A personagem é uma das mais importantes do enredo, pois está ligada a todos os acontecimentos da novela. A cafetina cuida das suas meninas como se fosse uma mãe e é uma revolucionária disfarçada, sendo a responsável pelas maiores articulações do movimento contra a Coroa Portuguesa e tendo Xavier (Bruno Ferrari) como fiel escudeiro. Ela, aliás, sempre esperou a volta de Joaquina (Andreia Horta) desde que viu a menina ainda criança partir nos braços de Raposo (Dalton Vigh), seu grande amor.
Para culminar, Virgínia é mãe de Rubião (Mateus Solano), o grande vilão do folhetim, que sempre renegou cruelmente a mãe. Toda a teia que envolve o papel proporciona bons conflitos, destacando o conhecido talento de Lília.
A dona do cabaré só protagonizou cenas dramáticas ao longo da história, vivendo um verdadeiro calvário, principalmente em virtude das humilhações e ofensas proferidas pelo próprio filho, além das constantes agressões do coronel Tolentino (Ricardo Pereira). Ela ainda foi alvo da fúria de Dionísia (Maitê Proença), que mandou seu feitor espancá-la, a deixando entre a vida e a morte.
O perfil ainda funciona como uma situação irônica, uma vez que a mulher é uma das pessoas mais íntegras daquela cidade. A cafetina, julgada por todos da sociedade e xingada de rameira constantemente, representa a honestidade que muitos cidadãos ditos 'de bem' ignoram debaixo dos panos. É um papel bem interessante, cujo destaque pôde ser observado logo na primeira semana de novela. Ou seja, a escolha da atriz foi precisa.
Aliás, é uma personagem bem diferente de tudo o que Lília já fez na televisão. Pela primeira vez ela interpretou uma prostituta e quase heroína. Não é surpresa vê-la se destacar em cena, mas, ainda assim, é sempre gratificante admirar o desempenho da intérprete, cuja maior característica é a entrega aos seus papéis, independente da importância deles no enredo. Não importa se é protagonista ou coadjuvante, o fato é que Lília Cabral consegue brilhar todas as vezes que lhe dão a oportunidade para tal.
O seu desempenho na pele de Virgínia é irretocável e uma de suas melhores cenas foi exibida na reta final da novela, quando Tolentino desiste de matar a cafetina quando descobre que o seu alvo é mãe de Rubião. A mulher entrou em choque assim que escutou o coronel dizer que o mandante de seu assassinato era o homem que saiu de dentro dela. Lília passou com precisão toda a dor e o desespero da dona do cabaré, que chorou copiosamente e tentou se matar usando a arma do seu algoz. Um momento escrito claramente para a intérprete dar o seu costumeiro show.
A atriz ainda se beneficiou com a repetição da ótima parceria com Andreia Horta e Caio Blat (André), que interpretaram seus filhos em "Império", sua última novela até então, onde foi um dos grandes destaques com a sua complexa Maria Marta. As cenas de Virgínia com Joaquina foram sempre repletas de delicadeza e cumplicidade, evidenciando o bom entrosamento das atrizes e o carinho que existia entre as revolucionárias ---- muitas vezes se comportavam como mãe e filha. A química com Dalton Vigh também merece menção, pois os momentos da cafetina com Raposo representavam uma paixão recolhida por anos e ambos se destacavam.
Já as sequências mais dramáticas protagonizadas por Lília eram justamente ao lado de Mateus Solano. Os dois formaram uma grandiosa dupla. A intérprete mostrava impecavelmente o sofrimento daquela mãe diante de um filho tão frio e cruel, que a estapeou algumas vezes e ainda lhe apontou uma arma. A carência da personagem era tanta que bastou o intendente fingir uma aproximação, com o intuito de conquistar Rosa, para que ela caísse na sua dissimulação, proporcionando para a atriz momentos tocantes, onde a cafetina tentava correr atrás do tempo perdido acarinhando seu herdeiro.
Lília Cabral é uma atriz com 'a' maiúsculo e elogiá-la nunca é demais. "Liberdade, Liberdade" pôde contar com seu talento e Virgínia ganhou uma intérprete de peso. Mais uma vez o público foi presenteado com uma atuação primorosa, evidenciando o profissionalismo e a capacidade dramática dessa mulher que nasceu para as artes cênicas.
29 comentários:
Sou fã da Lilia e assino embaixo do texto!
Logo no início achei que esse papel seria pequeno demais pra Lília mas me enganei, é uma ótima personagem e Lília se entrega mesmo nas cenas mais pequenas. A cena dela chorando quando descobre que o Rubião mandou matá-la foi a melhor dela na novela. E Lília está tão prestigiada que já foi escalada pra mais duas novelas. Espero que seja valorizada como merece.
Abraços
Tem como não ser fã dela????
Ela faz de qualquer papel pequeno algo grandioso.Concordo!
Gosto muito dela em todos os papéis! É demais, verdadeira artista! abração, lindo agosto! chica
Adorei o texto. Lília é uma das melhores atrizes brasileiras, praticamente um patrimônio nacional.Virgínia foi mais um acerto de sua grandiosa carreira. Agora é esperar a novela do Aguinaldo que ela seja agraciada com mais uma personagem incrível.
complementando o comentário... Eu andei vendo informações sobre essa novela do Aguinaldo e parece que ele vai voltar a apostar no realismo fantástico. Vi que o protagonista terá poder de se transformar em um gato, se isso se confirmar não falta mais nada, Aguinaldo tem imaginação além do " Xixi de Jacaré" rs
Ela é uma atriz que sempre brilha e até mesmo em um papel menor como esse. Na reprise de Anjo Mau é a mesma coisa e ela cresce quando está em cena ao lado do saudoso Sergio Viotti.
A Lília Cabral faz qualquer tipo de personagem. Reparei que agora o tom de voz dela é mais suave. Se você pegar as novelas antigas como Vale Tudo, por exemplo, ela falava bem mais fininho e alto.
Big Beijos,
Lulu
www.luluonthesky.com
Temos que aplaudi-la sempre.
Olá Sérgio,
Passei um bom tempo por aqui lendo várias postagens relacionadas às programações que acompanho. Você continua nota mil em suas considerações e críticas.
Lília Cabral é uma atriz por excelência e faz crescer qualquer personagem que represente dentro de uma trama. A cena que se desenrolou no momento em que Virginia descobriu que foi o próprio filho que mandou matá-la foi realmente dramática e emocionante. Valeu este destaque para esta talentosa atriz.
Feliz semana.
Abraço.
Lília Cabral é genial, confesso que não estou acompanhando a novela, maso pouco que vejo, ela esta sempre arrasando na atuação.
Beijoos, Love is Colorful
Oi Sérgio,
Lília Cabral, sempre linda e talentosa,
todos os elogios dirigidos à ela seriam poucos;
é o tipo de artista que honra a profissão.
Sou fã! Desde sempre!
Postagem excelente, uma justa homenagem.
Ótima tarde, beijos!
Concordo, ela é boa pra cassete!
Eu tb, Tainá. Obrigado.
Tomara que seja valorizada nas próximas mesmo, Ed. E deu show como Virginia! abçs
Não tem, anonimo.
É verdade, Liliane.
Verdadeira msm, Chica. Bjs e bom mês pra vc tb.
Sem dúvida alguma, Pâmela! Bjão!
Boa lembrança, Heródoto.
É mesmo, Lulu. Mas depende do papel. bjs
Sempre, anonimo.
Bom vê-la aqui novamente, Vera. Bjão!!!
É genial mesmo, Bárbara!
Onde eu assino, Clau? =) bjssss
É sim, Lucas.
Ok, Anna!
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