A atual novela das sete, escrita por Rosane Svartman e dirigida por Paulo Silvestrini, foi um sucesso e fez por merecer. Foram vários os acertos do folhetim da Globo e entre eles o bem escalado elenco, onde quase todos foram valorizados como mereciam. E um dos grandes destaques da produção foi a grandiosa Renata Sorrah.
A veterana estava afastada das novelas desde 2015, quando viveu a problemática Nora, na controversa "A Regra do Jogo", de João Emanuel Carneiro. Três anos depois, a atriz fez uma breve participação em outra produção do mesmo autor: "Segundo Sol", que enfrentou muitos problemas de desenvolvimento. A intérprete esteve apenas nas semanas finais e brilhou ao lado de Adriana Esteves. Já em 2021, protagonizou "Filhas de Eva", ótima série do Globoplay, exibida pela Globo ano passado, onde viveu a elegante Stella Fontini.
Após oito anos longe dos folhetins, Renata ganhou uma personagem que engrandece seu talento e ainda faz uma deliciosa homenagem a vários clássicos da teledramaturgia. Isso porque Wilma Campos é uma atriz decadente, apaixonada por teatro, que chegou a fazer sucesso no passado, mas foi se frustrando ao longo dos anos com a escassez de bons papeis para profissionais da sua idade. Em suma: uma pessoa que sofre do chamado etarismo, preconceito com os mais velhos.
Mas para sustentar sua vida de luxo, passou a cuidar da carreira do filho, Lui Lorenzo (José Loreto), um cantor que viveu seu auge nos anos 2000 e hoje em dia também enfrenta um problema parecido com o da mãe: o fracasso por não ser mais um jovem sedutor.No entanto, Wilma conseguiu transformar o filho em um cantor popularesco, onde não há qualidade alguma em suas músicas, apenas o retorno financeiro que canções de gosto duvidoso dão para a família, além do apelo sexual para seduzir a mulherada que é o público alvo do herdeiro. A agora ex-empresária ainda tem um braço direito, o assessor Vitinho (Luis Lobianco), uma espécie de 'faz tudo'. E a personagem também tem um passado amoroso, o Fábio Lorenzo (Zécarlos Machaco), cantor que abandonou a carreira e o sucesso para viver uma vida de 'paz e amor' com a esposa, Dora (Cláudia Ohana), que faleceu recentemente. Wilma era sua amante e foi abandonada com o filho na época, que foi usado como isca já que Lui foi fruto de inseminação artificial. A ferida nunca cicatrizou, assim como o amor que sente pelo ex.
Ou seja, Renata Sorrah ganhou um papel excelente e vem honrando todas as cenas escritas especialmente para ela. Até porque a autora criou uma maneira de homenagear sucessos dramatúrgicos através da inveja da personagem. Wilma sempre faz questão de citar frases emblemáticas de peças famosas ou recriar brevemente cenas de novelas que deveria ter protagonizado, mas não conseguiu porque puxaram seu tapete. A atriz era para ter interpretado as gêmeas Paulina e Paola Bracho, de "A Usurpadora", mas a mexicana Gabriela Spanic roubou o papel. Era para ter vivido a Camila, em "Laços de Família", mas acabaram preferindo Carolina Dieckmann. Porém, conseguiu alguns papeis memoráveis, como a Nice (Susana Vieira), de "Anjo Mau", a Jô Penteado (Christiane Torloni), de "A Gata Comeu", e a vilã Branca Letícia de Barros Motta (Susana Vieira), de "Por Amor". São situações impagáveis criadas pelos roteiristas e que são genialmente interpretadas. Vale até citar um dos momentos mais engraçados da atriz: Wilma reencenando com Érica (Letícia Salles) a cena clássica da vingança de Nina (Débora Falabella) e Carminha (Adriana Esteves), de "Avenida Brasil", mas com os papeis invertidos. Hilário.
Perto da reta final, a personagem deixou o posto de empresária do filho e teve a chance de voltar a atuar graças ao deslumbrado cineasta Lucas (Vitor Thiré), que a escalou para protagonizar "Fumaça Macabra". Foram muitas semanas voltadas apenas para a produção do filme, que incluíram muitas situações constrangedoras envolvendo a precariedade da produção e cenas de qualidade bastante duvidosa. Um contexto propositalmente 'thrash', mas criado para destacar Renata, que aproveitou todas as cenas com talento. Aliás, é quase sempre perceptível quando um ator está ou não gostando de viver determinado personagem em uma novela. E ficou visível o quando a veterana se divertiu na trama das sete. Parecia em um parque de diversões toda vez que surgia no folhetim.
Rosane Svartman valorizou a presença de uma profissional do calibre de Renata Sorrah em sua novela e a fez um dos pontos altos de "Vai na Fé". Tanto que o final da personagem será o melhor possível: disputada por Gloria Perez, João Emanuel Carneiro e Walcyr Carrasco. Tudo o que aquela mulher mais sonhou na vida. Vale elogiar também o texto perspicaz escrito pelos colaboradores Mário Viana e Renata Corrêa para a intérprete. Wilma Campos entrou para a lista de papeis marcantes da atriz que merecia novamente um bom papel na teledramaturgia já há uns bons anos.
14 comentários:
Oi!
É tão bom quando algum ator/atriz querido pega um papel que valoriza muito a a atuação dele né?
https://deiumjeito.blogspot.com/
Não há dúvidas de que vários nomes do elenco de "Vai Na Fé" se destacaram, até mesmo os que andavam afastados da TV, e quando eram lembrados, na maioria das vezes isso acontecia em produções de qualidade duvidosa. Mas "Vai Na Fé" felizmente rompeu essa sina, haja vista os exemplos de Renata Sorrah (ótima e divertidíssima na pele de Wilma Campos), Cláudia Ohana e Carolina Dieckmann.
Guilherme
Renata sempre, onde atua, o faz muito bem.
Lindo fds! abração, chica
Olá, tudo bem? Concordo. A atriz Renata Sorrah foi um dos pontos positivos na novela Vai na Fé. Aparecerá no meu balanço final. Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br
A novela decaiu bastante Sérgio. Cai o dedo vc admitir isso, não sabia que era tão fã cego assim da Rosane que não pode fazer uma critica a novela??
A Renata Sorrah é realmente grande: ótima atriz e muito carismática, por onde passa, deixa uma marca.
Beijão e boa semana
eu amo a wilma e seus martinis cenográficos. fumaça macabra então, já é um hit. vai deixar saudade. beijos, pedrita
É bom demais, Giovana.
Excelentes exemplos, Guilherme.
Sempre, Chica.
Que bom, Fabio.
Faça a crítica que quiser, anonimo. Aliás, ja nao está fazendo?
Bjs, Marly!
Vai mesmo, Pedrita.
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