segunda-feira, 20 de maio de 2024

Passagem de tempo prejudicou virada de "No Rancho Fundo"

 O início de "No Rancho Fundo" surpreendeu quem estava esperando uma correria desnecessária e um atropelo de acontecimentos, assim como aconteceu em "O Tempo Não Para" e "Mar do Sertão", ambas novelas de Mário Teixeira. O autor desta vez iniciou seu enredo de maneira calma e dinâmica, o que deixou o novo folhetim das seis gostoso de acompanhar. No entanto, uma passagem de tempo colocada no capítulo de sexta-feira passada, dia 17, provocou incômodo e desconfiança. 

Após um início merecedor de todos os elogios, não deu para entender a atitude do autor em jogar fora uma leva de acontecimentos importantes com o adiantamento da história em dez dias. A passagem de tempo se deu assim que Artur (Túlio Starling) e Quinota (Larissa Bocchino) encontraram toda a documentação necessária para provar que Zefa (Andrea Beltrão) e Tico Leonel (Alexandre Nero) são os donos da terra em que está localizada a gruta azul, que contém a turmalina paraíba que enriqueceu a família. 

A saga da matriarca vem sendo construída com habilidade por Mário e toda a sua dificuldade em conseguir vender a pedra, que lutou muito para encontrar na perigosa gruta, despertou a atenção. Portanto, era o momento de maior catarse a comemoração de toda a família e a nova etapa para a venda da turmalina paraíba. Mas a única cena mostrada foi um telefonema que Quinota deu para a mãe avisando acharam a papelada no Rio de Janeiro.

A família se emocionou e acabou ali. A passagem de dez dias resultou em um corte brusco que resultou em uma emocionante sequência (a mais linda da novela até agora), quando todos surgiram caminhando pela cidade em direção ao Grande Hotel São Petersburgo, que era a reprodução da animação vista na delicada abertura de "No Rancho Fundo". Um primor de cena. O problema é que ficou faltando uma leva de acontecimentos que o telespectador queria assistir. 

Zefa Leonel não queria deixar Quinota ir para o Rio de Janeiro com Artur e foi convencida pelo marido. A volta do casal com os documentos em mãos renderia uma linda cena e ainda promoveria uma reconciliação, ainda que momentânea, entre Zefa e seu futuro genro. Era um momento importante, assim como a comemoração de toda a família junta. Mas não foi só isso. Como eles conseguiram vender a pedra? Uma das maiores dificuldades era justamente achar um comprador que pagasse um preço justo para a turmalina paraíba. Tanto que o único que teve acesso foi Ariosto (Du Moscovis), que tentou passá-los para trás. E quem comprou a pedra? É uma informação relevante. E por que Zefa quis ficar com tanto dinheiro vivo em mãos? Ao menos a cena dos personagens recebendo do banco aquela quantidade de notas que nunca viram na vida era necessária. Emocionaria e divertiria o público. 

O pior é que também não foi exibida a cena em que Ariosto descobre que seu filho foi o responsável pela descoberta dos documentos que provam que Zefa e Tico são os donos das terras que ele tanto cobiçava. Outra situação importante. E como Marcelo Gouveia (José Loreto) recebeu Blandina (Luisa Arraes), depois que a golpista sumiu com a turmalina e a devolveu para Zefa? Nada foi mostrado. Pode parecer bobagem, mas o telespectador gosta de ver as reações doss personagens, ainda mais em momentos catárticos como os que marcaram a primeira virada da novela. Tanto que causou a sensação de ter perdido algum capítulo. Como assim a família já está com a fortuna em mãos e a pedra vendida? 

Mário Teixeira parecia ter aprendido com os erros por conta do início promissor de "No Rancho Fundo". No entanto, a passagem de tempo prejudicou a narrativa e lembrou o grave equívoco de "Mar do Sertão", que jogou fora inúmeras cenas vitais no começo da história, que se esgotou em apenas um mês. A atual novela ainda está muito boa e repleta de qualidades, mas o autor precisa ter cuidado para manter todos os acertos e não sacrificar cenas que são necessárias para a estrutura de um bom folhetim. 

10 comentários:

Adriana Helena disse...

É verdade Sérgio, a novela Rancho Fundo estava um primor e saborear cada cena, cada momento com retidão e paciência era a chave do sucesso...
Muita coisa ficou sem uma cena explicativa, mas espero que isso não atrapalhe o conteúdo geral da obra...
Nós gostamos de acompanhar uma novela calmamente, apreciando com pausar as cenas...
Grata pela importante análise amigo!!
Linda semana!! :))))

Marly disse...

Se bem pensado, a supressão de tantas cenas importantes equivale a uma aceleração desnecessária da novela. E isso é interessante porque o usual (no passado, pelo menos) era os autores ficarem embromando para 'esticar' os folhetins, rsrs.

Beijão

Anônimo disse...

Verdade..tive a sensação de ter perdido alguns capítulos....foi desnecessário está aceleração....

Anônimo disse...

Quem comprou a pedra??? E a reforma da casa??

Fá menor disse...

Pode ser estratégia e mais à frente surgirem essas cenas.
Boa semana.

Sérgio Santos disse...

Concordo plenamente, DRI!!!

Sérgio Santos disse...

Juro que nao entendo isso, Marly... bjssss

Sérgio Santos disse...

Foi mt desnecessário, anonimo.

Sérgio Santos disse...

Nao sabemos, anonimo...

Sérgio Santos disse...

Duvido mt, Fá...