Todo novelista tem um estilo de narrativa e Elizabeth nunca foi caracterizada pela agilidade. Assim como Lícia Manzo e Manoel Carlos, citando apenas dois exemplos, a autora não tem pressa em contar sua história. No entanto, a novela que aborda uma misteriosa viagem no tempo vem pecando na excessiva falta de ritmo. Até o momento, cada semana apresenta apenas um acontecimento relevante e olhe lá. Normalmente, inclusive, é um gancho de um dia que se desdobra brevemente no no início do capítulo seguinte.
É muito pouco para fidelizar o telespectador. Até porque, inevitavelmente, ocorre uma comparação com o folhetim anterior, "Orgulho & Paixão", de Marcos Berstein, que tinha como principal qualidade o ritmo ágil e o dinamismo dos capítulos, sempre repletos de conflito. O público não podia se dar ao luxo de perder um ou dois dias de novela. Não por acaso fez um merecido sucesso.
Não é possível cobrar que todos os autores tenham as mesmas características, mas Jhin precisa perder o receio de acelerar seu roteiro. Claro, não se trata de simplesmente desvendar todos os enigmas que são os maiores êxitos da trama. Mas, sim, de pelo menos inserir acontecimentos que promovam algum encaminhamento significativo.
Isso porque a história da autora é muito promissora. Se fosse um enredo limitado ou desinteressante, não haveria qualquer solução. Nem com toda agilidade do mundo. A questão é justamente a riqueza do contexto tão bem elaborado por Elizabeth. Impressiona como tudo está bem entrelaçado. Tanto que a produção cresce assim que Cris volta ao passado através do "espelho mágico". É muito convidativo acompanhar essa saga tão misteriosa da mocinha que consegue reviver a sua vida de 1930, mantendo a consciência de 2018. No início, até ficou bem confuso de entender. Mas agora já é possível assimilar essa fantasia sem maiores problemas.
A cada descoberta da protagonista, o interesse a respeito do seu passado só aumenta. E a lentidão do desenvolvimento acaba representando uma espécie de ''banho de água fria" em quem assiste. Normalmente, depois que Cris viaja através do espelho e faz alguma descoberta, o enredo volta a se estagnar. Quando parece que a novela vai finalmente avançar, há um recuo. Demora-se dias com a mocinha conversando com Margô (Irene Ravache) a respeito do que descobriu, enquanto os núcleos paralelos apenas preenchem o tempo dos capítulos, sem também promover algum conflito que atraia.
O contexto do cinema, por exemplo, até agora não disse a que veio. Apesar do elenco entrosado e da boa ideia da autora em mostrar a guerra de egos que a rotina de qualquer produção audiovisual proporciona, o núcleo não flui. Para culminar, os atores que participarão das gravações do filme de Júlia Castelo foram chegando a Rosa Branca aos poucos. Mas protagonizando sempre as mesmas situações. O intuito, claro, é camuflar a falta de conflitos com essas chegadas esporádicas. Com certeza, mais para frente, será bom ver como o longa-metragem da mulher que acabou assassinada pelo amor de sua vida contará esse drama através da visão deturpada de Alain (João Vicente de Castro). Só que, por enquanto, apenas algumas cenas atraem, principalmente as protagonizadas por Carmo (Vera Fisher) e Solange (Luciana Vendramini) ---- ainda que o deboche de Mariane (Kéfera) funcione.
Também está na hora de Isabel agir. Alinne Moraes está maravilhosa na pele da ardilosa personagem, mas até agora a vilã tem apenas planejado seus passos. Aliás, a falta de ritmo da novela ficou até mais evidente em torno da ex de Alain. Já havia ficado claro no roteiro que ela era Dora, a melhor amiga de Júlia em 1930. E isso só se confirmou na última semana durante mais uma "viagem" da mocinha ao passado. Ou seja, já era para ter sido exibido há um bom tempo. E a maior expectativa do enredo é o aparecimento de Danilo, o grande amor da vida de Júlia/Cris, no presente. As cenas protagonizadas por Vitória Strada e Rafael Cardoso são belíssimas e muitas vezes nem precisa de texto. Os olhares e as carícias já bastam. Porém, nesse caso, até dá para entender a demora da autora. O seu intuito é promover uma grande virada na história quando isso acontecer ---- com certeza lembrará o contexto da passagem de tempo de 150 anos de "Além do Tempo". Afinal, Cris jura que ele não existe em 2018 e muito menos supõe que é o filho desaparecido de Margô. Por sinal, quem assiste também já percebeu esse fato e ainda não foi exibida cena alguma sobre o assunto --- outra demora desnecessária.
"Espelho da Vida" é uma novela muito bem escrita e se mostra bastante agradável de ser assistida, mesmo com o ritmo vagaroso. No entanto, a audiência abaixo das expectativas (marcando algumas vezes 16 pontos) mostra que é necessário que o criativo enredo avance. Não são necessárias modificações no roteiro, morte de personagens ou mudanças na construção de perfis ---- como costuma acontecer em produções problemáticas -----, mas, apenas que a bem amarrada história de Elizabeth Jhin ganhe mais dinamismo. Potencial há de sobra.
18 comentários:
Concordo. Também me prendeu muito essa história da viagem no tempo mas a trama não tá andando.
Minha impressão é a mesma. Estou apaixonada pela novela mas estou de saco cheio de esperar o Danilo aparecer no presente. E esse núcleo do cinema não sai do lugar. Os melhores personagens são justamente os que menos aparecem. O velhinho, a velhinha e o Danilo. O potencial da trama existe mas tá muito arrastada.
Por que você só escreve textos ótimos?
Sérgio que tal fazer um canal no YouTube do seu blog de olho nos detalhes?
Concordo Sérgio, amo a novela, é a minha preferida atualmente, é linda, os personagens em sua maioria são interessantes, as crianças são fofas, o núcleo adolescente eu tbm gosto, mas o ritmo lento é realmente um dos defeitos da novela, a novela precisa andar e ter mais acontecimentos.E a pouca aparição do Danilo tbm é um defeito da novela, a autora precisa focar mais na história do passado.E o núcleo do cinema é um saco, os únicos personagens interessantes e que eu gosto são a Carmo(Vera Fischer em uma das suas melhores atuações desde Laços de Família) e a Mariane.
Olá Sérgio!!
Concordo plenamente com o texto. Eu gosto de Espelho da Vida, mas essa lentidão no roteiro me deixa impaciente demais. Eu passo dois ou três dias sem assistir e quando volto percebo que não perdi nada relevante. A parte da Cris no passado, na vida da Júlia Castelo, é de longe a melhor parte da novela, mas já tá começando a cansar também, nesse ciclo de Cris vai pro passado > encontra alguém do presente > conta o que descobriu pra Margô (embora eu esteja amando a parceria entre Vitória Strada e Irene Ravache). Pelo menos nessa semana ela terminou o noivado com o Alain e já está mais envolvida com o Danilo, creio que agora esta parte da história avance.
Quanto aos outros núcleos, só tem agradado em cenas esporádicas, como quando a Lenita descobriu o caso da Isabel com o Marcelo, ou a Florzinha tentando resgatar a amizade da Priscila (aliás, que fofas essas meninas!!). De resto, também não dá pra sentir falta quando perde.
O núcleo do cinema é mesmo meio chato (embora eu goste de algumas cenas da Carmo e do gato e rato entre Solange e Emiliano), mas o que me tira a paciência mesmo são aquelas adolescentes insuportáveis atrás do Mauro César. Não agrega a história e não tem a menor graça. Aliás, esse personagem do Rômulo Arantes Neto é bem desnecessário viu, acho que a era capaz da história render mais se ele saísse e o próprio Alain representasse o Gustavo Bruno rs.
No mais, é isso. Abraços!!
Concordo com tudo que você escreveu Sérgio, a novela precisa andar e isso pra ontem!!! Tá mais que na hora de explorar mais a fundo o que a Isabel pode fazer, porque a Alinne Moraes tá realmente muito boa. Inclusive, sobre a construção dessa vilã eu não tinha gostado muito no começo porque não mostrava de vez que a Isabel era a vilã de fato, mas com o passar das semanas eu fui gostando porque percebi que era desse jeito que era pra ser conduzido, mostrar as faces ruins da Izabel aos poucos, e deu muito certo!! Mas concordo que ela precisa urgentemente agir em vez de ficar só na promessa, seria ótimo ver a Alinne como uma Melissa 2.0 rsrs
Curto muito seu blog, abraços ^^
Isabel só vai se tornar a vilã que todos nós esperamos qua do o Pedro aparecer na novela, ela se interessar por ele e ser rejeitada, porque verdade seja dita, com o Alain até agora ela não precisou fazer nada, tudo que ela precisa é chegar perto e ele já fica balançado, porque ainda gosta dela. Veremos Isabel mais demônia quando ela tiver diante de um homem que não cai aos pés dela como todos os outros, e esse homem é o Pedro.
O que vc está achando da atuação da Kéfera? O texto ficou ótimo e a novela está muito agradável. Só precisa acelerar o ritmo, mesmo.
Exato, anonimo.
Tb adoro esses 3 personagens, Olimpia.
Obrigado pelo carinho, anonimo.
Ah, Unknown, eu nao sou bom de falar não. Sou melhor escrevendo... rs
Pois é, Dean, só precisa caminhar.
Germana, concordo com tudo. Mas eu gosto da Patricia e acho a atriz uma grata revelação. No mais, é preciso que o ritmo melhore mesmo.
Muito obrigado, anonimo. Venha sempre!!!
Ótimo comentário, Unknown.
To achando ela bem, anonimo.
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