terça-feira, 20 de abril de 2021

"Todas as Mulheres do Mundo" tratou da romantização do 'esquerdomacho'

Um dos lançamentos da Globoplay em 2020 foi "Todas as Mulheres do Mundo". A série estreou no serviço de streaming da Globo em abril, ainda no início da pandemia do novo coronavírus no Brasil. Quase um ano depois, a emissora estreou a produção em sua grade em virtude da escassez de seriados ou novelas inéditas por conta da interrupção das gravações. O último episódio foi exibido nesta terça-feira (20/04), após onze semanas no ar.


A série, escrita por Jorge Furtado e Janaína Fisher, é uma adaptação da obra de Domingos Oliveira (dramaturgo, autor e diretor falecido em março de 2019, aos 82 anos). Com direção de Patrícia Pedrosa, a trama é fruto da adaptação de oito textos de Domingos: "Todas as mulheres do mundo", "Edu coração de ouro", "Separações", "Amores", "Os inseparáveis", "A primeira valsa", "BR 716" e "Largando o escritório". 

O protagonista da série é Paulo (Emílio Dantas), um homem apaixonado pela liberdade, pela poesia e pelas mulheres. Por todas as mulheres. Do mundo. É capaz de encantar-se à primeira vista diversas vezes e se entregar, a cada relação, com a intensidade de quem vive o eterno amor. Arquiteto e morador de Copacabana, no Rio de Janeiro, o personagem tem a paixão como combustível da vida. Acredita piamente que o amor alimenta sua alma de poeta e enxerga a essência de cada uma das mulheres com as quais se relaciona.

A intenção da história é usar o protagonista para acarinhar as mulheres. O arquiteto está longe de ser um anjo de pessoa. Comete erros como qualquer um. Mas seu intuito é sempre acertar através do amor. Há um certo tom de inocência que conta a favor do rapaz. Aos seus amigos, Cabral (Matheus Nachtergaele) e Laura (Matha Nowill), Paulo faz confidências sobre sua vida e suas frustrações. Os três integram o elenco fixo da série, que ainda conta com a presença de Oliveira, carismático vira-lata, cachorro de Cabral que fica sob os cuidados do protagonista na estreia e ainda o ajuda em uma nova conquista.

O primeiro episódio é uma delícia de assistir e provoca a melhor das impressões. Sophie Chatlotte faz uma luxuosa participação como Maria Alice, uma das mulheres do mundo que provoca um amor avassalador em Paulo. Figura cada vez mais rara em novelas, a atriz tem sido bastante escalada para formatos mais curtos nos últimos anos, e sempre engrandece a história que conta com sua presença. A atriz tem uma ótima sintonia com Emílio Dantas e o roteiro flui com naturalidade graças ao bom texto, sem a necessidade de grandes acontecimentos. Os dois se envolvem, se amam, se magoam, se separam, têm uma recaída, se separam novamente, viram amigos e tomam rumos diferentes. Simples assim. Sophie ainda canta em um momento de reflexão de sua personagem e a trilha da estreia é toda baseada em clássicos de Marisa Monte.

Todavia, o roteiro se esgota ao longo dos episódios. Por mais que não seja a intenção, é quase impossível não enxergar o protagonista como um galinha cínico. Paulo nada mais é do que um homem que transa com qualquer mulher que vê pela frente e para conquistá-la usa palavras bonitas. Não por acaso, o personagem foi chamado de "esquerdomacho" nas redes sociais. A expressão significa ser um homem com uma ideologia que encanta muitas mulheres ---- como querer um mundo melhor, sem desigualdade, com direitos iguais para todos, liberdade para as mulheres, entre tantas outras 'filosofias' utópicas ----, mas na prática se comporta como um mero babaca egoísta. E Paulo não deixa de ser isso. Nem se trata de uma 'problematização' da trama, apenas uma constatação. Como quase todos os episódios têm uma mesma premissa (a conquista do protagonista e o posterior descarte da conquistada), o interesse pelo enredo se perde antes da metade da temporada. 

"Todas as Mulheres do Mundo" não é uma série ruim. E a homenagem ao saudoso Domingos Oliveira é válida. Mas não é uma história atrativa. O início até desperta a vontade de acompanhar mais episódios. Uma pena que o interesse não se mantém por conta da narrativa em torno do protagonista. O elenco ainda conta com as participações das atrizes Naruna Costa, Mariana Sena, Sara Antunes, Maria Ribeiro, Fernanda Torres, Natasha Jascalevich, Samya Pascotto, Lilia Cabral, Verônica Debom, Marina Provenzzano e Maeve Jinkings. 

10 comentários:

Anônimo disse...

A qualidade do treiler da série foi sensacional. Comecei assistir pela delicadeza da descrição do amor de Paulo pela Maria Alice. O primeiro episódio foi maravilhoso, depois ficou cansativo. Acho que tinha outros jeitos de mostrar todas as mulheres do mundo.

Yasmin disse...

A julgar pela estreia bonita se trata de uma propaganda enganosa.

Anônimo disse...

Eu fui ver todo feliz por causa da Sophie e ela só aparece no primeiro e no ultimo. Porcaria.

Unknown disse...

Eu achei bem necessário, pois conteve tudo aquilo que já poderíamos esperar, começando pelo título: TODAS as Mulheres do Mundo. Paulo apenas foi um homem que encontrou o verdadeiro amor em uma mulher, e por intermédios da vida os dois se perderam. E então, Paulo como qualquer outra pessoa ativa percorreu seguindo a sua vida até então poder se encontrar novamente com Maria Alice. Todas as mulheres no caso, foram momentos dos quais ele com razão não quis parar a sua vida por conta de uma única. E se apaixonou por todas, mas amou somente uma, a mesma a qual ele procurou a reencontrar a série inteira.

Jovem Jornalista disse...

Ainda não vi essa série, mas adorei sua crítica sobre a série. Acho o Emílio Dantas um excelente ator.

Boa semana!

Jovem Jornalista
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Até mais, Emerson Garcia

CAROL disse...

Sinceramente altamente machistas, o primeiro episódio foi bom depois começou a ficar ruim,um verdadeiro galinha isso sim.

Unknown disse...

Achei babaca e egoista a melhor definição para o personagem.a série se perde ao longo dos capitulos e fica só mais do mesmo a cada episódio. Não e legal ver um cara tratar as mulheres como se elas fossem descartáveis.

Anônimo disse...

A série é uma Ode ao machismo. Estou aguardando outra dramaturgia com o título "Todos os homens do mundo". Gostei muito de sua análise.

Anônimo disse...

A série é uma homenagem a Domingos de Oliveira. Paulo não é um galinha, é um homem apaixonado que tenta desesperadamente conseguir abrir -se para um novo amor.
Não vejo como um homem que descarta as mulheres .O vejo como uma pessoa aberta a viver momento.

Anônimo disse...

"galinha", "machista" "egoista" hahahaha. Cadê a liberdade sexual? Se a protagonista fosse uma mulher, seria celebrada por ser livre, empoderada, "pisa em macho" etc. Lendo alguns comentários parece que estamos no século XIX.