A novela teve duas fases e a primeira contou com a participação de Cláudia Ohana vivendo a personagem-título. A história se inicia em Santana do Agreste, situada no nordeste brasileiro, com Tieta sendo expulsa de casa pelo pai (Zé Esteves - Sebastião Vasconcellos), que não tolerava o comportamento liberal da filha, tendo o apoio de Perpétua, sua outra filha, cuja personalidade era exatamente oposta.
A protagonista vai para São Paulo, enriquece, e volta 25 anos depois (coincidentemente, o mesmo tempo que se completa a estreia da novela) com o intuito de se vingar da família e de todos que a julgaram na época. Ela retorna, inclusive, na hora que está sendo rezada uma missa em sua memória, provocando um escândalo.
Uma trama clássica de folhetim. O público se interessou pelo drama de Tieta e se apaixonou por vários personagens peculiares daquela cidade, que reunia uma quantidade imensa de tipos marcantes.
Tieta ainda se envolveu em um romance polêmico com seu sobrinho Ricardo (Cássio Gabus Mendes), seminarista, filho justamente de Perpétua, sua irmã e principal inimiga. A grande vilã da trama, aliás, foi um show à parte. Joana Fomm já era uma atriz muito respeitada, mas se consagrou graças ao seu imenso talento na pele desta beata exagerada ao extremo. Vestida sempre de preto, em sinal de luto pelo marido falecido, e segurando um guarda-chuva, a víbora odiava sua rival e amava pregar em favor da moral e dos bons costumes.
A cena final, onde Tieta tira a peruca de Perpétua em plena igreja, revelando a todos que a beata era careca, foi um marco na história da teledramaturgia. Outra peculiaridade da vilã que ficou na memória era sua caixinha secreta. Ninguém sabia o que ela guardava ali, até que no fim, nas entrelinhas, foi revelado que a 'preciosidade' era na verdade o órgão sexual de seu marido.
Entre as tramas apresentadas, havia ainda uma situação política envolvendo o idealista Ascânio (Reginaldo Faria) e o conservador Capitão Dário (Flávio Galvão). Já o prefeito Artur da Pitanga (Ary Fontoura) tinha uma legião de 'rolinhas': oferecia comida e alfabetização para várias ninfetas em busca de favores sexuais. Estas foram outras situações ainda lembradas, além da 'Mulher de Branco', uma assombração que vagava pela cidade e atacava os homens.
Mas outros personagens também fizeram história na trama, destacando os atores. Um deles foi o clássico Bafo de Bode, vivido por Bemvindo Siqueira. O mendigo fedorento e maltrapilho, que se assustou ao ver o traseiro de Tieta, assim que ela retorna à cidade, era impagável. E como não lembrar da dupla Amorzinho e Cinira? As duas beatas que tinham fogo debaixo das saias foram magnificamente interpretadas por Lilia Cabral e Rosane Gofman, que cresceram na novela graças ao talento das atrizes. As brigas e as fofocas das duas deixavam o folhetim ainda melhor.
Vale destacar ainda vários outros atores que fizeram sucesso, cujos personagens se destacaram, como Paulo Betti (Timóteo), Cláudio Corrêa e Castro (Padre Mariano), Roberto Bomfim (Amindas), Luciana Braga (Imaculada), Armando Bógus (como não lembrar do Seu Modesto?), Lidia Brondi (Eleonora), José Mayer (Osnar), Arlete Salles (Carmosina), Bete Mendes (Aída), Yoná Magalhães (Tonha, grande amiga de Tieta), Otávio Augusto (Marcolino Pitombo), Ana Lucia Torre (Juracy), Elias Gleises (Jairo), entre tantos mais.
"Tieta" foi uma grande novela e os 25 anos de sua estreia merecem ser comemorados. Pena que o Canal Viva ainda não tenha conseguido reprisá-la, em virtude de questões em cima de direitos autorais. É um trabalho que merecia ser revisto mais uma vez, matando as saudades do público saudoso. A Tieta do Agreste faz parte da história da teledramaturgia e Betty Faria interpretou magnificamente uma personagem antológica.
63 comentários:
Nossa, o tempo passa mesmo. Essa novela foi muito boa e lembro mais da Perpétua do que da Tieta. Incrível como as vilãs sempre marcam mais.
Foi uma novela antológica mesmo mas tinha seus defeitos. É que a memória só guarda as coisas boas.
Boa noite meu caríssimo Sérgio, tudo bem?
Nossa 25 anos... Como o tempo passou rápido, eu era adolescente... época boa, o ano anterior tivemos "Fera Radical" e em 89 ainda tivemos "Top Model", O Salvador da Pátria... Só novelas boas e ainda tivemos "Que Rei sou eu?" Novelas maravilhosas, época muito boa.Fiquei nostálgica agora. É bom olhar para o passado de vez em quando, relembrar. Como o tempo passa rápido, como a vida passa rápida.
Tieta foi uma novela muito bonita e gostei muito na época, não me lembro mais direito afinal de contas já se foram 25 anos, só mesmo as partes mais marcantes que você descreveu em seu ótimo artigo.
Naquela época eu achava que, no fundo, o ódio de Perpétua, era uma grande inveja que ela tinha da irmã, e uma pitada de loucura também, já que dava a entender que mandou empalhar uma parte do marido morto. A liberdade que Tieta se dava chocava e trazia admiração da população local. A filha renegada e que voltava triunfante e com um imenso desejo de vingança. As carolas da cidade, na frente criticavam a protagonista, mas por trás queria fazer o mesmo que a cortesã. o desejo delas era latente, mas não ao ponto de enfrentar Perpétua. Eu também me recordo das rolinhas do coronel vivido pelo Ary Fontoura, especialmente a vivida pela Luciana Braga, e se não me engano ela contava estórias e mais estórias para enganar o coronel que a desejava. Gostava muito da amiga de Tieta, a Carmosina que trabalhava nos correios da cidade e abria as cartas no vapor do bule e sua mãe, dona Milu (era nesta novela que ela falava "Mistéeeerio"?). O personagem do José Mayer com seu Osnar que era o único que conseguia controlar os "ataques" de Cinira (Rosane Gofman).
Da trilha eu me lembro "Coração do Agreste" com a Fafá de Belém,"Tudo o que se quer" com Verônica Sabino (totalmente sumida para mim, nunca mais ouvi falar e tinha uma voz linda) e Emílio Santiago (Faz falta com aquela voz maravilhosa) E ainda "No Rancho Fundo", regravação feita pelo Chitãozinho e Xororó. Boa música, bela estória, atores maravilhosos, e novelas inesquecíveis... Bons tempos e que não voltam... Quer saber faz falta, mas é para frente que se anda, é bom lembrar, mas é bom seguir em frente também... E vamos fazer isso, seguir em frente... Adorei relembrar...
Um grande abraço Sérgio, estava com saudades... Bjs e até a próxima.
A mi me marcan más los personajes fuertes, humanos, luchadores...no me identifico con las Perpetuas de la vida sino con las Tietas. Vamos a ser justos y reconocer que gracias a la interpretación de Betty, este personaje se volvió inolvidable.
Tieta não foi feita da costela de Adão... SAUDADE!!!!! Adorei matá-la lendo esse texto!!!!!!!!!
Ate que enfim você lembrou de uma novela de verdade, e não esses arremedos de novela dos últimos tempos. Tieta foi muito boa mesmo, e as contemporâneas dela não ficam atrás. Parece que tem grande chance de voltar no viva, no momento nenhuma dos anos 80 esta sendo exibida, e são tantas maravilhosas dessa década. Queria A Gata Comeu, outra que é muito pedida.
Nessas horas vemos que estamos ficando(????) velhas... Credo, 25 anos? Uma delícia de novela. Gostei de rever aqui!!! abração,lindo dia! chica
Sérgio, por favor leia meu cometário no post do dia 19 de agosto.
Concordo com a Chica,to ficando velha.
Eu adorava a abertura da novela,a música, as dunas ai que sdd....
Pq não reprisam no vale a pena ver de novo? Não aguento essas novelas chatas rs...
Considero esta a melhor novela dentre as que eu assisti, conseguindo mesclar uma ótima trama, trazer uma crítica social e apresentar uma comédia de ótima qualidade. Apesar da polêmica, considero Perpétua a melhor vilã da nossa teledramaturgia, um papel perfeito para Joana Fomm mostrar seu incrível talento.
Uma das melhores novelas que eu já assisti.
big beijos
Até hoje lembro da novela e foi muito bom mesmo. Aguinaldo Silva era talentoso mas se perdeu no próprio egocentrismo. Betty Faria e Joana Fomm fizeram uma parceria inesquecível e o mesmo vale pra Lilia Cabral e Rosane Gofman. Foram os destaques da novela.
Essa novela marcou gerações, Sérgio. E Betty Faria nunca mais ganhou outra personagem com a mesma importância. Digo o mesmo sobre Joana Fomm e até sobre Rosane Gofman. Vinte e cinco anos que passaram bem rapidamente. Um beijo.
Olá,Boa tarde,Sérgio
25 anos,puxa,uma vida!Estava lendo a relação dos atores e atrizes e muitos/as já se foram ou mesmo sumiram do "mapa".
Mas, realmente, lembrando de Tieta , percebemos como o nível da teledramaturgia caiu bastante!
Parabéns pela postagem/homenagem, pois o que foi boa, tem que ser sempre "lembrada e relembrada!"
Obrigado pelo carinho, belo final de semana,abraços!
Tudo que foi feito no mundo no periodo de 1980 a 1989 é magico,´pefeito, inspirador. Raras exceções, logico. Musicas, novelas, filmes, brinquedos, gente... Viver naqueles tempos era tudo de bom.
Sergio,
Esta assisti!!!! bons tempos.
Eu sempre gostei de Beth Faria e ela deu mesmo um show de interpretação. Esta foi a penultima novela que Lidia Brondi atuou.
Bjs
Oi, Sérgio.
Realmente, esta novela foi marcante. Lembro-me dos personagens, das histórias bem entrelaçadas( o que hj é difícil nas novelas). Os autores destas novelas não se perdiam tanto como nas atuais novelas. Perpétua é inesquecível :)Bjs
Nem sei o que falar sobre Tieta. Uma novela maravilhosa. Perpétua e Tieta as mais divas. Apenas contemplar essa grande obra que foi exibida na mesma época da também maravilhosa Top Model. Era uma dobradinha incrível! Foi antecedida pela inteligente O Salvador da Pátria e pela divertida Rainha da Sucata. Saudades!
Sergio, essa foi uma das grandes novelas, daquelas que não se esquece. Alguns detalhes eu já havia "deletado" (kkk), como a retirada da peruca, e você me fez rir ao me lembrar da cena. Bjs.
Do jeito que as novelas andam acho melhor a globo começar a fazer remake destas novelas maravilhosas. Tens toda razão Tieta foi sensacional.
A novela foi boa, mas nunca curti muito a Bty Faria, acho ela over, e depois que vi aquele programa "Damas da TV" onde a Bty esnoba e fica tirando onda da Regina, gostei menos ainda....
Depois dessa novela, a personagem e a atriz se fundiram em Betty Faria. Tanto que até hoje, por mais papéis que tenha feito, ela nunca conseguiu ser lembrada sem que Tieta fosse mencionada junto.
Sinto falta de novelas assim hoje em dia, passadas no interior nordestino e cheias de personagens com características peculiares e realismo fantástico (vide os avistamentos de extraterrestres na praia de Mangue Seco).
Lembrando que a novela teve um furo de continuidade. Esqueceram de fazer as cenas em que se descobre quem é a mulher de branco. Tanto que até hoje não foi revelado quem era. Uma falhona!!!
TITO
Nesse tempo as novelas já cativavam a gente desde a abertura. Comprar um LP de novela era o "must". Era uma delicia ver as musicas serem tocadas na parada do globo de ouro. Hoje as aberturas nos causam asco, como aquele terror de Amor a Vida. As musicas nem se fala. Historias e elenco idem. Infelizmente tudo se perdeu.
Eu acho que as duas marcaram bastante, Rafael. abraços.
Claro, anÒnimo, uma novela impecável é algo raríssimo.
Olá, minha cara Letícia, por onde vc andava? Saudades de vc. Sim, a Dona Milu era dessa novela mesmo. Puxa, nem coloquei ela, vou acrescentar.
E era uma novela mt boa mesmo. Eu só vi quando reprisaram e virei fã. Até hj lembro da abertura. E Tieta era daquelas protagonistas que davam gosto de torcer. Perpétua tinha mta inveja dela mesmo e era loucona. E hilária. Saudades. Beijão e não suma.
Concordo, anônimo. Esse tipo de personagem marca mesmo e a Betty deu um show. Mas a Perpétua tb foi incrível. Foi uma boa dupla.
Obrigado, anônimo.
Anônimo, não sei se volta no Viva, pq o canal quer reprisá-la há tempos mas nunca consegue por causa das questões de direitos autorais como mencionei no texto.
Que bom que gostou, Chica. bjs
Lerei, anônimo.
Bell, poderia reprisar de novo mesmo, mas com tanta imposição do maldito Ministério da Justiça seria complicado.
Que polêmica, Roberto? Eu tb achei a novela excelente e inesquecível. Foi boa demais.
Foi boa mesmo, Lulu.
Fernanda, é verdade, Lilia e Rosane fizeram uma dupla impagável, assim como Betty e Joana. bj
O tempo passa rápido mesmo, Melina. E Muito. bjssss
Que bom que gostou, Felis. =) abç
Paulo, é um tempo mt lembrado msm.
Pois é, Sissym, que pena que a Lidia abandonou as novelas. Ela era tão talentosa. Faz falta. Mas ela desencantou e resolveu ficar com a psicologia. bjssss
Inesquecível, né Cléu? bjssss
Paulo, Top Model não vi, mas as outras citadas por vc sim e adorei tb.
Essa cena da peruca foi um clássico, Marilene. rs bjssss
Foi mesmo, Patrícia. Mas não quero um remake de Tieta não. Foi tão boa e tão marcante. Melhor não mexer. bj
Eu vi todo o Damas da TV e não percebi isso, Lucas. Percebi sim um grande arrependimento dela em ter recusado a Porcina. Eu gosto mt da Betty.
Tito, a Mulher de Branco era a personagem da Cláudia Alencar. Mas foi um furo porque ela estava em uma das cenas onde a tal mulher tinha aparecido. Abraços.
Não seja tão pessimista, Carlos. Abraço!
Bah cara então vc tem quer ver de novo...
Não Sérgio. A mulher de branco não foi mesmo revelada. A cena parou quando o personagem "Arturzinho" tira o véu dela e fala:
-Ah, eu sabia que era você!
E daí para. Esqueceram-se de fazer a continuação, e quando se tocaram, fizeram uma montagem com a Laura (personagem da Cláudia), e nem assim ficou explícito. Foi uma grande falha.
E não acho que o final tenha sido gravado, e depois se perdido. Já havia preservação do acervo de fitas naquela época.
TITO
Nessa época especificamente(89/90) as novelas que passavam eram: O Sexo dos Anjos, excelente novela espirita de Ivani Ribeiro. Top Model, ótima trama jovem e com trilha maravilhosa de Antônio Calmon. E Tieta que dispensa comentários. Agora eu pergunto, quem viveu essa época tem vontade de assistir esses lixos de agora?
A trilha internacional de O Sexo dos Anjos é uma das melhores de todos os tempos: Roxette, Guns n´Roses, Roy Orbinson... dancei muito!
Ok, Lucas.
Então me enganei, Tito. Jurava que era a Cláudia Alencar e que tinha sido um furo. Mas então foi bem pior. Pena isso.
Saudades da Ivani Ribeiro, anônimo.
Essas bandas e músicas são excelentes, anônimo. Aliás, sou fã de Roxette há tempos.
Que maravilha lembrar desse clássico da teledramaturgia brasileira. O ponto forte de "Tieta" foi ter sido uma comédia nada parecida com as novelas das sete (algo que prejudicou o início de "Rainha da Sucata".
Foi polêmica sim devido o teor um tanto erótico, a começar pela abertura e algumas cenas de nudez masculina. Sendo que o romance entre tia e sobrinho desagradou alguns grupos. Acho que hoje teria forte rejeição devido o público está muito mais conservador do que há 25 anos.
A cena da peruca fechou o primeiro bloco do último capítulo. Perpétua ainda volta pra casa e vira bruxa. No circo surge a alma dela, do pai e Artuzinho.
A cena que encerra a novela foi a do lenço de Tieta tendo sido a única coisa que resistiu à invasão das dunas de Mangue Seco sobre Santana do Agreste e ao fundo tocando "Coração do Agreste".
Na época foi divulgado como metáfora da destruição da natureza (mensagem de Jorge Amado no livro). Anos depois Aguinaldo Silva postou no blog ter sido o meio de evitar que a novela se tornasse um seriado tal como fizerem com "O Bem Amado".
Enfim, o post ficou 'nos trinks'.
�������� pra você, Sérgio.
Escrevi o comentário num tablet, deveria ter saído emotions de aplausos.
Ramis, muito obrigado. Fico feliz que tenha gostado do texto. Olha, não sei se hoje em dia a novela sofreria rejeição, mas que o maldito Ministério da Justiça iria interferir em um monte de cena, incluindo a abertura, iria facilmente. Retrocedemos muito, infelizmente. Abraço!
Muito boa novela. Meu top 5 é assim:
1 - Vale Tudo
2 - Senhora do Destino
3 - Fera Radical
4 - Mulheres de Areia
e 5 - Tieta.
Betty Faria deu show, nessa novela não aconteceu aquilo de ''a vilã marcou mais do que a mocinha''. As duas marcaram. E Joana Fomm tb foi magistral, Perpétua é realmente uma das melhores vilãs das novelas (incrível como o Aguinaldo é expert nisso). Além de um time de coadjuvantes de peso (Lilia Cabral, Claudio Correa e Castro, Roberto Bonfim, Paulo Betti, Tássia Camargo, Lídia Brondi, Sebastião Vasconcelos, Ary Fontoura, Rosane Gofman)... além de José Mayer, Yoná Magalhães e Reginaldo Faria, a novela teve uma direção impecável. Realmente, uma novela marcante.
Um adendo que esqueci: Betty Faria e Joana Fomm realmente nunca mais ganharam personagens de tanto destaque como esses.
Verdade, Alexandra. A mocinha e a vilã tiveram o mesmo destaque e marcaram igualmente. Betty e Joana foram magistrais e as personagens foram boas demais! Foi uma grande novela e deixou saudades.
Sem dúvida, Betty e Joana nunca mais ganharam papéis tão bons. bjs
Gostaria de saber se a Joana Fonn realmente ficou careca para encenar a Perpétua ou já tinham técnica para simular uma careca naquela época?
Postar um comentário