quinta-feira, 20 de junho de 2024

"Sob Pressão" e "Os Outros" provam que Lucas Paraizo está apto para escrever uma novela

 Estranhamente, o Globoplay não terá novela em 2024. E, ao que tudo indica, também não terá em 2025. Afinal, "Guerreiros do Sol", anunciada como folhetim para este ano, foi adiada para ano que vem, mas no teaser divulgado pela plataforma de streaming a trama apareceu com a classificação de 'série original'. Já para 2026, embora não tenha confirmação oficial, foi anunciado na coluna Play, do Jornal O Globo, haverá uma novela escrita por Lucas Paraizo. Infelizmente, é um tempo considerável até ir ao ar. Mas o autor já provou através de "Sob Pressão" e "Os Outros" que está apto para a empreitada. 


Lucas Paraizo está longe de ser um novato. Mas "Os Outros" foi sua segunda série como autor solo. A primeira e desafiadora empreitada foi a série derivada do filme "Sob Pressão", exibido em 2016, que por sua vez era uma adaptação do livro homônimo "Sob Pressão - A Rotina de Guerra de Um Médico Brasileiro", escrito por Márcio Maranhão. O escritor tirou de letra e emplacou um fenômeno de audiência e repercussão, protagonizado por Marjorie Estiano e Júlio Andrade. A saga dos médicos Carolina e Evandro deu tão certo que rendeu cinco temporadas repletas de qualidades. A trama retratou com realismo a rotina de profissionais da saúde que trabalham em hospitais públicos e foram inúmeras sequências de intensa carga dramática representadas por um elenco cheio de talentos. 

As quatro temporadas de "Sob Pressão" foram exibidas na Globo, mas a quinta e última foi exclusiva do Globoplay até este ano. O resultado? Foi a série mais vista da plataforma em 2022. E com direito a muitos pedidos do público para que não acabasse. Lucas conseguiu criar ótimas histórias com início, meio e fim em cada episódio, ao mesmo tempo que elaborou um arco dramático muito bem construído para os protagonistas e personagens fixos.

terça-feira, 18 de junho de 2024

Cristina Pereira e Grace Gianoukas formam uma divertida dupla em "Família é Tudo"

 Há anos que os veteranos vêm perdendo cada vez mais espaço na teledramaturgia. Os elencos estão inchados de atores jovens, enquanto os mais experientes mal são escalados. É algo visível e incontestável. Um dos poucos autores que os valoriza é Walcyr Carrasco. Mas, justiça seja feita, Daniel Ortiz tem destacado dois nomes em "Família é Tudo": Cristina Pereira e Grace Gianoukas. 


É verdade que o autor tem falhado em vários aspectos em sua novela das sete, incluindo no praticamente sumiço de Arlete Salles da história, que vem aparecendo muito pouco e sempre em cenas irrelevantes. As críticas que vem recebendo são justas. Porém, Ortiz tem acertado em cheio no destaque em cima da divertida dupla formada por Marieta e Leda. A primeira trabalhou como babá dos cinco irmãos protagonistas, mas se apegou a Júpiter (Thiago Martins) e acabou virando uma outra mãe. Já a segunda é a progenitora do playboy e nunca concordou com a vida mansa que o filho leva, muito menos com a sua conduta com as mulheres. 

As duas fazem um contraponto que funciona e agora vêm protagonizando mais cenas juntas, sem a necessidade da presença de Júpiter, que antes estava o tempo todo com elas. Isso porque Leda tinha como lema de vida o conservadorismo e os bons costumes. A ricaça vivia proferindo frases de defesa da família.

quinta-feira, 13 de junho de 2024

A crise na teledramaturgia da Globo é uma realidade

 A crise da teledramaturgia nunca esteve tão evidente. Não por conta do esgotamento do gênero, como muitos insistem em afirmar, mas, sim, pela gestão acomodada e equivocada das empresas. Record e SBT nem merecem entrar no debate porque deixaram de ser competitivas há anos e se apequenaram com as novelas infantis e bíblicas, respectivamente, que não fazem mais sucesso e servem apenas para pagar contas. A Globo ao menos se diferenciava por ser a maior produtora de folhetins no Brasil e no mundo. Mas está a cada dia mais claro o quanto a líder vem se afundando em decisões que beiram o amadorismo. 


É importante ressaltar: a Globo teve o maior lucro em 8 anos e a receita líquida do primeiro trimestre atingiu R$ 3,7 bilhões, alta de 12% em comparação ao mesmo período do ano anterior. O Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da companhia fechou o trimestre positivo em R$ 812 milhões. Portanto, a empresa vai muito bem, obrigado. Só que a forma como a cúpula do canal vem tratando o setor de teledramaturgia, que sempre foi um dos maiores trunfos da emissora, transparece um descaso inexplicável e que é observado pelo público que acompanha suas produções há muitos anos. 

O corte de custos é sentido na contratação dos elencos diante da não renovação de contrato de diversos nomes de peso, que acabam recusando posteriormente o chamado trabalho 'por obra'. Cadê os veteranos? Não há mais nomes acima dos 70 anos em praticamente produção nenhuma. Uma mistura de etarismo com 'pão-durismo'. E a redução das despesas também é visível na falta de qualidade de muitas cenas. Algo que era impensável na Globo.

quarta-feira, 12 de junho de 2024

Ilva Niño nunca teve o destaque que merecia

 O Brasil perdeu nesta quarta-feira (12/06) uma das atrizes mais longevas da teledramaturgia. Ilva Niño estava internada desde o dia 13 de maio, quando passou por uma cirurgia cardíaca, e partiu por conta de complicações da operação, quase um mês depois, aos 89 anos. 


Nascida em Floresta, Pernambuco, a veterana completaria 90 anos no dia 15 de novembro. Se mudou para o Rio de Janeiro logo após o início do regime militar de 1964  e foi levada para a televisão pelo autor Dias Gomes, que a escalou para "Verão Vermelho", em 1970, e "Bandeira 2" em 1971. Isso porque tinha trabalhado com o escritor nas peças "O Berço do Herói" e "O Pagador de Promessas". A parceria seguiu firme e forte na Globo. Desde então, nunca mais saiu da emissora e emendou uma novela atrás da outra. 

Foram oito décadas de carreira, sobretudo na televisão e no teatro, onde brilhou majoritariamente na pele de empregadas domésticas. A atriz nunca conseguiu fugir do estereótipo, mas não se incomodou.

terça-feira, 11 de junho de 2024

Mariana Lima se destaca como Tia Salete em "No Rancho Fundo"

 Quando um ator ou atriz se sai bem interpretando algum tipo específico é natural que os autores passem a escalá-lo (a) sempre para o mesmo papel. Afinal, é mais seguro apostar no que já deu certo ao invés de escolher um novo caminho. E o que deveria ser positivo logo vira algo negativo para o intérprete que vai ficando cada vez mais estigmatizado. Por isso é tão bom ver Mariana Lima em "No Rancho Fundo", atual novela das seis da Globo. 


O autor Mário Teixeira e o diretor Allan Fiterman presentearam a atriz com um papel totalmente diferente de tudo o que ela já fez na carreira. Tia Salete é uma mulher amargurada, conservadora, fanática religiosa, defensora dos valores familiares, antiquada e ainda assim uma boa pessoa. Muito de sua frustração com a vida se deu por conta de um trauma no passado, quando foi abandonada pelo então noivo (Vespertino - Thardelly Lima), que tirou sua virgindade prometendo casamento e sumiu no mundo. 

A personagem é uma 'agregada' da família Leonel. Irmã de Zefa (Andrea Beltrão) e cunhada de Seu Tico (Alexandre Nero), sempre viveu na mesma humilde casa dos pais de Quinota (Larissa Bocchino), Zé Beltino (Igor Fortunato) e Juquinha (Tomás de França).

sexta-feira, 7 de junho de 2024

Tudo sobre a coletiva online de "O Jogo que Mudou a História", nova série do Globoplay

 O Globoplay promoveu nesta segunda-feira, dia 3, a coletiva virtual de "O Jogo que Mudou a História", nova série da plataforma de streaming da Globo. Participaram o criador José Júnior e os atores Babu Santana, Bukassa Kabengele, Ravel Andrade, Alli Willow, Fabrício Assis, Jailson Silva, Jonathan Azevedo, João Fernandes, Pedro Wagner e Samuel Melo. Fui um dos convidados e conto sobre o bate-papo. 


José Júnior resumiu sua trama: "O Rio de Janeiro tem mais de mil áreas deflagradas. O 'Jogo' é uma série que conta como surgiram os grupos armados. Surgem em 1979. A Falange Vermelha foi a primeira. Além desse surgimento, falamos das grandes guerras. Uma série que tem 12 protagonistas, 70% do nosso elenco é preto. Gravamos em todas favelas reais. Na Tavares Bastos, Vigário Geral, Parada de Lucas, no Dique, na Rocinha. A trilha sonora é feita de forma customizada. A nossa tem predominância de samba rock, funk, MPB. Uma pegada muita preta e nordestina. Há uma série de sotaques. Gravamos em dois presídios reais: o Complexo da Frei Caneca, já fechado, e o do Bangu 1, que está ativo. Orgulho em mostrar a história do ponto de vista do preso, da população, do agente penitenciário. Normalmente nesses filmes é mostrada a história sob o ponto de vista da polícia ou do jornalista, não do protagonista real. Minhas referências foram as histórias que eu ouvia. Não li livro algum, não tive referência. É uma série que vai impactar bastante quem vai assistir", adiantou.

Alli Willow comentou sobre sua personagem: "Faço uma freira e ela é minha grande personagem. Foi uma paixão minha. A gente foi muito impactado pela série e pela preparação. A gente mergulhou em muitas histórias. São fios de muitas realidades diferentes.

quarta-feira, 5 de junho de 2024

Obsessão de Daniel Ortiz por triângulos amorosos tira o rumo de "Família é Tudo"

 Não é mentira quando dizem que todo brasileiro é técnico de futebol e autor de novela. É normal bancar o especialista e fazer mil análises sobre as maiores paixões do país. Tanto que não precisa ser um crítico formado para observar os vícios (que também podem ser chamados de 'estilo') de todos os escritores de folhetim. Tem quem ame criar mil sequestros na história, quem goste de ressuscitar mortos, quem adore brigas entre mãe e filha, enfim. No caso de Daniel Ortiz, responsável por "Família é Tudo", é o triângulo amoroso a sua maior paixão. 


O autor ama criar vários triângulos amorosos em suas histórias, a ponto de dominar quase todos os núcleos com eles. E sempre com o intuito de dividir torcida e gerar engajamento do público. O de maior repercussão, e que até hoje rende uma leva de comentários indignados nas redes sociais de parte do público, foi o formado por Kyra (Vitória Strada), Rafael (Bruno Ferrari) e Alan (Thiago Fragoso) em "Salve-se Quem Puder". A 'fórmula' deu certo nessa trama e em "Haja Coração", seus dois sucessos anteriores das sete. Mas não quer dizer que funcionará sempre e a prova é o que vem acontecendo com a sua atual novela.

Há uma clara perda de rumo em "Família é Tudo" justamente pela preocupação do autor em focar quase tudo em cima dos triângulos que vem formando. A história foi vendida como uma saga de cinco irmãos que precisam morar e trabalhar juntos para a garantia do recebimento da herança da avó que desapareceu em alto mar.

segunda-feira, 3 de junho de 2024

Segunda temporada de "Encantado`s" mantém as qualidades da primeira

 Em meio ao sucesso da primeira temporada de "Encantado`s" no Globoplay --- cuja estreia foi em novembro de 2022 e a exibição na Globo entre maio e junho de 2023 ---, uma segunda já tinha sido encomendada e estreou na plataforma de streaming da emissora em março deste ano. A receptividade do público seguiu em alta e sua entrada na grade da tevê aberta se deu em pouco mais de um mês ---- um intervalo muito menor. E dá para entender todos os motivos para o êxito da série. 


Na primeira temporada, o público conheceu o funcionamento do mercado e da agremiação Joia do Encantado, que dividem o mesmo espaço no estabelecimento da família Ponza, em uma mistura de personagens apaixonados por ambos. De dia, é Olímpia (Vilma Melo) quem administra o comércio, sucesso entre os moradores do bairro, localizado na Zona Norte do Rio de Janeiro. Quando anoitece, é hora de arrastar as prateleiras e abrir espaço para o samba, a maior inspiração na vida de Eraldo (Luis Miranda). E é encarando as adversidades e levando o dia a dia com leveza que esses irmãos mantêm a união para tocar os negócios herdados pelo pai, Geraldo Ponza, também interpretado por Luis Miranda. 

Depois do desfile apoteótico que emocionou a avenida, Olímpia, Eraldo e toda a turma enfrentam novos desafios. Se a disputa entre os irmãos foi a base da primeira temporada, agora, sem deixar de lado os conflitos da dupla,