Reprisada no "Vale a Pena Ver de Novo" em 1994 e no Canal Viva em 2013, a história abordava a ascensão dos novos ricos e a decadência da elite paulistana, através da rivalidade entre a emergente Maria do Carmo (interpretada pela sempre ótima Regina Duarte) e a socialite falida Laurinha Figueiroa (magistral Glória Menezes). A mocinha e a vilã, respectivamente, honraram o destaque que tinham e as atrizes até hoje são lembradas pelo grande desempenho neste folhetim.
Como acontece em todas as obras do autor, a trama tinha fortes elementos cômicos e uma boa dose de tensão. Maria do Carmo enriquece com os negócios do pai (Onofre - Lima Duarte -, vendedor de um ferro velho) e se torna uma rica empresária, apesar de manter os costumes e hábitos da época que era pobre.
Incluindo a forma espalhafatosa de falar e se vestir (nada elegantes) e o local onde mora: bairro de Santana, na zona norte de São Paulo.
Ela resolve se vingar de Edu Figueiroa (Tony Ramos) ---- um boa vida que a humilhou no passado (cena clássica onde um balde de lixo é jogado em cima da sucateira durante uma festa) ---- e resolve comprá-lo, propondo um casamento para ajudar a família tradicional do rapaz que está à beira da falência. Falido, ele topa, o que faz a protagonista se mudar para a mansão, iniciando assim a ótima rivalidade de Maria do Carmo e Laurinha, madrasta de Edu e esposa de Betinho (saudoso Paulo Gracindo). Betinho, aliás, proferia um dos mais famosos bordões da novela: "Coisas de Laurinha.".
O autor ainda inseriu o famigerado Plano Collor na história, o que despertou 'suspeitas' dos obcecados de plantão, que acharam que a Globo estava mancomunada com esta desastrosa medida do governo de Fernando Collor de Mello. E além de todo este atrativo enredo central, repleto de bons personagens, a trama também contou com ótimos núcleos paralelos, incluindo o mais lembrado de todos: o da Dona Armênia.
Afinal, como esquecer da interpretação impagável de Aracy Balabanian vivendo uma das personagens mais marcantes da teledramaturgia? A senhora briguenta tinha três filhos que tratava como bebês. Chamados por ela de 'filhinhas da mamãe', os grandalhões Gera (Marcello Novaes), Gino (Jandir Ferrari) e Gerson (Gerson Brenner) amavam aquele carinho, mas muitas vezes não conseguiam disfarçar o constrangimento.
Com um sotaque que misturava português com armênio, Dona Armênia ainda vivia ameaçando Maria do Carmo. Tudo porque seu terreno na Avenida Paulista havia sido ocupado por um prédio comercial, onde ficava o escritório da Do Carmo Veículos e a Sucata, empresa e Casa de Shows da protagonista. A senhora rabugenta gritava inúmeras vezes que explodiria aquele edifício e o colocaria 'Na chón'. Foi o bastante para esta expressão virar uma das maiores marcas da personagem, que, em virtude do imenso sucesso, voltou ao ar em outra novela de Silvio de Abreu: "Deus nos Acuda".
Outro destaque da trama foi o triângulo formado por Caio, Adriana e Nicinha. Ele, um antropólogo tímido e gago (vivido por Antônio Fagundes, seu primeiro papel cômico na carreira), era noivo da fogosa Nicinha (estreia de Marisa Orth na televisão) e se via balançado por Adriana, uma dançarina de Cabaré (apelidada de 'bailarina da coxa grossa') interpretada pela ótima Cláudia Raia. Os três tiveram um entrosamento incrível em cena e protagonizaram vários momentos hilários.
Entre as cenas marcantes do folhetim, é preciso citar a emblemática sequência do suicídio de Laurinha. Com uma interpretação visceral de Glória Menezes, que fez uma ótima dobradinha com Regina Duarte, a vilã se jogou do alto de um prédio com o objetivo de incriminar Maria do Carmo ---- ela puxou um brinco da sucateira para simular que foi empurrada pela rival ---- e o momento até hoje é lembrado pelo público. Difícil esquecer daquela imagem da víbora caindo com seu vestido branco esvoaçante.
Além de todos os grandes atores mencionados, a novela ainda contou com Renata Sorrah (Mariana, irmã de Caio), Daniel Filho (Renato), Raul Cortez (Jonas), Laura Cardoso (Iolanda), Lolita Rodrigues (Lena), Gianfrancesco Guarnieri (Irineu), Patrícia Pillar (Alaíde/Beatriz), Cláuda Ohana (Paula), Nicette Bruno (Neiva), saudosa Cleyde Yáconis (Isabelle), Flávio Migliaccio (Seu Moreiras), Beatriz Lyra (Odete), Neuza Amaral (Dalva), Ida Gomes (Mariza), entre outros, incluindo uma luxuosa participação de Fernanda Montenegro (Salomé) no começo da trama.
Dirigida por Jorge Fernando, "Rainha da Sucata" foi um grande sucesso de Silvio de Abreu e fez história da teledramaturgia. No dia 2 de abril de 2015, a estreia deste importante folhetim completou 25 anos e não falta motivo para comemorar tudo o que esta produção representou, não só para o autor, como para o público.
52 comentários:
Essa novela foi ótima e nem achei que o começo tenha sido ruim, o pessoal que foi chato mesmo. E a abertura com o Sidney Magal virou um clássico assim como Dona Armênia e Laurinha Figueiroa.
Que saudades das filhinhas da mamãe! E da maravilhosa Laurinha Figueiroa! Já a sucateira eu odiava! Que mulher chata! Quando o Silvio de Abreu voltará a escrever novelas?
Silvio de Abreu é um dos maiores novelistas do Brasil e Rainha da Sucata foi uma de suas melhores novelas.Lembro até hoje de todos os personagens e de todos os conflitos.e depois dessa novela o autor só emplacou sucessos com exceção da incompreendida As Filhas da Mãe.Gostei de voltar ao passado e os 25 anos dessa novela fazem por merecer o texto.
Muito boa essa sua volta no tempo!
Oi Sérgio :)
Já teve novela que eu até gostei,
esta por exemplo!
Rainha da Sucata, teve personagens inesquecíveis,
muito bem lembrados por você.
Adorei relembrar um pouco dessa trama.
Bjs!
Mais um sucessão do mestre Silvio e um elenco de botar inveja em qualquer um. Ele sempre escala elencos repletos de estrelonas. E vc lembrou de tudo detalhadamente , jurava que o gago do Fagundes não era dessa novela.
Rainha da Sucata teve altos e baixos, mas foi legal sim, bem melhor que aquela Proxima Vitima que foi meio enrolada e teve um final fraco. Sergio, você assistiu Cambalacho do Silvio de Abreu? Se lembra dessa novela e seus personagens como a vilã Andreia da Natalia do Vale e sua famosa musica "PERIGOSA, CUSTE O TEMPO QUE CUSTAR, NADA A FARÁ DESISTIR...", a hilária Tina Pepper da Regina Cazé e sua inesquecivel interpretação "não, não faz assim, foi, foi, longe demais", kkkkkk, estou esperando muito essa trama no viva e você?
Essa novela foi ótima e cheia de personagens que entraram pra história. Armênia foi a melhor, claro. Aracy foi perfeita e conseguiu repetir o sucesso em Deus nos Acuda fazendo a mesma personagem como o Silvio de Abreu adora fazer, vide o Jamanta. Muito boa e nostálgica essa sua postagem, Sérgio. E a estreia completou 25 anos? Nossa!
Putz, faz tanto tempo assim? Gostei dela! abração,chica
Um dos clássicos da teledramaturgia que deu para Glória Menezes a sua melhor personagem da carreira. Já Regina Duarte pecou pelo exageiro, ao contrário de Aracy Balabanian que fez uma Armênia engraçadíssima que suavizava um pouco seu lado da vilania. Até hoje não acredito no que aconteceu com Gerson Brenner, uma pessoa que tinha um futuro promissor pela frente. Parabéns pelo seu texto!
Adorava, e as músicas então rs...
Um lindo dia pra vc =)
Gostei da novela, desde a abertura (com o Sidney Magal cantando "Me Chama que Eu Vou"), até os desempenhos, de Regina Duarte, Tony Ramos, Glória Menezes, Paulo Gracindo. A cena em que Maria do Carmo é humilhada, no baile, lembrou as do filme "Carrie, a Estranha", e, anos mais tarde, da novela "Chocolate com Pimenta".
Sergio, como foi gostoso ler sua postagem e relembrar a novela! Nossa, como o tempo passa! (kkk). Bjs.
Bateu uma saudade!! :) A regina gritando pelas ruas,os personagens criativos e encantadores.Torço que reprise!!!
Tenha dias abençoados. Bjs
SUCATEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEIRA!!!!!!!!!!! Saudades!
Oi Sérgio,
Eu adorava essa novela. Era muito divertida
Big Beijos
Lulu on the Sky
Vinte e cinco anos já??? Ô louco! Segura esse tempo aí-rsrsrs.
Adorei relembrar a novela através de seu ótimo texto.
Grande abraço.
Precisava vir aqui falar kkkkk, amei essa novela foi maravilhosa com personagens inesquecíveis. Ate hoje lembro da peste da Laurinha caindo com o brinco da Maria do Carmo na mão cena sensacional....aquela novela q amávamos quase TDs os núcleos hj não fazem mais ND assim.
E a música de abertura com o Sidney Magal? Bons tempos.
Achei essa novela bem mais ou menos,foi repleta de altos e baixos.A rivalidade entre a Maria do Carmo e a Laurinha Figueroa era interessante,mas aquele Edu foi um dos mocinhos mais insuportáveis que eu já vi.Os pontos positivos da novela eram o vilão interpretado pelo Daniel Filho,a família da Dona Armênia com uma brilhante atuação da Aracy Balabanian e o triângulo amoroso divertissímo envolvendo o Antônio Fagundes, Cláudia Raia e Marisa Orth.Mas a trama tinha muita coisa cansativa como aquele romance insosso entre os personagens de Patrícia Pillar e Maurício Mattar e a imbecilidade da personagem da Lolita Rodrigues que tinha uma verdadeira adoração pela Laurinha.Aliás achei muito exagerado e sem cabimento a vilã SE MATAR só para incriminar a Maria do Carmo nem o ótimo desempenho da Glória Menezes deixou isso verossímil.Não foi uma das melhores novelas do Sílvio de Abreu na minha desimportante opinião.
Gostei dessa novela, tinha uma boa trama com personagens inesquecíveis, mas a vezes algumas coisas me cansava. O mocinho era chato e eu detestava a sucateeeeeira, mas Amava a Laurinha. A família da Dona Armênia era impagável e o núcleo do Fagundes com a Claudia Raia e a Orth era muito bom também. Aquela cena da Laurinha se jogando do alto do prédio foi épica e sempre será lembrada. As novelas do Silvio de Abreu são ótimas, tirando aquele remake flopado. Quero ele de volta no horário nobre! Faz muita falta.
Que novela boa, né Henrique?
Saudades tb, Rafaella. Infelizmente acho que Silvio não volta tão cedo...Ele virou diretor de teledramaturgia da Globo e se por um lado acho ótimo por saber que ele merece a confiança, por outro lamento pq é um dos meus autores favoritos.
Mt obrigado, Ricardo. E tb acho o Silvio genial, assim como foi essa novela. NBo caso de As Filhas da Mãe, achei a novela fraca, embora tivesse algumas coisas boas, como as irmãs feitas pela Andrea Beltrão e Bete Coelho, a travesti Ramona feita pela Claudia Raia e, claro, a Fernandona vivendo Lulu de Luxemburgo.
Obrigado, anonimo.
Que bom que gostou, Clau. =) bjs
O Silvio sempre escala maravilhosos elencos mesmo, Luiz.
Cambalacho foi ótima tb, anonimo, e achei ótimo o Viva reprisar. Acho que fará sucesso de novo. Mas discordo de A Próxima Vítima pq achei a novela uma das melhores já feitas e o final foi antológico. abçs
Pois é, Fernanda, o tempo passa. A Aracy esteve maravilhosa como Dona Armênia, a sua melhor personagem na carreira. E outra grande foi a de A Proxima Vitima.
Faz, Chica. bjs
Olimpia, concordo com tudo, menos com a crítica a Regina pq achei a sucateira dela maravilhosa e era exagerada mesmo. Mas Glória teve sua melhor personagem msm, assim como Aracy. E o que houve com o Gerson foi horrível, mt triste.
Eram mt boas msm, Bell. bjs
Foi mt boa, né Elvira? E essa abertura foi um show à parte. Que saudade. É verdade, essa cena do balde de lixo foi um clássico que tb ocorreu em Chocolate com Pimenta. Já esse filme eu nunca assisti. bjs
O tempo voa, Marilene. rs bjs
Dá saudade mesmo, Cleu. bjssss e boa semana.
Saudades!
Era mesmo, Lulu. bjs
O tempo não perdoa, Vera. rs E que bom que gostou da lembrança. bjs
Que cena antológica, né Patrícia? A Laurinha se suicidando e culpando a rival foi inesquecível e extremamente ousado. Novela boa! bj
Bons tempos, anonimo.
Jura, Gabriel? Vc é a primeira pessoa que vejo que não gostou da novela. Mas sem problemas, entendo. abçssss
Silvio faz falta mesmo, Ed. Eu que o diga, que o adoro. E a novela foi mt boa mesmo. A cena do suicídio entrou pra história e os jornais da época até noticiaram a morte na capa como se fosse verdade só pra entrar no clima. Mas eu amava a sucateeeeira... rs Abçsss
Ótima novela. Assistia no VIVA e me divertia muito.
Último grande papel tanto de Regina Duarte quanto Glória Menezes.
Perfeitas.
Era mt boa mesmo, Gabriel.
Aí discordo, Claudio. A Helena de História de Amor e a Helena de Por Amor foram grandes personagens, assim como a Clo Hayalla do remake de O Astro. Já Glória viveu seu melhor momento na carreira mesmo.
Você não assistiu a novela. Com certeza. Os argumentos para o suicídio de Laurinha foram muito bem desenvolvidos. A falência, a decadência, a vergonha exposta, a ironia dá possibilidade dela ir pra cadeia, nao sabia fazer mais nada. Fim da linha. Altamente possível a um ser humano quatrocentao naquelas condições e com a índole da personagem. Houve gente na história que se matou por muito menos.
Você não assistiu a novela. Com certeza. Os argumentos para o suicídio de Laurinha foram muito bem desenvolvidos. A falência, a decadência, a vergonha exposta, a ironia dá possibilidade dela ir pra cadeia, nao sabia fazer mais nada. Fim da linha. Altamente possível a um ser humano quatrocentao naquelas condições e com a índole da personagem. Houve gente na história que se matou por muito menos.
Achei a novela excelente
Achei a novela excelente
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