermina Guinle). Para isso, desvendou um dos maiores mistérios do roteiro e ainda proporcionou uma boa virada.
A bandida que assassinou um juiz que investigava corruptos na primeira semana de novela não teve um grande destaque até o momento. Houve uma preocupação em desenvolver mais o lado leve de "Salve-se Quem Puder".
Mas sempre ficou claro que o conflito que envolve Dominique e o sobrinho Renzo (Rafael Cardos) ---- um rapaz que tentou ser vilão e não conseguiu ---- é um dos pontos positivos da novela, assim como a misteriosa relação que a vilã tem com a governanta Lúcia (Cristina Pereira). E a dúvida a respeito da identidade do poderoso homem que ordenava os crimes também engrandecia o núcleo. Afinal, a ricaça é apenas uma subordinada.
O autor guardaria essa informação por mais tempo, mas se viu obrigado a antecipar por conta da interrupção da trama. E deu certo. Hugo (Leopoldo Pacheco) é o mandante e o grande malvado da história. O momento da revelação ainda se deu logo depois de outro enigma desvendado: o abandono de Luna (Juliana Paiva). Helena (Flávia Alessandra) frequenta algum lugar escondida do marido (outra charada do núcleo) e acabou flagrada quando chegou em casa mais marte. Em uma briga mais forte, a até então fria mulher desabou e lembrou do trauma de seu passado. Ao contrário dos indícios, a personagem não abandou a filha. Ela acha que Luna e Mário (Murilo Rosa), seu então marido, foram assassinados. E Hugo está claramente envolvido no plano de deixá-la culpada. Esse fato, no entanto, segue bem guardado. Vale elogiar Flávia Alessandra e Leopoldo Pacheco em todas as cenas citadas.
Já o grande gancho ficou nas mãos de Dominique e Luna. Logo após a conversa com Hugo, a vilã quase atropelou a mocinha e as duas se reconheceram. A tensão pairou no ar e gerou uma catarse inesperada. A mexicana tentou fugir, mas acabou encurralada e ameaçada com uma arma pela assassina. A "primeira parte" foi interrompida justo no momento de maior adrenalina desde a estreia. Juliana Paiva e Guilhermina Guinle merecem elogios, assim como a direção de Fred Mayrink. Era difícil imaginar que a protagonista mais sensata seria a primeira flagrada pela inimiga. Ponto para o autor que driblou bem a obviedade. Era mais fácil Alexia (Deborah Secco) e Kyra (Vitória Strada) serem pegas pela burrice de ambas. Mas a situação apenas comprovou que o enredo de Luna é o melhor estruturado do folhetim, como já analisado neste blog.
"Salve-se Quem Puder" teve um encerramento de ótimo impacto e que promete render vários desdobramentos atrativos no retorno da novela. Uma jogada de mestre de Daniel Ortiz. Pena que é impossível saber quando as gravações serão retomadas por conta da pandemia. Que seja em breve e com corona vírus eliminado.
14 comentários:
Flávia Alessandra, Leopoldo Pacheco, Guilhermina Guinle e Juliana Paiva ótimos
Ja tava cansado da novela e me animei com o gancho.
Ameiiii!
Concordo e foi um gancho muito melhor que o de Amor de MAE.
Eu fiquei sem fôlego com essa cena da Dominique e Luna.
PENA QUE ACABOU NA MELHOR PARTE!!!
Tô com medo de ser só uma alucinação da Luna, igual aconteceu com a Alexia
Concordo, anonimo.
Tb, anonimo.
Que bom, chaconerrilla.
Tb achei, Heitor.
Foi mt boa, Andie.
Pois é, anonimo.
Aí será ridiculo, anonimo.
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