segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Tudo sobre a coletiva online de "Laços de Família" - Parte 1

Na última quinta-feira de agosto, dia 27, a Globo promoveu uma coletiva virtual, via Zoom, com parte do elenco de "Laços de Família", um dos maiores clássicos de Manoel Carlos. Fui um dos convidados e o bate-papo fluiu com facilidade. O grande sucesso do autor estreou no "Vale a Pena Ver de Novo" nesta segunda-feira, dia 7, e Tony Ramos, Carolina Dieckmann, Deborah Secco, Ana Carbatti, Regiane Alves, Luigi Barricelli e Giovanna Antonelli participaram da conversa sobre a volta de um trabalho tão marcante.


Após o sucesso de "Por Amor" (1997), Manoel Carlos precisava encarar dois difíceis desafios: emplacar uma outra grande novela no horário nobre e ainda substituir o fenômeno "Terra Nostra" (1999), de Benedito Ruy Barbosa, que estava no ar até o final de maio. Apesar da nada simples nova empreitada, a missão foi cumprida com louvor através da envolvente e bem escrita "Laços de Família", folhetim que completou 20 anos no dia 5 de junho, data de sua estreia no ano 2000. Foram 209 capítulos de um dramalhão de qualidade.

Dirigida por Ricardo Waddington, a novela conta a história do amor incondicional que uma mãe tem por sua filha. A mãe foi mais uma Helena do autor e interpretada muito bem por Vera Fisher. Já a filha, a mimada Camila, foi vivida por Carolina Dieckmann. A trama, ambientada no bairro do Leblon, começa às vésperas do Réveillon de 2000, com um pequeno acidente de trânsito envolvendo a protagonista e Edu (Reynaldo Gianecchini estreando na televisão), um médico recém-formado.
Os dois têm uma discussão, mas depois vivem um intenso romance, que sofreu forte rejeição da tia do rapaz (Alma - Marieta Severo) por causa da diferença de idade ---- ele era vinte anos mais novo que ela.

O ápice do enredo acontece quando Camila é diagnosticada com leucemia e Helena mostra estar disposta a qualquer sacrifício para salvar a vida da filha. A cena em que a jovem tem a cabeça raspada durante o processo de tratamento da doença, ao som de "Love By Grace", de Lara Fabian, entrou para a história da teledramaturgia. Carolina Dieckmann contou que a cena tão memorável não foi escrita por Maneco. O momento seria bem mais "simples". A filha de Helena pentearia os cabelos e se desesperaria com tufos caindo. A mãe, então, aconselharia a raspagem. Logo depois haveria um corte de cena e Edu entraria no quarto e veria a esposa careca. Mas o diretor Ricardo Waddington teve a ideia de colocar uma cadeira diante da câmera e filmar o processo de corte dos cabelos. O resultado ninguém esqueceu. "Foi nesse momento que o personagem entrou de uma maneira física em mim. Eu senti que ela estava mais forte do que nunca, e isso passou para a cena, não fui só eu que senti. Acho que todo mundo que vê a cena identifica que tem ali um encontro físico da personagem com a atriz", declarou Carol. O drama de Camila serviu para promover uma campanha pela doação de medula óssea, o que gerou um importante aumento no número de doadores em todo o Brasil durante e depois do término da novela.


Além do enredo central, Giovanna Antonelli foi outro grande destaque da trama. Ao interpretar a garota de programa Capitu, a atriz caiu nas graças do público e o papel foi um dos melhores de sua carreira. Tanto que ainda é lembrada nas ruas. "As pessoas falam comigo sobre a personagem em vários países que visitei. Em Portugal, por exemplo, até hoje me chamam de 'menina Capitu'. Com certeza foi um divisor de águas na minha carreira. É uma personagem muito real e humana", disse Giovanna.


Deborah Secco é outra que só tem elogios ao folhetim. Afinal, Íris foi o melhor papel de sua carreira e a elevou a outro patamar na Globo. "Foi uma personagem que me proporcionou trabalhar muitas nuances. Ela tinha uma mistura de sentimentos. Era invejosa em alguns momenros, em outros generosa. Era muito apaixonada pela família e quando o pai e a mãe morrem fica vivendo com parentes de favor, ninguém tem por ela uma afeição genuína. Acho que isso tocou o público e fez com que Íris não virasse apenas uma vilã odiada. O processo de criação foi um dos mais profundos da minha carreira", declarou a atriz emocionada. "As pessoas amavam ou odiavam a Íris. Não tinha meio termo. Até hoje as pessoas comentam da cena do "Judas" (quando a personagem escreve no espelho o xingamento referente ao interesse de Camila no namorado da mãe) e a personagem funcionava como uma justiceira para quem era contra esse romance. Mas eu também já apanhei em um supermercado por causa dela. Até falei 'senhora, é ficção', mas não adiantou", complementou a intérprete aos risos.


Regiane Alves também viu sua carreira decolar ao viver Clara, a nora mimada de Helena. Depois do destaque na novela, a atriz ganhou a inesquecível Dóris de "Mulheres Apaixonadas", atualmente reprisada no Viva, e trabalhou com Manoel Carlos ainda em "Páginas da Vida". "Foram três novelas do Maneco seguidas, ele confiou em mim como atriz e me deu a oportunidade de mostrar meu trabalho com personagens maravilhosas. A forma como ele traduz a alma feminina e seus conflitos é de muita sensibilidade e conhecimento", observou Regiane, que saiu um pouco mais cedo da coletiva em virtude de uma reunião escolar on line. "Agora tenho filhos", disse gargalhando.


Tony Ramos, outro queridinho do autor, emocionou na pele do íntegro Miguel e até hoje lembra com carinho do trabalho. "Você sempre vai encontrar um texto atemporal nas obras do Maneco. Eu fiz "Baila Comigo" em 1981, e ainda é uma história presente. Ele tem essa característica de observar continuamente o cotidiano, como se estivesse olhando da janela e gravando a vida das pessoas", analisa. Já Ana Carbatti, que viveu a médica Aline, comentou a qualidade da obra: "Quando lemos um texto do Manoel Carlos, percebemos que aquelas palavras não estão jogadas ali por acaso. Ele escolhe cada elemento, cada verbo. Ele consegue, com uma forma de se comunicar extremamente simples, atingir todos os públicos", contou a atriz que ficou pouco tempo na coletiva por conta de um compromisso.


E, finalmente, Luigi Barricelli falou sobre o prazer de ter interpretado Fred, o filho mais querido de Helena. "Era um time inteiro querendo que aquilo desse certo. Fazíamos a novela com a alma. E, por mais que fosse uma história densa, nos bastidores tínhamos momentos divertidos, o que cria hoje uma nostalgia, uma lembrança muito gostosa. Eu e Giovanna protagonizávamos muitos micos", contou aos risos. A parceira concordou. "Estávamos todos muito dedicados e envolvidos no trabalho. Acho que deu tão certo porque o público gosta de ver histórias humanas. O Maneco tem esse dom de traduzir o ser humano e de não ficar na superficialidade", complementou Giovanna.

Eu perguntei a todos se lembravam de alguma cena que consideravam mais marcante na trama protagonizadas por eles, com exceção de Carolina Dieckmann por razões óbvias. Afinal, a cena da raspagem foi antológica. Deborah me contou que a morte de Ingrid (Lília Cabral), atingida por um tiro durante um assalto, mexeu muito com ela. "Aquela cena em que a Íris perde a mãe foi muito forte. Foi muito marcante para mim", revelou com os olhos marejados. Tony me disse que a sequência mais lembrada por ele foi justamente uma onde o olhar foi o protagonista: o momento em que Ciça (Júlia Feldens) coloca o pai deitado em suas pernas e faz carinho em sua cabeça, enquanto comenta todas as dores que Miguel reprimia. "Naquela cena eu não falava nada, mas tinha que mostrar tudo nos olhos, enquanto a Julinha falava todo o texto", relembrou o veterano. Giovanna e Luigi não conseguiram lembrar de cenas específicas e falaram da importância de todas as sequências que fizeram, embora Giovanna tenha citado o momento que os pais de Capitu descobrem a profissão da filha.

A coletiva on line sobre a volta de "Laços de Família" foi muito agradável e agradeço o convite da Globo. Mas não acabou. A emissora promoveu outra coletiva com Marieta Severo, Reynaldo Gianecchini, Juliana Paes, Alexandre Borges, Zé Victor Castiel e Soraya Ravenle. Também estive presente virtualmente e contarei tudo sobre o bate-papo na segunda parte deste texto. Na próxima postagem. Aguardem.



14 comentários:

Anônimo disse...

QUE MÁXIMO, SERGINHO!!!!!!!!!!!!!!

Heitor disse...

Já quero a parte 2!!

Anônimo disse...

Deve ter sido uma delícia de entrevista mesmo!

MARILENE disse...

Vixe, Sérgio, 20 anos!!! Nossa, não imaginava que havia passado tanto tempo, pois acompanhei a novela, naquela época. Lendo sua postagem, pude relembrar alguns fatos e cenas marcantes. Você esteve na coletiva??? Que beleza!
Abraço.

Anônimo disse...

As coletivas como sempre luxuosas, mesmo na necessidade de estar de quarentena em meio à pandemia do novo coronavírus. A frase que representa o sentimento de todo noveleiro raiz ao se lembrar de que "Laços De Família" (2000) está em re-reprise na Rede Globo e "Mulheres Apaixonadas" (2003) sendo exibida pela primeira vez no Canal Viva é "Camila, assim você me deixa numa situação difícil." (Cate a referência, risos.).

Guilherme

Fernanda disse...

Já ansiosa pela segunda parte e de quem está nela.

Lulu on the sky disse...

Olá Sérgio,
Essa novela foi uma das melhores do Maneco.
Big Beijos,
Lulu on the sky

Sérgio Santos disse...

Feliz, anonimo.

Sérgio Santos disse...

Já já, Heitor.

Sérgio Santos disse...

Foi, anonimo.

Sérgio Santos disse...

Estive sim, Marilene.

Sérgio Santos disse...

Adorei, Guilherme. kkkkk

Sérgio Santos disse...

Em breve, Fernanda.

Sérgio Santos disse...

Foi, Lulu!