A nova série do Globoplay vem despertando atenção por ser uma espécie de continuação de "Justiça", exibida em 2016, embora as novas histórias não tenham qualquer relação com as exibidas anteriormente. A autora Manuela Dias criou novos enredos que se destacam graças ao desempenho brilhante do elenco. No entanto, uma trama destoa das demais e abusa da quantidade de inverossimilhanças: a da Milena (Nanda Costa).
A saga da personagem já começa cercada de absurdos que vão piorando a cada episódio. É importante ressaltar que cobrar veracidade em obras de ficção é algo que precisa ser feito com certa moderação, afinal, furos de roteiro são comuns, tanto em séries quanto em novelas e como diz a autora Glória Perez: "É preciso voar". Porém, há voos que são impossibilitados de serem feitos diante das inúmeras incongruências no roteiro. E, no caso da quarta protagonista, são tantos que é difícil até listar.
Logo no primeiro episódio envolvendo a personagem, o quarto da primeira semana, fica impossível comprar a motivação do crime que a leva para a cadeia. Milena é uma mulher que comete furtos para ganhar dinheiro e sonha em ser cantora profissional.
O telespectador acompanha o que deveria ter sido o seu último crime, quando ajuda a pegar uma grande quantidade de dinheiro arrombando um cofre de uma mansão. Ela avisa ao comparsa, Naldinho (Xamã), que agora quer viver honestamente. Seria ali o início de uma nova fase em sua vida.Pouco tempo depois de Milena voltar para casa, há uma falta de luz e a sua mãe, Santana (Tereza Seiblitz), se desespera porque trabalha fazendo salgadinhos e doces para festas e estava com uma grande encomenda na geladeira. A culpa da queda de energia é de Milena, que não pagou a conta. Qual a solução da filha? Para provar que não é uma inconsequente, rouba uma carro de luxo e esfaqueia o motorista. Leva o automóvel até sua casa e usa a bateria como gerador para salvar os salgados. Só que o carro tinha um homem agonizando dentro do porta-malas e o sujeito balbucia algumas palavras antes de morrer. Desesperada, a personagem leva o carro até um lugar deserto e taca fogo. É pega pela polícia, que a prende em flagrante.
E como o homem foi parar dentro daquele carro? A pessoa era Diuzinho (Alexandre Rodrigues), meio irmão de Jordana (Paolla Oliveira), empresária famosa e milionária que lança vários talentos no mundo da música. O rapaz foi até o velório do pai da ricaça avisar que era fruto de um caso do falecido com sua mãe, que era cozinheira da família na época. Faz questão de falar que ninguém mais sabia da informação e não avisou a nenhum conhecido que iria ao enterro. A poderosa mulher não pensa duas vezes e leva o rapaz até uma sala de sua mansão, avisa ao marido, Egisto (Marcello Novaes), que vai matar o parente recém-descoberto, o dopa e dá um tiro pelas costas. O marido leva o corpo em seu carro e é roubado por Milena. O mote do enredo foi exposto assim no episódio.
Analisando somente o início da trama já é possível apontar várias situações ridículas que subestimam a inteligência de qualquer um. A solução para Milena salvar os salgadinhos da mãe era roubar um carro para usar a bateria como gerador? Por que não pediu para uma vizinha colocar os quitutes na geladeira até pagar a conta de luz no dia seguinte? Não era algo bem mais simples? E qual a lógica de Diuzinho ir até a mansão de uma família rica anunciar que também é herdeiro sem um advogado sequer? E como uma empresária famosa resolve assassinar imediatamente o meio irmão sem nem pensar em todos os riscos que o crime poderia provocar em sua carreira bem-sucedida? Como não ter medo da imprensa descobrir? E o que Egisto pensou quando decidiu levar o corpo na mala do carro? Ia jogar onde? As câmeras de segurança e de tráfego da cidade não pegariam nenhuma rota? São situações que destroem o embasamento do enredo.
Mas o pior de tudo é que os desdobramentos vão deixando a história ainda mais estapafúrdia. Milena fica sete anos presa pelo assassinato do rapaz e quando sai da cadeia recebe de Luara (Juliana Xavier) todas as documentações que provam que Diuzinho é meio irmão de Jordana. Isso porque a garota de programa era namorada da vítima. E por que essa mulher nunca tentou tirar proveito da situação? Segundo ela, porque não existe justiça no país e de nada adiantaria (?). Milena, então fica com as provas e usa a papelada para ameaçar Jordana. Ela a chantageia para ficar com milhões de reais em sua conta e assim usar a fortuna para se lançar como cantora? Não, a personagem entrega a documentação para a assassina e exige que a empresária cuide de sua carreira. Jordana aceita a proposta e a parceria é iniciada. Qual o sentido de Milena confiar sua vida a uma psicopata que matou o irmão e a deixou na cadeia por algo que nunca fez? Qual a lógica da criminosa confiar em Milena ao invés de matá-la como queima de arquivo? São questionamentos inevitáveis. E não para por aí. Milena conta todo o seu plano para sua mãe. E o que a mãe faz? Se assusta por alguns minutos, mas logo entende e acha normal. A única pessoa que age com a mínima lógica na história é Egisto.
Ao longo dos episódios, todo o conjunto de desatinos vai tirando cada vez mais a paciência do telespectador. A nova situação que quebra a barreira da lógica é a chantagem que Luara passa a fazer com Milena depois que descobre que ela usou os documentos para se dar bem. A constante explicação utilizada no roteiro para corroborar a parceria entre Jordana e Milena é que Milena não tem mais prova alguma para usar contra Jordana, então a relação passa a ser de total confiança de ambas as partes. Só que Luara também não tem mais prova alguma porque deu tudo para Milena. Então qual o motivo de Milena aceitar a chantagem e dar dinheiro para a prostituta? São acontecimentos que vão minando uma história já frágil em todos os aspectos. E os conflitos que surgiram recentemente mais uma vez subvertem a lógica. Como Egisto era uma pedra em seu sapato e conseguiu o rompimento do contrato com a gravadora, Milena sabotou os freios do carro do inimigo com a ajuda de Luara e o matou. A polícia fez a perícia e falou para Jornada que o acidente na verdade foi um assassinato. Pois em nenhum momento passou pela cabeça da empresária que a responsável era Milena. Como pode?
O objetivo da autora é claro: criar um romance lésbico. O que é válido, até mesmo no atual momento em que a cúpula da Globo vem se mostrando tão retrógrada e conservadora a ponto de criar quase uma 'novela paralela' até a liberação de um simples beijo homoafetivo na teledramaturgia. No Globoplay, há bem mais liberdade para explorar um relacionamento gay. A química entre Paolla Oliveira e Nanda Costa em "Justiça 2" é visível e Paolla está brilhante interpretando um tipo que nunca viveu antes na carreira. As duas juntas formam uma boa dupla. Mas Manuela Dias precisava sacrificar tanto a congruência do roteiro para chegar ao objetivo? É uma pergunta que fica.
28 comentários:
Acho que hoje em dia, a maioria do que passa na TV é mesmo para fazer o público idiota, não só as novelas, mas notícias e demais programação.
Bom fim-de-semana1
Pensei que ninguem fosse escrever sobre a palhaçada dessa trama. Obrigado.
É incrível a falta de noção dessa autora, estaria ela querendo irritar ou espantar o telespectador?
Beijão e bom fim de semana
As outras histórias de Justiça 2 estão até ok apesar de o roteiro ter perdido muita qualidade comparado à Justiça 1, essa história da Milena é bem forçada em todos os aspectos.
Gracias por la recomendación.
Isso depende, Fá.
Eu que agradeço, Gabi.
Boa pergunta, Marly.
Exato, anonimo.
De nada, Citu.
Vim agradecer teu carinho lá! Estamos bem, mas as chuvas não param! abração, chica
Olá, tudo bem? Assisti na Tela Quente e gostei do início. Porém, já vi comentários negativos sobre a série. Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br
Hoje em dia a globo só decepciona, quase sempre, aliás.
Boa semana!
O povo tbm é chato, critica tudo, nada tá bom. É simples, não assistam. Falam q o roteiro é cheio de furo e tal, mas todos os roteiros são e tá tudo bem. O próprio nome já diz tudo "entretenimento".
Eu estou amando
Obrigada por dizer tudo o que eu penso. É absurdo atrás de absurdo.
Eu fico me perguntando, como assim , a autora fez o tão óbvio? E que fracasso será vale tudo??? Além de tudo isso de J2 que tem muita repetição entre uma história e outra, que se torna cansativo.
Perdeu tanta a qualidade que voltei rever Justiça 1, pra mim essa nova versão falta um personagem leve. Em justiça 1, a trama de Rose era bonita, a de adriana estever era recuperado, forte e feliz ao mesmo tempo. Poderia ter deixado Baltazar ou Geiza mais leves um pouco
Você comprou os personagens Davi e Bia do Braz, muito mais frágeis, inconsistentes e mal planejados, faz um esforço que vc compra Jordana e Milena também
Realmente absurdo atrás de absurdo.
Boa semana!
O JOVEM JORNALISTA está no ar cheio de posts novos e novidades! Não deixe de conferir!
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Até mais, Emerson Garcia
Tbm pensei o mesmo ridículo de qualquer maneira a Milena matou e foi cúmplice tirar a filha da geiza é o ó e unir ela com o pai do rapaz que ela matou,a Carolina tbm não gostei do final
Acho que o nome certo é (INJUSTIÇA)
Bjs, Chica.
É ruim, Fabio.
Bjss, Ane.
Dá medo, anonimo.
Verdade, Claudia.
Anonimo, o que Bia e Davi têm a ver? Parece maluco kkkkkkk
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