A série conta a história de Dimas (Selton Mello), um jovem inseguro que cresceu sendo acusado pela morte de um amigo e que volta à sua cidade (Diamantina - MG) 20 anos depois, formado em medicina, e tentando provar que é um profissional competente e uma pessoa boa. Obviamente, enfrenta a ira dos moradores locais. E até mesmo seus familiares temem pelo rapaz, uma vez que a acusação sofrida por ele ainda está viva na memória de todos os habitantes. Somado a isso, o protagonista ainda tem um sério conflito consigo mesmo, devido ao dom que tem: sua capacidade curativa que foge à ciência. Conhecido pelos seus diagnósticos difíceis, o cirurgião tenta a todo custo esconder seu inexplicável poder; que já foi visto na cidade anos atrás através de Dr. Otto (Juca de Oliveira), causando uma grande polêmica, criando rixas entre os que achavam o médico um curandeiro e os que o chamavam de assassino.
Além de apresentar esta riquíssima trama central, a série tem uma narrativa entre o presente e o passado, que ajuda a explicar toda a história ao longo dos episódios. Isso porque Silvério (Carmo Dalla Vechia) é antepassado de Oto. O monstruoso homem explora escravos no século XVIII, usando de todo tipo de crueldade para encontrar diamantes e ouro. Entretanto, recebe o castigo que merece
ao ser amaldiçoado por um pajé, começando a ter a dores físicas desesperadoras ---- e a fúria deste homem só aumenta quando ele encontra um curandeiro que se recusa a ajudá-lo. E a produção conta esta história com a mesma competência que exibe a trajetória de Dimas, misturando a cronologia, mas sem prejudicar o desenvolvimento e a compreensão do enredo.
A série é repleta de reviravoltas. Vários mistérios são desvendados aos poucos, surpreendendo o telespectador e provocando um clima de tensão, que se intensifica a cada episódio. É uma história envolvente e que prende o público através da riqueza da narrativa e da complexidade dos personagens, que muitas vezes não demonstram ser o que de fato são. A dúvida em relação ao caráter de cada um é mantida até os instantes finais, quando finalmente várias pontas soltas são ligadas, deixando claro quem são as vítimas e quem são os vilões.
O elenco é composto por atores de imenso talento, onde figuras não tão conhecidas do grande público se misturam com nomes de peso. Selton Mello teve uma atuação impecável e honrou o posto de protagonista. Já Andreia Horta (Rosângela) interpretou o seu melhor papel na televisão até agora. Ary Fontoura (Dr. Turíbio), Nívea Maria (Margarida), Inês Peixoto (Edelweiss), Caco Ciocler (Dr. Camilo), Luiza Mariani (Lucinha) e Ana Rosa (Graciema) estiveram ótimos e engrandeceram o time, que também teve atores desconhecidos, mas igualmente talentosos: vide Eunice Bráulio (a fofoqueira da cidade), Rogério Márcico (Ciro), Rita Clemente (Samara), entre tantos outros. Já Juca de Oliveira deu um show em todas as cenas com seu Dr. Otto, enquanto que Carmo Dalla Vechia teve seu melhor desempenho como ator até agora na pele do assustador Silvério.
"A Cura" é mais uma produção do talentoso João Emanuel Carneiro ----- autor dos sucessos "Da Cor do Pecado", "Cobras & Lagartos", "A Favorita" e "Avenida Brasil" (que na época ainda nem tinha sido escrita) -----, em parceria com o também competente Marcos Bernstein (autor de "Além do Horizonte ao lado de Carlos Gregório). E o acerto deste impecável produto rendeu frutos: o merecido prêmio de Melhor Série, dado pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte).
Quem não viu esta preciosa série terá a oportunidade de acompanhar a reprise e quem já viu com certeza fará questão de assistir novamente, ou pelo menos rever alguns trechos. Sem dúvida, foi um grande acerto do Canal Viva reprisá-la. É uma pena que uma segunda temporada não tenha sido produzida pela Globo, mesmo depois do impactante gancho do último episódio, que até hoje não teve prosseguimento, para o desespero de quem acompanhou a história com atenção do início ao fim. Uma obra tão bem escrita quanto esta merecia uma continuação.
31 comentários:
Sérgio, essa série eu vi e achei MARAVILHOSA!!!!!!! Até hoje não me conformo que não teve continuação. Como assim?????? Eu vou rever com certeza até porque não gostei dessa Segunda Dama!
Eu lembro dessa série e nem sabia que o Viva estava reprisando. Bom saber. Nem parecia produto nacional de tão boa que foi. Fiquei vidrado até acabar. Também não entendo como não pôde ter continuação. Absurdo.
Mas, Sérgio, como vc faz pra atualizar esse blog diariamente escrevendo uma crítica por dia? Haja criatividade, meu amigo! Parabéns!
Série boa mesmo mas acho recente demais pra reprisar.
Pro Serginho gostar de alguma coisa do canal viva tinha que ser de 2010, zzzzzz...
Essa série é pra ser aplaudida de pé. Eu também adorei e estou revendo. Mas opto pelo horário alternativo de sábado. Selton Mello está maravilhoso e o elenco todo está. A história é muito bem escrita.
Flávia, eu tb acho um absurdo. Era obrigação fazer uma segunda temporada. Ainda tenho esperança, embora cada vez mais remota... Bjs
Fabrício, discordo sobre nem parecer produto nacional pq temos mtas produções ótimas. E não é papo de patriota pq nem sou disso, mas temos msm.
Só que essa série foi mesmo superior. Deu pra perceber o capricho da produção e a perfeição da trama.
Olha, não é fácil. Muitas vezes nem consigo pq não há assunto, mas qd dá sempre tento arrumar algum tema pra não deixar o blog mt tempo desatualizado. Nem sempre é fácil. Obrigado. abçs
Entendo, anônimo.
Anônimo, vc pode não acreditar, mas eu gosto de mta coisa do Canal Viva. Vc sabia que eu quase todo dia vejo a Escolinha do Professor Raimundo? Sempre gravo pra ver. Não sei se foi vc que me pediu pra escrever sobre Dancin Days, mas tentarei ver se escrevo. Só q ainda não prometo nd.
Pra aplaudir de pé mesmo, Karina. Foi uma baita série. Dessas que te prendem mesmo e te fazem torcer pra chegar logo o próximo episódio. bjs
João Emanuel fez uma grande série. Eu acompanhei e gostei muito. O drama de Dimas e a saga de Silvério foram ótimas e valeu a pena assistir. A segunda temporada era necessária porque o último episódio deixou muitos fios soltos e não houve desfecho de nenhuma trama. A Globo falhou feio com isso e já que o Viva está reprisando, poderiam até produzir episódios especiais só pro Viva como fizeram com o Sai de Baixo.
Sérgio, eu vi essa série e foi mesmo de qualidade. A história instiga e as reviravoltas surpreendem a cada capítulo. Quem dera se aquela Avenida Brasil tivesse um terço da complexidade que essa série teve. João Emanuel deveria ter escrito uma segunda temporada depois que a novela da Carminha X Nina acabou. Também acho que merecia uma continuação e que bom que o Viva está reprisando. Um beijo.
ESSA SÉRIE FOI ÓTIMA! A MELHOR QUE A GLOBO JÁ FEZ!
Faltou a continuação né..fazer o que...mas concordo que bom que estão reprisando.
Como lembrou OX, a serie terminou com muitos fios soltos, o que me fez acreditar que haveria uma continuação..
Como a Globo tem investido ultimamente em séries de suspense, quem sabe não resolve desengavetar uma segunda temporada...
João Emanuel Carneiro e seus rampantes de genialidade. Me lembro que quando A Cura estreou eu ainda tinha na minha cabeça o final estrondoso de "A Favorita". A decadência mental da Flora e Donatela percebendo que ela era a culpada pela ex amiga ter se tornado o monstro que se tornou. "A Cura" não decepciona em nada, o final da temporada é de cair o queixo, bem montado e orquestrado. Carmo Dalla Vechia surpreendeu demais, atuou com o coração hahaha. Pena mesmo que não tem conclusão, uma segunda temporada seria lindo, infelizmente acho que nunca sairá...
Uma dupla sensacional. João Emanuel Carneiro e Marcos Bernstein. Os responsáveis pelo roteiro do premiadíssimo Central do Brasil, o filme que revelou nossa Fernanda Montenegro ao mundo. Bernstein, que tem bons trabalhos no cinema (adorei Somos Tão Jovens e Faroeste Caboclo). E JEC, que começou nas novelas com chave de ouro (Da Cor do Pecado) e parece só melhorar (Cobras e Lagartos, A Favorita, A Cura e Avenida Brasil). Obras maravilhosas, uma crescente surpreendente.
Esse elenco é daqueles que raramente a gente vê de tão bom. O Selton Mello traz uma naturalidade impressionante a cada interpretação e sabe se dividir bem entre a TV e o cinema. Andreia Horta em seu absoluto e melhor momento, toda linda, mandando super bem. Ana Rosa, essa grande atriz que foi lamentavelmente desperdiçada em Morde&Assopra e Fina Estampa - soube que ela voltaria em Boogie Oogie. Ary Fontoura, Juca de Oliveira, Carmo Dalla Vecchia, Inês Peixoto, Rogério Márcico, Nívea Maria, Caco Ciocler, eu poderia escrever várias linhas sobre cada um, mas dispensam comentários. Só uma pergunta: a Luiza Mariani sumiu mesmo né? Pq só lembro dela aqui e no Cobras e Lagartos.
Diria que A Cura foi o segundo passo da consagração definitiva de JEC. O primeiro foi A Favorita e o terceiro foi Avenida Brasil. Aquela novela foi tão maravilhosa que até os argentinos se renderam. Acredito que além de Avenida, outros atores tb tinham outros projetos, por isso a série não continuou.
A Cura foi mesmo excelente, com um ótimo elenco, pena que não tenha havido uma segunda temporada. O Viva acertou ao reprisar o seriado.
Nossa! Essa minissérie foi sensacional mesmo, Sérgio, vi por completo, mas não sabia que estava reprisando novamente. beijinhos
OX, foi uma grande série mesmo. Impecável. Mas é verdade, o final deixou várias coisas em aberto, praticamente obrigando uma segunda temporada. Uma lástima que não teve. Olha, bem que o Viva poderia produzir mesmo, mas não fará pq uma série dessas exige muita grana e não é tão 'simples' quanto gravar num teatro quanto o Sai de Baixo.
Melina, essa série foi maravilhosa. Eu estou revendo. Gravo e vejo depois. Faço questão. O JEC e o Marcos estavam inspiradíssimos quando escreveram essa trama. A cada descoberta nova era uma surpresa e o ponto a favor foi que não tinha spoiler em revista de fofoca pra contar tudo e estragar a surpresa. bjsssss
Tb acho, anônimo.
Pois é, faltou continuação, Patrícia. bj
Andrea, embora minha esperança esteja cada vez mais remota, tomara que a Globo faça. Merece.
Carlos, A Favorita foi uma novela excelente e deixou saudades. Essa série tb mostrou a genialidade do autor e foi mt bom ter acompanhado. Eu tb acho que uma segunda temporada nunca sairá, mas mesmo assim ainda tenho uma pequena esperança... Carmo teve a melhor atuação da sua carreira nessa série e ganhou seu melhor personagem até agora.
Foi uma grande série, Thallys, e comprovou a genialidade do autor. O elenco todo estava incrível, os personagens eram ótimos, a trama surpreendente, cenas fortes, enfim, tudo mt bom. A Luiza Mariani está participando da série Questão de Família no GNT, mas em novela só o JEC que se lembra dela.
Pois é, Elvira, uma pena que não teve continuação. O público que viu merecia e muito. Bjs
Foi incrível, né Barbie? bjs
Nossa, essa série foi divina! Nem sabia que tava reprisando. Pena que não tenho o Viva.
Pena, anônimo, o Viva é um ótimo canal. E essa série foi boa demais.
Aqui vai uma possível interpretação:
Na verdade se trata de duas almas com poderes (com o dom): tanto de salvar vidas como de tirar vidas. Só que uma opta por curar e a outra por matar ( a que está amaldiçoada). Lida com essa dualidade (luta ente o bem e mal, céu e inferno).
Há duas historias, a que se passa no passado e a que se passa no presente.
Na historia que se passa no passado: Ezequiel (o guri com o dom da cura) matou Silvério (o assassino, com poder de tirar vidas, amaldiçoado, doente). Quem mata a pessoa com a maldição, fica com a maldição. A maldição, então, passa para Ezequiel (o menino) que irá continuar o trabalho (série de assassinatos) de Silvério (o que não mostra claramente na série).
No presente, Ezequiel, reencarna, como Otto, assassino amaldiçoado. (Viu que acho que na verdade a reencarnação do menino não era o Dimas, mas o Otto, e a reencarnação do Silvério era o Dimas).
Mais uma vez as vidas (as almas) dos dois se encontram, só que em papéis diferentes. Otto (Ezequiel) quer devolver a maldição a Dimas (Silvério, libertado da maldição, e usando agora o seu dom para a cura, e não para matar). Na cidade, afirmavam que Dimas chegava para continuar o trabalho de Otto. Na verdade um está sempre continuando o trabalho do outro. Otto diz a Dimas: você tem que me curar: é o modo de acabar com a maldição. Como ele não o cura, Otto tenta induzir Dimas a matá-lo, para passar para Dimas a maldição e se livrar dela.
Parece que um ciclo irá se manter: uma maldição que passa de uma alma para outra. Mas em algum momento esse ciclo parece ser interrompido: Dimas se nega a matar Otto, dizendo, não sei matar, só sei curar. Otto então ataca Rosangela pra forças Otto a matá-lo. Acho que, de alguma forma, a maldição tenha passado para Rosangela (isso ocorreria se Rosangela tivesse matado Otto, mas essa cena não aparece na série). Acredito ser possível que a maldição tenha passado para Rosangela (no final mostra ela entubada em coma, e ela abre os olhos com um olhar estranho).
De qualquer forma, a maldição só ira parar de passar de uma alma para a outra (o ciclo será interrompido) quando a pessoa com o dom da cura optar por curar o amaldiçoado, e não matá-lo. Quem tem o dom de curar não julga, apenas cura (regra da medicina). Era o correto a ser feito.
Isso irá ocorrer, porque Dimas irá curar Rosangela, agora amaldiçoada, já que Dimas ama Rosangela (ele não será capaz de matá-la, nem será indiferente à sua doença ou maldição).
Outra opção seria Otto ainda estar com a maldição. Dimas teria fugido da cadeia e curado a Rosangela e iria curar também Otto, acabando então com a maldição. Poderia também provar sua inocência e todos viveriam felizes para sempre e...
Abraço a todos!
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