sábado, 1 de agosto de 2020

"Toma Lá Dá Cá" é uma reprise bem-vinda, mas no horário errado

Sucesso entre 2007 e 2009, o "Toma Lá Dá Cá" foi visto pelo grande público como uma espécie de nova versão do "Sai de Baixo", fenômeno exibido entre 1996 e 2002 na Globo. Isso porque há uma clara similaridade nos formatos: ambos com famílias repletas de figuras pitorescas e presença de plateia nas encenações. A produção que inspirou as duas, vale lembrar, foi a clássica Família Trapo, de 1960, exibida pela então TV Record. E os telespectadores desejavam a reprise da história criada e escrita por Miguel Falabella e Maria Carmem Barbosa há muito tempo. A Globo finalmente atendeu ao pedido.


A emissora passou a reprisá-la neste sábado, dia 1º de agosto, na chamada "Sessão Comédia", substituindo a "Sessão de Sábado" e para algumas afiliadas entrando no lugar de "O Melhor da Escolinha". É verdade que "Toma Lá Dá Cá" já vem sendo reprisado no Canal Viva desde abril de 2012, mas obviamente o alcance da televisão aberta é muito maior. E a turma do condomínio Jambalaya Ocean Drive deixou uma marca na comédia nacional através de personagens até hoje lembrados e piadas certeiras que seguem atuais.

A série vale a pena ser revista por várias razões, entre elas o elenco primoroso. Miguel Falabella, Stella Miranda, Adriana Esteves, Arlete Salles, Alessandra Maestrini, Diogo Vilela, Marisa Orth e Fernanda Souza foram os principais destaques da história e os perfis refletem com perfeição a classe média alta brasileira, muitas vezes tão controversa.
Como sempre costuma ocorrer nas produções de Falabella, o formato não se utiliza de conflitos ou situações que provoquem uma movimentação no roteiro. A base é o texto. A trama basicamente se vale dos personagens contando situações que viveram uns para os outros. É comum ver ciclano ou beltrano falando de algo que aconteceu e o telespectador não viu, mas provocando risos pela forma como foi contada.

O corretor de imóveis Mário Jorge (Miguel Falabella) foi casado com Rita (Marisa Orth), também corretora, com quem teve Isadora (Fernanda Souza) e Tatalo (George Sauma). Porém, o personagem vive com Celinha (Adriana Esteves), que era casada com Arnaldo (Diogo Vilela), um dentista fracassado, e com quem teve Adônis (Daniel Torres). Já Arnaldo se casou com Rita e as duas famílias moram no mesmo andar de um condomínio na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, há dez anos. Celinha mora com o marido, o filho do outro casamento e sua mãe, a devoradora de homens Copélia (Arlete Salles). Ainda tem uma empregada: a paraense Bozena (Alessandra Maestrini), que adora contar vários casos ocorridos em Pato Branco, município localizado no sudoeste do Paraná. Vale também citar a ranzinza e corrupta síndica Dona Álvara (Stella Miranda). Todos perfis hilários e caricatos.

A história deu tão certo que ao longo dos meses novos personagens faziam participações e alguns entravam para o elenco fixo, o que deixava o conjunto ainda melhor. Foi o caso de Seu Ladir, marido de Álvara, interpretado pelo saudoso Ítalo Rossi. O sujeito era um gay afetado ao extremo e reproduzia pérolas impagáveis, incluindo o bordão "É mara". Aliás, bordões eram comuns na série. Um dos mais amados era o de Copélia: "Prefiro não comentar". E outras presenças que funcionaram tão bem que acabaram permanecendo na história foram a de Dona Deise (saudosa Norma Bengell), lésbica que dava em cima de todas as mulheres, e Doutora Percy (saudoso Miguel Magno), psicoterapeuta de Adônis.

É preciso também ressaltar que muitos atores viveram o auge da popularidade na produção. Ítalo Rossi sempre foi um respeitado ator de teatro com pequenas participações em novelas e séries da Globo. A maior lembrança até então era o mordomo Alfred, de "Senhora do Destino", em 2004. Mas foi com Seu Ladir que o intérprete chegou até o povão. Alessandra até hoje é lembrada como a Bozena, enquanto Stella fez de Álvara um marco em sua admirável carreira até então pouco conhecida do grande público. E foi ótimo ver atores em perfis diferentes dos esteriótipos que estavam acostumados. Marisa Orth, por exemplo, viveu a personagem que menos tinha humor na série. Rita era uma das mais sensatas da história. Já Adriana Esteves pôde deitar e rolar na comicidade de Celinha, após tantos perfis dramáticos em novelas.

"Toma Lá Dá Cá" é uma boa escolha para preencher a grade da Globo repleta de reprises em virtude da interrupção de vários produtos inéditos por conta da pandemia do novo coronavírus. Porém, no horário errado. O início das tardes de sábado é prejudicial para um seriado com tantas piadas de duplo sentido ou comentários mais ferinos. Os cortes serão constantes, como já ocorriam na reprise de "Sai de Baixo", também nas tardes de sábado. Para culminar, essa faixa dos sábados não é transmitida nacionalmente. Há programações próprias em determinadas afiliadas da Globo. Nem todo mundo poderá rever. Seria mais inteligente trocar de faixa com "Tapas & Beijos", outra série que começa a ser reexibida em agosto, mas nas noites de terça, mesmo horário da época de sua exibição (entre 2011 e 2015). A trama protagonizada por Fátima (Fernanda Torres) e Sueli (Andrea Beltrão), embora também tenha um humor mais picante, é bem mais propícia para o horário vespertino, ao contrário das aventuras do pessoal do Jambalaya Ocean Drive.



Vídeo da querida Alessandra Maestrini convidando vocês para a reprise:


15 comentários:

Anônimo disse...

Vc sempre fala tudo o que queremos dizer, Sérgio!

Unknown disse...

Era pra Globo colocar o Toma La da Ca , nas noites de terça feira na primeira faixa da Linha de Shows ao invés daquela chatice do Cine Holoowd.

Anônimo disse...

Concordo plenamente. De tarde vai ter muito corte como ja teve na estreia hoje.

Anônimo disse...

Também gostei muito da notícia da reprise, mas nao tive tempo de comemorar porque soube que era nesse horário horrivel e a afiliada da Globo de onde moro nem vai passar...

Anônimo disse...

Perfeito, Sérgio. Seria ideal ir ao ar numa quinta-feira feira ou terça mesmo.

Anônimo disse...

O setor de planejamento da Globo na pandemia tá péssimo...

Lulu on the sky disse...

Vi alguns episódios da série, mas não foi uma das minhas favoritas.
Big Beijos,
Lulu on the sky

Gabriella disse...

Concordo e pq reprisam Cine Holliudy que passou ano passado? Poderia ficar no lugar.

Sérgio Santos disse...

Que honra ler isso, anonimo.

Sérgio Santos disse...

Concordo, anonimo.

Sérgio Santos disse...

Exato, anonimo.

Sérgio Santos disse...

Uma pena, anonimo.

Sérgio Santos disse...

Seria melhor, anonimo.

Sérgio Santos disse...

Tud bem, Lulu. bjs

Sérgio Santos disse...

Fato, Gabi!