Os mocinhos, por exemplo, são inteligentes e dificilmente são feitos de bobos pelos vilões por muito tempo. Darcy e Elisabeta vem sendo defendidos com competência por Thiago Lacerda e Nathalia Dill, que honram o protagonismo e apresentam uma boa sintonia. Os conhecidos perfis são do livro "Orgulho e Preconceito", de Jane, cuja maior referência até então havia sido no filme homônimo exibido em 2005, protagonizado por Keira Knightley e Matthew Macfadyen. Marcos e o diretor Fred Mayrink, entretanto, suavizaram Darcy, diminuindo a sisudez do rapaz, evitando uma possível rejeição do público noveleiro. Funcionou.
Errar no casal central é um dos muitos medos dos autores, mas Marcos Berstein não se contentou só em acertar com seus protagonistas. Se preocupou também com os demais e conseguiu criar pares tão encantadores quanto o principal. Jane (Pâmela Tomé) e Camilo (Maurício Destri), por exemplo, encabeçam outra deliciosa relação, porém, mais voltada para os clássicos da Disney.
Ela representa claramente uma espécie de Cinderela e ele um príncipe milionário que precisou abdicar de sua fortuna para ficar com a amada. Não demorou para o romance conquistar o telespectador, tendo como foco a delicadeza do relacionamento. E os perfis não perderam importância quando se "casaram", pelo contrário, ganharam novos conflitos em virtude da nova condição de vida.
Outro par que logo se destacou foi o formado por Rômulo (Marcos Pitombo) e Cecília (Anaju Dorigon). O ricaço galanteador e a menina ingênua --- que cria fantasias através de suas leituras --- se apaixonaram à primeira vista, iniciando uma relação marcada pela sensibilidade. Assim como Jane e Camilo, os dois não se perderam no roteiro após o casamento. Nesse caso, por sinal, o casório era vital para o andamento da trama, pois a vida da menina virou um inferno na mansão do marido, em virtude da constante intimidação do sogro (Coronel Tibúrcio - Oscar Magrini), das armações da então governanta Fani (Thamy Di Calafiori) e posteriormente da falsidade da sogra Josephine (Christine Fernandes). O amor de ambos, no entanto, nunca se enfraqueceu e a química entre Marcos e Anaju é evidente.
Já o romance entre Mariana (Chandelly Braz) e Coronel Brandão (Malvino Salvador) não arrebatou inicialmente. Parecia uma relação dispensável. Até porque a personagem se viu em um triângulo amoroso cômico com Uirapuru (Bruno Gissoni) e a irmã Lídia (Bruna Griphao). Mas, passada a fase da comédia, a sonhadora menina se encantou pelo misterioso Motoqueiro Vermelho, caiu na armação de Uirapuru e depois descobriu que seu herói era o coronel. A partir de então, o relacionamento de ambos ficou bem mais interessante e Mariana cresceu no enredo, principalmente quando resolveu provar que estava apaixonada e merecia o amor dele. Até motoqueira virou para competir na corrida da região ao lado do amado, resultando em ótimas cenas disfarçada de homem. O relacionamento foi se intensificando e a sintonia dos atores crescendo. O relacionamento ficou ainda mais bonito de se ver depois que a menina teve seus cabelos cortados pelo canalha Xavier (Ricardo Tozzi), recebendo todo o apoio do homem que ama.
E a novela é tão acertada que até romance improvável se transforma em sucesso. Isso porque a relação de Ema (Agatha Moreira) e Ernesto (Rodrigo Simas) roubou a cena, virando um dos maiores trunfos da história. A menina casamenteira é baseada no romance "Emma" e a personagem protagoniza um romance com Jorge (Murilo Rosa) no livro de Jane. Todavia, na novela, esse relacionamento não surtiu o efeito esperado. Ao contrário do enredo da escritora inglesa, o rapaz é um sujeito passivo, conformado e sente pena de si mesmo. Ele e Ema nunca chegaram a se envolver de fato. Quem ganhou foi Ernesto, perfil que não existe no livro. O autor criou um tipo cativante e muito bem interpretado por Rodrigo, que tem uma química imensa com Agatha, repetindo a ótima parceria de "Malhação Intensa" (2012), onde viveram os irmãos Ju e Bruno. A patricinha de época e o italiano marrento representam o clássico "opostos que se atraem", protagonizando cenas divertidas de gato e rato. Não demorou para caírem nas graças do público. Tanto que os dois cresceram nitidamente na história, ganhando muito mais sequências e dividindo o protagonismo com as irmãs Benedito.
Há também espaço para casais experientes. A aproximação da poderosa Julieta (Gabriela Duarte) e do submisso Aurélio (Marcelo Faria) teve um bom espaço no roteiro, destacando a sintonia dos atores. Os personagens se sobressaem juntos e ele funciona como uma espécie de ponto fraco da Rainha do Café, que nunca se permitiu um amor, após anos sendo humilhada pelo falecido marido. O autor só pecou ao apressar as declarações amorosas do filho do Barão (Ary Fontoura), mesmo diante das constantes humilhações da ricaça. Mas, após esse pequeno tropeço inicial, Berstein soube conduzir a relação com delicadeza e o renascimento de Julieta através do amor pôde ser acompanhado aos poucos pelo público. Gabriela e Marcelo têm um ótimo entrosamento e já protagonizaram muitas cenas recheadas de drama e sutileza. Além deles, inclusive, há o relacionamento bem-humorado de Felisberto e Ofélia, destacando os sempre talentosos Tato Gabus Mendes e Vera Holtz.
Mas ainda não acabou. A sensível aproximação de Luccino (Juliano Laham) e Otávio (Pedro Henrique Muller) se iniciou pouco depois da metade da trama e o escritor se mostrou muito inteligente ao esperar o público do folhetim simpatizar com os personagens individualmente. Os dois sempre foram homens retraídos e tímidos, mas se soltaram um pouco mais assim que começaram uma bonita amizade. O romance gay foi construído com habilidade e os atores vêm protagonizando várias sequências tocantes. O primeiro beijo, então, esbanjou sensibilidade. A novela ainda entrou para a história da teledramaturgia por ter sido o primeiro folhetim das seis a exibir um beijo homossexual, após 47 anos. E ainda há outros pares que merecem elogios, vide o romance cômico de Lídia e Randolfo (Miguel Rômulo), o namoro de Fani e Edmundo (Nando Rodrigues), a liberdade de Ludmila (Laila Zaid) e Januário (Silvio Guindane) e a relação recém-iniciada de Olegário (Joaquim Lopes) e Charlotte (Isabella Santoni).
Outra qualidade que precisa ser citada é preocupação da música-tema para cada casal. Hoje em dia, infelizmente, vários diretores da Globo ignoram uma das características mais marcantes das novelas e usam muitas vezes a mesma canção para vários pares ou personagens. Nada disso ocorre no enredo de Marcos e Fred Mayrink está de parabéns. Darcy e Elisabeta são embalados por "Mais Bonito Não Há" (Milton Nascimento e Tiago Iorc); Aurélio e Julieta por "Paixão" (Ana Carolina); Jane e Camilo por "Mais Que O Tempo" (Taryn); Mariana e Brandão por "Sinônimos" (Paula Fernandes e Scarcéus); Cecília e Rômulo por "Te Amo Tanto" (Paolo e Cláudia Leitte); Ema e Ernesto por "Fica" (Anavitória e Mateus e Kauan); e Luccino e Otávio por "Morada" (Sandy), por exemplo. Uma música mais bonita que a outra.
"Orgulho e Paixão" é um folhetim delicioso e o elevado número de casais bem construídos faz jus ao "Paixão" do título, expondo um festival de química e romance na história escrita por Marcos Berstein. Enquanto alguns autores 'sofrem' para ao menos ter um casal atrativo em suas novelas, a atual tem de sobra. Nunca houve um folhetim com tantos bons romances juntos. Pares de todos os gostos para o público "shippar" bastante. Viva o amor!
40 comentários:
Que texto incrível e que faz jus à novela. E meu casal Mariana e Brandão recebeu elogios também...🌷
Me emocionei lendo.Parabéns.
Nunca vi uma novela com tanto casal maravilhoso junto!!!!!!!!
Casais bem montados. Deixo meu abraço e ótimo fds! chica
Amo!!! O texto já disse tudo! Os casais dessa novela são muito shippaveis e ainda que tenhamos nossos favoritos (meus: Aurieta e Brariana) gostamos de todo o resto. Só fico com pena de Letícia Persiles, que pegou uma personagem apagada e que forma justo o único casal ruim da novela: Jorgélia. Entendo que Jorge perdeu importância no enredo com o sucesso de Erma, mas ao menos sua história com Amélia poderia ter sido mais interessante. Na minha cabeça, eu faria logo um par lésbico com a Mariko, pois tiraria a japonesa da figuração, tem mais química, e, se bem abordado, como Lutavio, poderia render mais. Esse núcleo deles é o mais fraco de O&P.
Olá Sérgio tudo bem???
Essa novela é ótima! Adoro todos os personagens e os casais são fofos e ecléticos!!!
Beijinhos;
Débora.
https://derbymotta.blogspot.com/
Julieta e Aurélio é o melhor casal, com o melhor enredo, na minha opinião. ♥️
Que texto maravilhoso, Zamenzito! Todos os casais que você citou são maravilhosos! Como não amar tanto par bom em uma novela linda? Meus preferidos são Jamilo, Erma, Aurieta e Charlegário. S2
Ótimo texto, Mariana e Brandão #Brariana são lindos, meu casl favorito..sentirei saudades
Aaah eu demorei pra assistir à novela, mas agora não me arrependo. Sim, o que me atraiu foi o casal Lutávio, mas agora não sei decidir quem é o melhor entre eles dois, Ema e Ernesto e Mariana e Brandão. A sensibilidade na composição dos casais, desde o roteiro até a atuação, é encantadora!
Oi Sergio!
Que romântica e bonita esta novela tão bem detalhado em seu post! 📺 Lindo mesmo os casais e o seu texto! Tão bom vir aqui e matar a saudade! Você é um amigo querido! Tenha um ótimo fim de semana! :)
Bjs
Apesar de nunca ter acompanhado esta novela, reconheço que a quantidade e qualidade de casais formados em "Orgulho E Paixão" é invejável, ao contrário de "Malhação - Vidas Brasileiras" e "Segundo Sol", onde há carência disso, além de possuírem protagonistas totalmente apagados e personagens coadjuvantes que mais entediam do que divertem. De toda forma, "Orgulho E Paixão" ficará marcada como a melhor novela da Globo a ser exibida neste e deste ano de 2018. Contra fatos não há argumentos.
Pelas fotos, vê-se que são casais perfeitos.
Bom fim de semana, Sérgio.
Adoro a canção Morada, da Sandy. Ñ sei porque tem gente que critica a voz da Sandy dizendo ser enjoativa. Eu adoro a Sandy. O texto ficou ótimo! Parabéns!
A abertura, na voz de lucy alves também é legal e os desenhos dos protagonistas ficou tudo muito bom, melhor abertura, melhor novela de 2018.
Não acompanho essa novela.
big beijos
Olá, tudo bem? Sinceramente, Orgulho e Paixão foi uma novela que não me envolveu. Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br
Sérgio você é um lindíssimo e falou tudo hahaha A novela realmente tem casal bom pra dar e vender e isso é ótimo. Meu casal preferido é Brandão e Mariana, que me cativou muito sendo que no início eu não dava pelos dois, assim como Otávio e Luccino, que eram personagens mais apagados e tiveram um romance lindo e muito bem construído.
Sérgio, meu querido.
Eu comecei "Orgulho" mais interessada em Elisabeta e Darcy por ser um dos casais mais lindos da obra da Jane.
Mas, embora a Nathalia Dill e o Thiago Lacerda estejam muito bem, foi a história da Julieta com o Aurélio que ganhou a minha torcida.
Aquele jeito duro da Julieta em encarar a vida, em contraste à doçura do Aurélio.. E no meio disso tudo uma fazenda em disputa.
Depois veio a humanização da Rainha do Café ao ceder ao amor... Foi uma história tão bonita, de tantos empecilhos e tantas transformações, que acabou virando o meu casal preferido dentro da trama.
Sem contar o luxo que é ver a Gabriela. Eu só lembrava dela em "Por Amor", personagem que eu não gostei na época, e da Jéssica em "Passione", que eu amava.
Depois da Julieta, a Gabriela certamente virou uma das minhas atrizes preferidas. Amei seu trabalho e amei sua personagem. Pra mim, junto com o Barão, os melhores de "Orgulho".
Beijos, meu querido.
Olá Sérgio!!
Nossa, é tanto casal bom que nem sei por onde começar... rs
Darcy e Elisabeta são protagonistas que conseguiram não se apagar em meio a tantas outras histórias ocorrendo (acredite, isso é um baita mérito) e, apesar de não terem ficado separados muito tempo (aliás, essa é outra qualidade da novela: os casais dificilmente ficam separados por conta de armações bobas, logo tudo se resolve) não faltaram conflitos para resolverem juntos.
Mariana e Brandão são o meu casal favorito; de cara eu já gostei deles e fiquei curiosa pra ver como o jeito aventureiro dela ia se encaixar no vida certinha que ele levava. Todos os desdobramentos dessa história só me fizeram gostar mais deles.
Julieta e Aurélio também me cativaram logo de cara; eu sempre fui apaixonada pelo clichê do "viúvo amargurado que reencontra o amor" e vê-lo de forma "invertida", como é o caso aqui, é um incentivo a mais.
Luccino e Otávio foram a grande surpresa. Nunca imaginei, no começo, que eles pudessem fazer um par tão maravilhoso. A história deles fluiu de maneira tão natural que quando dei por mim já estava shippando absurdamente.
Os outros casais também são incríveis, mas se for falar de cada um eu fico aqui até 2030... kkkkk
Por fim, a questão das músicas é mesmo um acerto e tanto. Parece uma coisa boba, mas essa associação é muito importante pra quem acompanha a novela e é algo que fica na memória mesmo depois que ela acaba.
No mais, é isso. Abraços!!
Fico honrado, Louis.
Mt obrigado, anonimo.
Idem, Kika.
Bjs, Rejane.
Seria uma boa ideia, Malu!
Eu tb amo, Debora.
Tb adoro, Danuza.
Mt obrigado, Chaconerrilla.
Tb sentirei, LLorena.
Depois tente ver os caps que perdeu, João. Vale a pena.
Fico feliz com sua visita, Bia. Senti sua falta. Bjão!!!
Onde eu assino, anonimo?
São sim, Elisabete. bjs
A Sandy é maravilhosa, anonimo.
Ok, Fabio. abçs
Mt obrigado, anonimo!!!!!!!
Vanessa, deu gosto ver a Gabriela sendo tão bem valorizada nessa novela, Julieta foi um perfil maravilhoso e a atriz arrebatou desde o começo. O casal Aurieta foi lindo msm. bjsssss
Assino embaixo, Germana, e a questão da música é vital. Ainda bem que essa novela se preocupou com isso. Marca muito mais assim!
Boa menção a abertura, Felipe!!!!
Ah, Germana, realmente nem dá pra falar de todos os casais. Eu tentei. kkkk
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