terça-feira, 12 de janeiro de 2021

"Shippados" na Globo é a chance do grande público prestigiar o último trabalho de Fernanda Young

 A Globoplay estreou "Shippados" em junho de 2019, exclusivamente para os assinantes da plataforma. Foi o último trabalho da saudosa escritora Fernanda Young, em parceria com seu marido, Alexandre Machado. A autora faleceu dois meses depois. Mas encerrou sua trajetória com uma ótima produção. A história protagonizada por Tatá Werneck e Eduardo Sterblich, agora, estreou na grade da Globo, quase dois anos após o lançamento em seu serviço de streaming. 


A trama marcou a volta dos autores da inesquecível "Os Normais" (2001/2003) e das ótimas "Os Aspones" (2004), "Minha Nada Mole Vida" (2006), "Separação?!" (2010), "Macho Man" (2011), "Como Aproveitar o Fim do Mundo" (2012), "Surtadas na Yoga" (2014/2014), "Odeio Segundas" (2015) e "Edifício Paraíso" (2017) ---- as três últimas no canal a cabo GNT. Claro que a inspirada dupla teve também séries fracassadas, vide a cansativa "O Sistema" (2007), a péssima "O Dentista Mascarado" (2013) e a equivocada "Vade Retro" (2017).

Como os erros foram bem menos numerosos que os acertos, é evidente que os escritores têm um currículo televisivo admirável e "Shippados" entrou para a lista de seriados bem-sucedidos. A história protagonizada por Rita e Enzo ---- o 'shipper' 'Rizo' não é obra do acaso ---- mistura momentos essencialmente cômicos com outros depressivos de forma hábil e inteligente. 
Aliás, é possível afirmar que essa é a trama mais dramática da dupla, onde o humor é quase uma consequência dos problemas emocionais dos 'mocinhos'.

O divertido é justamente acompanhar o nascimento do amor de duas pessoas que costumam ser ignoradas em uma sociedade que busca a perfeição ou o chamado "padrão de beleza e comportamento". Os dois fogem de todas essas caraterísticas. Ela é uma jovem depressiva que grava vídeos no You Tube falando de sua pouco atrativa rotina. Vive em um pequeno apartamento completamente bagunçado com a mãe, a controladora Dolores (Yara de Novaes). Ele é um nerd infeliz, adepto de teorias da conspiração, que mora com um casal que pratica o nudismo 24 horas (Brita - Clarice Falcão e Valdir - Luis Lobianco).

Os protagonistas se conhecem por conta de uma infelicidade em comum: a decepção com o aplicativo de encontros. Ambos enfrentaram inúmeras humilhações e nunca conseguiram um segundo encontro ---- os pretendentes costumam fugir no primeiro mesmo e é o que acontece logo no começo. Como ficaram sem seus respectivos pares, Rita e Enzo começaram a interagir e se identificaram com suas frustrações. Obviamente, a aproximação se transforma em um sentimento maior e uma relação acontece, o que resulta em um conjunto de situações constrangedoras, engraçadas e até sensíveis. Há ainda uma preocupação com o arco dramático de Rita, que inicia uma busca pelo seu pai e o fato impede que a série caia na repetição.

Tatá Werneck está perfeita e conseguiu incorporar o tom naturalmente depressivo da personagem, respeitando os instantes dramáticos de Rita e a diferenciando de seus papéis mais escrachados das novelas. A graça da menina não está na piada e sim na forma como se expressa.  Já Eduardo Sterblich interpreta um sujeito quase bipolar e sua parceria com Tatá funciona plenamente. Até porque os dois são mestres na arte do improviso e fica claro que usam essa habilidade com frequência. Tanto que muitas vezes fica difícil saber quando o absurdo dito por eles está no texto ou não. É visível, ainda, como ambos riem de verdade um do outro em algumas cenas. Isso é ótimo. Juntá-los em uma produção foi um acerto. A trama ainda conta com outros bons nomes no elenco, como Júlia Rabello (Suzete) e Rafael Queiroga (Hélio), vivendo um casal que se junta aos personagens mais para frente.

Dirigida com competência por Patrícia Pedrosa ---- que imprime um tom contemplativo apropriado para a trama ----, "Shippados" é uma comédia romântica que foge do convencional e proporciona bons momentos para o telespectador. Alexandre Machado e Fernanda Young voltaram inspirados e criaram uma espécie de Rui e Vani ("Os Normais") da nova geração. O último trabalho da ácida autora não poderia ter sido melhor e finalmente chegou ao grande público.

12 comentários:

Anônimo disse...

E não deu outra: mais uma ótima série com o inconfundível texto de Alexandre Machado e Fernanda Young. E, com a exibição de toda a primeira temporada na Rede Globo, já deixa o grande público ávido pela estreia da segunda.

Guilherme

Anônimo disse...

Essa série é mt gostosinha.

Maria disse...

Reze este Rosário! Pela Meditação das Mensagens, encontrareis e compreendereis os motivos de Rezar o Rosário Sempre, até faze-lo todos os dias. A Paz esteja contigo!



Vinicius disse...

Melhor papel da tata werneck na minha opiniao

Anônimo disse...

Até hoje nao me conformo com a morte besta da Young.

Jovem Jornalista disse...

Ainda não vi a série, mas fiquei curioso com sua resenha.

Bom fim de semana!

Jovem Jornalista
Instagram

Até mais, Emerson Garcia

Sérgio Santos disse...

Verdade, Guilherme.

Sérgio Santos disse...

Muito, anonimo.

Sérgio Santos disse...

Bjs, Maria.

Sérgio Santos disse...

Ela foi mt bem mesmo.

Sérgio Santos disse...

Nem eu, anonimo.

Sérgio Santos disse...

Veja, Jovem!