quarta-feira, 14 de abril de 2021

Carmen Silva e Oswaldo Louzada foram um dos maiores trunfos de "Mulheres Apaixonadas"

 A reprise de "Mulheres Apaixonadas" no Viva está perto do fim e um dos maiores sucessos de Manoel Carlos repetiu o êxito no canal a cabo. A novela é conhecida pelas tramas secundárias fortes que ofuscaram a trajetória da Helena, vivida pela ótima Christiane Torloni. E um dos enredos mais lembrados e amados pelo público é o dos avós maltratados pela neta. Um marco na teledramaturgia, sem exagero. 


Carmen Silva e Oswaldo Louzada eram atores com longa carreira no teatro e no cinema, mas pouco conhecidos dos telespectadores, mesmo após várias participações em novelas e séries, incluindo da extinta TV Tupi. Na época, estavam com 87 e 91 anos, respectivamente. Já sem muitas oportunidades nas produções, ganharam uma chance de ouro de Maneco e aproveitaram. 

A dupla caiu nas graças do público logo que surgiu na história e o núcleo protagonizado por Carlão (Marcos Caruso) foi ganhando cada vez mais importância. Isso porque tinha ali todos os ingredientes necessários para um bom folhetim: os 'mocinhos', a vilã e o perfil cômico. Os idosos representavam os protagonistas de um amor cheio de conflitos por conta das grosserias da neta, que não se conformava em vê-los dormindo em seu quarto. O humor ficava a cargo do neto, sempre carinhoso e falastrão. 

Flora (Carmen) e Leopoldo (Louzada) eram pais de Carlão (Caruso) e atores de teatro aposentados. Sempre carinhosos, amavam a família e ajudavam quando podiam nas contas da casa. O filho nunca escondeu o amor pelos pais, ao contrário da esposa, Irene (Marta Melinger), que não suportava os sogros morando em seu teto. A neta, Dóris (Regiane Alves), era a única que não tinha qualquer pudor em humilhar os avós com palavras grosseiras e xingamentos. Já o neto, Carlinhos (Daniel Zettel), fazia questão de acarinhar e brincar com os avós o tempo todo. 

O núcleo virou um dos trunfos de "Mulheres Apaixonadas" principalmente pelo carisma de Carmen e Osvaldo. O telespectador viu neles a representação perfeita de seus avós. E foram muitas cenas ótimas protagonizadas pelos veteranos, principalmente quando contracenavam com Regiane Alves, irretocável na pele da asquerosa Dóris. Mas as sequências com Marcos Caruso também merecem uma menção especial pela emoção constante. Parecia mesmo uma relação genuína de pais e filho. 

A trama teve tanta repercussão que graças a ela surgiu o Estatuto do Idoso, criado pelo então deputado Paulo Paim (PT/RS) e aprovado pelo Senado em 2003, época de exibição da novela. Parte do elenco se mobilizou para que a classe política aprovasse o projeto que prometia direitos às pessoas da terceira idade. Osvaldo, Carmem e Regiane participaram da comitiva até Brasília. E valeu a pena. O entretenimento extrapolou o mundo da ficção. 

Carmen Silva e Oswaldo Louzada, por uma ironia do destino, faleceram com apenas 9 dias de diferença --- ele no dia 12 de abril de 2008 e ela no dia 21 de abril do mesmo ano, quase cinco anos após o sucesso em "Mulheres Apaixonadas". Os dois, vale lembrar, entraram para o elenco do "Zorra Total" em 2003 por causa do êxito da dupla na novela de Manoel Carlos. E souberam aproveitar bem a boa fase que tiveram. Valeu muito a pena rever dois atores tão talentosos em cena no trabalho mais marcante que tiveram na televisão. 

5 comentários:

Andressa Mattos M. disse...

Nossa, eu nao sabia dessa curiosidade sobre a morte deles. Me emocionei.

Anônimo disse...

De todas as tramas paralelas de "Mulheres Apaixonadas" (2003), a de Flora (Carmen Silva) e Leopoldo (Oswaldo Louzada) foi a que contou com o merchandising social de que todos nós precisaremos e teremos o direito de dele usufruir anos mais adiante.

Guilherme

Anônimo disse...

Eles eram tão queridos! Mas odiei o final. Eles irem pro Retiro foi uma vitória pra Doris.

Luma Rosa disse...

Oi, Sérgio!!
São atores que os telespectadores mais jovens estão tendo a chance de conhecer o trabalho através do Viva. Lembro deles em Zorra Total porque não cheguei a assistir Mulheres Apaixonadas. Dá uma dorzinha no coração saber de tantos talentos que não estão mais entre nós.
Beijus,

Jovem Jornalista disse...

Com certeza eles foram um amor em cena.

Boa semana!

Jovem Jornalista
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Até mais, Emerson Garcia