Bia Arantes e Anaju Dorigon têm uma ótima sintonia em "Órfãos da Terra"

Impressionante como nada sobrou do primeiro mês de "Órfãos da Terra". Aquele novelão escrito por Duca Rachid e Thelma Guedes, dirigido por Gustavo Fernandez, se dissolveu diante dos olhos do público. A trama está em plena reta final totalmente sem história, andando em círculos, e com personagens sem função. Porém, em meio a tantos defeitos evidentes, um único acerto surgiu em virtude da perda de rumo das autoras: o romance de Valéria (Bia Arantes) e Camila (Anaju Dorigon).

As personagens se perderam no enredo, assim como todos os demais. Valéria era uma vilã que se casou com o pai do ex-namorado para aproveitar a fortuna do empresário, mas três anos se passaram e nada aconteceu. Nenhum golpe foi dado ou vilania praticada. Inclusive, o núcleo mal aparecia. Já Camila sempre foi uma interesseira que renegava a família, mas passou os mesmos três anos trabalhando conformada como camareira em um hotel. Preferiu isso do que ficar em casa sem fazer nada. Postura estranha para um perfil sem  caráter.

As duas participavam da mesma cena muito raramente. Mas a sintonia das atrizes era clara. Até que as autoras resolveram estreitar a amizade das quase vilãs perto da reta final da história. Camila, inclusive, fez as pazes com a família e se tornou uma boa pessoa.
Enquanto Valéria passou a apresentar traços mais humanizados diante da amiga e se mostrou bem diferente da mulher arrogante que sempre foi com os demais, incluindo o então marido Norberto (Guilherme Fontes).

A relação de cumplicidade das personagens despertou atenção e destacou o talento de Bia Arantes e Anaju Dorigon, após um longo período desvalorizadas. A virada da pequena trama das patricinhas se deu com o golpe de Valéria, que roubou toda a fortuna do agora ex e fugiu para o exterior levando Camila. As cenas das duas aproveitando a viagem não foram muitas, mas as intérpretes transbordaram química. E até então o casal não havia sido formado. Ficava tudo apenas nas entrelinhas.

Agora as duas já se assumiram e a cena do pedido de casamento foi linda. Bia e Anaju sensibilizaram. Lamentável, porém, o corte do momento do beijo das personagens. Valéria se declarou para Camila, mas o principal não foi exibido pela censura da direção de Gustavo Fernández. Segundo ele, a eliminação do instante do afeto foi uma decisão ''puramente artística". Pena que o retrocesso tenha atingido esse folhetim, após o sucesso de Lucindo (Juliano Laham) e Otávio (Pedro Henrique Muller), em "Orgulho e Paixão", ano passado, no mesmo horário, citando apenas um exemplo. Ao menos a sequência do casamento das personagens foi gravada com um beijo e resta torcer para que não cortem novamente.

O contexto envolvendo as personagens, vale ressaltar, é fruto de um troca troca de casais sem o menor sentido que as autoras implantaram na novela para disfarçar, sem sucesso, a falta de história. Vide a aproximação estapafúrdia de Faruq (Eduardo Mossri) e Muna (Lola Fanucchi), após o médico que vive triste ter se separado sem razão alguma de Letícia (Paula Burlamaqui). A médica, por sua vez, iniciou um romance com Benjamin (Filipe Bragança). Ainda teve a paixão súbita de Helena (Carol Castro) e Hussein (Bruno Cabrerizo), que voltou sem ter função --- afinal, o amor de sua vida foi assassinado e o homem que a matou também morreu. O amor de Cibele (Guilhermina Libânio) e Péricles (Lucas Capri) foi outro criado sem qualquer situação plausível.

Ao menos, entre todas essas situações sem cabimento e rasas, houve um único acerto com Valéria e Camila. Embora o relação das duas também não tenha um desenvolvimento competente, a sintonia entre Bia Arantes e Anaju Dorigon cativa e as atrizes estão ótimas em "Órfãos da Terra".