É a quinta adaptação da história de uma família contada em três décadas (1920, 1930 e 1940), onde a matriarca, Dona Lola (Gloria Pires), luta para manter a união dos laços que muitas vezes acabam se perdendo com os dramas da vida e o próprio tempo. A saga acompanha os seis integrantes da família Lemos. A mãe considera o casarão em que mora, na capital paulista, a alma da família. Para ela, os quatro filhos e o marido compõem uma instituição a ser preservada a qualquer custo. O conflito surge justamente quando o esposo, Júlio (Antônio Calloni), não consegue mais arcar com os juros altíssimos do casarão, marcando o começo da luta contra as turbulências econômicas e sociais do início do século XX.
A trama tem um ar de melancolia e a maior lembrança do público é o remake exibido pelo SBT, em 1994, escrito por Silvio de Abreu (hoje chefe da teledramaturgia da Globo e responsável pela ideia de uma nova adaptação) e o saudoso Rubens Ewald Filho -- que também escreveram a versão de 1977. Não é exagero afirmar que foi o melhor folhetim já produzido pela emissora de Silvio Santos.
As comparações, portanto, serão inevitáveis, mas não causarão empecilho para o êxito da história transmitida pela primeira vez na líder. A essência do roteiro é a metáfora para os sonhos da ascensão da classe média, um assunto que definitivamente não se esgota e ainda permanece atual, assim como a formação familiar mais tradicional. Todo mundo se lembra de algum familiar ou vizinho quando se depara com os personagens. Não é à toa que o livro emplaca o quinto remake.
O primeiro capítulo pareceu expor a maior característica da novela: o ritmo mais lento, valorizando o tom mais contemplativo. Um típico folhetim das seis para ser visto com um café, um chá ou lanche da tarde. Não é uma crítica, nem um elogio. Apenas uma constatação. Não é uma produção de viradas, grandes movimentações ou situações do tipo. Quem leu o livro ou acompanhou alguma adaptação lembra bem. Mas a força da história de todas aquelas pessoas prende e conquista o telespectador com certa facilidade. E não é um roteiro leve. Tem momentos muito tristes e o final foge do clássico "felizes para sempre". O próprio título é um 'spoiler'. Por isso mesmo marcou tanto.
Logo nas primeiras cenas já fica perceptível o acerto da escalação de Gloria Pires como Dona Lola. Realmente a matriarca vivida por Cleyde Yáconis, Nicette Bruno e Irene Ravache tinha que ser dela agora. O sotaque paulista adotado não soa artificial e a atriz está segura no papel, o que nem chega a ser uma surpresa. Antônio Calloni também promete brilhar como o controverso Júlio e os instantes do patriarca alcoolizado, intimidando os filhos, foi um dos pontos altos desse início. A escolha das crianças foi outro acerto da produção. Pedro Sol se sobressaiu como o rebelde Alfredo, que será vivido por Nicolas Prattes na segunda fase. Enquanto Xande Valois convence como o tímido Carlos (vivido por Danilo Mesquita em 1930); Maju Lima encanta como Isabel (Giullia Buscacio em 1930) e Davi Oliveira não faz feio como Julinho (interpretado por André Luiz Frambach na segunda fase). Kelzy Ecard na pele da fofoqueira Dona Genu e Maria Eduarda de Carvalho como a espevitada Olga são outras que prometem.
A abertura causou a melhor das impressões através de imagens que representam o efeito do tempo ao longo de 1920, 1930 e 1940, com uma trilha incidental original composta pelos produtores musicais Victor Posas e Rafael Langoni Smith. A reprodução da cidade de São Paulo em detalhadas maquetes impressiona e representa as mudanças dos costumes ao longo dos anos, como o lugar pacato e romântico perdendo espaço para uma agitação da década seguinte e assim por diante; finalizando com a imagem do casarão de Lola, que não deixa de ser um dos principais personagens da história.
"Éramos Seis" fez uma estreia correta e não pretende provocar qualquer mudança brusca no conjunto do tão conhecido folhetim. As maiores alterações estão na conduta de Lola, menos submissa e mais feminista, guardadas as proporções para a época, obviamente. E também na escolha de um casal inter-racial ----- Shirley (Bárbara Reis) e Afonso (Cássio Gabus Mendes) ---- no lugar de um par formado por espanhóis. Pequenas mudanças necessárias que só têm a acrescentar ao enredo. Ao que tudo indica, é uma novela que combina perfeitamente com o horário das seis.
25 comentários:
Tenho minhas dúvidas se esse remake vai ser bom...O do SBT tá muito fresco na memória.
Foi o que pensei a respeito dessa estreia, Sérgio. Pelo pouco que vi, "Éramos Seis" de fato apresentou o primeiro capítulo de forma correta. Atuações impecáveis, abertura linda, enfim, um primor! Que Angela Chaves mantenha nos capítulos posteriores essa excelente impressão da estreia.
Guilherme
Pior que Orfaos de Enredo nao tem como ser.
Também a estreia boa, mas nada além disso. Confesso que achei o todo meio chato.
Por tudo que vi,será muito legal essa novela! Vamos ver! abração,chica
Tentei ver por ser um remake e lembrar bastante da versão do sbt que eu não perdia um capítulo, mas não larguei de mão antes do primeiro intervalo. Pra mim não dá: as novelas da Globo hoje parecem filme e não novela. Não dá mesmo...
eu nunca gostei desse texto conservador. e acho uma péssima hora para lembrá-lo. pode dar ibope pela onda conservadora q está se espalhando, mas acho leviano trazer algo tão retrógrado para a tv aberta nesse momento. beijos, pedrita
Espero que Glória Pires se destaque após papéis ingratos nos últimos anos
Vou ser que assisto, um tiquinho rs...
bjokas e feliz outubro =)
Assisti em meados dos anos 90 no SBT, com Irene Ravache e outros. Bons tempos.
Como assim parecem filme? não entendi
Mas é uma novela de época, é assim que elas são, não é porque é conservador que será ruim, é apenas a representação de uma outra época
Não acho, Pedrita. Não tem nada de leviano, não, é somente a representação de uma época, de um mundo completamente diferente do de hoje. Se trata de história, de um passado não tão distante, e o povo daquela época tinha outra mentalidade, e não vejo mal algum em passar isso na TV, desde que os telespectadores entendam que é outra época, outra cultura, outro mundo. Qual o problema em mostrar a realidade como era antigamente? A época era conservadora mesmo se for comparar com o mundo de hoje. Ou queria que retratasse o povo das décadas de 20, 30 e 40 com a mentalidade de hoje? Não dá. E deve-se levar em consideração a época. Esta história foi escrita por uma mulher. Na época já era um avanço ter uma mulher escrevendo romance, e sob o olhar feminino, mostrando a importância da mulher na família. Mas existia machismo na época, como não mostrar? Eu gostei do livro, retrata bem a época.
Nao tá tão fresco assim, anonimo...
Teve um bom começo, Guilherme.
Realmente, Michele.
Entendo, Karina.
Aguardemos, Chica.
Exagerou, anonimo.
Isso faz parte, Pedrita. bjs
Ja está se destacando, anonimo.
Saudades, Bell.
Passou voando, Musas Variadas.
Concordo, Cristiane.
Exato, anonimo.
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