sexta-feira, 18 de setembro de 2020

Os 70 anos da televisão brasileira

 No dia 18 de setembro de 1950, quando a imagem da atriz Maria Dorce (aos seis anos, na TV Tupi) surgiu para 200 televisores espalhados por São Paulo, começava a trajetória do veículo que viria a se transformar na maior fonte de informação e entretenimento do país: a televisão. Os 70 anos do surgimento da TV são completados em um ano marcado pela tragédia da pandemia do novo coronavírus. No entanto, esse momento tão conturbado serviu para comprovar a força da televisão na vida dos brasileiros. 


Ao contrário do que vários já disseram ao longo das décadas (e continuam dizendo, vale ressaltar), a TV nunca se desgastou ou correu o risco de acabar. Já enfrentou turbulências, é verdade, mas nada de muito grave ou relevante. Em 1951, a fabricação de televisores teve início no Brasil. Justamente no mesmo ano do surgimento da telenovela: "Sua Viva me Pertence", (escrita, dirigida e protagonizada por Walter Foster), na TV Tupi. O primeiro beijo técnico foi de Walter e Vida Alves. Naquele tempo, o telespectador girava o botão e ainda esperava 30 segundos para que os filamentos do aparelho se aquecessem e, ele, enfim, pudesse ver algumas imagens acinzentadas. Em 1960, surgem os televisores com pernas e em 1970 a Copa do Mundo do México foi a primeira a ser exibida em cores, mas os brasileiros viam em preto e branco. O aparelho com esse recurso ainda não havia chegado ao país.

As TVs em cores só chegaram ao Brasil em 1972. Em fevereiro, os telespectadores viram, pela primeira vez, imagens coloridas: a Festa da Uva de Caxias do Sul (RS). Mas a paixão do brasileiro por teledramaturgia foi recompensada um ano depois. Em 1973, estreava "O Bem Amado", a primeira novela em cores. Escrita por Dias Gomes, a trama foi um sucesso e até hoje a figura do corrupto prefeito Odorico Paraguaçu (Paulo Gracindo) é lembrada pelo público. Já nos anos 2000, houve mais uma mudança drástica na forma de ver televisão: surgia a TV de tela plana, uma modernidade e tanto. O aparelho com um tubo traseiro ficou obsoleto e a tecnologia de plasma ajudava a popularizar as imagens em alta definição. A era do HD chegava para ficar. Em 2007, o Brasil estreava o sinal digital. 

A partir de 2010, uma outra leva de modernizações mudava a vida dos telespectadores e iniciava uma nova forma de ver TV. A Copa do Mundo de 2014, realizada no Brasil, consolidou a resolução full HD para os aparelhos e as tecnologias LCD e LED para as telas. Aos poucos, a LCD foi deixada de lado. O surgimento das SmartTVs permitiram assistir ao conteúdo de plataformas de streaming sem necessidade de cabos. As telas ultrapassam as 60 polegadas e a telinha do celular também vira televisão. Diferentes tamanhos e formas de se acompanhar telejornal, novelas ou séries. A mais recente revolução digital.

A última mudança implicou no retorno do discurso sobre o fim da televisão. Afinal, quem perderia tempo vendo as programações dos canais se podiam ver tudo a hora que quisesse via aplicativo? A chegada da Netflix com seriados próprios que arrebataram o público também refletiu em uma "ameaça". Porém, mais uma vez a narrativa não se sustentou. Em pouco tempo a Globo lançou a Globoplay e seu serviço de streaming já se tornou uma forte concorrente, sem ameaçar em nada sua programação na tevê aberta. Outras plataformas ainda surgiram, como Amazon Prime, HBO GO e mais recentemente a Disney+, o que alimentou o mercado. E mesmo com esse leque de opções não houve qualquer abalo aos canais tradicionais. 

Aliás, a pandemia comprovou que a paixão do brasileiro por novela não diminui nem com uma programação repleta de reprises. Em virtude da interrupção das gravações por conta da COVID-19, Globo, Record e SBT precisaram optar pelas reexibições. E as audiências não sofreram graves alterações. No caso da líder, houve até um aumento nos índices, vide o caso da reprise do sucesso "Totalmente Demais" (a história de Rosane Svartman e Paulo Halm vem conseguindo 3 pontos a mais do que alcançava em 2016). Outras reprises que repetiram o sucesso foram "Êta Mundo Bom!" e "Fina Estampa" (que chega ao fim hoje). Até o canal a cabo Viva vem quebrando recordes de Ibope com "Chocolate com Pimenta" (2003) e "Mulheres Apaixonadas" (2003). A busca por informações sobre a pandemia no mundo também refletiu no crescimento dos índices dos telejornais, principalmente o "Jornal Nacional" e a programação da GloboNews, canal por assinatura da Globo que entrou no TOP 10 de mais vistos. 

Em homenagem aos 70 anos da televisão, vários canais vêm realizando pequenas homenagens. A TV Cultura, por exemplo, já entrevistou algumas figuras marcantes como Boni e Serginho Groisman. Também lançou um especial chamado "Os Campeões de Audiência" em três partes. O SBT vem reprisando alguns momentos clássicos de "A Praça é Nossa". A Record fez algumas matérias sobre a comemoração. Mas a Globo é a que mais tem exibido especiais. O "Conversa com Bial" já exibe entrevistas temáticas há alguns meses e bate-papos ótimos com Eva Wilma, Lucélia Santos, Glória Pires, Daniel Filho e Cid Moreira são a maior prova. Serginho também vem presentando o público com deliciosas entrevistas no "Altas Horas" e uma com Susana Vieira e Renata Sorrah merece menção. Agora foi a vez do Globo Repórter" exibir uma longa reportagem sobre essa rica história, passando por todas as emissoras. A segunda parte irá ao ar na sexta-feira que vem e promete ser tão boa quanto a primeira. 

A televisão não vai acabar. O streaming jamais ocupará um espaço do povo. Porque a população da cidade interiorana, o trabalhador que chega cansado após um dia cheio, a dona de casa, enfim, todas essas pessoas nunca trocarão o conforto de assistir a um conteúdo gratuito da sua rotina por qualquer serviço pago, por mais barato que seja. E ainda assim irão utilizá-lo em momentos específicos para ver algum produto de interesse, mas não como via de regra. Tanto que a TV não acabou com o rádio e a internet não diminuiu a importância da TV. Tudo acaba se complementando e somando. Há espaço para todas as formas de conteúdo. E ter 70 anos de história não é para qualquer um. 



15 comentários:

Anônimo disse...

Que texto legal, Sérgio. Cheio de curiosidades. Amei!

Yasmin disse...

E nunca vai acabar mesmo.

chica disse...

Assisti ontem e gostei muito! Beleza! abração,chica,ótimo fds!

Pedrita disse...

é incrível como as pessoas gostam de alardear q algo vai acabar. na maioria das vezes se transforma. é só reparar no twitter. a maior parte do q é comentado e é destaque nos trendings vem da tv aberta. e recentemente até consegue destaque algo da tv paga, como foi o filme jojo rabbit q passou no telecine. ótimo texto. beijos, pedrita

Anônimo disse...

Adorei a postagem comemorativa!

FABIOTV disse...

Olá, tudo bem? Comentarei hoje sobre a edição especial do Globo Repórter que destacou os 70 anos da TV brasileira. Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br

Gabriella disse...

O povão nunca mesmo vai trocar a tv por streaming.

Pedrita disse...

também falei do tema no meu blog. beijos, pedrita

Sérgio Santos disse...

Fico feliz, anonimo.

Sérgio Santos disse...

Nunca, Yasmin.

Sérgio Santos disse...

Bjs, Chica.

Sérgio Santos disse...

Exatamente, Pedrita.

Sérgio Santos disse...

Feliz, anonimo.

Sérgio Santos disse...

Abçs, Fabio.

Sérgio Santos disse...

Nunca, Gabi.