Morte de Venâncio rende ótimas cenas em "Renascer"

 Nesta segunda-feira, dia 22, foi ao ar o assassinato de Venâncio (Rodrigo Simas) em "Renascer". A morte trágica de um dos filhos de José Inocêncio aconteceu na versão original por conta de uma briga entre Taumaturgo Ferreira, intérprete de Venâncio em 1993, e o autor Benedito Ruy Barbosa. Alguns dizem que a morte estava planejada e foi antecipada, mas é uma polêmica antiga. Bruno Luperi, como costuma copiar e colar praticamente todo o enredo do avô, manteve o desfecho do personagem e a morte rendeu um grande capítulo. 

O momento de maior catarse foi toda a sequência da tocaia armada por Egídio (Vladimir Brichta). A direção de Gustavo Fernández e equipe merece aplausos de pé, principalmente porque nos tempos atuais há uma preguiça em grande parte da direção de novelas da Globo, além de corte de custos da emissora que prejudica bastante o resultado final de várias cenas, principalmente nas produções das seis e das sete. Toda a tensão daquele instante trágico foi demonstrado com precisão, tanto nas movimentações de câmera quanto nas imagens escolhidas. 

A cena da tocaia durou um minuto e 25 segundos. Egídio no alto de um grande pedregulho (como ele subiu até lá é uma liberdade poética) mirando no caminhão dirigido por João Pedro (Juan Paiva), enquanto Zé Inocêncio (Marcos Palmeira) cavalga em busca dos filhos e Inácia (Edvana Carvalho) reza diante de Nossa Senhora com duas velas acesas.

Pela primeira vez na novela surge a imagem do cramulhão na garrafinha durante a sequência de tirar o fôlego e assim que João cai em um buraco, provocando o desequilíbrio do caminhão e o estouro no pneu, o vilão atira e a bala atinge Venâncio. Logo depois as velas da santa apagam e uma luz de dentro do armário em que está o cramulhão acende. Um trabalho de direção irretocável que fez toda diferença. 

Já as demais cenas da reação dos personagens com a morte de Venâncio engrandeceram o restante do capítulo. A dor de Zé Inocêncio diante da perda do filho foi brilhantemente defendida por Marcos Palmeira em sua melhor sequência na trama até agora. O choro do coronel diante do olhar devastado de Inácia, fruto da interpretação da gigante Edvana Carvalho, foi devastador, assim como sua indignação diante do diabinho na garrafa, que não salvou Maria Santa (Duda Santos) e nem seu filho. Aquele instante de puro desespero emocionou diante da imagem de Nossa Senhora na sala de sua fazenda. 

A menção especial é a Juan Paiva, que é um dos destaques do elenco e como convence nas cenas de emoção. O sofrimento de João Pedro carregando o irmão morto em seus braços foi comovente. Aliás, Rodrigo Simas merece elogios pelo seu desempenho como Venâncio. O personagem era apagado e cansativo, o que tornava a interpretação mais complicada e o ator driblou bem as dificuldades. Vale destacar ainda a reação incrédula de Eliana com a notícia da morte do marido. Sophie Charlotte nunca decepciona. 

Apenas dois pontos destoaram do excelente capítulo: a falta da reação de Zé Bento (Marcello Melo Jr) e a expressão apática de Buba (Gabriela Medeiros). Como não gravaram a cena do baque do único irmão que conversava e tinha uma relação com Venâncio? Nada justifica, até porque a novela é arrastada e são poucos os conflitos. Era um momento importante que acabou ignorado. E o instante da reação de Buba diante da perda de seu amor foi decepcionante. A atriz não conseguiu transmitir a emoção necessária no instante mais importante da personagem. Tanto que a própria direção não estendeu muito a cena, que durou menos de quinze segundos. Sorte que as demais interpretações anteriores fizeram a diferença.

Após várias semanas sem qualquer evento relevante ou acontecimento marcante, "Renascer" apresentou uma sucessão de cenas que emocionaram e impactaram através da morte de Venâncio. Foi um ótimo capítulo.