A missão de Daniel Ortiz é ingrata: elevar a média da faixa das sete, após o fiasco de "Fuzuê", que saiu de cena com o título de pior audiência da história do horário. Porém, o objetivo de Gustavo Reiz também não era simples, pois tinha que manter os números em alta, após o fenômeno "Vai na Fé". Substituir um fracasso acaba sendo tão desafiador quanto entrar no lugar de um sucesso. E o autor já tem experiência na faixa, uma vez que já escreveu quatro folhetins que foram muito bem-sucedidos às 19h40.
A estreia de Ortiz como autor solo foi com "Alto Astral", em 2014, deliciosa novela espírita que tinha como base a sinopse da saudosa autora Andrea Maltarolli, que faleceu em setembro de 2009. O escritor desenvolveu o enredo de forma criativa e divertida. Foi sua melhor trama na faixa até agora. Depois, em 2016, emplacou mais um sucesso com "Haja Coração", uma releitura de "Sassaricando", produção de Silvio de Abreu de 1987/88. Já em 2020 estreou sua primeira obra original, "Salve-se Quem Puder", protagonizada por três mocinhas, e mais uma vez atingiu excelentes índices de audiência, mesmo com uma pandemia no meio do caminho que interrompeu as gravações durante longos meses.Agora, com "Família é Tudo", Daniel mostra ter novamente uma boa história em mãos e o início vem apresentando todos os ingredientes de um bom folhetim das sete. Houve uma preocupação em não correr demais com a história para causar aquela famigerada sensação de agilidade, mas que na verdade é apenas uma correria desnecessária que só prejudica o início de qualquer novela.
Tanto que no primeiro capítulo os cinco netos da protagonista foram apresentados e no segundo o vínculo de cada um com suas respectivas famílias foi mais desmembrado. Somente no terceiro que houve o início da tempestade que provocou um caos no navio em que Frida (Arlete Salles) estava.Aliás, a vovó organiza um cruzeiro para celebrar seu aniversário e o de sua irmã gêmea, Catarina (Arlete Salles). Porém, em meio a rusgas e armações, os netos não comparecem e ela embarca apenas com a irmã e o sobrinho, Hans (Raphael Logam). Mas um acidente em pleno alto mar resulta em um misterioso sumiço. Ao ser dada como morta, Frida surpreende a todos com seu testamento. Com diferentes motivações e liderados por Vênus (Nathalia Dill), os irmãos Mancini vão encarar uma missão que transformará suas vidas: além de morar juntos, a despeito das diferenças entre si, terão que trabalhar para reconstruir o lugar que marcou o início da gravadora da família, criada por sua avó. A meta é clara: ao final de um ano, se o desempenho dos irmãos não for satisfatório (ou seja, gerar um lucro de quatro vezes o valor que vão receber para investir no local) eles não ganham nada e a herança a que teriam direito será entregue ao sobrinho ambicioso que, junto com a mãe, Catarina, nunca mediu esforço para atrapalhar a relação entre avó e netos.
O enredo começou mesmo depois da reunião em que todos assistiram ao vídeo de Frida, que marcou o gancho do sexto capítulo. E já está perceptível que o elenco foi bem escalado e todos os personagens até o momento são carismáticos, o que é meio caminho andado para despertar o interesse do público. O fato dos cinco irmãos terem uma péssima relação também contribui para futuros conflitos típicos de uma boa comédia, mas sem deixar o drama de lado por conta da tragédia que os assola, além de sérios problemas de cada um, como Vênus ter sido enganada pelo agora ex-marido e Electra precisar provar que não esfaqueou seu ex-namorado durante um surto. Por sinal, a saga da personagem interpretada com talento por Juliana Paiva tem tudo para roubar a cena. Há uma dúvida constante a respeito do crime que a levou para cadeia. Embora seja um folhetim das sete, tem chance da aparente injustiçada ser na verdade uma loba em pele de cordeiro, assim como foi Flora (Patrícia Pillar), em "A Favorita", guardadas as devidas proporções. E caso Electra realmente seja uma vilã, será a melhor virada do roteiro, uma vez que o retorno de Frida mais adiante está bastante previsível.
Vale citar outro promissor entrecho envolvendo Júpiter (Thiago Martins), um sujeito que se ama acima de tudo e não consegue controlar sua tara por qualquer mulher bonita que apareça em sua frente. Isso porque o autor se inspirou descaradamente no sucesso "Betty, a Feia", novela mexicana de 1999. O galinha acabou de se deparar com Lupita (Daphne Bozaski), sua nova secretária que foge de todos os conhecidos padrões de beleza. A personagem caricata veio da Guatemala e se encantou à primeira vista por seu novo patrão. A menina ainda é fã de Thalía, a conhecida atriz e cantora mexicana, que justamente canta a sua música tema: 'Piel Morena'. Com toda certeza haverá uma transformação no visual de Lupita ao longo dos meses, o que despertará a atenção de Júpiter. Enfim, todo aquele clichê que quase sempre funciona. E como Ortiz ama triângulos amorosos, ainda inseriu Guto (Daniel Rangel), um rapaz tímido e atrapalhado, para se interessar pela guatemalteca.
A trama de Andrômeda (Ramille) é mais um ponto forte. Há um exagero na maioria das cenas que pode cansar com o decorrer do tempo, mas basta um cuidado maior para evitar o desgaste porque por enquanto tem sido impagável ver a patricinha e sua fiel companheira Britney, uma Chihuahua de pêlo longo, desesperadas com a pobreza. A atriz está ótima e sua parceria com Cris Vianna, que vive a deslumbrada mãe da neta de Frida, está funcionando bem. A novela vem se mostrando agradável e despretensiosa. Tanto que já vale destacar a sequência em que os irmãos foram parar em um casarão caindo aos pedaços para que comece o cumprimento da exigência do testamento. É preciso até elogiar o autor pela preocupação em colocar o documento sendo feito nos Estados Unidos porque no Brasil não existe a possibilidade de deserdar filhos e netos, que têm o direito a pelo menos metade dos bens do falecido. Mas voltando ao momento da reunião familiar, foi divertido demais todas as situações diante do estado degradante do lugar que passou a ser o lar do quinteto. Algumas até lembraram cenas de "Chaves" e "Chapolin", sérias mexicanas até hoje aclamadas por fãs, vide Vênus ficando entalada em uma cadeira de balanço, Andrômeda caindo da escada e todos em pânico diante de um morcego. A trama é aquela 'farofa' gostosa de acompanhar. O futuro dos irmãos promete.
"Família é Tudo" está apenas começando e análises mais aprofundadas são precipitadas, mas Daniel Ortiz demonstra saber que tem uma boa história para contar. E há potencial de sobra para conquistar o público que a produção anterior afastou. Resta aguardar.
12 comentários:
Eu tô amando acompanhar "Família é Tudo", é uma novela leve e divertida. Nathalia Dill ótima como Vênus e fazendo um lindo casal com o Renato Góes.
Essa trama da Lupita é realmente uma cópia descarada de Betty, a Feia. O chefe mulherengo e até a origem latina da personagem são fatores idênticos. A maioria das versões de Betty, a Feia foram em países latinos. A única diferença é que nessa história esse enredo se encontra em uma trama paralela e não na trama central isolada, como é o caso da obra original. Mas ainda assim é muito parecido.
Desde que comecei a ler sobre essa novela, imaginei que fosse tri boa! E acho assim será! abração,chica
Querido amigo Sérgio, sabe que estou amando as chamadas da novela?
Parece ser super divertida, nas propagandas a gente percebe um ótimo tempero que pode realmente dar certo como a casa assombrada e decadente que precisa ser o lar dos 5 irmãos...rsrs Adorei isso!!
Beijos e uma semana, se possível, de frescor, porque não estou conseguindo mais superar tanto calor amigo...
Se cuida!!!
Eu acho essa novela bem ruinzinha. A Vênus é insuportável, prefiro a Nathália Dill fazendo vilãs. O plot da ex maluca do Tom que toma remédios é algo tão batido e cansativo. As cenas da Andrômeda cantando são muito vergonha alheia e nem sequer são engraçadas. Gosto da Catarina, principalmente quando ela chamava a irmã de cretina. O povo tá pirando com a teoria da Electra ser vilã, mas eu acho bem difícil vindo desse autor. Se essa tiver sido a ideia original, será uma bela surpresa.
No mais, muito bobinha e previsível, acabo assistindo só porque é na hora do meu jantar.
Tb to amando, anonimo.
Verdade, anonimo.
Bjs, chica.
Eu nao aguento esse calor insuportável, Dri. Voce sabe. E a novela ta gostosinha. bjs
Entendo, anonimo...Se a Electra nao for vilã ficará bem previsível o enredo.
To amando a novela, é divertida, tem seus mistérios, tem gosto de quero mais! Juliana Paiva é otima, mas que menina chata essa Electra com esse Luca rsrs, to adorando Sergio. Espero que supere as minhas expectativas.
Eu tb to curtindo, anonimo! Eu amo a Electra, mas nao vejo mta graça nela e Luca.
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