quarta-feira, 13 de abril de 2022

"Pantanal" teve uma primeira fase impecável

 A expectativa pelo remake de "Pantanal" era elevada. Principalmente pela Globo que nunca escondeu o quanto estava empenhada em fazer da adaptação da marcante novela de Benedito Ruy Barbosa (exibida na TV Manchete em 1990) um novo sucesso. Ainda é cedo para maiores constatações, mas o fato é que a primeira fase, que chegou ao fim nesta terça-feira (13/04), da obra adaptada por Bruno Luperi e dirigida por Rogério Gomes foi impecável.

Rogério Gomes é conhecido pelo seu elogiado trabalho e agora não foi diferente. A direção primou pela fotografia de encher os olhos e um tom contemplativo tão característico da obra original. O diretor não quis aparecer mais do que a história. Quis ser fiel ao estilo novelão clássico, sem grandes ousadias. Acertou em cheio. Ainda contou com a tecnologia a seu favor, onde utilizou com habilidade toda a gama de imagens que diferentes tipos de drones fizeram do Pantanal. Na época, há 32 anos, o melhor que conseguiam eram gravações feitas em balões. 

A escalação do elenco foi outro trunfo da primeira fase. Que seleção cuidadosa. Todos os atores puderam se destacar em algum momento e logo caíram nas graças do público nas redes sociais. Foi rápido o envolvimento com aqueles personagens tão bem interpretados e construídos. Logo na estreia, Joventino encantou um imponente Marruá, enquanto Irandhir Santos arrebatou quem assistia.

Que cenas emocionantes protagonizadas pelo ator. Sua participação foi breve, mas emblemática. Já sabendo do seu talento, o autor fez questão de tê-lo na segunda fase. Ele viverá José Lucas de Nada, filho de José Leôncio com a prostituta Generosa (Giovana Cordeiro). 

Aliás, que desempenho irretocável de Renato Góes como Zé Leôncio. Difícil imaginar outro ator no papel. Foi seu melhor momento na televisão. Emprestou seu carisma para o personagem e conseguiu imprimir até uma comicidade em algumas cenas, principalmente quando o peão chegou ao Rio de Janeiro e quase foi vítima de um golpe do taxista que o levou, interpretado pelo ótimo Orã Figueiredo. E o protagonista é machista, vide sua relação conturbada com Madeleine (Bruna Linzmeyer), onde somente ela precisou abrir mão de sua vida para viver com o marido, enquanto ele seguiu com sua vida normalmente, sem se importar em ceder um pouco pela esposa. Mesmo assim, deu para entender os dois lados. São duas pessoas egoístas. 

E por falar em Madeleine, como não elogiar a atuação de Bruna Linzmeyer? A atriz defendeu a patricinha com talento e conseguiu aproveitar muito bem todas as camadas da personagem em cena. Era um perfil que despertava amor e ódio, dependendo da situação. Deu para sentir toda a angústia daquela mulher que passou a morar em um lugar lindo, mas longe de tudo e justamente quando virou mãe e não teve nenhum familiar ao seu lado. Outro elogio necessário é a escolha da intérprete na segunda fase: Karine Teles, premiada atriz de cinema, está muito parecida com Bruna. Fica crível para o público comprar a continuação da trama. Dira Paes também se parece muito com Letícia Salles, que viveu a desconfiada Filó. E que grata revelação foi Letícia. Filó tem muito destaque na história e a novata honrou a confiança da produção. Protagonizou cenas maravilhosas com Bruna e Renato. 

Já Juliana Paes foi o grande nome da primeira fase. Maria Marruá é uma das personagens mais inesquecíveis da obra original e foi interpretada pela grande Cássia Kiss. Juliana honrou a importância do papel e se entregou de corpo e alma em todas as cenas. Não teve um instante sequer de leveza na saga de Maria. Perdeu três filhos assassinados durante a disputa de terras, engravidou pela quarta vez e pensou em abandonar a criança para não sentir a mesma dor, mas desistiu quando viu que era uma menina. Seu momento de alegria não durou porque pouco tempo depois viu seu marido, Gil (Enrique Diaz), ser assassinado na sua frente. Criou sua herdeira sozinha durante 20 anos, isolada no meio do nada. Até também ser assassinada. Juliana mais uma vez deu um show no horário nobre, após duas protagonistas de grande sucesso: Bibi Perigosa ("A Força do Querer") e Maria da Paz ("A Dona do Pedaço"). Marruá já entra para sua lista de grandes papéis. E sua parceria com o também extraordinário Enrique Diaz foi uma boa surpresa. 

Outras menções honrosas são: Malu Rodrigues, que esteve muito bem como Irma; Leopoldo Pacheco como Antero; Selma Egrei como Mariana (que continua na segunda fase); Fábio Neppo como Tião; Chico Teixeira como Quim e Almir Satter como Eugênio. Osmar Prado é outro gigante na pele da figura metafórica do Velho do Rio, mas o ator segue na história e ainda vai brilhar muito mais. 

"Pantanal" causou a melhor das impressões através de uma primeira fase sem defeitos. Agora a direção fica a cargo de Gustavo Fernandez porque Rogério Gomes não renovou seu contrato com a Globo --- há um 'mistério' em torno do desligamento porque não é algo natural um diretor largar uma obra em andamento. Resta torcer para a segunda fase ser tão boa quanto a que foi apresentada ao público e que os novos atores e personagens consigam manter o nível da produção. O fato é que o elenco que deixa a trama fará falta. 

14 comentários:

Anônimo disse...

Interpretações de qualidade na primeira fase de "Pantanal" não faltaram. Resta saber se a fase definitiva da novela manterá esse padrão.

Guilherme

Anônimo disse...

EU JÁ TO COM SAUDADES.

- R y k @ r d o - disse...

Vi a novela Pantanal. Até a música era fascinante de ouvir. Gostei muito dessa novela. Vão reeditá-la com novos atores/atrizes?
Fiquei seguidor
.
Uma Páscoa Feliz
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.

Fatyma Silva disse...

Saudades da primeira fase da novela.
Sérgio, a vc e família desejo uma feliz Pascoa!

Um abraço.

Teresa Isabel Silva disse...

Já ouvi falar, mas nunca vi!

Bjxxx
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Daniel Carneiro disse...

Assisti a chamada da novela assim que saiu e, depois de anos e anos sem parar pra assistir tv ou novela, eu senti vontade de sentar no sofá e acompanhar essa história. Sou nascido em 1991. Não vi quando passou na Manchete (obviamente rs) e não vi a reprise do Sbt - já era a época que não parava pra ver algo na tv.

Pois bem: em uma primeira lida, eu descordei do "impecável" do título. Vi que a novela foi encurtada de 19 episódios para 14, para chegar na segunda fase. Deu para sentir em uns capítulos, como José Leôncio indo cobrar o dinheiro das cabeças de gado sem mostrar o negócio que fez; ou o casamento dele com Madeleine dando a impressão que fizeram os preparativos em 1 dia e meio.

Mas quer saber de uma coisa? Foi impecável realmente. Eu amei assistir a parte mais contemplativa da obra. Não falo apenas das imagens - e que imagens e que fotografia; falo de acompanhar personagens tão simples e complexos ao mesmo tempo. Acompanhar personagens durante anos e suas fases. Aliás, o maior motivo que senti para assistir a novela, é seu jeito épico de contar uma história por gerações!

Também achei impecável o texto. Como no diálogo de Joventino e José Leôncio sobre a vida, as terras, a natureza e como o tempo chega para todos e é a hora de parar, pois "a carcaça está começando a sentir". O texto também aparentemente feliz e inocente do avó de Jovi mascarando seus interesses para continuar jogando.

Impecáveis atuações, onde parece que todo o elenco chegou com fome de atuar e marcar presença. Até o que menos se destaca, ainda se destaca bastante.

Foi realmente uma primeira fase impecável. Torci, vibrei, acompanhei a natureza. E o melhor de tudo: vontade de acompanhar as próximas novelas.

Sérgio Santos disse...

Já com saudades, Guilherme.

Sérgio Santos disse...

Idem, anonimo.

Sérgio Santos disse...

Já está, Rykardo!

Sérgio Santos disse...

Pra voce também, Fatyma!

Sérgio Santos disse...

É boa, Teresa.

Sérgio Santos disse...

Assino embaixo, Daniel. E eu só tinha 4 anos quando passou pela primeira vez. abçsss

Jovem Jornalista disse...

Ouvi falar que foi um sucesso!

Boa semana!

O JOVEM JORNALISTA está de volta com muitos posts e novidades! Não deixe de conferir!

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Até mais, Emerson Garcia

Sérgio Santos disse...

Foi mesmo, Emerson.