terça-feira, 24 de abril de 2018

"Onde Nascem os Fortes" tem tudo para honrar a faixa das onze

"Amar, odiar, perdoar. Até onde vai a sua força?". A pergunta sempre presente nas chamadas de "Onde Nascem os Fortes" já deixava clara a intenção da nova trama das onze da Globo: provocar o público através de uma premissa irresistível. Afinal, o ser humano é repleto de camadas muitas vezes difíceis de decifrar, principalmente diante de adversidades. A história que começa a ser contada explora a saga da corajosa Maria (Alice Wegmann), que não mede esforços para encontrar seu irmão gêmeo, o provocador Nonato (Marco Pigossi). E o primeiro capítulo conseguiu apresentar essa intenção com louvor.


George Moura e Sérgio Goldenberg são autores que já viraram "experts" na faixa das 23h. Responsáveis pelas irretocáveis "O Canto da Sereia" (2013), "Amores Roubados" (2014) e "O Rebu" (2014), os dois sabem aproveitar toda a liberdade do horário mais tardio e a dupla ainda segue com a competente direção de José Luiz Villamarim e fotografia de Walter Carvalho, outros profissionais que também fizeram parte das produções mencionadas. Tendo como base o "currículo recente" deles, portanto, a chance da atual trama ser ótima é bastante alta.

Gravada no sertão da Paraíba, a "supersérie" tem o sertão como um dos seus alicerces. Segundo os escritores, é o protagonista do enredo que contracena sem ser filmado. E pela primeira vez a Globo exibirá uma novela (embora insista em não chamar mais assim na faixa das onze) já quase finalizada.
Ou seja, não haverá mudança alguma na condução da história mesmo que porventura o telespectador a rejeite. Isso é ótimo, principalmente diante de alguns casos recentes onde todas as alterações feitas para agradar o público acabaram prejudicando os folhetins (vide "A Lei do Amor" e agora "Deus Salve o Rei"). Mas também não deixa de ser um voto de confiança na qualidade da trama.

A estreia primou pela força da ambientação (é possível sentir o "poder" do sertão nas atitudes de cada pessoa) e apresentou os perfis centrais de forma cautelosa, sem pressa. Porém, o ritmo não foi nada arrastado. Se prender ao enredo é bastante fácil. A fragilidade da jovem Aurora (Lara Tremouroux) --- vítima de Lúpus --- serviu como elemento humanizador do poderoso Pedro Gouveia (Alexandre Nero) e da religiosa Rosinete (Débora Bloch), que cuidam da filha com o maior cuidado. O amor de ambos pela filha ficou evidente, assim como a conturbada relação do casal. Já a cumplicidade entre Maria e Nonato pôde ser vista nos poucos momentos que tiveram juntos. Os irmãos foram ao Sertão (fictícia cidade do enredo) conhecer novas trilhas, mesmo contra a vontade da mãe, a engenheira química Cássia (Patrícia Pillar). A mocinha, inclusive, quase foi violentada por dois motoqueiros na estrada, até ser salva por Hermano (Gabriel Leone), o outro filho de Pedro e Rosinete.

A protagonista logo se sentiu atraída pelo rapaz, sendo correspondida. Enquanto os dois se aproximavam cada vez mais, Nonato se envolvia em uma briga com Pedro, após ter flertado com Joana (Maeve Jinkings), amante do dono da maior empresa da região que explora bentonita. O jeito provocador e encrenqueiro do irmão de Maria transpareceu logo no início, assim como o poder que Pedro tem na região. O empresário não aguentou as provocações e partiu para cima do jovem, que não se intimidou em nenhum momento. Nem mesmo quando foi espancado por capangas de Pedro, desafiando o "rival", sem medo de morrer. O personagem não sumiu (ou morreu) na estreia, mas o mote do roteiro foi exposto com habilidade, assim como a potência que esse fato terá nos futuros desdobramentos. Destaque para a frase do juiz Ramiro (Fábio Assunção) encerrando primeiro capítulo: "Todo os dias são do caçador".

O começo dessa instigante história serviu para constatar a entrega do bem escalado elenco e a força dos personagens principais. Alice Wegmann tem tudo para viver seu melhor momento na carreira, enquanto Alexandre Nero, Patrícia Pillar, Débora Bloch, Fábio Assunção e Gabriel Leone prometem se destacar em todos os capítulos. Outro excelente nome é o de Jesuíta Barbosa, que impressionou com sua performance na pele de Shakira do Sertão, durante um show no bar onde Maria e Nonato foram se divertir. Seu trabalho corporal está primoroso. Vale lembrar que esse perfil é o filho do violento Ramiro, que não desconfia da profissão noturna de Ramirinho.

"Onde Nascem os Fortes" teve uma estreia das mais promissoras. George Moura e Sérgio Goldenberg ---- que agora encaram um enredo inédito, após três ótimas adaptações juntos ---- apresentaram uma história instigante, repleta de elementos bem amarrados e conflitos que têm tudo para honrar a faixa das 23h. Que assim seja!

28 comentários:

Xaiene disse...

Adorei a estreia. Me instigou a continuar acompanhando!

Fernanda disse...

Adorei essas 3 tramas citadas por você e não sabia que eram dos mesmos autores. Até me animei mais com essa nova porque achei a estreia bem arrastadinha. Talvez porque esteja acostumada com o ritmo ágil de O Outro Lado do Paraíso.

Anônimo disse...

Achei muito boa e com potencial. Ótima a sua crítica.

chica disse...

Na certa uma ótima série! abração,chica e tudo de bom!

Anônimo disse...

Espero que seja boa e envolvente.
Qdo puder conheça o meu novo blog, e esteja convidado a deixar lá sua marquinha, uma frase ou o que desejar suprimindo a vogal "A"

http://preenchendootempo.blogspot.com.br

Bom dia Sergio.
Abração amigo!

Outsiders disse...

É fato: geograficamente há uma diferença entre Sertão e Cariri. É nesse espaço onde se encontram as locações da série. Mas, para efeitos narrativos, creio que o Sertão aqui equivale a um espaço simbólico que designa um modo distinto de vida. Sobre isso, vale destacar o que diz a literatura especializada: "O Sertão designa, de um modo geral, em todo o Brasil, as regiões interioranas, de população relativamente escassa, onde vigoram costumes e padrões culturais ainda rústicos. No caso do nordeste, a palavra possuiu configuração semântico-sociológica ainda mais definida: significa a zona rural, em geral semi-árida do interior, sujeita às secas periódicas e caracterizada pelo predomínio da pecuária extensiva, em contraste com a faixa litorânea, dominada pelo cultivo da cana e pelo complexo cultural dela derivado". DINIZ, Dilma Castelo Branco. COELHO, Haydée Ribeiro. Regionalismo. In: FIGUEIREDO, Eurídice. (Org.). Conceitos de Literatura e Cultura.

Lulu on the sky disse...

Que estreia hein Sérgio? Sou fã dos autores, da direção e do elenco. Realmente vai ser incrível.
big beijos

Adriana Helena disse...

Nossa Sérgio, foi uma estreia fantástica, sem dúvida nenhuma!
O rapazinho tanto provocou que levou uma baita surra...Será que foi assassinado ou não?
A pergunta paira no ar...
Fiquei mesmo estupefata com o início da supersérie e olha, tem muito potencial!
Adorei a sua narração sobre o primeiro capítulo, maravilhoso como sempre né amigo?
Você arrasa em tudo!!

Um grande beijo e uma semana incrível!! :))))

Galdino disse...

Fiquei impressionado com o primeiro capítulo! Enredo bom e elenco talentoso!

Anônimo disse...

caro sérgio santos,

em relação à novela orgulho e paixão e aos "twits" que você foi colocando aqui no blog, acho que devia prestar mais atenção à alessandra negrini, uma das mais prestigiadas atrizes brasileiras, tanto no teatro como no cinema. uma atriz já com bastante experiência ao contrário das franguinhas que você vai citando que ainda nem entraram em peças de teatro e ainda têm muito arroz com feijão para comer. se ela voltou à telinha merecia maior destaque. é a minha opinião. valeu.

Paula Müller disse...

Tem um problema, segunda é o único dia que Onde Nascem Os Fortes vai ao ar após a novela das nove, nos outros dias sempre tem algo primeiro (Mister Brau, Carcereiros e Globo Repórter). Na minha opinião, a série que deveria ser antes, é bem melhor que esses programas e tem muito mais potencial pra segurar a audiência da novela.

Tirando isso, estou adorando Onde Nascem Os Fortes. Texto, direção e elenco maravilhosos, o que não é surpresa, pois, como você disse, George Moura e Sérgio Goldenberg já escreveram excelentes tramas nessa faixa e José Luiz Villamarim, além de ser um ótimo diretor tem bom gosto pra escalação. Aguardando os próximos capítulos.

Zilani Célia disse...

Oi Sérgio!
Já estava gostando, agora com tuas explanações apreendí, coisas que me haviam escapado.
Abrçs amigo.

Anônimo disse...

Essa novela realmente tem tudo para honrar a faixa das 11. Promete. Eu gostaria de saber se você curte o "Power Couple" da RecordTv? Abraço.

Luli Ap. disse...

Olá Sérgio
Estou gostando bastante, acho interessante, instigante e tem interpretações bem diferentes das quais a tv está acostumada.
Achei que tem uma pegada de coronelismo (sim) mas com um Q maiúsculo de contemporâneo!
Bjs Luli
Café com Leitura na Rede

Sérgio Santos disse...

A mim tb, Xaiene.

Sérgio Santos disse...

Entendo, Fernanda.

Sérgio Santos disse...

Obrigado, anonimo.

Sérgio Santos disse...

Bjs, Chica!

Sérgio Santos disse...

Ok, Diná!

Sérgio Santos disse...

Obrigado pelo comentario, Day.

Sérgio Santos disse...

Idem, Lulu!

Sérgio Santos disse...

Te adoro, Adriana. Obrigado sempre.

Sérgio Santos disse...

Idem, Galdino.

Sérgio Santos disse...

Anonimo, eu adoro a Alessandra Negrini.

Sérgio Santos disse...

Concordo plenamente, Paula. O horário acaba sendo ingrato msm.

Sérgio Santos disse...

Que bom, Zilani.

Sérgio Santos disse...

É um bom formato, anonimo, mas não tenho packiência. Um reality por ano pra me aborrecer já está bom.

Sérgio Santos disse...

Perfeito, Luli!