A atração, antes mesmo de estrear, contou com inúmeras chamadas que criavam várias dúvidas a respeito da identidade do formato. Afinal, é game ou humor? A pergunta já era uma dica sobre o conteúdo do programa, que mistura as duas características e transforma o público em protagonista. A cada semana, o elenco se divide em dois times de quatro pessoas, onde um é o espelho do outro. Ou seja, o ator X de um grupo interpretará o mesmo personagem do ator Y da equipe rival. A mesma cena tem que ser interpretada pelos dois quartetos e é o telespectador o responsável pelos momentos de substituição ----- quando um grupo não está agradando, há uma votação por meio de um aplicativo no celular (parecido com o esquema do "SuperStar"), onde está disponível a opção "Tomara que caia" ou "Tomara que fique".
Heloísa Périssé, Daniele Valente, Eri Johnson e Ricardo Tozzi formam uma equipe e Fabiana Karla, Priscila Fantin, Nando Cunha e Marcelo Serrado compõem a outra. Todos atuam em uma espécie de cenário e diante de uma plateia ---- nos mesmos moldes do "Sai de Baixo" e "Vai que Cola" (do Multishow).
Além de toda esta dinâmica, há também as 'trolladas', que nada mais são do que situações constrangedoras (impostas pelo grupo rival, público de casa ou pessoas que estão no auditório) que atrapalham o desenrolar da cena. No primeiro programa, por exemplo, os atores precisaram dizer o texto em inglês em um momento e se fingiram de gagos após uma nova intervenção.
A clara 'inspiração' no "Quinta Categoria" (da extinta MTV) é clara, afinal, a ideia é improvisar ao vivo e usar as interferências do público. Porém, ao contrário do antigo programa, há um roteiro a ser seguido e os dois grupos seguem a mesma história. Aliás, embora a questão da improvisação tenha sido enfatizada várias vezes, os atores ensaiam as cenas antes e fica explícito que todo o texto é decoradinho. As únicas mudanças ocorrem realmente quando as 'trollagens' são colocadas para que as cenas sofram modificações esdrúxulas. Há também umas participações rápidas da Cia Barbixas de Humor e o grupo é um dos responsáveis pela elaboração deste formato.
A estreia foi desanimadora. A esquete era sobre um assalto a banco e não teve a mínima graça. O roteiro era pobre e todas as intervenções feitas para que a cena ficasse 'ainda mais cômica' falharam. Aliás, em vários momentos foi difícil não ter se constrangido com as situações apresentadas. Priscila Fantin e Ricardo Tozzi ficaram totalmente deslocados e não pareciam nada à vontade no palco. Marcelo Serrado, Nando Cunha e Eri Johnson também deixaram muito a desejar e não conseguiram provocar riso algum. Porém, Fabiana Karla, Daniele Valente e Heloísa Périssé merecem elogios, o que não chega a ser surpresa. As três já têm uma vasta experiência no humor e esta 'bagagem' fez toda diferença. Os poucos momentos cômicos do episódio (que contou com a participação da cantora Anitta) foram protagonizados por elas. O trio mostrou domínio de cena e se destacou.
Mas as três atrizes foram as exceções de um formato que começou equivocado. A mistura de reality, improviso, humor, show e game é uma ideia ousada e muito válida. Entretanto, a forma como foi feita não foi feliz. Os roteiros precisam de sérias modificações, assim como o 'conteúdo' das 'trollagens'. Interromper uma história que já não está atrativa para inserir situações ainda piores em nada ajuda. E o slogan do programa ("Aqui o dono da piada é você") coloca no público a responsabilidade do êxito da atração, o que não condiz com a realidade. Afinal, tudo, incluindo as opções de votação para o telespectador, são elaboradas pela equipe. As únicas interferências 'inusitadas' são mesmo as da plateia, quando algum ator/atriz vai até o auditório e pede para alguém sugerir uma brincadeira ao vivo.
O segundo programa, aliás, apresentou os mesmos problemas do primeiro. O roteiro (desta vez os personagens estavam em um velório e tramavam ficar com a herança do morto) foi fraco, os atores (com exceção de Fabiana, Heloísa e Daniele) pareciam deslocados, as tentativas de arrancar alguma graça das situações exibidas falharam, as 'trollagens' em nada acrescentaram no quesito 'humor' e nem mesmo a participação do sempre divertido cantor Falcão salvou o conjunto. Os equívocos, lamentavelmente, são muitos. Ao contrário do programa de estreia ---- que marcou 13 pontos (mesmo índice da final do "SuperStar"), sem ter a liderança ameaçada em momento algum ----, o segundo domingo foi preocupante: a atração teve 10 pontos de média e perdeu para o "Programa Silvio Santos". Ou seja, houve rejeição, o que é bem compreensível.
O "Tomara que Caia" merece um reconhecimento pela tentativa de sair da mesmice e inovar, mesmo utilizando algumas fórmulas manjadas. Misturar várias estruturas em uma só é algo bem ousado e a equipe da atração foi corajosa. Entretanto, ao menos até agora, a boa ideia não funcionou na prática. Falta muito para este formato poder ser realmente classificado como algo engraçado e resta saber se conseguirão fazer os ajustes necessários ao longo da temporada, ou se terminarão fracassando nesta missão que vem sendo muito mal executada.
22 comentários:
Só pelas chamadas já dava pra ver que esse programa seria horrível. Coitados dos atores...
Concordo que a Fabiana, a Heloísa e a Daniele se destacam, mas nem elas conseguem fazer milagres. O programa é muito ruim. Apesar disso, como você bem disse, é válida a tentativa de sair do mais do mesmo. É errando que se aprende.
Pelo menos a Globo tá tentando mudar os caminhos do humor. Conseguiu com o Tá no Ar, melhorou o Zorra, mas agora errou feio com esse programa. E eu não acho que alteração alguma vá mudar. Não tem jeito, é ruim mesmo.
Teve o Sob Nova Direção e o do taxista Vladmir Brichta, não sei se sucessos de audiência mas eram ótimos programas.
Esse programa é muito ruim, Sérgio. E pra variar tu escreveu um primoroso texto.
Olá, Sérgio
Boa análise, realmente, "tomara que caia", apesar de louvável a tentativa de inovar, com a participação interativa e ativa do público,também, não me agradou...e diferente de ti, das três atrizes que foram as exceções,ficaria só com duas,Fabiana Karla e Daniele Valente, a Perissé mesmo com toda a sua bagagem, não me convence...
Agradecido pelo carinho,feliz semana,belos dias,abraços!
Pra variar, disse T-U-D-O.
Nossa , eu prefiro mil vezes hipertensão que pra mim foi um realty que valeu a pena e eu gostei muito de assistir , ah e eu acho que a globo devia investir mais em realty nesse horario , tipo em No Limete do Zeca ( que tá precisando mais do que nunca de um programa compativel com ele ) ou aquele que o paulinho vilela apresentava que eu me esqueci o nome ou investir em series americanas , bom , é o que eu acho.
Sergio, não me interessei pelo programa. E vejo que fiz a opção certa, ao ler sua esclarecedora postagem (rss). Bjs.
Esse programa é muito, muito ruim. Assisti o primeiro capítulo e o máximo que consegui foi dar uns sorrisos uma vez ou outra. Claro que a tentativa de inovar é extremamente válida, mas mesmo assim não salva esse programa. Acho que nem se colocassem humoristas de verdade ao invés de atores salvaria o programa por que o enredo já é todo planejado e realmente não tem o improviso. O Marcelo Serrado, Ricardo Tozzi e Priscila Fantin estavam perdidos no programa. Já a Dani Valente, Fabiana Karla e Heloísa Perissé realmente são as melhores, mas nada que salve o programa. Eu mesmo, não pretendo assistir mais, prefiro ver outras coisas.
Abraços
Oi Sérgio,
As chamadas não me atraíram e não estou vendo o programa. Suas considerações a respeito não são nada animadoras-rsrs. Gostei de ler, pois fiquei inteirada acerca do funcionamento da dita atração.
Abraço.
Pois é, Caio.
É assim mesmo, anonimo.
Concordo, Larissa. Conseguiu com louvor com o Tá no Ar e melhorou mt o Zorra. Mas esse aí é mt ruim.
Anonimo, o Sob Nova Direção era ótimo mesmo e concordo, mas o do Vladmir era o "Faça a sua História" e achei mt ruim. Mas respeito sua opinião.
Mt obrigado, Italo.
Entendo, Felis. E pena que o programa tenha se mostrado tão equivocado. abçs
Valeu, anonimo.
Eulara, o do Paulinho era Jogo Duro. Achava ruim. Mas do Hipertensão eu gostava tb. Só achava péssimas aquelas provas escatológicas de fazer o participante comer bicho vivo e aquelas porcarias. E o Zeca ficará agora no tal É de Casa, nas manhãs de sábado. Mas o No Limite era ótimo. Mas quando voltaram tempos depois já não ficou tão bom. bjs
Fez bem, Marilene. bj
Tb não pretendo, Ed. Até preferi escrever esperando o segundo domingo porque o péssimo programa de estreia poderia ter sido um acidente de percurso. Mas não foi não. E tb acho que Marcelo, Priscila e Tozzi ficam perdidinhos.
Não foi uma boa propaganda, né, Vera? rsrs bjssss
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