terça-feira, 9 de outubro de 2018

Segunda temporada de "Sob Pressão" promete ser tão boa quanto a primeira

A primeira temporada de "Sob Pressão", exibida no ano passado, causou a melhor das impressões. A possível desconfiança a respeito de uma série baseada no filme homônimo, por sua vez produzido em cima do livro "Sob Pressão - A Rotina de Guerra de um Médico Brasileiro", escrito por Márcio Maranhão, foi logo dissipada quando a trama foi ao ar. E não demorou para a produção televisiva superar o longa. Tanto que foi o melhor seriado da Globo em 2018. A estreia da segunda temporada, exibida nesta terça-feira (09/10), mostrou que a potência do enredo segue igual.


Logo no começo do primeiro episódio, o telespectador foi surpreendido com uma perseguição de tirar o fôlego entre bandidos de facções rivais em uma favela. Quando um dos marginais acabou baleado, a trama de fato se iniciou. O Hospital Luis Carlos Macedo segue em estado deplorável e Samuel (Stepan Nercessian) se viu obrigado a aceitar o oportunismo de um deputado para receber a doação de uma ambulância nova. O objetivo, claro, é ajudar a eleição do prefeito e a temática não poderia ter vindo em momento mais oportuno. Evandro (Júlio Andrade) não escondeu o incômodo, assim como Carolina (Marjorie Estiano).

É impressionante ver o talento de Lucas Paraizo, redator final, e Andrucha Waddington, diretor, na amarração das tramas da série de Jorge Furtado que vão surgindo ao longo de cada episódio, sem deixar que nenhuma fique rasa. São sempre três ou quatro conflitos inseridos e todos envolventes.
Aliás, são dramas que carregam o DNA brasileiro e por isso não há qualquer comparação cabível com seriados médicos do exterior, como "Greys Anatomy", por exemplo. Após o incômodo com a ambulância doada por meio de interesses escusos de um deputado, Evandro se viu refém do bandido que viu o comparsa ser baleado nos minutos iniciais do episódio. A tensão vai aumentando a cada instante e essa já virou a principal característica da série.

O médico precisou conter o pânico da situação (afinal, ficou com uma arma apontada para sua cabeça quase o tempo todo) e lidar com as inúmeras dificuldades para salvar um paciente fora do hospital, sem qualquer equipamento. Ele chegou a ligar para pedir ajuda de Décio (Bruno Garcia), mas Carolina fez questão ajudar o seu amor, deixando o colega realizar o parto de uma provável moradora de rua que havia acabado de chegar ao hospital, interpretada pela ótima Roberta Santiago. Ainda houve a inserção de um outro conflito atrativo: a descoberta de uma cegueira reversível em um paciente (vivido por Roney Vilela) conformado com a sua condição de vida, resultando no medo da namorada do paciente, uma vez que o casal se conheceu na internet na época em que ele enxergava e ela usava uma foto falsa de uma linda modelo.

É até difícil imaginar um bom desenvolvimento de todos esses dramas em apenas 45 minutos, mas os realizadores conseguem apresentá-los e concluí-los brilhantemente, sem correria. Júlio Andrade e Marjorie Estiano seguem irretocáveis como protagonistas e a tensão de Evandro e Carolina pôde ser acompanhada com precisão em virtude do talento dos intérpretes. Vale até elogiar o surpreendente desfecho com a revelação do romance entre os traficantes, assim que o baleado não resiste ao ferimento e o comparsa o beija, sendo morto pela polícia logo em seguida. A bonita cena do ex-cego voltando a enxergar e achando linda sua namorada também merece menção, assim como a recusa da mulher em ficar com o filho que tinha acabado de nascer, o deixando com Décio, que se apega ao bebê. A cena final, com Carolina pedindo Evandro em casamento, foi o único respiro da estreia, que conseguiu encerrar com um leve toque de romantismo em meio ao caos.

"Sob Pressão" é um produto de qualidade ímpar e o início da segunda temporada apenas comprova a longevidade da série, que tem à disposição uma imensidão de temas atuais, cruéis e duramente protagonizados por tantos brasileiros diariamente no sistema público de saúde. Merecia, inclusive, uma indicação ao Emmy Internacional de melhor seriado dramático de 2017, o que lamentavelmente não aconteceu.


14 comentários:

Anônimo disse...

Que série ESTUPENDA!!!!!!!!

William O. disse...

Fiquei impactado com a estreia. Que série bem feita. Marjorie e Julio são atores fantásticos e o enredo da produção é bom demais. Assino embaixo da crítica!!!!

Vitória disse...

Realmente foi uma injustiça não terem indicado ao Emmy esse ano!

Guilherme disse...

Melhor série do século na Globo e digo mais: está entre as 3 maiores séries da história da emissora junto com Malu Mulher e Carga Pesada. Fantástico episódio e uma mistura de delicadeza e força incríveis. Uma série completa com direito a casal gay no tráfico. Foda!!!

chica disse...

Uma série forte, emoções profundas... abração, tudo de bom,chica

Ani Braga disse...

Olá Sérgio querido


Assisti ao primeiro capítulo da segunda temporada ontem e achei que continua muito boa.

Beijos
Ani

Anônimo disse...

Um primor de série. Vida longa!

Sérgio Santos disse...

Extraordinária, anonimo.

Sérgio Santos disse...

Obrigado, William.

Sérgio Santos disse...

Injustiça, Vitoria.

Sérgio Santos disse...

Assino embaixo, Guilherme.

Sérgio Santos disse...

Isso, Rejane.

Sérgio Santos disse...

Muito boa, Ani.

Sérgio Santos disse...

Vida longa!!!