A intérprete já é uma profissional consagrada e tem vários trabalhos elogiados em seu currículo. Não precisa mais provar nada a ninguém. Porém, é uma pena que tenha sido tão desvalorizada nas duas novelas citadas. E causa até estanhamento falar em subaproveitamento, afinal, são duas heroínas. O problema é que Alice e Luzia representaram absolutamente tudo o que não se espera de uma boa mocinha de novela: passividade, burrice, pouca importância para o andamento do roteiro e falta de química com seus pares.
Ironicamente, as duas ainda enfrentaram outro problema: a inverossimilhança a respeito de sua origem. A protagonista de "Sol Nascente" era filha adotiva de uma família japonesa, cujo patriarca era Kazuo, vivido por Luis Melo, que nunca foi japonês. Embora tenham reforçado várias vezes que a personagem era adotada, houve uma avalanche de críticas em torno da escalação dos atores. O mesmo ocorreu em "Segundo Sol", uma vez que uma inexistente Bahia majoritariamente branca acabou representada pela novela de João Emanuel Carneiro.
E Giovanna na pele de uma baiana foi motivo de questionamento até da cúpula da emissora, mas o autor não quis abrir mão. Claro que, em ambos os casos, a culpa não é da atriz e, sim, de quem a escalou. Mas não deixa de ser irônico ver o mesmo erro se repetir em duas novelas seguidas e com a mesma intérprete.
Alice era uma mocinha insossa. Seu único conflito era a descoberta do amor do seu então melhor amigo, Mario (Bruno Gagliasso). Depois que o rapaz se declarou, a relação de amizade ficou abalada e eles se separaram por anos. Ela, então, se envolveu com o vilão César (Rafael Cardoso) e só constatou que realmente amava seu amigo quando Mario retornou de viagem. Pronto, essa bobagem era o grande drama do enredo da heroína. Impossível despertar qualquer tipo de interesse. Para culminar, Giovanna e Gagliasso não tiveram a menor química e, mesmo com mais de 30 anos nas costas, os mocinhos se comportavam feito adolescentes imaturos. Tanto que a trama não marcou e a repercussão foi nula. A atriz nem conseguiu se sobressair. Não teve qualquer cena relevante.
Após esse trabalho mal-sucedido, era esperado um retorno triunfal de Giovanna Antonelli. Até porque é o mínimo que poderia se esperar de uma atriz com seu talento. Mas, lamentavelmente, essa volta resultou em um banho de água fria. Luzia se mostrou uma mocinha tão equivocada quanto Alice, repetindo quase todos os problemas da anterior. A protagonista de "Segundo Sol" é uma decepção. A estupidez da personagem é uma afronta ao público e sua passividade ultrapassou todos os limites. Sem dúvida, é a pior mocinha de João Emanuel Carneiro, que já tinha falhado seriamente na construção da boboca Bel (Mariana Ximenes), em "Cobras & Lagartos", e da cansativa Tóia, em "A Regra do Jogo".
Luzia passou a novela inteira fugindo das vilãs e caindo em armadilhas. Nunca teve coragem de enfrentar Karola (Deborah Secco) e Laureta (Adriana Esteves), além de ter protagonizado situações estapafúrdias, como sair com uma ridícula peruca ruiva sem ser reconhecida por ninguém, mesmo depois de ter ficado conhecida nacionalmente quando Beto Falcão (Emílio Dantas) revelou quem era o amor de sua vida. Nem mesmo teve coragem para contar a Valentim (Danilo Mesquita) que era sua mãe e deixou a missão para Rosa (Letícia Colin), uma das responsáveis pela mentira bem guardada das vilãs. A sua "vingança" também não funcionou. Após ter sido presa duas vezes, a marisqueira prometeu acabar com as rivais, mas a única coisa que conseguiu foi expor a relação de Karola e Remy (Vladimir Brichta) em público, o que resultou em um banho de milkshake na inimiga. Para culminar, viu o aliado Galdino (Narcival Rubens) ser morto e Roberval (Fabrício Boliveira) parar na cadeia. Sua relação com Beto é outro ponto que não atrai. Os atores até protagonizaram algumas cenas delicadas no início do folhetim, mas o encantamento do par se perdeu em virtude de tantas falhas no roteiro. Aliás, a novela não tem bons casais.
A mocinha continua acuada e se dando mal até nas últimas semanas de história. Foi presa pela terceira vez nesta semana (já pode pedir música no "Fantástico") e ainda demonstrou não sentir raiva de Karola, mesmo depois de tudo. É uma heroína que desperta torcida contra diante de tamanha nulidade. A atriz não merecia um papel tão ruim, depois de ter sido presenteada pelo autor com a ótima vilã Bárbara, em "Da Cor do Pecado" (2004), e a 171 Atena, de "A Regra do Jogo" (2015). Tanto que a namorada de Beto pouco influencia os desdobramentos da reta final. Vai ficar na cadeia até os últimos capítulos e o foco será em torno de Laureta, Karola e Remy. A atriz teve poucas cenas realmente boas na novela e nem mesmo o aguardado encontro de Luzia e Valentim resultou em uma grande sequência. João enrolou tanto essa revelação que a catarse teve seu impacto diminuído.
Giovanna Antonelli é uma atriz que já brilhou em várias produções. Mas, infelizmente, ganhou duas mocinhas repletas de equívocos em sequência e em duas novelas problemáticas. Alice e Luzia não fizeram jus ao talento da intérprete, que não conseguiu se sobressair na pele dessas personagens mal desenvolvidas e insossas. Que tenha mais sorte em seu próximo trabalho. Está precisando.
41 comentários:
Chegou a hora do ano sabático, né!
Não sei qual casal é mais sem graça se é ela com o Gagliasso ou com o Rubinho.
Fico pensando se teve alguma cena boa protagonizada por ela nas duas novelas e não lembro de nenhuma.
Concordo e muito, eu pensei que depois de ser inocentada, Luzia finalmente seria a mocinha que todos esperavam, entretanto o que se viu foi uma vingança flopada de uma protagonista que ficou a novela inteira fugindo ou presa. Outra coisa que eu também esperava é que ela viraria uma leoa ao descobrir que o Valentim é seu filho, cadê o sangue nos olhos de uma mãe que teve o filho roubado? Cadê a surra em Karola? Cadê o esculacho em Rosa, a pessoa que além de esconder a verdade, ainda deu um golpe na barriga em seu filho? Luzia não tem nada de baiana, muito menos de protagonista, nem parece que ela foi criada pelo mesmo autor que criou a Nina.
Caraca, dois textos em apenas uma noite? Isso é que é disposição, hein kkk. Parabéns! Quanto ao texto,fico muito triste pela Giovanna Antonelli com duas manchas SEGUIDAS no seu currículo de personagens memoráveis. Precisa de um bom tempo de férias, pra descansar a imagem. Ela merece isso.
Fico imaginando a reação da Giovanna ao receber a notícia de que Luzia seria presa e condenada de novo. Vi algumas entrevistas e ela estava bem empolgada com a virada da novela, ela acreditava que sua personagem teria de fato uma reviravolta, infelizmente ela e os telespectadores foram tombados. Luzia continua a mesma mocinha sofredora e apática, e a novela continua andando em círculos. Beto, também não fica atrás, realmente não tinha como Segundo Sol ser um sucesso com essa dupla de mocinhos tapados.
Nesse texto, podemos perceber os vícios de comportamento de quatro profissionais.
Walther Negrão: no afã de escrever novelas leves, acaba escrevendo novelas bobas, irrelevantes, insossas. "Como uma Onda", "Desejo Proibido", "Flor do Caribe"... Salva-se "Araguaia", por ter ganho o Emmy de melhor novela. Mas também não foi grande coisa. Ele deveria se aposentar de vez.
Leonardo Nogueira: o nepotismo é sempre uma solução estapafúrdia. Escalar a própria mulher para protagonizar "Sol Nascente", num papel fraco, e claramente criado para uma atriz oriental (Danielle Suzuki foi cogitada, mas dispensada) ou bem mais nova (Maria Casadevall e Isis Valverde dispensaram o papel), não foi um bom presente para ela. Numa situação parecida, ele escalou seu protegido dos tempos de Malhação, Nicolas Prattes, num papel claramente escrito para um ator bem mais velho em "O Tempo não Para".
João Emanuel Carneiro: nem é necessário dizer que ele esgotou toda sua criatividade em "Avenida Brasil". "Segundo Sol" é uma novela péssima. Sabemos que ele e Giovanna são amigos, mas ele a presentou com um papel nojento dessa vez. Ela deveria considerar encerrar sua parceria profissional com ele.
E por fim, a própria Giovanna Antonelli: depois de uma japonesa paraguaia, uma baiana made in taiwan. Além de estar atuando no piloto automático desde "Em Família", sempre com os mesmos trejeitos e afetação de fala, ela deveria ser mais seletiva, mais cuidadosa com os convites que aceita. Ir na conversa do marido e de um amigo pessoal, aceitando papéis ruins oferecidos por eles, não foi uma boa decisão. O público tá cansado dela, e ela tá cansada. Alguns bons anos fora da TV são necessários pra que a boa e velha Giovanna volte com a mesma energia de seus melhores trabalhos.
SÓ ESPERO QUE ELA NÃO SEJA INDICADA COMO MELHOR ATRIZ EM PRÊMIO NENHUM PORQUE NÃO MERECE. E O FANDOM INSUPORTÁVEL DELA SEMPRE PASSA DIAS VOTANDO SÓ PRA ELA GANHAR INDEPENDENTE DO PAPEL.
Araguaia não ganhou Emmy nenhum.
Perfeito seu texto, Sérgio! Giovanna Antonelli merecia um tratamento melhor por parte dos autores e diretores das produções teledramatúrgicas da Rede Globo. Mas creio eu que ela não é a única a enfrentar essa barra. Camila Morgado, desde o começo desta década, nunca mais ganhou um personagem realmente marcante nas novelas, e a qualidade dessas obras era, na maioria dos casos, duvidosa. Digo o mesmo de seu parceiro de cena em "Malhação - Vidas Brasileiras", Carmo Dalla Vecchia, intérprete do insípido Rafael. Após "Cordel Encantado" (2011), os personagens dele, em minha opinião, não despertaram empatia, e as obras de que ele participou também tinham qualidade questionável. Mas os verdadeiros culpados são alguns autores-roteiristas e diretores da emissora que não encontram um meio-termo entre insistirem na mesmice e se aventurarem na inovação, conformando-se apenas em obterem boa audiência em suas produções, sem haver vida pulsante por parte de todos os envolvidos nelas durante a exibição de cada uma na emissora em questão. Creio eu que, após "Verão 90", "Bom Sucesso" e "Malhação 2020", tão raramente alguma obra da Rede Globo me arrebatará completamente.
Sérgio, vc chegou a ver a entrevista de JEC concedida à Revista Veja? A pior parte é quando declara que gosta de ver oa fãs da novela rebatendo quem não gosta da trama. Primeiro: Esse insulto a nossa inteligência tem fãs? Segundo: Caso tenha, acontece justamente o contrário! Eles é que são espinafrados toda vez que defendem essa bomba kkkk. Sinceramente, JEC já havia me decepcionado como autor nessa novela; depois dessa entrevista, começou a me decepcionar como pessoa.
Nossa Sérgio, parece que você consegue ler os meus pensamentos tamanha a sua astúcia!!
Estava pensando exatamente isso nesta semana: Como pode um atriz do gabarito da Giovana, que não precisa provar mais nada para ninguém, viver uma mocinha tão insossa? Chega a dar raiva dela, misericórdia!!!!
Tomara que ela tenha mais sorte de reviver uma "Atena" em seus futuros trabalhos!!! Puxa vida!!
Adorei amigo, você sempre sagaz!!
Tenha um final de semana maravilhoso!! :))
Beijos!!!
Nada se salva nessa novela. A mocinha não teve nenhum carisma, conflitos cansativos, casais horríveis e viloes genericos. Ate que enfim vai acabar, estou com a impressão que esta há séculos no ar.
Gente, eu nao sei se o problema eh so comigo, mas eu so consigo acessar esse blog pelo celular. Quando tento entrar pelo notebook ou PC o blog fica tão lento e trava tanto que fica impossível acessar por eles.
Olá, tudo bem? Realmente, a Giovanna Antonelli merecia um papel melhor....Abs e bons votos no domingo. Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br
Acho Giovanna Antonelli uma atriz magnífica. Viveu grandes personagens. Luzia de fato não prendeu o telespectador ( desculpa o trocadilho.) e acho que a saga dela teria sido muito mais bonita se ela realmente tivesse ficado presa pelo crime que cometeu ( matar acidentalmente o marido, pq não? Mocinhas imperfeitas estão " na moda) e aí sim , sair da cadeia pra reconquistar os filhos.
Agora, o JEC tem vício sim. Todos os mocinhos dele são uns bananas, até o Tufão só descobriu que a Carminha não prestava , semanas antes do fim. Isso é dele. Ele não sabe criar mocinhos. Tem também a família grande que faz a maior gritaria na mesa, isso desde Cobras e Lagartos. ( a família do Foguinho era assim, insuportáveis inclusive.) Todos os autores tem seus vícios. O Aguinaldo tenta sempre recriar a Nazaré,O Maneco tem o Leblon, as Helenas e os dramas familiares de mãe com filha,Gilberto Braga e seu eterno quem matou... acho que isso acaba sendo do autor.
Lembro-me desta atriz em novelas que passavam por cá.
Um abraço.
Verdade, anonimo.
Pior que é, anonimo...
Na outra nenhuma, Heitor, e nessa acho que duas e olhe lá...
Isso, anonimo...Uma protagonista deprimente.
Muito obrigado, anonimo. Pois é, foi um combo dessa vez.rsrs
Noa tinha como, Daiane.
André, parabéns pelo seu preciso comentário.
Não merece mesmo, anonimo.
E nem merecia, anonimo.
Seu questionamento é bem pertinente, anonimo, assim como os exemplos citados. Porém, eu acho o Carmo um ator limitado.
Eu nem li, anonimo...
Mito obrigado, Adriana. E é verdade, é uma mocinha que desperta raiva e torcida contra. Surreal.
Parece interminável mesmo,,. anonimo.
Anonimo, depois de ler seu comentário eu reduzi o número de postagens na pag principal. Vc pode verificar se melhorou e me dar um retorno, por favor? Obrigado.
Abçs, Fabio!
Sem duvida, anonimo, todo autor tem seus vícios mesmo. Mas no caso do JEC creio em um esgotamento criativo.
Ela é uma querida, Elisabete. bj
Também acho que o Carmo Dalla Vecchia não é esse ator todo, Sérgio.
Oi Sergio, eu sou o anonimo que tinha feito a observação sobre o blog. Melhorou muito, as paginas estao carregando mais rapido agora e sem travar, to comentando agora pelo notebook.
Abraços!
Araguaia, Emmy kkkkkkk alucinou
Sérgio, será que o ela não está precisando de um bom parceiro de cena, assim como foi com o Nero?
Giovanna é uma atriz espetacular, mas não tem dado sorte com bons personagens, as duas ultimas boas foram Dona Helo e Atena, saudades de Jade, Anita Garibaldi, Barbara, onde ela mostrou a espetacular atriz q é, acho q merece novos desafios e novos tipos de personagens, e um descanso de imagem tbm. Mas ela é uma das melhores de sua geração.
Já foi,tá concorrendo na festa da firma, vulgo "Melhorea do Ano"
Depois do que foi revelado nos bastidores de 'Sol Nascente' onde a Antonelli praticamente obrigou o marido (diretor dessa novela) a retirar a verdadeira protagonista, que seria a Danielle Suzuki (e daria mais sentido à trama), fica difícil acreditar que os fracassos não são também culpa dela. Giovana Antonelli protagonizou duas novelas em um curto período, fazendo duas personagens que obviamente não eram pra ela e que seriam melhor aproveitadas por outras atrizes de equivalência oriental e baiana. Boas opções não faltam. Ela não foi uma mocinha interessante nem nas duas novelas, e pelo jeito, menos ainda nos bastidores delas.
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