Após quase 14 anos em "A Grande Família", Marieta Severo, Tonico Pereira, Marco Nanini e Marcos Oliveira retornaram aos folhetins em grande estilo

Foram quase 14 anos em "A Grande Família", uma das séries mais longevas da Globo. Marieta Severo, Tonico Pereira, Marco Nanini e Marcos Oliveira abrilhantaram o seriado da família Silva por todo esse tempo e deram show vivendo Dona Nenê, Mendonça, Lineu e Beiçola, respectivamente. Entretanto, os quatro (principalmente Marieta e Nanini, sempre bastante requisitados antes da produção) estavam fazendo muita falta nas novelas. E a ausência deles já tem sido devidamente preenchida desde que a série chegou ao fim. Todos, por sinal, tiveram muita sorte, pois ganharam ótimos papéis em bons folhetins.

A primeira agraciada foi Marieta Severo. Convidada por Walcyr Carrasco, a atriz aceitou na hora interpretar a arrogante e ambiciosa Fanny em "Verdades Secretas". A novela --- que estreou nesta segunda em Portugal --- virou um fenômeno de audiência e repercussão, se transformando no maior sucesso das 23h e de 2015. Ela ganhou do autor um perfil que representava o oposto do que era aquela doce dona de casa do subúrbio. Uma quase vilã, cuja profissão de agenciadora de modelos era usada como disfarce para um esquema de prostituição de luxo. Ou seja, um tipo que qualquer atriz gostaria de interpretar.

A personagem era um dos pilares da trama das onze e Marieta fez jus ao tamanho do papel, como já era de se esperar. Sua atuação angariou inúmeros elogios e ela chegou a ganhar o Prêmio Extra de Melhor Atriz pelo seu admirável desempenho. Suas cenas com Rodrigo Lombardi, Camila Queiroz, Drica Moraes, Agatha Moreira, entre outros ótimos nomes, eram sempre boas e bem interpretadas.
O folhetim ainda marcou a volta de sua parceria com Reynaldo Gianecchini, após o sucesso de "Laços de Família" (onde viveram Alma e Edu) ---- coincidentemente a sua última novela antes de entrar em "A Grande Família". Depois de ter sido a tia do colega na história de Manoel Carlos, ela passou a ser sua amante e ambos tiveram bastante química. Fanny e Anthony tinham uma relação destrutiva. Foi um trabalho muito bem-sucedido, marcando maravilhosamente bem o seu retorno aos folhetins.

O segundo integrante do elenco da série que foi presenteado com um grande personagem em novelas foi Tonico Pereira. João Emanuel Carneiro o escalou para viver um tipo que parecia ter sido escrito especialmente para ele: o Ascânio. O trambiqueiro de "A Regra do Jogo" foi um dos melhores e mais cativantes personagens da história. Não por acaso, conquistou o público assim que surgiu e foi ganhando cada vez mais destaque. O parceiro de Romero (Alexandre Nero) e Atena (Giovanna Antonelli) era um aproveitador nato, mas no fundo tinha um bom coração. Foram muitas cenas impagáveis, onde a ironia e o deboche estavam sempre presentes. Ele, inclusive, conseguiu ter um final feliz ao lado da sua Ateninha.

Tonico Pereira mostrou mais uma vez o porquê de ser considerado um ator tão talentoso e querido pelos colegas. Apesar de Ascânio ter sido um perfil cômico, o intérprete conseguiu diferenciá-lo totalmente do Mendonça e brilhou em todos os momentos. Ele ainda fez boas cenas dramáticas, sendo necessário destacar o tocante instante em que Atena, Romero e Ascânio se abraçaram, após mais uma fuga dos picaretas. Já a sequência do casamento dos bandidos, sendo celebrado pelo trambiqueiro vestido de padre, foi outra situação marcante da novela, sendo brilhantemente defendida por Tonico. O intérprete foi um dos trunfos da obra de João Emanuel, fazendo parte justamente do melhor núcleo: o principal, envolvendo a facção. E deu show.

Já Marco Nanini foi outro ator de "A Grande Família" que Walcyr Carrasco presenteou, após a experiência bem-sucedida com Marieta. O autor lhe deu o carismático Pancrácio em "Êta Mundo Bom!", trama que virou um fenômeno das seis, fazendo a faixa atingir índices que não obtinha desde 2010. O ator simplesmente ganhou um dos melhores papéis da novela e ainda está podendo 'brincar de interpretar', pois o querido professor de filosofia não consegue se sustentar com suas aulas e precisa se disfarçar de vários tipos para pedir dinheiro nas ruas. Claro que essa situação propicia para o intérprete uma sucessão de grandes momentos. Ele já deu vida a mendigo, cego, cigana, índia, retirante, Miss São Paulo, senhora carente, ex-combatente do exército, enfim... Ou seja, tem conseguido em uma só novela incorporar vários perfis, correndo atrás do tempo 'perdido'.

Pancrácio é um personagem que faz jus ao talento de Nanini e tem sido um prazer vê-lo de volta às novelas. As cenas do professor com o filho postiço, Candinho, são sempre ótimas, refletindo a boa sintonia entre Marco e Sérgio Guizé. O ator ainda tem uma imensa química com Eliane Giardini (Anastácia) e o filósofo está presente em quase todos os núcleos da trama, proporcionando uma importância ainda maior ao intérprete, que contracena com vários colegas. Vale mencionar também o novo perfil que ele começou a interpretar: o arrogante Pandolfo, irmão gêmeo de Pancrácio que chegou para fazer par com Eponina, a sempre ótima Rosi Campos. Mais um tipo para Marco Nanini brilhar.

E, completando o quarteto de talentos que retornou aos folhetins em grande estilo, Marcos Oliveira entrou recentemente em "Liberdade, Liberdade", outra ótima novela atual. O ator mal chegou e já vem roubando a cena na pele do revolucionário Dimas, um sujeito que usa de métodos tortos para se unir aos rebeldes que planejam libertar o Brasil da Coroa Portuguesa. O personagem matou um padre e assumiu a sua identidade, enganando a população de Vila Rica, com exceção de seus comparsas ---- Virgínia (Lilia Cabral) e Xavier (Bruno Ferrari). Dimas parece ter sido escrito sob medida para ele e a suas sequências estão voltadas para o humor (área que domina, vide o eterno e já citado Beiçola, de "A Grande Família"), fazendo um contraponto com a maioria das situações apresentadas, quase sempre mergulhadas em um clima pesado.

O falso padre tem protagonizado momentos engraçados, como a hora em que Branca (Nathalia Dill) pediu para rezar com ele e o sujeito se atrapalhou no latim, improvisando um idioma sem o menor sentido. Marcos Oliveira é ótimo e merecia essa oportunidade depois de tantos anos vivendo um tipo tão marcante na série da família Silva. Apesar de de entrado com a novela já encaminhada, o ator ajudou a engrandecer ainda mais o elenco escalado e promete ser um dos pilares da revolução que se aproxima na história. Suas cenas com Lilia Cabral e Bruno Ferrari têm sido bastante elucidativas sobre os rumos que os rebeldes tomarão.

Marieta Severo, Tonico Pereira, Marco Nanini e Marcos Oliveira retornaram aos folhetins em grande estilo. Após quase 14 anos se destacando em "A Grande Família", os quatro grandiosos atores voltaram às novelas da melhor forma possível e em tramas que os valorizam. Fanny e Ascânio foram muito bem defendidos pelos intérpretes, enquanto Pancrácio e Dimas vêm sendo interpretados com talento. É muito bom vê-los novamente em produções do gênero mais popular do país. Estavam mesmo fazendo falta.