O livro "Dias Perfeitos" foi lançado por Raphael Montes no dia 18 de março de 2014 e se tornou um best-seller. O autor declarou em várias entrevistas que sua profissão de escritor foi consolidada graças ao êxito desta história, que foi vendida para 14 países. Agora, a série homônima está disponibilizada no Globoplay com oito episódios e o lançamento foi no dia 14 de agosto.
Uma perspectiva inédita marca a narrativa da série da plataforma de streaming da Globo, adaptação da autora Claudia Jouvin com direção geral de Joana Jabace para o livro de Raphael. Além do ponto de vista de Téo (Jaffar Bambirra), como já apresentado na versão literária, a obra audiovisual também mergulha na mente de Clarice (Julia Dalavia), construindo uma dualidade intrigante entre a percepção e realidade dos dois protagonistas.
Em termos estéticos, a fotografia e os enquadramentos ajudam a compor essa dualidade entre os personagens. Os movimentos de câmera foram escolhidos de acordo com a personalidade de cada um, baseado em suas intenções, sensações e ações.
A narrativa visual pensada para Téo foi determinada com movimentos precisos, explorando a frieza, obsessão, compulsão e perfeccionismo de suas atitudes. Já para Clarice, ora a direção optou por estabilizador de câmera mais vivo, ora pela câmera na mão; planos mais desenquadrados e lente macro, a fim de passar sensações de horror, confusão, medo, desespero e angústia.Além disso, a obra traz uma narrativa dividida em quatro fases ---- Apresentação, Confinamento e Obsessão, Falsa Liberdade e Desfecho ---- cada uma marcada por uma evolução estética e emocional. Na fase inicial, os personagens e o cenário urbano são apresentados com uma atmosfera vibrante e realista, que aos poucos revela um tom inquietante. Um excelente trabalho de Joana Jabace e equipe. A direção faz diferença em uma história tão pesada e incômoda de assistir, ainda mais ao longo de oito episódios.
A obra tem produção da Anonymous Content BR e apresenta a história da aspirante a roteirista Clarice e do estudante de medicina Téo. Téo se encanta por Clarice após conhecê-la por acaso e, diante das negativas da jovem, decide sequestrá-la acreditando que, com o tempo, ela irá correspondê-lo. Só que 'livre' é a palavra que melhor define Clarice. Filha de Helena (Fabiula Nascimento) e Gustavo (Felipe Camargo), ela cresceu com sede de descoberta e muita curiosidade. A contragosto da mãe, que não esconde seu comportamento racista e elitista, Clarice namora Breno (Élzio Vieira) e tem Laura (Julianna Gerais) como sua melhor amiga. Ela adora viver experiências e estuda história da arte, mas também se dedica ao roteiro de um filme chamado 'Dias Perfeitos'. Tudo isso a torna uma jovem muito atraente, não só pelo seu charme, mas por ser afiada no pensamento e irônica nas palavras. É sua ousadia que chama a atenção de Téo, quando eles se conhecem por acidente em um churrasco.
A história prende do início ao fim graças aos bons ganchos e também por conta da inevitável curiosidade a respeito de como aquela situação desesperadora vai terminar. As cenas dos protagonistas são muito fortes diante do contexto da violência física e psicológica que está presente o tempo todo. Jaffar Bambirra vive seu melhor momento no audiovisual até agora. Téo vai marcar a sua carreira. O ator está excelente e protagoniza sequências aterrorizantes ao longo dos episódios. Dá medo dele. E Julia Dalavia merece todos os elogios possíveis. A atriz defendeu com total entrega a sua Clarice e já passou da hora de ganhar papeis de mais importância na televisão. Dá gosto vê-la em cena.
Os coadjuvantes são outros pontos positivos do elenco. Fabiula Nascimento tem uma participação tímida ao longo da trama, mas cresce nos dois últimos episódios e domina a cena. O olhar de Helena, que mistura dor e ódio, inclusive por ela mesma, diante do conhecimento do que aconteceu com sua filha, impressiona e só uma atriz do calibre de Fabiula conseguiria demonstrar. Felipe Camargo também brilha, assim como Clarisse Pinheiro. Já Debora Bloch emociona na pele de uma mãe que faz de tudo para não enxergar o filho que tem, até pagar um preço alto por isso.
A série só derrapa na reta final quando conveniências de roteiro são inseridas, vide a parada de Téo em uma blitz, onde Clarice escapa do carro e desmaia dopada no meio da rua e os policiais simplesmente não veem nada de errado e o deixam levá-la embora. O fato de Téo poder circular livremente pelo hospital em que Clarice também se encontra, mesmo sendo investigado, é outra situação que fica difícil de engolir. O mesmo vale para a recuperação súbita da memória de Clarice, graças a uma 'poção mágica'. Mas são falhas que não prejudicam o conjunto da obra, que acertou com a mudança do desfecho. Os dois finais do livro são apontados como misóginos por muitos leitores e manter qualquer um na série resultaria em uma indignação de grande parte do público. Claro que ficção não tem qualquer obrigatoriedade de finais felizes e toda conclusão que fuja do clichê é bem-vinda, até mesmo para surpreender o telespectador, mesmo que negativamente. Frustração faz parte na apreciação de qualquer obra. Mas a alteração no audiovisual concluiu a história de forma digna.
"Dias Perfeitos" é uma série que vale ser vista, até por quem não gosta de suspense ou cenas mais fortes. O trabalho do elenco, a direção e a trama fazem por merecer.
20 comentários:
Excelente texto Sérgio, pois deixou-me ávida em assistir a série Dias Perfeitos!
Oito capítulos passam rapidinho e pelo visto, a gente começa e não consegue mais parar...Adorei!!
Beijos e uma ótima semana!! :))))
Gracias por la reseña. Te mando un beso
Tenho lido várias menções a esse livro e série e acabarei por assistir à série, apesar de estar evitando - no momento, pelo menos - obras pesadas, rsrs. Pareceu-me que o enredo tem semelhanças com o de um livro que li há décadas: O Colecionador, do John Fowles.
Beijão
Parece interessante! Vou tentar ver!
Bjxxx,
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Olá Sergio,
Excelente dica, vou ver. Recentemente eu vi" Pssica"9Netflix" e estou por enquanto acompanhado a Fazenda.
Bom vir aqui e pegar suas resenhas,
feliz dia
excelente dica tenho globoplay e vou assistir... gostei muito de seu blog e estou seguindo
Caro amigo, sempre atualizado e com matéria muito bem redigida. Quanto ao filme que publiquei a respeito, Vermelho Monet, é uma
produção Brasil e Portugal, e é gravado pelo que entendi
em Lisboa com atores dos 2 países. Mas é preciso assistir tudo
sem desistir, pois ao final é que entendemos bem o enredo. Abraço.
Sérgio,
adorei a forma detalhada como você analisou “Dias Perfeitos”! É perceptível que acompanhou cada camada da história, da escrita de Raphael Montes à direção de Joana Jabace, sem perder o olhar sobre a fotografia, os movimentos de câmera e a construção psicológica dos personagens. Seu texto mostra sensibilidade ao destacar tanto a intensidade da narrativa quanto as nuances de atuação, revelando o quanto o audiovisual consegue ampliar a experiência do leitor. Achei especialmente pertinente o ponto que você levantou sobre pequenas conveniências de roteiro: traz uma crítica justa sem desmerecer a obra. Um comentário completo, minucioso e apaixonado pela história.
Fernanda
E vamos de textão. ALERTA DE SPOILERS
Eu já tinha lido o livro, gostei porém teve pontas soltas que não foi resolvido, além do final revoltante onde o vilão acaba vencendo e mesmo com esses problemas eu conseguia imaginar uma boa adaptação pra essa história. Eu acho uma boa história porém com alguns probleminhas.
Eu já vinha com alguma expectativa pra essa série, óbvio que acabei comparando o livro e série, porém isso não me atrapalhou, pelo contrário. A série me surpreendeu muito, eu não lembro de tudo que aconteceu no livro e nem esperava que fosse ser tão fiel, porém a série manteve a fidelidade do livro com algumas mudanças e essas mudanças foram melhorias.
Eu gostei que a série não romantizou ou cortou cenas pesadas, eles manteve a violência, deixando até mais intenso, talvez exagerado porém eu amei ver isso, me surpreendeu por eles manterem isso e se aprofundar mais. Algo que me incomodou um pouco porém eu consigo entender a intenção deles, é que a série mostra momentos na perspectiva do Téo e da Clarice, por um lado isso cria um aprofundamento e um entendimento cronológico sobre os fatos.
O que me incomodou foi que fica repetitivo e cansativo, no episódio 3 e 4. Nos outros episódios a série vai continuar nessa sequência e as vezes acho que eles exagerou um pouco em querer explicar demais, porém eu gostei que nessas perspectivas mostra o quão diferentes eles pensam de cada momento ali.
Na visão da Clarice ela acaba dramatizando, exagerando, fantasiando e isso é porquê ela é roteirista, ela tem um olhar mais teatral das coisas, é algo mais emocional, vivo. Enquanto na visão do Téo ele é mais direto, cru, frio, quase sem emoção, por mais que ele fala que ama ela, porém óbvio que não tem sentimento.
Eu sei que o Téo é louco, doentio, ele é tudo de ruim e a série conseguiu deixar ele pior, porém eu gostei de ver isso, a atuação do Jaffar Bambirra é digna de Emmy, ele conseguiu pegar o lado sociopata - ou psicopata - do Téo de uma maneira e as expressões dele é absurdo, e quem não conhecia esse ator e já virou fã.
A Clarice no livro é bem irritante, burra, peguei muita raiva dela e na série alguns momentos eu senti isso dela, porém ela melhorou muito na série, conseguiu trazer uma personalidade tão magnética, forte e exagerada. A atuação da Julia Dalavia me hipnotizou, ela conseguiu me fazer emocionar no final e se o público não conhecia essa atriz já viraram fãs.
O que mais me chamou a atenção foi a trilha sonora, as escolhas das músicas combinou tanto e fez sentido pra história. O clima de tensão, denso, pesado, algo pra chocar, aterrorizar, é terror psicológico com clichês, é algo que incomoda de ver e ao mesmo tempo fiquei feliz, chocada e não superei esse final.
O final acaba sendo exagerado, emocionante, porém foi mil vezes melhor que no livro, a série tem seus probleminhas, passei raiva com as burrices, a lerdeza, assim como tem muitas burrices e lerdezas no livro porém eu fiquei satisfeito por aquilo que eu queria no livro aconteceu na série.
Eu senti uma vibe da série de TV "You", a Clarice me lembrou até da Beck e o Téo tem um ar de Joe Goldberg. Me faz lembrar vagamente do livro ''Misery'' do Stephen King porém em contexto diferentes.
Conclusão: A série é melhor que o livro por melhorar alguns acontecimentos, tem uns pontos negativos porém conseguiu atingir minhas expectativas, eu to chocado, surpresa por ver aquilo que eu imaginei lendo o livro e ver isso na série é muito satisfatório. Eu amei, amei, amei e não consigo falar mal.
Parece ser uma série incrível. Já vi o trailer, mas ainda não parei para assistir.
Boa semana!
O JOVEM JORNALISTA está no ar cheio de posts novos e novidades! Não deixe de conferir!
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Até mais, Emerson Garcia
simmmmm
bj
entendo...
veja
entendi
fico feliz!!
mt obrigado
mt obrigado, Fernanda.
gostei do comentario
eu gostei
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