sexta-feira, 16 de abril de 2021

"Mulheres Apaixonadas no Viva" matou as saudades do público de um dos maiores sucessos de Manoel Carlos

Exibida entre 17 de fevereiro e 10 de outubro de 2003, "Mulheres Apaixonadas" foi a última grande novela de Manoel Carlos. O autor, que se equivocou com "Páginas da Vida" (2006), "Viver a Vida" (2010), e "Em Família" (2014), escreveu uma trama que foi um enorme sucesso e entrou para a galeria de grandes folhetins da teledramaturgia. A reprise, que chegou ao fim nesta sexta-feira (16/04), repetiu o êxito no Canal Viva e liderou a audiência entre os canais a cabo.


Após novelas excelentes, como "História de Amor" (1995), "Por Amor" (1997) e "Laços de Família" (2000), Maneco conseguiu emplacar uma quarta trama de sucesso seguida e surpreender o telespectador através de uma obra tão boa quanto as anteriores. O folhetim apresentou uma gama de histórias repletas de dramas envolventes e ainda presenteou o público com personagens muito bem construídos. O elenco também era um dos pontos fortes. Difícil apontar algum ator que não tenha ido bem em meio a tantos grandes nomes.

Todos os núcleos tiveram destaque, onde temas fortes e muitas vezes emocionantes permeavam os conflitos e os dramas dos personagens. Difícil esquecer o ciúme doentio de Heloísa (Giulia Gam em seu melhor papel na carreira); a bonita relação que Téo (Tony Ramos) tinha com a menina Salete (Bruna Marquezine); o alcoolismo de Santana (Vera Holtz); o romance de Clara (Alinne Moraes) e Rafaela (Paula Picarelli); o preconceito de Paulinha (Ana Roberta Gualda); o agressivo psicopata
Marcos (Dan Stulbach), que espancava constantemente sua mulher (Raquel - Helena Ranaldi); a virgindade de Edwiges (Carolina Dieckmann); a malícia de Gracinha (Carol Castro) e a crueldade com que Dóris (Regiane Alves) tratava seus avós (Leopoldo - Oswaldo Louzada e Flora - Carmen Silva).


Também havia o romance proibido dos primos Luciana (Camila Pitanga) e Diogo (Rodrigo Santoro); além da diferença de idade no relacionamento de Lorena (Susana Vieira) com Expedito (Rafael Calomeni); a maldade da avó de Salete (Inês - Manoelita Lustosa); o amor platônico que a ricaça Estela (Lavínia Vlasak) sentia pelo padre Pedro (Nicola Siri); os dramas de Helena (Christiane Torloni) ---- que se dividida entre a sua escola e seus problemas familiares, incluindo um amor mal resolvido por César (José Mayer) ----; a rebeldia de Rodrigo (Leonardo Miggiorin); o sofrimento de Hilda (Maria Padilha) ao descobrir um câncer; o caso que Silvia (Natália do Vale) tinha com o taxista marido da empregada; o amor que Carlão (Marcos Caruso) sentia pelos seus pais e suas eternas brigas com a filha Dóris; a atração que Carlinhos (Daniel Zettel) sentia pela empregada (Zilda - Roberta Rodrigues); o romance que Raquel tinha com seu aluno (Fred - Pedro Furtado); o amor que a médica Laura (Carolina Kasting) sentia pelo seu colega César; enfim, o que não faltou foi drama.


A novela foi marcada pelas cenas fortes e grandes interpretações. É impossível citar todas, mas é preciso destacar a morte de Fernanda (ótima Vanessa Gerbelli), que faleceu em virtude de uma bala perdida, em uma cena que entrou para a história da teledramaturgia. Todas as sequências envolvendo o alcoolismo de Santana também merecem ser citadas devido ao extraordinário desempenho de Vera Holtz, assim como os fortes conflitos que Dóris tinha com seus avós e com o pai. As duas surras de cinto que Carlão deu na filha, para acabar de uma vez por todas com as constantes humilhações sofridas por Leopoldo e Flora, foram antológicas.


A interpretação magistral de Giulia Gam foi outro destaque que merece menção. Sua Heloísa virou uma das melhores personagens da trama graças ao desempenho da atriz, que deu um show em todas as cenas. Vale lembrar ainda o momento em que Heloísa foi ao M.A.D.A. (Mulheres que Amam Demais) fazer terapia de grupo para tentar curar o ciúme doentio que sentia pelo marido Sérgio (Marcello Antony). Os conflitos que Rodrigo (Leonardo Miggiorim) tinha com seu pai César --- o garoto nunca perdoou do pai, que traía a mãe, que veio a falecer --- também eram ótimos e densos. A briga no velório da mãe, em meio a um forte temporal, por exemplo, foi a cena mais forte deles.


É preciso também destacar todos os momentos do psicopata Marcos, incluindo as inesquecíveis e chocantes surras de raquete que dava em sua esposa. Dan Stulbach ganhou seu melhor personagem da carreira e dificilmente interpretará algum outro mais interessante que este. Vale colocar como melhor cena a que Marcos quebra, com uma raquete, todo o quarto do hotel onde está, em meio a uma ópera que amava escutar. Helena Ranaldi também brilhou absoluta como Raquel.


E não há como relembrar o folhetim sem citar o grande trabalho de Bruna Marquezine, que estreava na televisão na pele da sofrida Salete. A menina emocionou o Brasil e o drama daquela criança, que perdeu a mãe de forma trágica e ainda ficou sob os cuidados de uma avó cruel, envolveu o telespectador. No final, a cena onde Téo constatou, através de um exame de DNA, que era o pai da garota foi emocionante. Tony Ramos, aliás, foi grandioso do início ao fim. Seu personagem, um saxofonista de personalidade controversa, foi brilhantemente interpretado por ele.


Todavia, como toda obra de Maneco, há várias situações problemáticas. O envolvimento de Raquel e Fred, a professora com um aluno menor de idade, seria muito questionado hoje em dia. Assim como toda a romantização em torno do interesse que Raquel subitamente sentiu pelo rapaz, até envolvê-lo por completo. A abordagem sobre o ciúme de Heloísa foi um bom merchandising social, mas quase 18 anos depois, o público jamais aceitaria a forma como Sérgio (Marcello Antony) foi retratado. O marido vivia cortejando todas as mulheres e tratava a esposa como lixo. Heloísa ainda era provocada constantemente. Outra caso que geraria controvérsia era a forma como Carlinhos se relacionava com Zilda. O que era "normal" em 2003, hoje seria visto como assédio e com razão. Já sobre um problema detectado na época e que não se alterou com o tempo foi a fraca história de Helena. Torloni brilhou como de costume, mas a personagem passou a novela inteira correndo atrás de César e dando conselhos para os outros. Acabou ofuscada pelos núcleos paralelos.


"Mulheres Apaixonadas" foi uma novela marcante e fez um merecido sucesso em 2003. Com um autor inspirado, um elenco bem escalado, personagens em sua maioria bem construídos e uma história que conquistou o público através de dramas intensos, a última excelente novela de Manoel Carlos deixou saudade. O Canal Viva acertou em cheio com a reprise. 

10 comentários:

Anônimo disse...

Assim como várias novelas de Manoel Carlos até o início dos anos 2000, "Mulheres Apaixonadas" (2003) é recheada de histórias memoráveis e atuações impecáveis. Mesmo com os equívocos da condução de tramas que hoje seriam com razão problematizadas, é um folhetim que deixa muitas saudades no coração do noveleiro raiz.

Guilherme

Anônimo disse...

Como sempre uma crítica excelente, Sérgio.

chica disse...

Adorei ver e ler aqui... Gosto do canal VIVA! abração,l indo fds! chica

FABIOTV disse...

Olá, tudo bem? Mulheres Apaixonadas é uma das minhas novelas preferidas de todos os tempos (que eu assisti). Foi a última grande novela do autor. Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br

CÉU disse...

Olá, Sérgio!

Não sendo eu brasileira, mas portuguesa, fico sabendo de suas fabulosas críticas a novelas.
Essa, nunca ouvi falar. Obrigada por me dar a conhecer.

Beijos e bom fim de semana.

Lulu on the sky disse...

Essa foi uma das novelas incríveis do Maneco.

Big Beijos,
Lulu on the sky

Anonimo disse...

Uma coisa que achei estranha foi a raquel nao ter tido acompanhamento psicologico,em nenhum momento isso e mencionado ou sequer sugerido pra ela o que seria logicamente normal depois de tudo que passou.
Outra coisa que incomodou foi esse lance dela com o fred, verdade seja dita ela foi a grande culpada pela tragedia que aconteceu com ele, o garoto morreu por causa dela ela sabia que o marcos era perigoso e mesmo assim deixou o fred se aproximar demais.e e bem estranho essa historia dela estar gravida do garoto, ela transava com o marcos e o conforme entendido na historia o fred era virgem inexperiente ia engravidar a professora logo na primeira e unica vez que dormiram juntos? E preciso ter muita pontaria.
Preferia que o final da raquel fosse outro, sei la com ela conhecendo um psicologo pronta pra iniciar um acompanhamento.
Tambem acho aquela ivone a maior sonsa convivendo directamente com a violencia da raquel vendo a outra ser espancada e fica na dela nao faz nada. Pra mim o cumulo foi quando o marcos se trancou no quarto com a raquel pra bater nela e ela fica escutando atras da porta chorando se era eu denunciaria na hora chamava a policia pra mim nao existe essa historia que entre marido e mulher nao se mete a colher. Enfim nao gostei da postura da personagem perante o drama da raquel.

Jovem Jornalista disse...

Me lembro perfeitamente dessa novela. Foi incrível. Assisti duas vezes, uma no "Vale a pena ver de novo". Personagens memoráveis, estórias incríveis e muito drama.

Boa semana!

Jovem Jornalista
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Até mais, Emerson Garcia

Welton disse...

Mulheres Apaixonadas de fato foi uma boa novela, não assisti inteira, mas assisti uma boa parte.Destaco os desempenhos de Regiane Alves, Dan Stuback, Giulia Gam, Helena Ranaldi, Bruna Marquezine, Vanessa Gerbelli, Vera Voltz, Roberta Gualda e Lavínia Vlasak.E desde a época que a novela foi exibida, em 2003, sempre percebi que essa Helena da Christiane Torloni foi uma das piores que o Maneco criou(mas não foi pior que as Helenas da Taís Araújo e Júlia Lemmertz), quem se interessava pela trama dela dividida pelo marido controverso e pelo amante canalha escroto?Foi um triângulo amoroso esquecível!A trama da Helena foi completamente apagada pelas tramas paralelas interessantes, impactantes e polêmicas!

Minha opinião sobre as novelas do Maneco:

Por Amor e Laços de Família ótimas novelas

Mulheres Apaixonadas eu não assisti inteira como vc disse, mas foi boa tbm

Páginas da Vida foi boa/mediana(não consigo achar ruim pela linda abordagem da síndrome de down e pela grande personagem da maravilhosa Lilia Cabral, a amargurada Marta)

Viver a Vida ruim/mediana

Em Família horrível

Welton disse...

*não assisti inteira como eu disse...