A Globo promoveu na primeira quinta-feira de abril, dia 10, a segunda coletiva virtual de 'Dona de Mim', próxima novela das sete escrita por Rosane Svartman e dirigida por Allan Fiterman. Participaram o diretor e os atores Ernani Moraes, Giovana Cordeiro, Vilma Melo, Giovanna Lancellotti, Cyda Moreno, Humberto Morais, Haonê Thinar, Faiska Alves, Felipe Simas, Pedro Fernandes, L7nnon Frassetti, Carol Marra, Cecília Sanchez, Giovanna Jesus, Nikolly Fernandes, PK, Adélio Lima e Clara Moneke. Fui um dos convidado e conto sobre o bate-papo a seguir.
Ernani Moraes não escondeu a animação: "Meu último trabalho na Globo foi 'Nos Tempos do Imperador' e essa nova novela se chama 'Dona de Mim', mas podia ser 'A Vida como ela é'. É o texto mais real que já fiz e o texto que mais se enquadra no Rio de Janeiro. Estou gostando muito do texto. Vou ser o dono de uma padaria e a novela inteira vai passar por ela. Estou muito impressionado com o nível do elenco, a equipe que trabalha atrás das câmeras é espetacular e essa novela vai dar o que falar".
Vilma Melo complementou: "A expectativa é lá no alto porque é uma novela da Rosane. Ela só emplaca sucessos e 'Vai na Fé' foi um sucesso estrondoso. Sou muito apaixonada pela nossa protagonista, como mulher, como jovem, e na representatividade. Ser uma novela dirigia pelo Allan, ter esse elenco preto, enfim.
O elenco foi selecionado a dedo. A gente vai ter uma empatia grande com o público, uma identificação. Porque todo mundo se identifica, ainda mais com o núcleo de São Cristóvão. Estamos com uma oportunidade muito grande de emocionar o Brasil".Cyda Moreno fez questão de falar sobre a representatividade: "Vejo essa novela como um grande print do universo. A gente tá vivendo um momento delicado nas novelas diante de tantas vertentes que a sociedade tem como entretenimento. Porque tem sido difícil as novelas atingirem aquele Ibope de antigamente. Os trabalhos da Rosane têm a questão da inclusão e que representa grande parte da sociedade brasileira que não é representada e a gente precisa se ver. Eu, a Vilma, os outros atores da nossa geração, a gente é resistência. Porque a gente não se via. Basta ver as novelas no Viva --- canal a cabo que reprisa a programação da Globo. A própria reprise de 'História de Amor' a gente vê que não tem um preto no elenco. Trabalho em escola pública e a maioria é de afrodescendentes. E ali há um grande racismo porque vários não querem ser vistos como pretos. São tantos temas em pauta hoje em dia que a nossa responsabilidade como artistas é muito grande, o que me faz ver que essa novela será um sucesso. O texto é primoroso, a direção nos acolhe. Estou encantada com o Allan porque ele tem uma humanidade que não é comum em diretores no geral. Nunca tinha feito uma novela que a gente grava o que vai ao ar dois meses depois. A gente vai bombar, lamento. A gente chegou para ficar. E a gente tá incomodando. Muita gente falando 'ah, só tem preto agora. Ela é ruim, não é porque é preta não'. Sendo que durante anos a televisão foi feita com muitos atores brancos fracos e ninguém reclamava. Axé ao sangue dos nossos ancestrais. Viemos pra ficar. Gratidão, Rosane".
Clara Moneke acrescentou: "Estou em estado de êxtase com esse projeto. As expectativas são as melhores. Tá muito na cara que o Brasil quer se ver. A população não está mais aceitando qualquer tipo de conteúdo e a televisão está correndo atrás. Temos uma nova trinca de protagonistas negras. Me sinto uma contadora de histórias e a história de uma mulher negra que vence precisa ser contada. A gente veio de 'Vai na Fé' e a gente sabe o que o brasileiro gosta. O casal com o Humberto Morais tem um apelo muito forte que é o do tempo. A Leo vai transitar entre os irmãos e o amor do passado. A relação com o Marlon tem um adicional que é a história deles. Existe esse amor muito ferido, machucado e mal resolvido entre eles. A gente não sabe o que vai acontecer. Eu particularmente torço por esse casal, mas torço pelas possibilidades da Leona viver outras coisas para ser dona de si. Tanto o Marlon quanto a Leo são corpos quebrados que precisam se consertar para viver outras histórias".
Allan Fiterman falou da qualidade do projeto: "Quero agradecer esse elenco maravilhoso. A gente está trazendo cada vez mais diversidade para a televisão brasileira. Rosane é uma autora carimbada e sabe como ninguém escrever novela das sete. Meu maior objetivo é que a gente consiga trazer entretenimento para as pessoas de forma divertida e leve. Estou gostando da novela mesmo. Sou apaixonado pela Clara, a gente já está em nosso terceiro trabalho. Fui um dos maiores incentivadores para a Clara fazer seu primeiro trabalho como protagonista. Não tenho dúvidas que a gente vai arrasar".
Humberto Morais falou de seu mocinho: "Só tenho que agradecer a Globo por fazer esse protagonista. Estou aprendendo muito. A representatividade é muito importante e essa novela me dá isso. O texto me emociona em todo momento e ver todas as carinhas desse elenco me emociona ainda mais. Nunca pensei em ser protagonista de novela porque nunca tinha visto protagonistas pretos. Agora espero que meninos pretos como eu acreditem que podem chegar lá".
Haonê Thinar fez um relato muito bonito: "Vim para cá numa condição de muita loucura com marido, bebê pequena, filho, só pra fazer essa novela. Tivemos muitas vezes no audiovisual pessoas sem deficiência interpretando gente com deficiência, o que foi importante, mas é ainda mais importante eu estar agora de muleta vivendo um personagem que não necessariamente está existindo por ser deficiente. A Pam é amiga da protagonista, está envolvida com todo mundo, é a mais sensata. Faço teatro desde os 16 anos e esperava um reconhecimento de que nós, pessoas com deficiência, também temos talento. A expectativa é que muita gente se veja. Parece clichê, mas não é. Quando se viu um corpo como o meu, que é preto e com deficiência, na tevê? Eu nunca vi. Já fiz campanhas que me cortaram e botaram só o meu corpo da parte de cima. Agora vivo uma personagem que perdeu a perna. E sai com as amigas, é independente, enfim, a novela vai abrir para as pessoas que não muda muita coisa. Vão ver que a gente não está ali só para viver o coitadinho. A Rosane está trazendo isso de uma maneira muito leve. Amputei por causa de um angiossarcoma e as pessoas vão ver que pode ter gente sem perna na tevê".
Faiska Alves era um do mais animados: "Estou jogando com um time muito incrível. A gente celebra esse momento. Não tem como contar essa história sem ouvir tudo o que aconteceu antes. É pra fazer história. A gente se multiplica. Acredito que a minha comunidade vai ser ver em mim, o que achava impossível. É muito legal ver que as histórias não se vitimizam. Essa é a realidade e como a novela diz a felicidade sempre encontra um caminho. O Brasil que se prepare".
Felipe Simas comentou brevemente sobre a sua família na novela: "É um núcleo bem complexo com muitas dores e traumas. O abandono materno é como se parte do coração fosse arrancada do próprio corpo. A dor é constante na vida da família e carrego essa dor através do Danilo, o meu personagem. Há um buraco quase inconsolável".
Pedro Fernandes, que vive o irmão de Danilo, acrescentou: "Fazer essa novela é incrível. Sou uma pessoa com deficiência e fazer o Peter é uma missão. A gente não se via na televisão e quando se via era com muito vitimismo. O Peter vai virar esse jogo porque ele constrange as pessoas explicando como foi parar na cadeira de rodas com histórias que não existem. A novela vai mostrar a naturalização da deficiência. Ele vai querer sair, se relacionar, mas o pai não deixa. Ele vai fazer a família entender a naturalizar esse corpo. Ele foi abandonado pela mãe junto com o Danilo".
Giovana Cordeiro contou sobre o convite para a trama: "Soube que faria a Barbara em dezembro e tive pouco tempo para me preparar. Sempre fiz esportes, já lutei karatê, então essa noção física me fez entender o corpo de uma lutadora de kickboxing. Sempre quis fazer uma atleta e falar do esporte. Acho fantástico estar sendo porta voz através dela, mas isso é só uma ponta. Também precisei identificar quais coisas estavam contribuindo pro meu crescimento profissional e vejo como a Barbara é corajosa. Ela tem muitas camadas. É uma novela feminina que fala das mulheres donas de suas vidas. É o trabalho que entro com mais leveza, o que vem com a maturidade, e estou me divertindo. O desafio está sendo construir a figura dessa mulher em um ambiente machista e trazer a sensibilidade da mulher, sem afastá-la da brutalidade. Uma Barbara que é firme e sensível ao mesmo tempo. Quando fiz 'Fuzuê' tomei pra mim o desafio da minha mocinha ser uma mulher firme e agora como antagonista tenho o mesmo desafio".
L7nnon Frassetti estreia como ator na tevê e comentou sobre seu papel: "O Rian é muito bom nas batalhas de rima e o personagem fala do jeito que levo minha vida com os improvisos do cotidiano. Acho que a gente se parece bastante. Ele é uma pessoa boa e estou feliz demais em fazer minha primeira novela. Quando fiz o teste não imaginei que seria tão difícil. Teve uma cena que marcou muito pra mim que eu fiz e achei que não seria capaz de fazer. Sempre tentei explorar meu lado de atuar nos meus clipes e hoje faço teatro, conversando com pessoas que acrescentam pra mim. Quero ser um bom ator".
Carol Marra falou de seu novo desafio: "É meu quarto trabalho com o Allan. Minha personagem é uma mulher trans e cito essa representatividade porque eu não tinha essa referência porque o travesti e o trans sempre que apareciam na tevê era algo estereotipado ou deturpado. A expectativa de vida de uma mulher trans é 30 anos e eu estar aqui aos 40..."
Giovanna Lancellotti falou de sua volta às novelas e de sua nova condição na ficção: "Uma das coisas mais legais da nossa profissão é sermos transformados pelas histórias. Esse é um trabalho que em me transformado. Todos os personagens têm um ponto que o Brasil vai se identificar. Minha personagem, a Cami, foi mãe solo. É a primeira mãe que eu faço. Já fiquei grávida em novela, mas nunca fui mãe. Eu não sou mãe na vida real e tem sido muito legal descobrir essa força materna. Fazia muitos anos que não fazia novela. É uma mistura de sentimentos e ansiedade. Estava fazendo streaming e cinema nos últimos sete anos e agora é obra aberta. Você vai criando uma pessoa imaginária, um fantoche. Ao contrário de uma obra fechada que você já tem uma linha fixa para se apegar. Na novela temos que deixar os caminhos abertos. Começamos a novela em janeiro e tem 200 capítulos. Um ano de trabalho. A expectativa é muito alta".
Cecília Chancez também comentou sobre sua personagem: "A Dara é muito especial pra mim porque a gente se parece um pouco e pego dela o que ainda não tenho que é a força de resistir até o final. Ela é muito empática, é cristã evangélica. A família é toda cristã e ela acredita que esse universo pode ser rimado também, o que a mãe dela não acredita. O maior desafio é mostrar a luta diária das meninas do rap, ainda mais nesse universo machista. Quando eu fiz 'Vicky e a Musa' foi um desafio muito grande. Agora tem sido também".
Giovanna Jesus falou de sua estreia na tevê: "A Ivy é uma menina fora do padrão que foi apresentada ao kickboxing pela médica porque ela tem uma ansiedade forte. Mas é uma menina divertida que acaba se apegando à luta e tenta trazer leveza pra vida dela. É minha primeira novela, sou atriz de teatro e nunca achei que fosse fazer televisão na vida. Mas estou sendo muito acolhida. Está sendo muito mais legal do que imaginava que seria".
Nikolly Fernandes estava animada: "É um elenco incrível. O Allan é um diretor minucioso, a gente sempre tem muita conversa com ele, é muito aberto. A Rosane é o sonho de toda atriz. Toda atriz sonha em fazer novela da Rosane, ela em uma caneta de ouro, ela sabe conduzir cada personagem. A Stefany é um presente muito grande. É uma pessoa cuidadosa, é de uma família de mulheres pretas retintas. Ela tem a oportunidade de fazer uma faculdade particular e a Leona faz de tudo para bancar isso para a irmã, o que traz uma responsabilidade grande também. Ela pensa em desistir da faculdade para poder trabalhar e ajudar em casa. A realidade brasileira. A novela tá linda".
Adélio Lima respondeu sobre seu papel: "Luisão tem muito a ver comigo. Sempre fiz personagens muito diferentes de mim e esse não. É como se você representasse você mesmo. Trouxe do nordeste o meu sotaque e o cheirinho da chuva que cai na areia. É isso que vou tentar entregar pra vocês. Um homem que vem do nordeste procurar uma oportunidade de vida. É evangélico e gosta de um forrozinho. As expectativas são as melhores possíveis".
PK finalizou: "To muito com o coração a mil. Meu primeiro trabalho em uma novela e já estrear com a Rosane. Lucas não teve a figura paterna, a mãe morreu de covid. Ele cresce com o irmão que é traficante. Tá sendo um privilégio muito grande estar nesse trabalho".
'Dona de Mim' estreia na próxima segunda-feira, dia 28.
4 comentários:
Embora o reboot de "Vale Tudo" tenha me agradado até agora, "Dona De Mim" é a obra que oficialmente marcará o meu retorno à apreciação de uma novela do início ao fim desde o reboot de "Elas Por Elas" (2023).
Guilherme
Olá.
É outro rebbot? Ou seria uma nova "Senhora do Destino"? A Globo perdeu a mão para novela e tenta se salvar com o que já foi sucesso. eu acho ruim refazer o que já foi feito e foi muito bom. Eu prefiro não mexer nos clássicos. De qualquer forma, faz tempo que não vejo uma novela da Globo, acho que a última foi Avenida Brasil, faz tempo. Contudo, assisti "Beleza Fatal" do Max e gostei muito, uma novela com cara de novela e com somente 40 capítulos - o que toda novela deveria ter, sem encheção de linguiça.
fato, guilherme
nao é reboot nao
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